Aparte atinente à lei é a mais visada pelos evangélicos
que nos combatem. Formulam os argumentos mais especiosos na inútil tentativa de
destruir os postulados cristalinos da Palavra de Deus. Bem analisados, esses
ataques são menos contra os adventistas do sétimo dia do que contra a lei de
Deus, colidindo mesmo com elementos de proa, fundamentalistas, das denominações
evangélicas.
Combatendo
frontalmente o Decálogo, desenvolvem uma dialética sub-reptícia para impingir o
conceito modernista de lei, ou seja, o que considera lei qualquer
enunciado da Escritura, despojado de forma, transmudado em princípios, em
essência, não preceituados, não em forma de código, não promulgados, não
específicos, não objetivos, mas algo genérico, vago, esparso aqui e ali, em vários
livros, sem ordenação e cuja observância se situa na província da consciência
do cristão. Querem deixar a impressão de que tudo é lei na Bíblia, menos os Dez
Mandamentos. Por outro lado, paradoxalmente, reconhecem que "os Dez
Mandamentos contêm em si princípios morais e eternos", mas não titubeiam
em averbá-los de peremptos e destinados aos judeus. Uma babel irremediável.
Parafraseando
Canright, afirmam, em suma, que na Bíblia consta uma só lei e que a mesma foi abolida
por Cristo. Há afirmações positivas e reiteradas de que a lei foi abolida.
Senão vejamos:
"O Novo Testamento ensina que a lei foi abolida por Cristo"; "O
decálogo é dependente, secundário, menor.." "A lei foi abolida e
deixou de estar em vigor."
Lei é termo
genérico e não específico, a conclusão lógica e irretorquível é que, da cruz
para cá não há mais lei de Deus promulgada e vigente. Está perempta para
o cristão.
Mas para
destruir esta blasfêmia – verdadeira perversão das Escrituras -
saltam na arena, de arma em riste entre muitos, os seguintes teólogos,
evangelistas e escritores batistas de
renome e responsabilidade:
Salomão L.
Ginsburg (afamado
ministro batista), em seu livro O Decálogo ou os 10 Mandamentos, págs. 4
e 7, diz claramente: "As idéias que
alguns fazem da Lei de Deus, são errôneas e muitas vezes perniciosas. O arrojo
ou a ousadia dos tais, chega a ponto de ensinar ou fazer sentir que a Lei já
foi abolida... Os que ensinam a mentira de que a Lei não possui mais
valor... ainda não leram com o certeza os versículos que nos servem de texto
(S. Mat. 5:17 a 19). Deus não muda, nem o Seu poder, nem a Sua glória; os seus
preceitos são eternos.
"Vamos mais
longe: essa Lei é a base da moralidade social, e será crível que tal base seja
abolida, isto é, que se mate, adultere, furte, calunie? Não! Essa Lei é toda digna de nossa
admiração, respeito e acatamento.
"Jesus
veio pôr em prática a Lei e não abolir.”
Tão grave se lhe
afigurava a tese da abolição da lei, que ele a estigmatiza com o verbete terrível:
mentira. Chama, sem rebuços, de mentirosos os que sustentam a tese da
ab-rogação da lei.
William C.
Taylor (ministro,
escritor e mentor batista de grande projeção) referindo-se também
especificamente ao Decálogo, no opúsculo de sua autoria Os Dez Mandamentos
entre outras coisas relativas à imutável e inab-rogável lei moral, diz:
"Seria uma bênção se cada púlpito no mundo
trovejasse ao povo a voz divina do Decálogo, pois a Lei é o aio para
guiar a Cristo.
"A Lei aqui
não é nenhuma lei civil, nem a de Israel. Não se trata de cerimônias
levíticas. Trata-se de religião, no seu âmago, na moral, e especialmente
trata-se do pecado, de criar uma consciência acerca do pecado...
"O decálogo
fica. A lei de ordenanças morre na cruz do Calvário e é destruída por Tito, na
queda de Jerusalém.
“Os Dez Mandamentos são
quase todos repetidos no Novo
Testamento... São aumentados e reforçados no cristia-nismo. Págs. 5. 6 e
42.
Para Taylor, os mandamentos
do decálogo não foram abolidos. E diz que, além da lei moral, há lei civil e
cerimonial. Não há, portanto, uma só lei, pois distingue
inequivocamente os vários códigos, estando positivamente contra a Tese
antinomista de O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus.
A. Hopikins Strong (eminente
teólogo batista), em seu conhecido tratado Systematic Theology
vol. 2. pág. 408, diz: “Nem tudo na lei mosaica está abolido na cruz, Cristo
não cravou em Sua cruz nenhum mandamento do Decálogo". E à pág, 548:
“A graça deve ser entendida, contudo, não como abolindo a lei, mas como
estabelecendo-a e reforçando-a”. (Rom. 3:31 ‘estabelecemos a lei').”
Portanto, o
teólogo batista não advoga a ab-rogação da lei de Deus, proclamando que a graça
a reforça.
Charles H. Spurgeon célebre pregador batista, em um sermão pregado em
Londres, em 1898 e publicado na íntegra no jornal australiano Melbourne Age,
disse claramente com relação ao
Decálogo: “A lei de Deus é perpétua. Nela não se admite ab-rogação ou
correção. Não deve ser alterada ou ajustada à nossa condição pecaminosa; mas
cada um dos justos preceitos do Senhor permanece para sempre... Para mostrar
que Ele jamais pensou em ab-rogar a lei, nosso Senhor Jesus exemplificou todos
os seus preceitos em Sua própria vida.”
Mais ainda,
Esse mesmo pregador de fama mundial, em seu
célebre sermão publicado The Perpetuity of the Law of God (A
Perpetuidade da Lei de Deus), págs. 4 e 5. diz: “Jesus não veio para mudar a
lei, mas sim para explicá-Ia, e justamente por essa circunstância mostra que ela
permanece; visto não haver
necessidade de explicar o que é abolido. Com essa exemplificação, Ele a
confirmou.
Se alguém me
diz: 'Eis que em substituição aos Dez Mandamentos recebemos dois, que são muito
mais fáceis, responder-lhe-ei que essa versão da lei não é de maneira alguma
mais fácil. Uma tal observação implica
falta de meditação e experiência. Esses dois preceitos abrangem os dez, em
seu mais amplo sentido, não podendo ser considerados exclusão de um
jota ou til dos mesmos”.
Billy Graham, considerado o maior evangelista da atualidade,
batista e fundamentalista, assim se expressou sobre a lei de Deus. Reproduzimos
a pergunta específica de um repórter e consequente resposta textual, como
estão na coluna de um Jornal londrino, e reproduzido em Signes of the Times de
23-8-1955, pág. 4:
Pergunta: Mr. Graham, alguns homens religiosos que conheço
dizem que os Dez Mandamentos são parte da lei e, não se aplicam a nós hoje.
Dizem que nós, como cristãos, estamos 'livres da lei'. Esta certo?
Resposta: Não, não esta certo, e espero que você não seja
desencaminhado por estas falsas opiniões. É de suma importância compreender o
que quer dizer o Novo Testamento quando afIrma que estamos 'livres da lei'.
Como é evidente, a palavra 'lei' e usada pelos escritores do Novo Testamento em
dois sentidos. Algumas vezes ela se refere à lei cerimonial do Velho
Testamento, que se relaciona com matéria ritualística e regulamentos
concernentes a manjares, bebidas e coisas deste gênero. Desta lei, os cristãos
estão livres na verdade. Mas o Novo
Testamento também fala da lei moral, a qual é de caráter permanente e
imutável e está sumariada nos Dez
Mandamentos. " (Grifos nossos.)
Para este
evangelista, que fala aos maiores auditórios do mundo, a lei de Deus está
em.vigor, e o Decálogo é um
código distinto de outras leis que caducaram.
Sabemos que os
autores supracitados eram ou são observadores do domingo e adversários dos
adventistas do sétimo dia. (Com exceção de Billy Graham que, em várias
oportunidades se mostrou amigo dos adventistas). Mas o que é Irrefutável
é que não advogavam a tese da abolição da lei, consideravam o Decálogo em vigor
e distinguiam as várias leis da Bíblia. E no tocante à vigência da lei de Deus,
condensada nos Dez Mandamentos, preferimos concordar com estes abalizados
mentores batistas, a crer nas infelizes distorsões textuais de Canright,
endossadas pelos modernistas de todos os quilates.
Ainda
subsidiariamente poderíamos citar Wesley, Moody, Adam Clarke, Albert Barnes e
inúmeros outros autores evangélicos. Mas os batistas não gostam de ser confundidos
com os protestantes, pois alardeiam não terem provindo da Reforma, embora boa
parte deles doutrinariamente se identifique com Calvino. E Calvino também reafirmou
a vigência da lei de Deus.
The Watchman-Examiner,
semanário batista norte-americano, de 4/08/32 , estampou o seguinte:
"Cristo ensinou a Seus discípulos e a todos os que seguem os Seus ensinos,
que podemos ter vida eterna guardando perfeitamente
a lei como fora dada por Deus no Sinai, e amando-O,
pois Ele é a personificação e cumprimento daquela lei.” Não há dúvida de que a
lei "dada por Deus no Sinai” era o Decálogo.
O Jornal
Batista, de 6/12/28, estampa um interessante artigo intitulado:
"Reflexos do Decálogo", do qual destacamos os seguintes trechos:
"Sumário precioso de toda legislação divina, o Decálogo
sintetiza-se em dois breves, mas
profundos preceitos:
‘amar a Deus e amar ao próximo’. Cristo, vindo à Terra, não aboliu o
Decálogo. Impôs a lei como necessidade de salvação... O que foi suprimido não
foi o decálogo e sim o cerimonial mosaico... As leis humanas mudam, perecem. O
Decálogo resiste eternamente. Troquem os artigos do Decálogo, mas essa troca só
prova a perversidade dos trocadores, só patenteia o erro e má fé dos adulteradores
da lei divina. Passará o mundo, mas o Decálogo ficará e no Céu ele há de
ser louvado, rebrilhando seus fulgores por entre as hierarquias angélicas
resumindo o amor de Deus." (Grifo nosso).
Como
poderia ter sido abolida a lei de Deus condensada no Decálogo? Só uma mente superficial
admitiria tal absurdo, pois. suprimindo-se a lei de Deus, estaria suprimido o
pecado porque " pecado é transgressão da lei", "pela lei vem o
conhecimento do pecado", e "onde não há lei também não há transgressão".
A função da lei é revelar o pecado e conduzir o pecador a Cristo a fim
de ser salvo. Como poderia ser abolida?
Passando agora à
lei cerimonial, que foi abolida na cruz, porque consistia em prefigurações,
tipos e sombras que
apontavam para
Cristo, e vindo Ele, automaticamente cessaram as prefigurações,tipos e sombras,
porque a Realidade eliminou a "sombra”. O Antitipo eliminou o tipo, o Fato eliminou as prefigurações
e simbolos, reeditando os “argumentos” de Canright (S. D. A. Renounced, pags.
308 e 309), dão a entender que a distinção de leis moral e cerimonial é
invenção de adventistas que, "viram-se forçados a fazer esta
distinção". E, sem a menor cerimônia, dizem ser "coisa estulta para
qualquer pessoa de bom senso designar o decálogo como lei moral e o resto da
lei como cerimonial". Assim declarando, ofendem frontalmente seus colegas
acima citados que admitiam tal distinção, Spurgeon, Strong, Taylor e muitos
outros vultos exponenciais sabiam o que escreviam e afirmavam. Não, não podiam
ser tachados de estultos!!!
Teriam
efetivamente os adventistas do sétimo dia "inventado" a distinção de
leis na Bíblia? Sabido é que eles surgiram no cenário mundial no ano de 1844,
em cumprimento à exata data profética. Muito antes deles já se havia estabelecido
entre os teólogos e redatores de confissões de fé, a diferenciação das leis
bíblicas. A título de exemplificação, citaremos os sequintes credos da
cristandade, elaborados muito antes da existência dos adventistas:
A Segunda
Confissão Helvética, rediqida em 1566, expressando crenças de séculos anteriores,
faz clara distinção entre a "lei moral de Dez Mandamentos" e a
"lei", a saber, "lei cerimonial", Cap 12, 4º. parágrafo.
Os 39 Artigos
de Religião da Igreja da Inglaterra rediqidos em 1571, no seu artigo VII
aponta as leis da Bíblia, classificando-as
em cerimoniais (cerimônias e ritos), civis (preceitos para uma
comunidade, a de Israel) e lei moral.
Revisão
Americana dos Artigos pela
Igreja Protestante Episcopal, feita em 1801, reafirma a distinção de leis
moral, cerimonial e civil, no seu artigo VI.
Artiqos de
Reliqião da Irlanda,
elaborados no ano de 1615, fazem idêntica distinção, como também o faz a Declaração
de Savoya da Igreja Congregacional formulada em 1658.
Confissão
da Fé de Westminter, proclamada em 1647, no seu capitulo 19,
Incisos de I a VII, faz, com detalhes, a
enumeração das leis bíblicas, distinguindo-as em moral, cerimonial e civil.
Confissão
Batista de 1688
(confissão de Filadélfia) reproduz ipsi verbis os termos da Confissão
de Westminster
na parte atinente a lei. Interessante!!!
Os 25 Artigos
da Igreja Metodista, formulados em 1784, em seu inciso VI, distingue
leis civis, cerimoniais e morais.
A escassez ae
espaço não nos permite citar a íntegra do que contêm as confissões de fé,
mas os estudiosos poderão ler a obra de Shaff Creeds of Christendom, donde
foram extraídos estes informes.
O objetivo aí é
demonstrar apenas que a distinção de leis existia muito antes da eclosão do
movimento adventista no mundo e, por conseguinte, não lhe pode ser debitada a
autoria de tal distinção.
Na Bíblia não se
encontram igualmente as palavras "trindade", "milênio",
"premilenismo", "imrsionismo", "sistema
congregacional". No entanto, estes termos definem idéias bíblicas. É óbvio
que Cristo não distinguiu certas doutrinas, aplicando-Ihes a nomenclatura
teológica que vigora entre nós. A Bíblia não tem sistemática. Ela apenas
descreve e enuncia, sem preocupação de esquematizar e catalogar artigos de fé.
Somente o estudo, a análise, a comparação determinam a sua coordenação
doutrinária.
A nomenclatura
decorre da sistemática e, por ela, os teólogos averbam os grupos doutrinários
com designações que melhor traduzem o seu conteúdo. Os leigos acham arrevezados
termos teológicos como ','escatologia", "eclesiologia",
"cristologia", "soteriologia", "pneumatologia",
"traducianismo", etc. Onde há isso na Bíblia? Cristo ou apóstolos
distinguiram tal coisa? No entanto, a Escritura contém estas matérias.
O mesmo critério
aplica-se em relação às leis. Basta analisá-Ias, sistematizá-Ias para se
chegar à conclusão inelutável de que é impossível haver uma só lei na Bíblia.
Do contrário, a Bíblia não seria mais que um amontoado de chocantes
contradições. Demonstraremos, de modo inapelável, que a Bíblia distingue
claramente as leis moral e cerimonial.
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