8 Um Dia a Ser Lembrado
Voltemos quase dois mil anos até a humilde vila de Nazaré, na antiga
Palestina. É meio de semana quando caminhamos pela estreita rua de pedras,
passando pelas pequenas lojas com suas
portas abertas. Vemos os operários suas ferramentas ao passarmos pelas
oficinas. E ai, chegamos a uma oficina bem diferente. A frente está muito bem
pintada, e a rua foi
varrida há pouco. Entramos e encontramos um homem muito gentil, trabalhando
como carpinteiro, e ao seu lado um jovem assistente.
O rapaz está aplainando uru pedaço de madeira, tomando-o liso e reto. Descansa um momento e enxuga a testa. Quando Ele Se vira, vemos que tem o porte de
um príncipe, de um rei. Claro, Ele é o
Príncipe dos Céus. Voltamos na quinta-feira. Voltamos na sexta. Voltamos no sábado. Mas no sábado a oficina estava fechada. As ferramentas estavam guardadas. A serragem havia sido varrida. Estava tudo calmo.
Então notamos que as pessoas caminhavam na direção de um destacado edifício
bem no centro da vila. Nós os seguimos e nos sentamos nos fundos de uma casa de
reuniões quase lotada. Esperamos um
momento, ansiosos. Imagine a nossa
surpresa ao vermos o jovem carpinteiro encaminhar-se até o púlpito, abrir o
pergaminho e começar a ler. Você
consegue imaginar tudo isso?
O evangelho de São Lucas nos diz alguma coisa sobre os hábitos de culto de
Jesus. “E, chegando a Nazaré, onde fora
criado, entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume, na sinagoga, e
levantou-Se para ler.” São Lucas (NT)
4:16. O que estamos vendo? Um homem em conformidade com os costumes da
Sua época. Costumes aceitáveis para a
Sua geração mas não para a nossa?
Estamos vendo um Jovem carpinteiro Judeu seguindo irrefletidamente as
tradições do Seu tempo, ou estamos vendo um Criador descansando no dia em que
Ele próprio separou para os homens?
Existe algum dia aceitável para Deus?
Sexta, Sábado ou Domingo? Existe
algum dia preferido por Deus? Leia os
três textos bíblicos que trazem a resposta.
O primeiro está em Apocalipse (NT) 1:10
Existe algum dia preferido por Deus?
“Eu fui arrebatado em Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma
grande voz, como de trombeta.” Tem uma coisa que essa passagem diz com muita
clareza. Diz que o Senhor tem um dia, “o dia do Senhor’; mas ela não nos diz
qual dos sete dias da semana é o dia do Senhor. Apenas diz que o Senhor tem um
dia. Mas esse é um passo na direção
certa.
Vamos à segunda passagem. São Mateus (N’I) 12:8:
“Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.” Esse texto diz que Cristo
é Senhor do sábado. Portanto, entende-se que o sábado é o dia do Senhor. De fato, no livro de Isaias, Deus chama o
sábado de “Meu santo dia”.
E agora, o terceiro texto. “Lembra-te do dia de sábado. para o santificar.
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha,
nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que
está dentro das tuas podas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra,
o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o
Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Sxodo (VI) 20:8-11.
Descobrimos nesses três versiculos que o sétimo dia é o sábado do Senhor. E
Deus considerou o sábado tão importante que fez dele um dos Dez Mandamentos.
Quando Jesus entrou naquela casa de reuniões num sábado, era apenas um
carpinteito Judeu seguindo mecanicamente as tradições do Seu tempo, ou era o
Criador descansando no dia que Ele próprio Unha feito para isso? “Estava no
mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu.’ São João (MI)
1:10. Está bastante claro. Mas quem era “Ele”? Poderia estar se referindo a
qualquer outro, além de Jesus? É claro que não.
Em Colossenses (NT) 1:15 e 16 encontramos o seguinte a respeito de
Jesus: “O qual é imagem do Deus
Invisível, o primogênito de toda a criação:
Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra...” Muito antes de Ele ter
nascido em Belém, Deus “deu o Seu filho”.
Jesus é nosso Criador. O Cristo
do Calvário é o Criador de Gênesis.
Rejeitar um é rejeitar o outro.
O sábado é a própria pulsação do evangelho.
Jesus tinha todo o direito de dizer:
“O Filho do homem é o Senhor do Sábado.”
Jesus disse pouco sobre o sábado.
Não havia motivo para discussão.
A identidade do dia do descanso nunca foi questionada. A única controvérsia levantada foi sobre o
modo como Ele o guardava. Ele estava
continuamente curando os doentes durante as horas sagradas, e com isso chocava
os lideres religiosos da época. Eles
jamais sonhavam que Aquele que estava perante eles era o mesmo que havia feito
o sábado.
Vamos agora ao encerramento do ministério de Cristo, aquele trágico fim de
semana da paixão, e observar os Seus seguidores enquanto se depararam com a
hora do pôr-do-sol, na sexta-feira, no início do sábado. No primeiro capitulo de Gênesis, no relato da
criação, lemos que “. . . foi a tarde e
a manhã o dia primeiro. . . foi a tarde e a manhã o dia segundo. . . .foi a tarde e a manhã o dia terceiro.”
E assim por diante.
Ele estava continuamente curando
os doentes durante as horas sagradas, e com isso chocava os lideres religiosos
da época.
A parte escura do dia vinha antes da parte clara. Assim o dia, na contagem
de Deus, começa ao pôr-do-sol e não à meia-noite. Isso quer dizer que o sábado
se estende do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado. De fato, a
Palavra de Deus diz: “... duma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso
sábado.” Levítico (VT) 23:32.
Jesus tinha sido crucificado e colocado no túmulo. O sábado se aproximava. O que os discípulos fariam? Suas esperanças tinham sido despedaçadas
naquele dia. Pensaram que tinham
cometido um erro. Não há palavras para
descrever a profundidade do desespero que experimentavam. E se houvesse alguma coisa no exemplo de
Jesus para incentivar o descuido para com a observância do sábado, certamente
perceberíamos na atitude de Seus amigos mais chegados.
Mas vejamos o que aconteceu. “Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de
Jesus. E, havendo-O tirado, envolveu-O num lençol, e pô-Lo num sepulcro
escavado numa pedra, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o
sábado. E as mulheres, que tinham vindo
com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o Seu
corpo. E, voltando elas, prepararam
especiarias e ungüentos, e no sábado repousaram, conforme o mandamento. E no
primeiro dia da semana, muito de
Se Jesus incentivasse o descuido
para com a observância do sábado, certamente perceberíamos na atitude de Seus
amigos mais chegados.
madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham
preparado.” São Lucas (NT) 23:52 a 24:1.
Note que três dias consecutivos são mencionados. O dia
da preparação, o sábado do mandamento e o primeiro dia da semana. Dois receberam títulos sagrados, “O dia da preparação” e “o sábado do
mandamento”. O outro dia recebeu apenas um número ordinário: “o primeiro dia da
semana”.
Então por que a maioria dos cristãos guarda o primeiro dia da semana? Quem autorizou essa mudança? O Novo Testamento não dá qualquer indicação
de mudança do dia de repouso, por isso temos que recorrer à História para
descobrir como, quando e por que foi feita a mudança.
O Novo Testamento não dá qualquer indicação de mudança do dia de
repouso.
Essa mudança ocorreu através de uma determinada combinação de
circunstâncias. Por volta de 132 a 135 d.C.,
aconteceu uma revolta judia sob Bar Cocheba. Como resultado dessa revolta, os judeus ficaram desacreditados por todo o Império Romano. E para
evitar a perseguição que se seguiu aos Judeus, encontramos os cristãos cada vez
mais preconceituosos com relação a qualquer indentificação com eles. E como a
guarda do sábado era uma prática realizada em comum com os Judeus, muitos
cristãos começaram a minimizar essa obrigação.
Mas a perseguição foi apenas um fator.
O desejo de aceitação e popularidade foi igualmente responsável pela
indiferença que logo se transformou em apostasia. A igreja percebeu rapidamente a vantagem de
se comprometer com o paganismo. E as vantagens da popularidade que viriam com o
influxo de novos membros do mundo pagão. Para tornar seu convite mais
interessante, por que não trazer para a igreja alguns dos populares costumes pagãos?
Tal fusão de costumes não iria fazer com que os pagãos se sentissem em casa na
igreja? Por que não adotar o dia pagão
de festança? Foi essa a razão. Assim começou a erosão gradual da pureza da
igreja primitiva.
Na primeira parte do quarto século, Constantino, o imperador romano, se
tornou cristão. Ele ainda era pagão
quando decretou que os escritórios do governo, cortes e as oficinas dos
artesãos deveriam fechar no primeiro dia da semana, “o venerável dia do Sol”,
como era chamado. E foi naquele mesmo século que o Concilio de Laodicéia
expressou a preferência pelo domingo. Uma vez que muitos cristãos tinham sido
adoradores do Sol antes de sua conversão ao cristianismo (os adoradores do Sol
guardavam o primeiro dia da semana há séculos), tomar o domingo um costume
cristão seria uma vantagem para a igreja.
Assim, por vários séculos, ambos os dias foram observados
lado a lado. De fato, essa prática paralela continuou até o século seis com o
verdadeiro sábado sendo observado em muitas áreas do mundo cristão. Mas com o
paganismo se infiltrando na igreja, sob a influência tanto da popularidade como
da perseguição, o domingo foi enfatizado cada vez mais, e o sábado cada vez
menos. Os escritos dos pais da igreja primitiva nos contam a história. Eles traçaram
o caminho da apostasia. Eles registraram as práticas da Igreja primitiva.
Nenhum escritor eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiu a origem da
observância do domingo a Cristo nem aos apóstolos.
Augusto Neander, um dos principais historiadores da era cristã, escreveu:
“O festival do domingo, como todos os outros festivais, era apenas uma
ordenança humana, e estava longe da intenção dos apóstolos estabelecer um
mandamento divino a esse respeito. Não era intenção deles nem da igreja
apostólica primitiva transferir as leis do sábado para o domingo.” - A História da Religião e da Igreja Cristã, pág.
186.
Nenhum escritor eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiu a
origem da observância do domingo a Cristo nem aos apóstolos.
Dean Stanley, no livro Lições Sobre a
igreja Oriental pág. 291, diz: “A
retenção do antigo nome pagão Bies Solis ou Domingo para o festival semanal
cristão é, em grande parte, devido à união dos sentimentos pagãos e cristãos.”
Nos anos recentes, muitos cristãos reconhecidos, que também observam o
domingo, têm afimado publicamente que o dia de culto foi mudado pelo homem, não
por Deus. Eis uma declaração encontrada na publicação oficial católica Nosso Visitante Dominical, de 11 de
junho de 1950, que defende as crenças católicas na tradição e destaca a
inconsistência da aderência protestante a ela. O editor de Nosso Visitante Dominical autorizou a publicação dessa declaração.
Ele disse: “Em todos os seus livros oficiais de instrução, os protestantes
afirmam que sua religião é baseada na Bíblia e na Bíblia somente, e eles
rejeitam a tradição sequer como parte de sua regra de fé... Não
há nenhum lugar no Novo Testamento onde está declarado claramente que Cristo
mudou o dia de culto do
sábado para o domingo. Todavia, todos os protestantes, menos os Adventistas do
Sétimo Dia, observam o domingo. Os
protestantes seguem a tradição ao observarem o domingo.”
Existem cristãos que realmente observam o sábado. Na verdade, os Adventistas do Sétimo Dia não
são os únicos, mas o maior grupo, com certeza.
J.H. Robinson, no seu livro Introdução
à História da Europa Ocidental, pág. 30, diz: “De simples começos a igreja
desenvolveu um distinto sacerdócio e um culto elaborado. Deste modo, o
cristianismo e as mais altas formas de paganismo tenderam a aproximar-se cada
vez mais um do outro com o passar do tempo. Em um sentido, é verdade, eles se
encontraram como exércitos em um conflito mortal, mas ao mesmo tempo a
tendência foi fundirem-se um no outro como extremos que seguiam rumos
convergentes.”
Há também a declaração de William Frederick, no livro Três Dias Proféticos, págs. 169 e 170: “A essa altura era
necessário à igreja adotar o dia dos gentios. Mudar o dia dos gentios teria
sido uma ofensa e uma pedra de tropeço a eles. A igreja poderia alcançá-los
melhor guardando o dia deles.” A
terrível verdade é que o sábado do Senhor Jesus Cristo foi sacrificado pela
popularidade.
O cardeal Gibbons disse: “Você pode
ler a Bíblia de Gênesis a Apocalipse, e não encontrará uma única linha
autorizando a santificação do domingo.
As Escrituras reforçam a observação religiosa do sábado, um dia que
jamais santificamos.” A Fé de Nossos Pais, 92a.
edição, pág. 89. O domingo não está na
Bíblia e não é um mandamento de Cristo.
É apenas uma instituição humana. Mas não é uma tragédia que tenha vindo
pintada com a apostasia, como um legado direto vindo do paganismo? Que pena que a igreja o tenha recebido tão
cegamente!
A verdade, tem seu
preço
Temos apoiado, sem perceber, uma instituição que não é sagrada? Com quase vinte séculos de interferência,
desde os dias dos apóstolos, e com as Escrituras disponíveis apenas aos reis e
aos muito ricos, não é de se admirar que milhões jamais pensaram em questionar sobre o dia de descanso. Milhões tem
cultuado aos domingos, considerando isso um privilégio santo. E Deus tem
aceitado sua sincera devoção. Mas com relação ao verdadeiro significado desta questão, o que podemos fazer
exceto andar à luz do que Deus nos revelou e deixá-Lo fazer a guarda do
verdadeiro sábado um prazer assim como Ele prometeu?
Um pastor acabara de partilhar estas verdades do sábado com o seu
auditório. Enquanto o último hino estava
sendo cantado, ele saiu pela porta do lado, perto do púlpito. Ele queria chegar rapidamente à frente da
igreja onde poderia cumprimentar as pessoas ao saírem. Mas um cavalheiro tinha saído durante o hino
de encerramento também, querendo ficar sozinho, para meditar e orar. Na
pressa, o pastor quase colidiu com esse homem.
Ele estava sozinho. Seus olhos
estavam úmidos. Tinha ficado muito comovido com o que ouvira. O pastor colocou a mão no seu ombro, imaginando em que poderia ajudar. O
homem voltou-se devagar, olhou com serenidade para o rosto do pastor,
segurou nas lapelas de seu casaco e disse: “Toda a minha vida, tenho orado pela
verdade. Mas jamais pensei em perguntar
a Deus quanto ela custaria.” O Pastor
respondeu: “Sim, a verdade tem seu
preço.”
Que tal agradecer a Deus pelo sábado e dizer a Ele que, custe o que custar: “Estarei disposto a pagar
o preço e andar na luz que o Senhor me tem dado”? Você pode fazer Isso nesse momento. Basta querer.
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