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quinta-feira, 15 de maio de 2014

PRECISÃO HISTÓRICA DE DANIEL - PARTE FINAL

Precisão Histórica de Daniel - Parte Final
 

Como conciliar dados históricos da Bíblia com a História secular.
por José Carlos Ramos
Teólogo
 
Uma informação histórica do livro de Daniel, alegada pela critica como incorre­ta e que, portanto, conspiraria contra a posição tradicional (que atribui a autoria da obra ao próprio profeta Daniel) tem a ver com a figura do rei Dario referida em Daniel 5:31; 9:11; 11:1 e principalmente no capitulo 6. Veremos que esse ponto não tem a menor importância para aque­les que aceitam a genuinidade histórica e profética do livro bíblico de Daniel.
 
A IDENTIDADE  DE  DARIO  DA  MÉDIA
 
Como a História jamais menciona um rei da Média com o nome de Dario, prin­cipalmente em Babilônia, para a alta-críti­   ca, essa figura é uma criação do autor de Daniel, inspirada nos reis persas que tive­ram esse nome.
Vejamos primeiro as informações bí­blicas quanto a Dario:
Ele era Medo por descendência Daniel  5:31; 9:11; 11:1.
Era filho de Assuero - Daniel 9:1.
Era rei dos caldeus - Daniel 9:1.
Reinou em seguida à morte de Belsa­zar, rei de Babilônia -   Daniel 5:30 e 31.
Reinou dois anos no máximo Daniel 10:1; 11:1.
Organizou o reino apontando 120 príncipes e 3 presidentes.    Daniel 6:1 e 2.
Ciro sucedeu a Dano ou reinou simultaneamente  com ele - Daniel 6:28.
Tinha 62 anos ao come­çar a reinar em Babilônia - Daniel 5:31.
Reinou no desempenho de um governo subordinati­vo (sem dúvida a Ciro) co­mo se denota da expressão “foi constituído rei sobre o reino dos caldeus” -  9:1.
Salvo no que respeita ao nome, não há qualquer se­melhança deste Dario com qualquer rei persa homôni­mo posterior. Sem dúvida, trata-se de uma figura histó­rica do tempo de Ciro, com outro nome. O fato de a His­tória não registrá-lo com o nome de Dario não significa que ele não existiu. Segun­do o historiador judeu Flá­vio Josefo, ele tinha um no­me diferente para os gregos (Antiguidades Judaicas, X, 11,4).
O resumo das hipóteses quanto a sua identidade his­tórica, conforme comen­taristas do livro do profeta Daniel, é a se­guinte:
Dario foi Astíages, avô de Ciro e flho de Ciáxares I que seria o Assuero de Daniel 9:1. Essa hipótese fundamenta-se no fato de que Astíages foi o último rei da Mé­dia antes de Ciro. Começou a reinar em 588 a.C., e era um homem idoso quando Babilô­nia foi conquistada por Ciro em 539 a.C.
Segundo os historiadores gregos, As­tíages era inimigo de Ciro, e teria tentado mais de uma vez matá-lo. Ciro se rebelou conta ele e o destronou em 549 a.C., no­meando-o governador da Hircânia, ao sul do Mar Cáspío. Tais fatos tornam essa hi­pótese muito improvável.
Dario foi o próprio Ciro.   Dois fatos favorecem essa hipótese: (1) ao derrotar Astíages, Ciro foi reconhecido porNabonido como rei dos medos; e (2) inscrições da época indicam que Ciro nomeou no­vos responsáveis pelo governo das pro­vincias. Todavia, Ciro não é reconhecido como da linhagem dos medos. É verdade que Mandana, sua mãe, era uma princesa da Média, filha de Astíages; mas o pai, o rei Cambíses I, era persa. É também difícil compreender como Ciro poderia ser cha­mado “filho de Assuero”, pois esse nome não pode ser considerado uma corrupte­la do nome de seu pai, e muito menos do seu avô.
Dario foi o filho de Ciro, Cambi­ses II. A hipótese se vale do fato de que Cambises II é citado em vários textos cu­neiformes como o rei de Babilônia, em as­sociação com o pai. Mas ela se choca com o pormenor da idade e nacionalidade de Dano. Cambises II era persa e não medo, e é altamente improvável que ele tivesse 62 anos em 539 a.C.
Dario foi Gobrias, governador de Babilônia sob o domínio de Ciro. Go­brias é mencionado pelo historiador Xe­nofonte como estando com Ciro na con­quista de Babilônia. Essa é a hipótese mais aceita por aqueles que defendem a auten­ticiade da narrativa de Daniel. É sustenta­da partícularmente pelos dispensaciona­listas. O nome de Dario seria uma corrup­tela de Gobrias. Gubaru na Crônica de Nabonido, ou então um título de realeza. Esse documento informa que Gubaru se tornou o governador de Babilônia, e ainda que ele nomeou sub-governadores.
Mas a hipótese encontra três dificul­dades: (1) Gubaru viveu muitos anos de­pois da conquista de Babilônia, o que é di­to de Gobrias por Xenofonte; (2) é prati­camente impossível que Gubaru fosse da linhagem dos medos. Ele deveria ser assí­rio ou mais provavelmente persa, segun­do informação de Heródoto; e (3) não há evidência alguma de que Gubaru fosse fi­lho de Assuero, e que tivesse 62 anos ao começar a governar em Babilônia.
Dario foi Ciáxares II, filho de As­tíages. Ciáxares II, portanto, era tio de Ci­ro. Essa hipótese se vale do testemunho do historiador Xenofonte. Parece que ao destronar Astíages e para agradar os me­dos, Ciro permitiu que Ciáxares II ocupas­se o trono da Média. Xenofonte informa que ele foi o último governador da Média; informa também que Ciro, tendo conquis­tado Babilônia, casou-se com a filha de Ciáxares II. Assim, aquele que era tio tornou-se também  sogro Ciro, então, ofere­ceu-lhe a Média como dote de casamento, e pode tê-lo convidado a ocupar um palá­cio em Babilônia, e atuar na condição ho­norária de rei. Quanto à sua filiação com Assuero (Daniel 9:1 e 11:1) seria como neto, e não como filho, a exemplo de Bel­sazar com Nabucodonosor. Este Assuero que não deve ser confundido com o rei homônimo do livro de Ester, seria uma va­riante do nome Ciáxares, e faria referên­cia a Ciáxares I, pai de Astíages.
No que concerne à Crônica de Nabo­nido, Ciáxares II pode ter sido Ugbaru, que morreu pouco tempo depois da con­quista de Babilônia. Ou o nome desse rei poderia estar registrado na parte fragmen­tada do documento, como sendo a pessoa ilustre por quem se celebrou o luto ofi­cial. Preferimos ficar com essa hipótese.
 
CONCLUSÔES
 
Uma análise não tedenciosa dos alega­dos “erros” históricos de Daniel demonstra que a falta de credibilidade do livro é ape­nas uma questão de opinião. Na verdade, é muito mais natural reconhecer a fidelida­de histórica de sua narrativa do que negá­la. O autor se mostra familiarizado com al­gumas particularidades tanto do império babilônico como do medo-persa (como, por exemplo, o sistema babilônico de computação do tempo de reinado, as for­mas de suplício relatadas nos capítulos 3 e 6, a construção por Nabucodonosor da parte nova de Babilônia, atribuída pelos historiadores clássicos à rainha Semíramis, e a co-regência de Belsazar) que não pode­riam ser conhecidas por alguém que viveu 300 a 400 anos mais tarde e que teria, se­gundo a critica, escrito o livro.
Os críticos, em geral, preferem sair pe­la tangente, explicando que alguma forma de relatos históricos do tempo dos reis babilônicos e persas, desconhecidos dos historiadores clássicos, teriam sido usados pelo suposto escritor para conferir à obra maior sabor de originalidade. Alguns, po­rém, são mais sinceros e reconhecem a di­ficuldade de verem conciliadas essa fami­liaridade e a posição liberal. “Presumivel­mente nunca saberemos”, reconhece R. H. Pfeiffer, da Universidade de Harvard, como o nosso autor soube que a nova Babilônia foi criação de Nabucodonosor, e que Belsazar, mencionado apenas nos documentos babilônicos, em Daniel e em Baruque (este último dependente de Daniel), exercia funções reais quando (Ciro atacou Babilônia.” (Introduction to the Old Testament, págs. 758 e 759).
Todo o empenho da alta-crítica em negar a existência de Daniel como profe­ta e escritor do 6º século a.C., acaba reve­lando um dos fatos que se escondem por trás do preconceito que estimula as posi­ções liberais: a tendência de se dar mais credibilidade aos historiadores seculares que aos sacros. Mas, pelo menos em rela­ção às informações legadas por Daniel em seu livro, é a história secular; e não a sa­grada, que se tem equivocado. A prova disso é a afirmação clássica de que foi Se­míramis a construtora da nova Babilônia e não Nabucodonosor, em frontal contradi­ção com Daniel 4:30. Hoje, se sabe, atra­vés de documentação arqueológica, que Semíramis foi uma rainha assíria, mãe do rei Adab-Nirari III, e que nada teve a ver com as construções em Babilônia, as quais devem ser atribuidas a Nabucodo­nosor em harmonia com o relato bíblico.
Nota-se outro equívoco da História quando se compara as conclusões ar­queológicas quanto às dimensões de Babi­lônia com o que Heródoto afirma a res­peito. Segundo este historiador, que diz ter visitado Babilônia no 5º século a.C., a cidade era quadrangular, possuindo um perímetro aproximado de 90 km, o que significaria 22,5 km de cada lado, e ocu­pando uma área de 490 km2 aproximada­mente. Os muros mediam 25 metros de largura, e entre 103 e 104 metros de altu­ra. Segundo as escavações, entretanto, a ci­dade antiga media 1.609 metros de cada lado. Com o prolongamento feito por Na­bucodonosor, identificado como cidade externa, o perímetro total ia um pouco além de 16 km. Quanto aos muros, havia um sistema duplo tanto para a cidade an­tiga como para a nova. A largura máxima não chegava a 8 metros.
É impossível determinar a altura por estarem os muros em ruínas. A maior altu­ra das ruínas é 12,20 metros. Não poderia ser de 103 a 104 metros, pois haveria uma proporção inviável de 13 metros de altu­ra por um metro de largura. Certamente Heródoto exagerou as medidas da cidade e dos muros.
Na próxima edição veremos que a al­ta-critica igualmente se equivoca ao pre­tender que a mensagem do livro de Da­niel também evidencia que a obra é uma produção posterior de caráter pseudo­profética, e de autoria anônima.
 

1 comentário:

  1. Buenas tardes, como puedo formular mi duda.
    Saludos. Soy Maximo y vivo en Chile

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