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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

OS ZELOTES NO TEMPO DE JESUS





E só a partir da insurreição judaica de 66 d.C, que Josefo chama de "zelotas" os que antes apelidava "salteadores" ou "bandidos". Re­conhece, entretanto, que eles existem como "seita" (que ele não men­ciona) ou grupo organizado já em 6 d.C, quando Judas o Galileu lança um movimento de revolta contra o recenseamento dos bens dos ju­deus, com finalidade fiscal, por Quirino. Esse reconhecimento tardio como "seita" reflete bem a resignação dos responsáveis judeus: nesta época, só os violentos podem salvar o que constitui a própria razão de Israel.

Mas de fato, enquanto tendência, esse movimento extremista mergulha suas raízes num passado bem remoto da história do povo. Seu nome zelota vem de um termo grego que significa ser zeloso por.2 Já na época do Êxodo, se nos apresenta Finéias, zeloso por Deus (Nm 25,6-13); esse movimento se desenvolve no tempo dos Macabeus e desde esse período "todos os textos nos descrevem zelotas de um mesmo tipo: rigoristas violentos que, a exemplo de Finéias, de Jeú e de Matatias, executam impiedosamente aqueles que, a seus olhos, são infiéis à Lei de Moisés. Para os zelotas da guerra judaica, o inimigo já não é o judeu apóstata, mas sim o romano e seus colaboradores. Pre­senciamos, sem dúvida, uma mudança provocada por uma situação nova".3

Tanto no plano das ações concretas como no das motivações profundas, é certamente o mesmo movimento durante todos os séculos: tais pessoas são extremamente exigentes quanto à santidade do Templo e ao respeito pela Lei e por isso, estão certas de que Deus está do lado delas; com efeito, o Senhor deu uma terra a Israel, mas, em contrapartida, ele não tolera, nesta terra santa, transgressão alguma, venha ela dos judeus ou dos não-judeus.

Os judeus podem ser infiéis no plano religioso; neste caso, os zelotas intervêm, com a bênção dos sacerdotes, para o linchamento ime­diato (a morte de Estevão poderia ser um exemplo disso, At 6,12s). Eles podem ser infiéis também no plano político, buscando alianças com o ocupante, o romano, em vez de confiar em Deus somente. Tam­bém nesse caso os zelotas reagem, para grande desagrado de Josefo.

Os não-judeus, sobretudo os ocupantes, devem ser eliminados, sobretudo se se dão demais a seu domínio sobre o país (pelo recenseamento) ou se eles zombam das instituições religiosas: é um ato de despudor de um soldado romano e a destruição pelo fogo de um rolo da Lei por outro que, por volta dos anos 50 d.C, provocam as confu­sões que não terminarão até a guerra. A última provocação será o sa­que do Templo pelo procurador Floro (cf. p. 89).

Assim, ao passo que os Saduceus e seus amigos Asmoneus traí­ram a causa religiosa dos Macabeus, fazendo aliança com os piores inimigos da sua fé, os zelotas são os campeões da ortodoxia e do integrismo. O entendimento entre essas duas tendências é impossível e suas divergências aparecem no plano geográfico como no plano so­cial: os zelotas têm sua origem na Galiléia, onde facilmente podem se ocultar nas numerosas grutas e freqüentemente são muito pobres; os outros reinam na Judéia e sobretudo em Jerusalém, onde vivem em meio às riquezas.

Religiosamente, os zelotas têm uma confiança absoluta em Deus e nas instituições queridas por ele: o Templo e a Lei. Estão convenci­dos de que, por suas ações de "extermínio dos ímpios", apressam a vinda do seu reino, do seu Messias; Deus é o único senhor, mas ele não age sozinho e tem necessidade dos homens: quanto mais alguém for zeloso por ele, inclusive no plano político e temporal, melhor será!

 FONTE: CADERNOS BÍBÇLICOS 

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