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quinta-feira, 9 de junho de 2016

TERAPIA DIVINA



Terapia divina

Abrir o coração a Deus coloca o indivíduo em contato com a realidade interior e promove crescimento

“Mesmo sabendo de tudo o que vamos dizer, Deus pede que falemos, porque isso nos ajuda a perceber o que está acontecendo”
Augusto César Maia é psicólogo clinico em Campinas, SP.

O

objetivo de qualquer psicoterapia é promover o crescimento do indi­víduo, pelo restabelecimento de um maior contato com a realidade intima. Em geral, todo problema neurótico es­tá relacionado com a distorção da realidade. Quando entramos num ambiente desconhecido e nossa auto-estima está baixa, imaginamos que as pessoas ali estão fa­zendo algum comentário crítico sobre nós. Isso éuma distorção, fruto de um distúrbio neurótico.

Toda distorção da rea­lidade é compensada por atitudes específicas. O neurótico tem medo dos seus sentimentos de temor. Encobre-os com unia exagerada ex­pressão de coragem, manifes­tada por uma atimde corporal fixa.
Seus ombros ficam em posição de luta, o peito inflado e o abdómen retraído. A pessoa não está consciente de que essa atitude é uma defesa con­tra o medo, até que descobre que não pode bai­xar os ombros, relaxar o peito ou descontrair o abdómen. Quando essas tensóes musculares são liberadas, o medo e sua causa histórica freqüen­temente emergem na consciência. Tomar cons­ciente o que ficou inconsciente é uma condição para a cura psíquica e espiritual.

Medo da dor O tratamento espiritual que Deus prescreve ao cristão é a oração. Um momento de meditação e reflexão, em que o indivíduo se olha e vê suas necessidades. Esse reconhe­cimento da carência é psicoterapêutico. Por isso, o importante não são as palavras bonitas, mas a atitude no ato de orar. Nesse abrir do coração, Deus torna-Se o maior psicólogo. Mesmo sabendo de tudo o que vamos dizer, Deus pede que falemos, porque isso nos ajuda
a perceber o que está acontecendo. Essa per­cepção é o primeiro degrau em direção à cura.
Porém, temos tendência a rejeitar ou negar a realidade. Essa propensão é manifestada quando a realidade se torna adversa. Não su­portamos conviver com a dor. Fabricamos, en­tão, uma realidade artificial, em que a dor de viver não existe ou é atenuada. Quando não conseguimos mais suportar a Convivência com a verdade, desenvolvemos os mecanismos de defesa, pelos quais a realidade é adulterada.
Como conseqüência, pagamos um alto preço, vivendo uma vida hipócrita, vazia e sem Deus, mesmo professando Seu nome Retemos o pran­to e libertamos o riso. Camuflamos a tristeza e vestimos a fantasia do “sempre alegre”. Falsifica­mos a realidade e construímos uma vida menti­rosa diariamente. Mentimos com tanta “sinceridade” que passamos a aceitar a farsa como verdade. Dessa forma, aos poucos per­demos a capacidade te­rapêutica da oração.
Aceitação e crescimento  Con­tudo, a verdadeira oração nos faz entrar em contato com a realidade e aceitá­-la. Passo a passo, Deus nos mostra que Sua tera­pia é a verdade e nos si­naliza que viver em Sua paz não significa, neces­sariamente, que as condições externas desfavoráveis devam ser mudadas. Jesus disse: “No mundo, passais por aflições” (João 16:33). A paz deve estar presente mesmo diante das circunstâncias mais difíceis. “Pai, se queres, passa de Mim este cálice; contudo, não se faça a Minha vontade, e sim a Tua” (Lucas 22:42).
Embora para alguns possa ser um tempo de fuga da realidade, a oração é, na verdade, o mo­mento de maior consciência, uma vez que se baseia no conhecimento e na experiência parti­cular do individuo. Na primeira etapa, a oração abre-nos a consciência. Depois, abre-nos para um relacionamento com Deus. Encontrar-se com Deus envolve amadurecimento.
Pessoas em tratamento psicoterapêutico sa­bem que não podem negar continuamente a rea­lidade do sofrimento ou do prazer. Evitar os pro­blemas não é o caminho para resolvê-los. Para essas pessoas, orar é testificar que existem mu­danças a serem feitas. A oração abre-lhes uma perspectiva interior de cura e crescimento.


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