Embora não pertençam propriamente falando ao judaísmo e não
constituam uma seita judaica, os Samaritanos devem ser considerados como uma
comunidade característica do ambiente palestinense.
Poder-se-ia caracterizá-los ao mesmo tempo por sua proximidade
e por sua oposição ao judaísmo. Tanto quanto os judeus e mais que eles ainda,
os Samaritanos são os homens da Lei, representada pelos cinco livros do
Pentateuco; seguem suas prescrições com rigor no que se refere, por exemplo, à
circuncisão, ao sábado, ou às festas. Sua liturgia e sua literatura religiosa
celebram o Deus único, Moisés, seu intérprete, a libertação do Egito e a
revelação do Sinái. Mas uma divergência fundamental se manifesta pela rejeição
dos outros livros do AT e sobretudo pela recusa de reconhecer Jerusalém como
metrópole religiosa e o Templo de Salomão como santuário central.
Para eles, o verdadeiro santuário da terra santa e o único
lugar de culto legítimo é o monte Garizim, que domina a antiga localidade de
Siquém. É no alto desta montanha que celebram as grandes festas, sobretudo a
páscoa segundo o ritual de Ex 12. O Garizim, lugar da bênção segundo Dt 11,29 e
27,12, é aliás mencionado num décimo mandamento que aparece na versão
samaritana do Decálogo. É uma das raras variantes do Pentateuco samaritano em
relação ao texto recebido.
Há um messianismo entre os Samaritanos que esperam o Taheb,
aquele que vem de novo. Não é um descendente de Davi, como o Messias judeu,
mas uma espécie de novo Moisés, o profeta de Dt 18,15, que virá para colocar
tudo em ordem no final dos tempos.
É difícil reconstruir com certeza a história das origens
desta comunidade. De acordo com a narrativa de 2Rs 17, depois da queda do
reino do norte e da tomada de Samaria em 721, os assírios deportaram parte dos
habitantes e estabeleceram no país colonos mesopotâmicos. Estes teriam fundado,
com o auxílio de um sacerdote do lugar, um culto sincretista. Embora a tradição
samaritana coloque a ruptura em época ainda mais remota, quando se abandonou
Siquém por Silo, hoje em dia prefere-se considerar como mais tardia a
constituição da "seita" samaritana. Pode-se pensar no retorno do
Exílio, na época de Zorobabel e de Neemias, ou no momento da conquista de
Alexandre: foi então, segundo Josefo, que os Samaritanos teriam construído um
templo sobre o monte Garizim.
As relações foram com
freqüência muito tensas entre Jerusalém e a Samaria, mas sempre dentro de uma
estreita comunidade de destino. Alguns laços se mantiveram, influências
recíprocas se exerceram entre judeus e Samaritanos; estes, aliás, estão mais
próximos, sob certos apectos, dos saduceus que dos fariseus. Consideram-se
como os herdeiros das tribos do norte que ficaram fiéis à fé de Moisés. Sua
oposição ao Templo de Jerusalém pode tê-los aproximado dos essênios como de
certas correntes do cristianismo primitivo
FONTE: CADERNOS BÍBÇLICOS
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