A popularidade da hipnose
Durante estes dias de um suposto grande estresse e pressão,
[alega-se que] a hipnose estaria pronta a oferecer cura para as massas. A
hipnose... [seria] uma ferramenta terapêutica que os profissionais de saúde
[poderiam] tirar do baú para lutar contra o vício do fumo ou problemas de
obesidade; para administrar os problemas de ansiedade, medos e fobias; para
curar dor; superar depressão; melhorar a vida sexual das pessoas; para curar
males tais como a asma e a febre; enfrentar quimioterapia sem sentir náuseas;
para curar ferimentos mais rapidamente; e para aumentar as notas na escola.
Além disso, ...a hipnose [poderia ser usada] como parte do processo terapêutico
para reduzir os efeitos colaterais dos medicamentos, para acelerar a recuperação
do paciente, e para reduzir o desconforto pós-operatório. Dentistas [poderiam]
usar técnicas hipnóticas em conjunto com óxido nitroso com o propósito de
relaxar os pacientes, minimizar dor e hemorragia, e controlar a rejeição do
paciente ao anestésico durante as intervenções.
A parte mais triste disso tudo é que alguns cristãos
desavisados estão dispostos a "tentar" a hipnose. Uma propaganda em
um jornal, publicada por uma Clínica Hipnoterápica (existe até uma
"Sociedade Americana para Hipnose Clínica"), fez algumas afirmações
incríveis que indicam como a técnica de hipnose realmente não é bíblica (i.e.,
da Nova Era):
A hipnose é o
método mais efetivo de mudar a sua maneira de pensar, sentir e agir. Quando
você alinha a sua mente subconsciente – sua voz interior – com sua mente
consciente, você apaga crenças conflitantes que o restringem. Você pode então
avançar, sem sabotar a si mesmo. As técnicas da clínica hipnótica guiam você a
um estado de mente relaxado e pacífico. Você mantém total controle enquanto
aprende a usar o poder de toda a sua mente a fim de criar um desejo forte de
atingir o seu alvo. Você pode mudar a sua vida.
A hipnose não é algo novo. Ela já tem sido usada durante
milhares de anos por feiticeiros, médiuns espíritas, xamãs, hindus, budistas e
iogues. Mas a popularidade crescente do uso da hipnose para a cura no mundo
secular tem influenciado muitos na Igreja a aceitarem a hipnose como um meio de
tratamento. Há médicos, dentistas, psiquiatras e psicólogos, não-cristãos e
cristãos professos, que recomendam e usam a hipnose.
Violentação da vontade
Ainda que um hipnotizador possa produzir somente um transe
leve ou médio, ele não pode impedir alguém hipnotizado de entrar
espontaneamente na zona de perigo, a qual pode incluir um senso de separação do
corpo, uma aparente clarividência, alucinação, estados místicos similares aos
descritos pelos místicos orientais, e até o que o pesquisador de hipnotismo
Ernest Higard descreve como "possessão demoníaca". Nós
argumentaríamos que a hipnose pertence ao oculto em qualquer nível de transe,
mas quando ela se aprofunda em seus níveis, a hipnose está indubitavelmente
ligada ao ocultismo.
Há controvérsias sobre se um hipnotizador pode ou não levar
uma pessoa a fazer alguma coisa contra a sua própria vontade. Muitos
hipnotizadores dizem categoricamente que a vontade não pode ser violada. Mas a
evidência aponta em outra direção. A hipnose aumenta a capacidade de uma pessoa
ser sugestionada a tal ponto que o sujeito crerá quase qualquer coisa que o
hipnotizador lhe disser – até mesmo ao ponto de ter uma alucinação mediante a
sugestão do hipnotizador. Durante a hipnose, as habilidades críticas de uma
pessoa são reduzidas de tal forma a ponto de criar o que tem sido chamado de
"transe lógico", o que aceita, sem discernimento, aquilo que
normalmente pareceria irracional, ilógico e incompatível.
Pelo fato de quase qualquer coisa parecer plausível para
alguém no estado de transe, é possível para uma pessoa hipnotizada agir contra
a sua vontade, ou seja, fazer o que não faria se estivesse fora do estado
hipnótico. A hipnose passa por cima da vontade ao colocar a responsabilidade do
lado de fora da escolha objetiva, racional e crítica. Com as habilidades
normais de avaliação submergidas, a sugestibilidade aumentada, e as restrições
racionais reduzidas, a vontade estará seriamente impedida e, no mínimo, aberta
para ser violada.
"Memórias" do passado e
previsões do futuro
Um uso popular da hipnose tem sido o da procura da memória
para "voltar até a infância". Alguns pacientes inclusive descrevem
suas experiências do que eles crêem ser sua vida no ventre da mãe e seu
nascimento subseqüente (isto é impossível, entretanto, por causa do fato
científico neurológico de que a mielina do cérebro pós-natal é incapaz de
guardar tais memórias). Outros ainda descrevem algum tipo de estado
desincorporado e, então, o que eles identificam como sendo suas vidas passadas
e antigas identidades. Quanto disso é criado pelo aumento da sugestibilidade,
imaginação irrestrita, transe alucinógeno ou intervenção demoníaca não pode ser
determinado! Além disso, a Bíblia claramente contradiz a noção de vidas
passadas e reencarnação – "...aos
homens está ordenado morrerem uma só vez" (Hb 9.27).
A hipnose nem mesmo é confiável para recordar coisas recentes.
O que é "lembrado" sob o efeito da hipnose tem sido muitas vezes
criado, reconstruído ou melhorado durante o estado de alta sugestibilidade.
Pesquisas indicam que depois de hipnose, a pessoa é incapaz de distinguir entre
uma recordação verdadeira e o que imaginou ou criou sob o efeito da sugestão.
Muito provavelmente, a hipnose trará à luz falsas impressões como se fossem
eventos verdadeiros do passado (indivíduos podem e muitas vezes mentem durante
a hipnose!). É mais provável então que a hipnose mais contamine a memória do
que ajude a pessoa a lembrar o que realmente aconteceu.
Além da terapia hipnótica das vidas passadas, alguns
praticantes estão fazendo agora terapia hipnótica da vida futura. A pessoa hipnotizada supostamente vê os futuros
eventos, resolve assassinatos, revela os destinos futuros de personalidades bem
conhecidas, etc. Alguém envolvido nessa viagem hipnótica deve perguntar a si
mesmo: "Onde está a linha de demarcação entre o demoníaco e o divino,
entre a esfera de Satanás e a da ciência? Em que ponto a porta das trevas se
abre e o diabo conquista uma fortaleza na alma?"
Rótulos científicos
Pelo fato de alguns médicos e psicólogos usarem a hipnose, a
maioria crê que ela seja algo médico e, portanto, científico. O rótulo de
"médica" antes da palavra hipnose dá a impressão de que a hipnose é
benevolente e segura. Até mesmo alguns cristãos famosos alegam que a hipnose
pode ser de ajuda se praticada por médicos cuja intenção seja boa e não má
(apesar da hipnose ter sido investigada através de meios científicos, e
existirem alguns critérios mensuráveis sobre o transe em si mesmo, a hipnose não é uma ciência).
Ninguém sabe exatamente como a hipnose "funciona",
além do óbvio "efeito placebo" – o uso bem-sucedido do "falso
feedback" (falsa realimentação) da mesma maneira como o
"feedback" é usada em técnicas ocultas comuns à acupuntura,
biofeedback e psicoterapia. Mas combinar a palavra hipnose com a palavra
terapia não transforma essa prática oculta em científica. Um paletó branco pode
ser uma roupa bem mais respeitável do que penas e caras pintadas, mas as coisas
básicas permanecem as mesmas. A hipnose é hipnose, mesmo que seja chamada de
hipnose médica, hipnoterapia, auto-sugestão, ou qualquer outra coisa. A hipnose
nas mãos de um médico é tão científica quanto uma forquilha para procurar água
nas mãos de um engenheiro civil.
Transes que ocorrem mediante a ação de médicos não são
significantemente diferentes da hipnose do ocultismo. Nos seus artigos sobre
hipnose, os quais são usados em escolas de medicina, dois renomados
pesquisadores afirmam categoricamente: "O leitor não deveria se confundir
pela suposta diferença entre hipnose, zen, ioga e outras metodologias orientais
de cura. Ainda que os rituais de cada uma difiram uns dos outros, eles são
fundamentalmente a mesma coisa." Só porque a hipnose é usada por um médico
não significa que ela esteja livre de sua natureza ocultista. Mais e mais
praticantes de medicina estão sendo influenciados por essas antigas práticas
médicas do ocultismo. O movimento de cura holística tem casado, com muito
sucesso, a medicina ocidental com o misticismo oriental.
Transes hipnóticos auto-induzidos
Aqueles que poderiam se sentir um pouco nervosos com o fato
de serem hipnotizados por outros, muitas vezes, tendem a se sentir seguros com
a auto-hipnose (ainda que essas pessoas, em um transe hipnótico auto-induzido,
possam ganhar um certo controle e exercitar algum grau de escolha, eles, mesmo
assim, não retêm o seu meio normal de avaliação da realidade, e moderação racional).
Mestres de auto-hipnose geralmente tentarão assegurar às pessoas que a hipnose
é simplesmente a atenção enfocada, concentração aumentada, relaxamento,
visualização e imaginação. No entanto, tais atividades são precisamente os
meios para se entrar em transe. Além disso, eles continuam ligados em um nível
diferente durante o transe. Ao imaginar que está deixando o corpo, a pessoa
pode entrar em um transe com o tipo de alucinação e transe lógico de tal forma
que realmente parece estar fora de seu corpo.
Um médico, ao ensinar auto-hipnose em uma classe, instruiu
seus estudantes a entrarem em transe hipnótico, deixarem seus corpos, e então
voltarem-se para explorar várias partes dos seus corpos. O propósito de tal
exercício era o auto-diagnóstico e a cura de si mesmo. O ocultista Edgar Cayce
também usou auto-hipnose para diagnosticar enfermidades e prescrever
tratamentos. Portanto, a auto-hipnose pode ser uma atividade tão ocultista e
demoníaca como um transe dirigido por um hipnotizador.
Hipnose e ocultismo
Em seu livro Peace,
Prosperity and the Coming Holocaust (Paz, Prosperidade e o Futuro
Holocausto), Dave Hunt faz algumas observações interessantes a respeito do
porquê ele classificaria hipnose como parte do ocultismo:
Uma razão para
chamarmos a hipnoterapia de um ritual religioso é o fato de que ela produz
efeitos misteriosos que deixarão totalmente confundido um investigador que a
analise como ciência; (1) sob hipnose administrada por psiquiatras, pessoas que
nunca tiveram contato com OVNIs podem ser estimuladas a
"lembrarem-se" de um rapto por um OVNI que coincide em detalhes com
aqueles descritos por outros que supostamente foram raptados por eles; (2) a
hipnose também leva a ter "memórias" espontâneas de vidas passadas e
futuras, com mais ou menos um quinto delas envolvendo uma existência em outros
planetas; (3) o transe hipnótico também duplica as experiências que são comuns
sob o estímulo de drogas psicodélicas, meditação transcendental, e outras
formas de ioga e meditação orientais; (4) a hipnose também cria poderes
psíquicos espontâneos, clarividência, experiências fora do corpo, e todo um
espectro de fenômenos ocultos; e (5) a experiência da chamada morte clínica
(quase-morte) é também produzida sob hipnose.
Duas conclusões que a maioria dos investigadores acha muito
desagradáveis, mas que parecem ser inescapáveis são as seguintes: (1) há uma
origem comum por detrás de todos os fenômenos ocultos, incluindo OVNIs, que
parece estar hábil e deliberadamente orquestrando uma fraude inteligente para
seus próprios propósitos; e (2) a hipnose, ou o poder da sugestão, está no
coração desse esquema de fenômenos ocultos.
A conexão entre a hipnose e o misticismo oriental é
evidente. Nas várias profundidades do transe hipnótico, pacientes descrevem
experiências que são idênticas a da consciência cósmica e auto-realização
induzidas pelo transe da ioga. Eles primeiro experimentam uma paz profunda,
depois a separação do corpo, depois a liberação de sua própria e pequena
identidade a fim de fundirem-se com o Universo, e o sentimento de que eles são
tudo e não têm qualquer limitação para o que podem experimentar ou se tornar.
Por exemplo, uma consciência de ser deus "na qual o tempo, o espaço e o
ego são supostamente transcendentes, mergulhando na pura consciência do nada
primal do qual toda a criação existente tem sua origem."
A hipnose começou como parte do ocultismo e da religião
falsa. A Bíblia fala fortemente contra todas as práticas das falsas religiões e
do ocultismo. Deus deseja que o Seu povo, com suas necessidades, se volte para
Ele, e não para aqueles que praticam feitiçaria, adivinhação ou encantamento.
Ele avisa Seu povo para não seguir médiuns, mágicos, encantadores, feiticeiros,
e aqueles que consultam os mortos (Deuteronômio 18.9-14). A hipnose, tal como é
praticada hoje, pode muito bem ser a mesma coisa que é identificada na Bíblia
como "encantamento" (Levítico 19.26).
No hipnotismo, a fé é transferida de Deus e de Sua Palavra
para o hipnotizador e sua técnica. Deus fala ao Seu povo através da mente
consciente e racional. Ele criou os indivíduos como criaturas que fazem
escolhas conscientes e volitivas. Ele enviou o Seu Santo Espírito para habitar
nos cristãos a fim de capacitá-los a confiar nEle e obedecer-Lhe através do
amor e da escolha consciente. A hipnose, por outro lado, opera na base da
imaginação, ilusão, alucinação e engano. Jesus alertou Seus seguidores contra o
engano. Depois que uma pessoa abre a sua mente para o engano através da
hipnose, ela pode se tornar muito mais vulnerável a outras formas de fraude
espiritual.
A hipnose pode gerar as imitações satânicas do exercício da
verdadeira religião. Se a hipnose gera qualquer forma de fé e adoração que não
é dirigida diretamente para o Deus da Bíblia, qualquer pessoa que se submete ao
hipnotismo pode estar fazendo o papel de prostituta na esfera espiritual (veja
Lv 19.26,31; 20.6,27; Dt 18.9-14; 2 Rs 21.6; 2 Cr 33.6; Is 47.9-13; Jr 27.9).
O hipnotismo é, na melhor das hipóteses, potencialmente
perigoso, e, no pior dos casos, demoníaco. No pior caso, ele abre um indivíduo
para experiências psíquicas e de possessão satânica. Quando os médiuns entram
em transe hipnótico e contatam os "mortos‘, quando os clarividentes
revelam informações que eles não poderiam conhecer de forma alguma, quando os
prognosticadores, através de auto-hipnose, revelam o futuro, certamente Satanás
está agindo.
Conclusão
Devido a todas essas razões: porque a hipnose tem sempre
sido uma parte integral do ocultismo, porque ela não é uma ciência, por causa
dos seus conhecidos efeitos maléficos, e por causa de sua fraude espiritual, o
cristão deve evitá-la completamente, até mesmo por motivos "médicos".
É óbvio que a hipnose é letal se usada com propósitos maus. No entanto, nós
argumentamos que a hipnose é potencialmente letal seja para qualquer propósito
que for usada. No momento em que alguém se rende à porta do ocultismo, mesmo em
nome da "ciência" e da "medicina", ele se torna vulnerável
aos poderes das trevas. (Adaptação de trechos do livro "Hypnosis and the
Christian" – Traduzido por Ebenezer Bittencourt.)
Chamada da Meia-Noite, novembro de 1997
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