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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS - O IMPÉRIO ROMANO



A história da Palestina está estreitamente ligada à de Roma a partir do séc. I a.C. Para melhor compreendê-la, é portanto necessário apresentar rapidamente esse pano de fundo constituído pelo Império Romano, descrevendo a situação política, geográfica, social e econô­mica.
SITUAÇÃO POLÍTICA
No séc. I. a.C, Roma, senhora da maior parte do mundo mediter­râneo, passa por uma profunda evolução. Desprovida da necessária in­fra-estrutura administrativa, a velha Cidade-Estado, que é Roma, assu­me com dificuldade a direção daquele imenso império. Os governado­res que ela nomeia nem sempre são aqueles tipos gananciosos denun­ciados pela imaginação tradicional, mas é certo que as províncias es­tão muitas vezes sujeitas a uma gestão egoísta, por falta duma verda­deira política de fusão. Essa ruptura entre Roma e seu império territo­rial reforça o poderio dos chefes militares, de sorte que o Senado não controla senão muito imperfeitamente a política externa, pela qual teo­ricamente ele é responsável. Ao mesmo tempo, ao nível interno, as instituições tradicionais parecem incapazes de resolver os conflitos en­tre os homens e as facções. As guerras civis, que irrompem em 49 a.C. e que dilaceram o conjunto do mundo romano durante mais de quinze anos, são o resultado desta violência endêmica.
Essas guerras não são mais que batalhas e intrigas ressurgindo constantemente. Elas opõem primeiro César a Pompeu. Quando este morre, em 48, após sua vitória em Farsala, César combate os adeptos do partido "republicano". Seu assassinato em 44 dá início a novos conflitos: o jovem César, chamado comumente Otávio, filho adotivo de César, persegue os assassinos do seu pai e luta a seguir contra as ambições de Marco Antônio que é vencido em 31 em Actium. Minú­cias destas guerras não nos interessam; o essencial é observar que através das ambições pessoais manifestam-se de fato diversas con­cepções do poder. Dum lado, os "Republicanos" defendem as instituições tradicionais da Cidade-Estado, ao passo que César tenta estabe­lecer um poder pessoal, inspirado em grande parte no ideal do chefe que vigorou nas monarquias helenísticas. Marco Antônio, embora num grau inferior, terá, ao que parece, concepções semelhantes. Otávio, ao contrário, tirando a lição dos fracassos precedentes, beneficiando-se também do cansaço provocado pelas guerras civis, imagina uma solução mais moderada: conserva aparentemente as instituições republi­canas e deixa em seu lugar as antigas magistraturas, mas monopoliza certo número de funções e de títulos que lhe garantem de fato o poder político, militar e religioso.
Além disso, o novo soberano — que assume o título de Augusto a partir de 27 a.C. — tem o mérito de haver reorganizado a administra­ção do Império. Para isso, realiza uma divisão das províncias entre ele e o Senado: doravante, só as províncias pacíficas permanecem sob a alçada da velha assembléia e são governadas por procônsules; ao contrário, aquelas onde se aquartelam legiões ficam submetidas à au­toridade direta do imperador que para elas nomeia legados (legado de Augusto propretor). Certos territórios que apresentam uma situação especial são confiados a um prefeito ou um procurador (ver adiante, p. 25) que depende do legado da província imperial mais próxima; trata-se muitas vezes de um estatuto temporário que se aplicava a peque­nos distritos, como os cantões dos Alpes ou a Judéia. O Egito constitui um caso à parte: é governado por um prefeito de ordem eqüestre e seu acesso é proibido sem autorização do soberano.





Resumo cronológico
Antes de Cristo
49 César entra na Itália com seu exército; começo das guerras civis. Ditadura de César.
48 Pompeu é vencido na batalha de Farsala.
44 Assassinato de César.
43 Triunvirato: Marco Antônio, Otávio e Lépido
42 Os "Republicanos" são derrotados em Filipos.
31 Batalha de Actium: derrota de Marco Antônio e Cleópatra.
27 Otávio recebe o título de Augusto. O Senado lhe confirma seu poder tribunício e lhe reconhece o domínio proconsular sobre as províncias imperiais
12 Augusto toma o título de Pontífice máximo.
2 Augusto é proclamado Pai da Pátria.
Depois de Cristo
14 morte de Augusto
14-37 Tibério
37-41 Calígula                                                             dinastia dos
41-54 Cláudio                                                              Júlio-Cláudios
54-68 Nero
68-69 reinados efêmeros de Galba, Otão, Vitélio.
69-79 Vespasiano
79-81 Tito                                                 dinastia dos
81-96 Domiciano                                          Flávios
96-98 Nerva
98-117 Trajano
117-138 Adriano
138-161 Antonino, o Pio                                   dinastia
161-180 Marco Aurélio                                    Antoninos
180-192  Cômodo



Para garantir a estabilidade do regime, Augusto vai enfrentar dois problemas: o da transmissão dos seus poderes e o da designação do seu eventual sucessor. Com efeito, por direito Augusto não estabe­leceu um poder dinástico, suas atribuições não lhe pertencem como próprias e portanto não as pode legar; por outro lado, não tendo filhos, vai adotar sucessivamente diversos membros da sua família, suscetí­veis de conseguirem a adesão do Senado e do exército por sua popula­ridade e suas capacidades e vai entregar-lhes responsabilidades impor­tantes. Os lutos que rodearam sua velhice obrigaram-no a adotar final­mente o filho da sua mulher, Tibério, que foi proclamado imperador quando da sua morte em 14 d.C.
Tibério (14-37 d.C.) foi julgado com muita severidade pelos his­toriadores antigos. Parece que esse imperador, contemporâneo da vida pública do Cristo, foi um personagem duma psicologia muito complexa, particularmente imbuído do esplendor de sua família, a gens Cláudia. Depois dele reina seu sobrinho Calígula (37-41 d.C), jo­vem extravagante e pouco equilibrado; muito relacionado com Hero­des Agripa I, no entanto chega quase a provocar a revolta dos judeus (cf. p. 89). É assassinado em 41 e o exército proclama seu tio Cláudio (41-54 d.C); os documentos antigos o apresentam como um fraco de espírito; deve-se notar, todavia, que seu reinado foi antes benéfico e que ele soube fazer progredir a administração imperial. Seu filho adoti­vo, Nero (54-68), sucede-lhe em 54; o reinado deste é marcado pelo incêndio de Roma em 64, pelo martírio de Pedro (em 64?) e de Paulo (em 67?) e pelo começo da grande revolta judaica. Em 68, uma conspiração afasta-o do poder e, após vários meses de anarquia, é Vespa­siano (69-79), comandante-chefe do exército da Palestina, que é proclamado. Sucedem-lhe seus dois filhos: primeiro Tito (79-81), o vencedor de Jerusalém, depois Domiciano (81-96). Este último é der­rubado por uma conspiração senatorial que leva ao poder Nerva; sem filhos, ele adota Trajano que designará depois Adriano; a dinastia dos Antoninos se perpetua até o final do século com Antonino, Marco Aurélio e Cômodo.

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA
Quando morre Augusto, o império romano quase atingiu sua maior extensão. Compreende, no extremo oeste, as duas províncias de Espanha às quais se soma a Lusitânia (substancialmente, o Portugal atual); os romanos chegaram à península ibérica na época da guerra de Aníbal (218-201 a.C.) e conquistaram-na progressivamente; a paci­ficação, às vezes bastante difícil, não ficou concluída senão no começo do reinado de Augusto. A seguir, vêm os gauleses é o distrito das Germânias; os romanos começaram sua conquista no fim do séc. II a.C. e César prosseguiu sua anexação entre 58 e 50. Sob Augusto, e depois durante os primeiros anos do reinado de Tibério, em vão se tentou es­tender mais ao longe os limites: finalmente a fronteira ficará situada no Reno. Para o lado leste, as províncias de Récia, Nórica, Panônia e Mésia são limitadas pelo curso do Danúbio. Ao sul, a península balcânica foi conquistada entre 167 e 146.


O começo de uma nova era
    Com o reinado de Augusto, a paz — a pax romana — esten­de-se sobre o mundo e os poetas vêem neste período o retorno da "idade áurea".
    Uma inscrição achada em Priene (perto de Mileto, na Ásia Menor) e que data do ano 9 a.C, exprime bem o sentimento da época. Tratava-se de modificar a denominação dos meses e de fa­zer o calendário começar no dia do aniversário do nascimento de Augusto, deus que se manifestou, prometendo ao mundo uma era de felicidade.
    (Poder-se-ia comparar este texto com Lc 2,10-11).

    Cada pessoa pode considerar com razão esse acontecimen­to como a origem da sua vida e da sua existência, como o tempo a partir do qual não se deve lastimar ter nascido ... A providência suscitou e ornou maravilhosamente a vida humana dando-nos Au­gusto, repleto de virtudes, para fazer dele o benfeitor dos homens, nosso salvador para nós e para os que virão depois de nós, a fim de fazer cessar a guerra e estabelecer por toda a parte a ordem. O dia do nascimento do deus foi para o mundo o começo das boas novas recebidas graças a ele.

Os romanos penetraram na Ásia Me­nor em 133 a.C, quando Átalo de Pérgamo legou-lhes seu reino que se tornou a província da Ásia; o resto foi conquistado durante as guer­ras do séc. I a.C. ou por legados no começo do império. A Síria, cuja fronteira é constituída pelo Eufrates a nordeste, depois pelo deserto, foi conquistada em 64 a.C. por Pompeu. Ao sul, o pequeno estado da Palestina, que se tornou vassalo desde 63, serve como barreira de pro­teção.O Egito, anexado em 30 a.C, é domínio pessoal do imperador. A oeste, a Cirenaica, organizada como província em 74 a.C, não é mais que uma faixa costeira, associada administrativamente a Creta. A Tripolitânia foi reunida por César ao antigo domínio de Cartago para formar a chamada África Proconsular. Alguns territórios são anexados durante os reinados seguintes: as Mauritânias (Argélia e Marrocos) sob Calígula, a Bretanha (a Inglaterra atual), cuja conquista, começada por Cláudio, será muito difícil pois a pacificação terá prosseguimento ainda sob Adriano; Domiciano assegura a proteção da reentrância en­tre as fontes do Danúbio e do Reno, constituindo a zona militar dos Campos Decumatos; enfim Trajano anexa a Arábia em 105 d.C. (a Transjordânia) e a Dácia em 107; tenta ainda estender o poderio ro­mano além do Eufrates, mas estas conquistas são abandonadas desde sua morte (cf. p. 93). O reinado de Trajano é aliás a última tentativa de expansão: depois dele, Adriano fixará definitivamente os limites do im­pério romano, completando o sistema defensivo iniciado por seus predecessores.

SITUAÇÃO SOCIAL
Quando atingiu sua maior extensão, o império romano era por­tanto um imenso território, protegido por um exército relativamente pouco importante: umas trinta legiões, outras tropas auxiliares, ou seja 350 a 400 mil homens.
A população é calculada em cerca de cinqüenta milhões de ha­bitantes. As cidades mais populosas são Roma (700 mil a um milhão de habitantes), Alexandria (cerca de 700 mil) e Antioquia (300 mil). A unidade que existe ao nível do poder central, da política externa e de certo número de valores culturais não elimina contudo os particularismos. O império não é um bloco monolítico, pois limites territoriais e di­reito dos povos geralmente não coincidem. Com efeito, os súditos do imperador pertencem a etnias ou cidades diferentes; além disso, os habitantes duma mesma cidade ou duma mesma região podem ser de "direito" diferente: assim, entre os homens livres, distinguem-se os ci­dadãos romanos e as pessoas de direito peregrino. Os primeiros go­zam de certo número de privilégios judiciários, fiscais e políticos; a no­ção de peregrino abrange todos os outros, quer dizer os "estrangeiros" em relação à cidade romana, no sentido jurídico do termo; dependem então do direito da sua cidade ou da sua etnia de origem. Em geral, o governo imperial soube deixar uma autonomia bastante ampla às co­munidades locais, reservando-se o direito de supervisionar a fiscaliza­ção, o direito penal e a política externa.
Os escravos são numerosos. No direito, não têm existência algu­ma; por influência das reflexões filosóficas, porém, os juristas reconhecem que o escravo é um homem.1 A condição servil não é uniforme: os que trabalham nas minas levam uma vida particularmente difícil e a sorte dos que lutam nos campos nem sempre é invejável. Ao contrário, os escravos "especializados" (cozinheiros, médicos, secretários . . .) têm grande valor comercial, são bem tratados e facilmente conseguem a liberdade. O escravo artesão que trabalha numa oficina pagando uma simples taxa a seu senhor, quase não se distingue, do ponto de vista do nível de vida, do pequeno artesão de condição livre. A legislação do império procurou mitigar a sorte dos escravos, sobretudo con­trolando o direito de vida e de morte do patrão e privando do direito de propriedade quem abandonasse um escravo idoso ou doente. Em su­ma, trata-se de grupo importante, cuja definição jurídica não nos deve confundir — pois as situações particulares variam muito — e que não se pode considerar globalmente como verdadeira classe social.



__________
1.  Sobre a escravidão ver Cadernos Bíblicos 26 São Paulo e seu tempo.

Agripa e a eleição de Cláudio

    Após o assassinato de Calígula, em 41, Cláudio foi procla­mado imperador. Herodes Agripa I encontrava-se então em Ro­ma. Num relato sujeito a caução, Flávio Josefo nos descreve o papel que Agripa exerceu como intermediário entre Cláudio e o Senado.
    Nesta época, Agripa estava em Roma e aconteceu que ao mesmo tempo ele foi chamado em consulta pelo Senado e por Cláudio. Percebendo que Cláudio já detinha o poder, Agripa foi ter com ele. Cláudio enviou-o para contactar o Senado a fim de lhe comunicar seu modo de ver. O Senado não aceita as proposições de Cláudio. Agripa volta e lhe expõe essa recusa. Cláudio o man­da de novo para dizer aos senadores que ele está pronto para lu­tar contra eles a fim de não trair os que o escolheram por unani­midade. Enquanto assim se discute, um soldado que no entanto era fiel ao Senado exclama que não lutará contra seus compa­nheiros de armas partidários de Cláudio e que está do lado deste; arrasta consigo os outros soldados. Os nobres ficam tomados de terror; ao cabo de um instante, não vendo nenhum meio de salva­ção, apressaram-se a tomar o caminho dos soldados, passando para o lado de Cláudio.
    Na confusão gerada por esse vaivém, os soldados quase matam os senadores. Agripa vem correndo revelar a Cláudio o perigo da situação. Cláudio acalma os soldados, recebe os sena­dores e sai logo com eles para ir oferecer a Deus um sacrifício de ação de graças por sua elevação ao trono do Império. Sem mais tardar, concedeu a Agripa todo o reino do seu avô...(Guerra ju­daica II, 204-218).

SITUAÇÃO ECONÔMICA
As informações de ordem econômica são muito limitadas no to­cante ao período antigo e o império romano não escapa a essa regra. Temos de contentar-nos com apontar algumas características gerais. A economia permanece baseada na agricultura, cujos principais produ­tos são os cereais e os legumes, aos quais se deve somar a vinha e a oliveira nas regiões mediterrâneas; a pecuária é orientada para o corte (ou a conserva, salgando as carnes), mas os animais servem também para os transportes (animais de tração ou de carga), para a agricultura, a guerra e seu couro é curtido. Além dos produtos de primeira necessi­dade, as bases do artesanato são a tecelagem, a metalurgia, a cerâmi­ca bem como os trabalhos de arquitetura. As permutas locais não são muito conhecidas, pelo fato de dependerem das iniciativas individuais; ao contrário, o comércio em grande escala transparece mais claramen­te. Os metais são explorados sobretudo no Ocidente ( o estanho, o chumbo e o zinco na Bretanha; o chumbo argentífero, o cobre, o ferro e o ouro na Espanha; o ferro na Nórica e Panônia; o ouro e o ferro na Dácia); os mármores vêm da Grécia e da Itália; as melhores cerâmicas são produzidas na Grécia, na Itália e nas Gálias. A África, a Espanha e a Grécia exportam óleos de diferentes qualidades; o trigo que garante o abastecimento de Roma vem da Sicília, da África e sobretudo do Egito.
A via marítima é o meio de locomoção mais rápido e menos dis­pendioso. Navega-se enquanto o mar está "aberto", a saber de 5 de março a 11 de novembro; os ventos são então regulares e os riscos de tempestades, mínimos. Na época de Cícero, gasta-se mais ou menos cinco a seis semanas para ir da Cilícia (na Ásia Menor) à Itália, mas é sabido que uma travessia recorde podia ser realizada entre Pozzuoli e Alexandria em nove dias. Após o dia 11 de novembro, os contratos co­merciais não cobriam mais os riscos da navegação e, em casos de ne­cessidade, o Estado devia assumi-los. Contudo, não se deve tomar esse limite de maneira rígida demais: as variações climáticas do ano ou os ventos locais podiam modificá-la. Assim Flávio Josefo nos mos­tra Tito embarcando em pleno inverno para ir felicitar o novo impera­dor Galba e retornando a Corinto, ao saber do seu assassinato. Por ou­tro lado, Paulo conduzido prisioneiro a Roma deixa a Palestina em se­tembro e enfrenta ventos contrários desde as costas da Ásia Menor; mais adiante, a tempestade faz seu barco ficar à deriva durante qua­renta dias até acabar chegando a Malta (At 27).
O Estado também construiu um excelente sistema rodoviário que nem sempre é calçado, ao contrário do que se pensa, e cujos fins são essencialmente estratégicos. Essas estradas são utilizadas também pelo correio imperial (cursus publicus que, a regulares distâncias, tem como pontos de apoio os locais de troca (mutationes) e as estalagens (mansiones). Essa organização, reservada ao Estado e aos particulares que receberam sua autorização, funcionou notavelmente bem até meados do séc. IV da nossa era.
A Gália, que é conhecida por seus rios navegáveis, vê desenvol­verem-se associações de barqueiros; estas existem igualmente nos la­gos, sobretudo no Léman.
O Oriente beneficia-se das mercadorias preciosas trazidas pelas caravanas. Há uma estrada que vem da China atravessando a Mongó­lia, a Ásia central, o Irã; passa o Eufrates em Dura-Europos e atinge Palmira e depois Antioquia. Pode-se igualmente subir o mar Vermelho até o golfo de Áqaba, onde as caravanas dos árabes nabateus se en­carregam das mercadorias utilizando a pista que passa por Petra, Borsa e Damasco. Esse comércio trabalha com produtos leves, mas de va­lor (seda, pérolas, pedras preciosas, incenso) e geralmente deficitá­rios para o império romano.


O incêndio de Roma no tempo de Nero

Em 64, um gigantesco incêndio destruiu 3/4 da cidade de Roma. A voz do povo viu nisso a obra do próprio. Nero que queria reconstruir a cidade.
"Para silenciar esses rumores, Nero inventou culpados e in­fligiu tormentos cruéis cujas abominações os tornavam detestá­veis e que o povo chamava de cristãos. Esse nome lhes vem de Cristo que, durante o reinado de Tibério, o procurador Pôncio Pi­latos entregara ao suplício. Reprimida por um momento, essa de­testável superstição manifestava-se de novo, não apenas na Ju­déia onde o mal se originara, mas também em Roma, onde o que há de mais horrível e vergonhoso no mundo aflui e encontra nu­merosa clientela. Começou-se portanto prendendo os que con­fessavam sua fé, depois mediante suas revelações prendeu-se uma multidão de outros que foram convictos menos do crime de incêndio do que de ódio contra o gênero humano. Não se julgou suficiente fazê-los perecer: para divertir o povo, foram revestidos de peles de animais selvagens para serem dilacerados pelos den­tes dos cães; ou então eram presos a cruzes, untados com maté­rias inflamáveis e, quando o dia findava, alumiavam as trevas como tochas. Nero abrira seus jardins para esse espetáculo e pro­movia jogos no circo onde, ora em vestes de cocheiro se mistura­va ao populacho, ora tomava parte na corrida em pé no seu carro. Assim, embora aquele grupo fosse culpado e digno dos maiores rigores, o povo sentia compaixão, pois, como se dizia, não era em vista do interesse público, mas para a crueldade de um só que o grupo estava sendo exterminado".
(Tácito, Anais XV, 44)



FONTE: CADERNOS BÍBÇLICOS

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