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domingo, 23 de fevereiro de 2014

CONCERTO COM DEUS



Descobertas arqueológicas revelam a beleza do concerto que Deus estabelece com Seu povo

Reinaldo W. Siqueira, Ph.D., em Antigo Testamento, pela Andrews University (E.U.A) é professor de Línguas e Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no Seminário Latino Americano de Teologia, em Engenheiro Coelho, SP.

Um dos conceitos fundamentais do Antigo Testamento é o de aliança, ou seja, um concerto entre Deus e Is­rael, ou entre Deus e um ser huma­no. Não se pode encontrar nenhum paralelo desse conceito bíblico entre as crenças religiosas do mundo antigo. Enquanto as religiões antigas criam que os homens descendiam “naturalmen­te” dos deuses que eles adoravam, a Bíblia apre­senta uma idéia totalmente singular sobre o re­lacionamento entre a Divindade e a humanida­de — a aliança ou concerto. Para a Bíblia, religião não é simplesmente a crença num conjunto de doutrinas ou idéias. É, sobretudo, um relaciona­mento profundo e verdadeiro com Deus.
Uma das descobertas arqueológicas do mundo da Bíblia que mais têm contribuído para a com­preensão do conceito bíblico da aliança é a dos an­tigos tratados políticos e sociais do Antigo Orien­te Médio, em especial os do tipo suserano-vassalo. Este tipo de tratado regulamentava o relaciona­mento entre um rei poderoso (o suserano) e os reis das nações vizinhas que lhe eram sujeitos (os vassalos). Na sua estrutura, os tratados que mais se aproximam do conceito bíblico de aliança fo­ram encontrados no antigo Império Hitita.
Primeiro, eles começavam com um Titulário, ou seja, uma introdução ao orador, na qual se identifica o autor do tratado, o suserano, seus títulos, atributos e ocasionalmente sua genealo­gia. Semelhante Titulário pode ser observado em Êxodo 20:1, onde Yahweh, o único Deus, é apresentado como o Orador e Autor do tratado.
Em segundo lugar, seguia-se um Prólogo Histórico, no qual se fazia um relato dos benefícios feitos pelo suserano a fa­vor do vassalo, os quais serviam de base para o tratado. Em Exodo 20:2, encontramos um Prólogo His­tórico que enfatiza qual era a base da aliança que Deus estava propondo a Israel: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servi­dão” — ou seja, a salvação é a base da aliança. Deus primeiro salvou os israelitas e depois lhes propôs uma aliança. Isso é constante nas Escrituras.
Terceiro, após o Prólogo Histórico se seguia a Lista de Estipulações do tratado, na qual eram declaradas em detalhes as obrigações im­postas ao vassalo. Exigia-se dele lealdade abso­luta ao suserano e obediência às estipulações apresentadas. No Concerto do Sinai, também, após a apresentação do ato redentor divino que fundamentava a aliança, segue-se a lista de estipulações, na forma de leis e mandamentos que deveriam ser guardados pelos israelitas (veja Exo. 20:3-31; 18; 34:10; Lev. 25:55).
Quarto, após a Lista de Estipulações vinha a Lista de Testemunhas. Os deuses de ambas as partes, do suserano e do vassalo, eram in­vocados como testemunhas do tratado que es­tava sendo firmado e deveriam zelar sobre o cumprimento do mesmo, punindo o infrator. No Antigo Testamento, não se faz nenhum apelo a deus algum para servir de testemunha, pois só existe um único Deus, que, no caso, era um dos contratantes do tratado de aliança.
Quinto, após a Lista de Testemunhas vinha a se­ção das Bênçãos e Maldições, na qual se descrevia aquilo que seria feito ao vassalo, dependendo de sua obediência ou desobediência às estipulações do tratado. A linguagem era de “vida e morte”, de “bênção e maldição”. Na Aliança Sinaítica encon­tramos também a seção de Bênçãos e Maldições, em Levítico 26 e Deuteronômjo 27 e 28, onde se enfatiza que a vontade divina é abençoar e fazer prosperar Seus filhos de maneira maravilhosa.
Finalmente, a sexta e última parte do tratado suserano-vassalo hitita apresentava uma cláusula que requeria leitura periódica do tratado, por parte do vassa­lo, para que ele não se es­quecesse dele. Ocasional­mente eram feitos também requerimentos para que o tratado fosse depositado e preservado em um lugar segu­ro. Este último item nos ensina sobre a reverência e cuidado que devemos ter para com a Palavra de Deus e a necessidade de estu­da-la e reestudá-la sempre.

FONTE: Sinais dos Tempos Setembro- Outubro / 2001

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