Descobertas arqueológicas revelam a beleza do concerto que Deus estabelece
com Seu povo
“A vontade divina é abençoar e fazer prosperar Seus filhos de maneira
maravilhosa”
Reinaldo
W. Siqueira, Ph.D., em Antigo Testamento, pela Andrews University (E.U.A) é
professor de Línguas e Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no Seminário Latino
Americano de Teologia, em Engenheiro Coelho, SP.
Um
dos conceitos fundamentais do Antigo Testamento é o de aliança, ou seja, um
concerto entre Deus e Israel, ou entre Deus e um ser humano. Não se pode
encontrar nenhum paralelo desse conceito bíblico entre as crenças religiosas do
mundo antigo. Enquanto as religiões antigas criam que os homens descendiam
“naturalmente” dos deuses que eles adoravam, a Bíblia apresenta uma idéia
totalmente singular sobre o relacionamento entre a Divindade e a humanidade —
a aliança ou concerto. Para a Bíblia, religião não é simplesmente a crença num
conjunto de doutrinas ou idéias. É, sobretudo, um relacionamento profundo e verdadeiro com Deus.
Uma das descobertas arqueológicas do mundo da Bíblia que
mais têm contribuído para a compreensão do conceito bíblico da aliança é a dos
antigos tratados políticos e sociais do Antigo Oriente Médio, em especial os
do tipo suserano-vassalo. Este tipo de tratado regulamentava o relacionamento
entre um rei poderoso (o suserano) e os reis das nações vizinhas que lhe eram
sujeitos (os vassalos). Na sua estrutura, os tratados que mais se aproximam do
conceito bíblico de aliança foram encontrados no antigo Império Hitita.
Primeiro, eles começavam com um Titulário, ou seja, uma introdução
ao orador, na qual se identifica o autor do tratado, o suserano, seus títulos,
atributos e ocasionalmente sua genealogia. Semelhante Titulário pode ser
observado em Êxodo 20:1, onde Yahweh, o único Deus, é apresentado como o Orador
e Autor do tratado.
Em segundo lugar, seguia-se um Prólogo Histórico,
no qual se fazia um relato dos benefícios feitos pelo suserano a favor do
vassalo, os quais serviam de base para o tratado. Em Exodo 20:2, encontramos um
Prólogo Histórico que enfatiza qual era a base da aliança que Deus estava
propondo a Israel: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão” — ou seja, a salvação é a base da aliança. Deus primeiro
salvou os israelitas e depois lhes propôs uma aliança. Isso é constante nas
Escrituras.
Terceiro, após o Prólogo Histórico se seguia a Lista de
Estipulações do tratado, na qual eram declaradas em detalhes as obrigações impostas
ao vassalo. Exigia-se dele lealdade absoluta ao suserano e obediência às
estipulações apresentadas. No Concerto do Sinai, também, após a apresentação do
ato redentor divino que fundamentava a aliança, segue-se a lista de
estipulações, na forma de leis e mandamentos que deveriam ser guardados pelos
israelitas (veja Exo. 20:3-31; 18; 34:10; Lev. 25:55).
Quarto, após a Lista de Estipulações vinha a Lista de
Testemunhas. Os deuses de ambas as partes, do suserano e do vassalo, eram
invocados como testemunhas do tratado que estava sendo firmado e deveriam
zelar sobre o cumprimento do mesmo, punindo o infrator. No Antigo Testamento,
não se faz nenhum apelo a deus algum para servir de testemunha, pois só existe
um único Deus, que, no caso, era um dos contratantes do tratado de aliança.
Quinto, após a Lista de Testemunhas vinha a seção das Bênçãos e
Maldições, na qual se descrevia aquilo que seria feito ao vassalo, dependendo
de sua obediência ou desobediência às estipulações do tratado. A linguagem era
de “vida e morte”, de “bênção e maldição”. Na Aliança Sinaítica encontramos
também a seção de Bênçãos e Maldições, em Levítico 26 e Deuteronômjo 27 e 28,
onde se enfatiza que a vontade divina é abençoar e fazer prosperar Seus filhos
de maneira maravilhosa.
Finalmente,
a sexta e última parte do tratado suserano-vassalo hitita apresentava
uma cláusula que requeria leitura periódica do tratado, por parte do vassalo,
para que ele não se esquecesse dele. Ocasionalmente eram feitos também
requerimentos para que o tratado fosse depositado e preservado em um lugar seguro.
Este último item nos ensina sobre a reverência e cuidado que devemos ter para
com a Palavra de Deus e a necessidade de estuda-la e reestudá-la sempre.
Fonte: Sinais dos Tempo Setembro- Outubro / 2001
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