Youtube

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A VANTAGEM DO PERDÃO




                          O perdão traz vida nova a quem o oferece.

 

por Alejandro Bullón

Orador do programa de TV Está Escrito

 

Não podia perdoar. Por mais que se esforçasse pa­ra fazê-lo não conseguia. E aquilo doía terrivelmente, lá dentro, onde nada se enxerga e onde não há remé­dio que acalme a dor. Incomodava, machucava e asfi­xiava, mas estava sempre presente de dia e de noite.

Tudo começou ao Marisa receber uma amiga em casa, oferecer-lhe teto, comida e amor. De repente, porém, ela fugiu com o seu marido. “Não há coisa pior do que a traição” pensava consigo mesma. Pos­so perdoar tudo, menos o que aqueles dois fizeram comigo.”

Vários anos depois, a ferida ainda sangrava como se tivesse sido aberta no dia anterior. Marisa acordava pensando em vin­gança e adormecia com ódio no coração. Aquela tragédia a in­capacitou de amar outras pessoas e de ser feliz. Seu coração era um poço de veneno; suas palavras pareciam facas afiadas e prontas para destruir. Não havia luz em sua vida. Apenas som­bras, escuridão e pessimismo.

Foi nessas circunstâncias que uma amiga a levou para assis­tir a uma cruzada evangelistíca que dirigi no Rio de Janeiro. A mensagem que ela ouviu acerca do perdão a revoltou. Por isso, ligou para mim no hotel e disparou todo o seu arsenal de críti­cas e amargura.

Não concordo com você     disse.    É fácil falar de perdão quando não se foi traído e não se sabe a dor que isso causa.

Depois contou-me sua história. Chorou quando falou do momento em que descobriu que seu marido tinha um caso com sua melhor amiga, hospedada em sua casa, e quando expressou a dor que significou vê-lo abandonar o lar para morar com ela.

Cinco anos é muito tempo. Diante da brevidade da vida, cin­co anos de amargura e rancor é tempo precioso, desperdiçado inutilmente.

     Por que você não os perdoa? Perguntei.

     Perdoar? Você está louco? Tenho amor-próprio     quase gritou.

Isso não é amor-próprio. Porque guardar rancor é ilógico, autodestrutivo, irracional e além do mais, é uma bobagem que não faz sentido. Se o rancor fizesse pelo menos um pouquinho de mal a quem traiu, poderia ter alguma razão de ser. Mas não, o traidor está lá, feliz, e a vítima fica remoendo-se de ódio, pri­sioneira de seus próprios algozes interiores.

O rancor só prejudica a quem o guarda no coração e, por incrível que pareça, o perdão beneficia mais a quem perdoa do  que a pessoa que foi perdoada.

Pense em Jesus. No sermão da montanha Ele pregou com Sua palavra: “Perdoai os vossos inimigos”, e na cruz do Calvário pregou com Sua vida: perdoou seus inimigos. Ele fez isso só por­que tinha que ser coerente com Seus ensinos? Não! Foi muito mais. A dor física era extrema na cruz. Seu corpo estava machu­cado. Tudo doía. Sangrava muito e para complicar, aquela posi­ção na cruz, sem poder mover-Se, era completamente incômo­da. Por outro lado, o sofrimento emocional por causa da salva­ção da raça humana era sobremodo grande. Para que então adi­cionar à dor, a amargura do veneno que o rancor ou a mágoa pela atitude daquele povo ingrato produziria em Seu coração?

Naquela noite, através do telefone, Marisa entendeu que seu rancor era uma faca afiada que a estava destruindo. Entendeu a tolice de seu ódio. Clamou pelo poder sobrenatural de Jesus. Abriu o coração e permitiu ao Espírito de Deus trabalhar em sua vida. Se o seu marido e a sua melhor amiga a tinham traído cin­co anos atrás, ela não mais permitiria que eles a continuassem prejudicando.

Meses depois, recebi uma carta. As palavras dela não eram mais amargas. havia paz nas suas expressões. Finalmente tinha descoberto um novo horizonte. A mágoa do passado tinha sido diluída diante da esperança do futuro. Havia perdoado. Agora queria viver. E a única pessoa que lucrou com isso foi ela.

 

Sinais dos Tempos   novembro/98

Sem comentários:

Enviar um comentário

VEJA TAMBÉM ESTES:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...