Para desempenhar tarefas
precisamos de preparo e treinamento; estudamos anos para exercer uma
profissão, fazemos cursos de culinária, corte e costura, etc. etc. Mas, para
educar os filhos a única coisa que temos é a nossa própria experiência como
filhos. Se cada bebê viesse com manual de instruções, seria mais fácil...
Temos também boas intenções,
nossa intuição, nosso amor, sensibilidade...e isso é muita coisa! Contudo,
não é o bastante, como freqüentemente constatamos.
|
Às vezes temos o firme propósito
de fazer o que nossos pais fizeram, ou fazer justamente o oposto, e muitas
vezes isso não funciona, e acabamos fazendo coisas de que não gostamos,
gritamos, perdemos a paciência ou fazemos algo que depois nos arrependemos.
Muitas vezes repetimos frases e ações que condenávamos em nossos pais, mas que
acabam saindo automaticamente. E acabamos confusos, sem saber agir de outra
forma.
Muitos pais reconhecem que, em
geral, suas formas de comunicação são ineficazes. No entanto continuam a
utilizá-las porque não dispõe de alternativas melhores. Educar filhos é, sem
dúvida, uma tarefa complexa. Quando começamos a nos sentir
"espertinhos" em uma determinada fase da criança, não demora e vem
uma nova fase do seu desenvolvimento. De 2 a 5 anos ocorrem muitas mudanças.
Mais a frente, de 10 a 13 anos, outras tantas. E assim somos sempre meio
aprendizes, sendo que com o próximo filho pode ser tudo diferente, porque o
outro filho é uma outra pessoa.
O fato é que precisamos aprender
a ir crescendo junto com os nossos filhos, respeitando e acompanhando a
trajetória que vai desde a dependência quase total do bebê até a crescente
autonomia e independência do filho adulto.
Todas as relações humanas
comportam momentos de dúvida e a relação pais e filhos não é diferente. Existem
momentos de amor, prazer, alegria, raiva, mágoa, tristeza...Por isso, devemos
aprender a lidar calmamente com todos eles, sem expectativa irreais. Paz e
harmonia na família nunca são permanentes; precisam ser constantemente buscadas.
A comunicação é um dos fatores
mais importantes. Dependendo da qualidade das mensagens que enviamos, podemos
abrir ou fechar canais de comunicação. Isso vale para qualquer tipo de
comunicação: pais-filhos, professor-aluno, marido-mulher, chefe-funcionário,
médico-cliente, etc. É bom lembrar que os pais, ou os educadores em geral,
exercem suas funções num clima de tensões e pressões de ordem econômica. Além
disso, ainda temos expectativas e exigências que construímos em torno do desejo
de ser um "bom pai" e/ou uma "boa mãe". E temos ainda as
nossas dificuldades pessoais, que certamente influem bastante quando lidamos
com os filhos.
Todos nós temos áreas de
conflito, que se manifestam na maioria dos nossos relacionamentos. E como o
nosso contato com os filhos é quase sempre intenso e contínuo, essas
dificuldades pessoais acabam interferindo bastante. Cuidar de nós próprios é um
bom caminho para melhorar nossas relações com os filhos. Na verdade, todos os
nossos relacionamentos melhoram quando passamos a reconhecer abertamente nossas
dificuldades.
Porém, em meio de tudo, uma
coisa que não pode acontecer é a super exigência de nós mesmos como pais, pois
isso gera sentimento de culpa pelas nossas imperfeições, que são inevitáveis,
pelo simples fato de sermos humanos...
Liany Silva dos
Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário