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domingo, 11 de maio de 2014

A ARQUEOLOGIA CONFIRMA ELLEN. G. AIRES


Desde que me tomei adventista, senti-me impressionado diante do fenômeno chamado Ellen fã. White. Tanto a profundidade exposta em seus livros quanto a facilidade com que ela trata de assuntos tio diversos que vão desde a medicina até à religião, é algo deveras surpreendente para uma mulher que não concluiu o curso primário. Contudo, isso poderia ser reputado como mero “genialismo” daquele tipo que levou Da Vinci e Pascal a aprenderem tantas coisas por autodidática e escreverem em áreas amplamente diversificadas que, como ela, também o fizeram. Algo, porém, diferencia a “frágil mulher americana” de qualquer outro gênio que a humanidade já produziu: ela escreveu o futuro. Falou de coisas “absurdas” em princípio, mas que seriam “certezas científicas” nas pesquisas concluídas depois de sua morte. Daí, a admiração da mulher-gênio vê-se obrigada a ceder lugar para uma certeza religiosa de que esta foi uma verdadeira profetisa de Deus para os tempos modernos. Sua pesquisa não se limitou a livros e revistas. Ela contava com um banco de dados que nenhum outro gênio destituído de dom profético poderia ter; ela dispunha do Espírito Santo.

De modo remissivo, este breve artigo pretende apresentar um interessante exemplo de confirmação indireta do dom profético de Ellen White conforme visto numa recente descoberta que está sacudindo o mundo da arqueologia bíblica. Trata-se de um achado relativo à conquista histórica de Davi e os primórdios da Jerusalém hebréia - algo deveras apropriado para o ano em que a cidade comemora os 50 anos da independência israelita.

 

A história bíblica — Dois textos bíblicos (II Sam. 5:1-10 e I Crôn. 11:1- 9) narram a tomada da cidade que até à conquista davídica pertencia aos jebuseus. De modo objetivo, é-nos dito que Davi partiu contra a cidade em meio aos insultos de que até mesmo coxos e cegos poderiam expulsá-lo dali — uma autêntica demonstração de auto-segurança daquela que se considerava uma fortaleza inexpugnável. Mas, em pouco tempo, a estratégica cidade montanhesa viria a ser domínio de Davi e capital de seu reino então caracterizado pela prosperidade e crescimento. Mas, como foi que Davi tomou a fortaleza? Essa pergunta toca num delicado problema de tradução que temos em II Samuel 5:8. O verso, conforme a tradução Versão Almeida Revista e Atualizada, assim traz a ordem do rei: “Todo o que está disposto a ferir os jebuseus suba pelo canal subterrâneo e fira os cegos e os coxos, a quem a alma de Davi aborrece.” Ocorre, no entanto, que a palavra hebraica tsinnor, aqui vertida por “canal subterrâneo”, é de significado duvidoso, conforme admitido pelos principais eruditos em língua semita.1    Alguns crêem que ela pode significar “gancho”, “adaga” ou até “valado”.2      Mas, a preferência por “canal” foi reforçada pela descoberta feita por Charles Warren. em 1867, de um canal d’água subterrâneo que, segundo se creu, levaria a água desde a fonte de (Gihon até dentro da cidade, Por esta entrada, portanto, Joabe teria passado com seus homens e surpreendido os Jebuseus ao surgir dentro da fortaleza tal qual fizera Ciro na conquista de Babilônia.3    Assim, a despeito de algumas vozes isoladas como do famoso arqueólogo Albrigh, que mantinha uma opinião muito pessoal sobre o modo como Davi conquistou a cidade, o consenso marcante dos eruditos era que os hebreus, conquistadores, haviam alcançado Jebus, entrando pela abertura do canal. Essa posição, aliás, pode ser encontrada em vários comentários bíblicos do livro de II Samuel que temos em português.4

 

O que dizia Ellen White?     Estranhamente ao contrário dos grandes comentários bíblicos de seu tempo e da efervescência causada pelo achado de Warren, Ellen White insistia em omitir a tão “evidente” história do ataque subterrâneo, preferindo dizer que Joabe e seus homens sitiaram a cidade. Enfatizando a posição fortificada da Tel Cananita (como se denomina em arqueologia), sua declaração, conforme publicada no livro Patriarcas e Profetas, assim reza textualmente: “[Jebus] ocupava uma posição central e elevada no território, e era protegida por inúmeras colinas.

A fim de conseguir este local, os hebreus tinham de desapossar um resto de cananeus, que mantinham uma posição fortificada nas colinas de Sião e Moriá.... Durante séculos  Jebus fora considerada inexpugnável; mas foi sitiada  e tomada pelos hebreus  sob o comando de  Joabe.”      Patriarcas e Profetas, pág. 703, grifos acrescentados.  Essa afirmação, contraditória daquilo que estava quase unanimimente convencionado pelos historiadores e teólogos, fora escrita 13 anos após a descoberta do canal por Warren. Ora, é estranho que uma mera “pesquisadora autodidata” (eufemismo usado pelos céticos para não dizerem “plagiadora”) não tenha utilizado esta conhecida informação nem seguido o rumo dos comentários nesta história particular apresentada em seu livro então recentemente publicado. Nisto, porém, ela simplesmente avançou em mais de um século as conclusões que seriam tornadas sobre a conquista da cidade e como ela ocorreu.

 

Novos achados arqueológicos

Recentes descobertas arqueológicas próximas ‘a fonte de Gihon ou fonte da Virgem (antiga principal fonte d’água de Jerusalém), têm demonstrado  que alguns dos sofisticados  sistemas de água até agora
atribuídos à conquista israelita     antecedem ao período davídico    em pelo menos oito séculos, Ellen White também apresenta a cidade como sendo um poderoso centro oitocentos anos antes da coroação de Davi, sob o comando de Melquisedeque. (Ver Patriarcas e Projetas, pág. 703.) A novidade maior, porém, surge em relação aos contornos do muro da cidade. Ocorre que alguns arqueólogos de Israel Antiquities Authoríty começam a crer que o famoso canal de    Warren (assim conhecido no
mundo acadêmico) era apenas      uma fissura natural e não uma passagem subterrânea construída
para levar água da fonte para        dentro da cidade sem o risco de expor os habitantes A mercê do inimigo. Escavações realizadas há poucos meses têm exposto um túnel que contorna o canal e faz supor que este estivesse dentro dos limites da cidade e não fora dela como até então se cria. No início, a falta de cerâmicas que pudessem ajudar na datação do sistema de água, fez pensar que este seria uma construção do período Israelita como acreditara o Dr. Yigal Shiloh, que escavou a área e limpou o sistema do túnel. Porém, em julho de 1998, vários pedaços de pote foram encontrados demonstrando que as pesadas fortalezas e muralhas em torno da fonte e o próprio sistema de águas precedem oitocentos anos ao rei Davi e já estavam dentro da cidade quando ele ali chegou. Jebus, portanto, seria pelo menos duas vezes maior do que até então se acreditava e torna-se inviável supor que Joabe alcançara a cidade invadindo-a pelo aqueduto subterrâneo que estava  totalmente dentro de seus

limites.  Assim, numa entrevista dada ao The Jerusalem Post, o Dr. Ronny Reich, que dirigiu as escavações juntamente com Eli Shuikrun, declarou enfaticamente: “Nós teremos que repensar todos os nossos conceitos acerca da Cidade de Davi que foram formados desde o século passado.”5 Isso faz do Patriarcas e Profetas o mais atualizado comentário bíblico de II Samuel até que os demais tenham tempo para retificar suas notas após as publicações científicas que já estão começando a aparecer em revistas especializadas de arqueologia. Mas esta antecipação da Sra. White não é a única. Também na Medicina, Psicologia, Pedagogia e outras áreas encontramos o mesmo processo que acabo de exemplificar.   Desta feita, é meu pensamento que hoje, mais do que nunca, os intelectuais

adventistas devem enfatizar seu apreço racional pelos escritos desta pioneira. Ela não deve substituir a Bíblia, nem mesmo tomar desnecessária a leitura de material especializado, mas, no papel de “luz menor”, ser motivo de alegria e gratidão ao povo do advento que foi agraciado com este presente do Céu, a saber, o Espírito de Profecia..

 

Referências:

 

1.     Veja por exemplo: C. F. KeiI e F. Deitzsch. Commentari on the Old Testament ir Ten Volumes. Gras Rapids: Michigan: W. E. B. Eerdmans Publishing  Company, 1966, vol. 2, pág. 316.

2.     Veja Eduard König. Hebrãisches und aramãisches Worlterbuch zum Alten Testament. Leipzig: Dietrieh’sche Verlagshuchhandlung, 1922. pãgs. 390 e 391.

3.     S.R. Driver, Notes on, the Hebrew Text and the Topography of   the Books of Samuel. Oxford: Clarendon Press. 1913, póg. 260.

4.     Veja por exemplo: António Neves de Mesquita. Estudo nos Livros de Samuel, Rio de Janeiro: RI: JIJERP, 1979. flgs. 127 e 128.

5.     The Jerusalem Post, quinta-leira, 23 de julho de 1998, pág. 4.

 

FONTE: Rodrigo P. Silva é professor de Bíblia e Filosofia da FAED, IAE - Compus 2

 

 

                                                                               

 

 

 

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