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sexta-feira, 10 de junho de 2016

O SÁBADO NA BÍBLIA - SERIA O SÁBADO CERIMONIAL?



SERIA O SÁBADO
CERIMONIAL?

Arnaldo B. Christianini – Subtilezas do Erro – 3a. Edição - Capitulo 22 - CASA

Vamos pulverizar a segunda tese anti-sabática. Quem disse que o quarto mandamento do decálogo tem uma parte moral e outra cerimonial? Sem dúvida, foi Canright no Seventh-Day Adventism Renounced. pág. 166. Portanto, invenção humana e de origem suspeitíssima. Con­clusão leviana, improvável e absurda. A Bíblia sequer po­deria sugerir coisa tão absurda: um mandamento de natureza dúplice. Além disso, seria ignorar elementarmente a razão de ser de um mandamento cerimonial. É primário que todos os preceitos cerimoniais foram introduzidos após a Queda do homem, como sombras que apontavam para a Redenção. ou a restauração do homem em sua glória original. Ora, se o sábado tivesse algum traço cerimonial, certíssimamente teria ele sido estabelecido após a entrada do pecado no mundo e forçosamente seria um tipo de Cristo em algum sentido. Teria que ver com a expiação. Isto já liqüida a pretensão de atribuir-se ao sábado qualquer caráter cerimonial. Por que, então é moral? Simplesmente porque, quando foi feito (S. Mar. 2:27) o foi no ambiente da original perfecti­bilidade edênica, em que o homem, sem a jaça do pecado. privava com o seu Pai celestial. Somente após a queda, pre­cisou ser instituído o cerimonialísmo, para tipificar o Reden­tor do homem caído, o Remédio para o pecado, mas quando se instituiu o sábado, não havia necessidade de Redentor nem de coisa alguma que O tipificasse. À vista desta verdade, o sábado do Decálogo não tem nenhum sentido cerimo­nial. É integralmente moral.

O estudioso Adam Clarke, numa profunda análise dos preceitos do decálogo, assim remata:

É digno de nota que nenhum destes mandamentos, ou parte deles, pode... ser considerado cerimonial. Todos são morais e, conseqüentemente, de eterna obrigação.’ (Grifos nossos).

O erudito comentador batista Broadus também defende a moralidade do sábado nestas palavras:

“O sábado parece ter sido ordenado aos nossos pais logo que foram criados; e juntamente com a instituição do casa­mento constituem as únicas relíquias que nos restam da vi­da sem pecado no Paraíso... O mandamento de santificá-lo foi incluído entre os Dez Mandamentos, a lei moral, que é de obrigação perpétua.” 2 (Grifos nossos).

E também Strong o príncipe dos teólogos batistas —   é incisivo: O sábado é de obrigação perpétua.... A sua insti­tuição antedata o Decálogo e forma uma parte da lei moral.” 3 (grifos nossos).

Tenhamos presentes mais os seguintes fatos:

a) Sábados cerimoniais, como ficou demonstrado em ca­pítulo anterior, eram os dias anuais de festa judaica e que de modo algum podiam ser confundidos com o sábado do sé­timo dia. Este não tem o menor resquício cerimonial; é moral em sua integridade. Não há nele o híbridismo pretendido pelos oponentes: não é feriado judaico.

b) O sábado, como foi dito e reiteramos. antedata o pecado e fora dado antes da Queda: portanto. antes que o ho­mem necessitasse de Redenção. Por conseguinte, nada tem de típico e não aponta para a expiação. Se não tivesse havido a tragédia da Queda. o que aconteceria com o sábado? Con­tinuaria a ser observado pelo homem no Éden, com o privilé­gio da companhia de Deus. Mas não há dúvida que continua­ria a ser observado. E tanto isto é verdade que. na Restauração de todas as coisas, quando enfim a maldição for re­movida desta Terra e tudo voltará prístina pureza edênica e o homem à glória original, o sábado continuará a ser obser­vado e para sempre. segundo lemos em Isa. 66:22. Portanto, o sábado é a única instituição que associa os três funda­mentos basilares da fé cristã: Criação. Queda e Redenção. E adiante voltaremos a considerar este texto para demons­trar as arengas cavilosas dos opositores em relação às luas novas.

c)  O sábado como todos os preceitos morais aplica-se igualmente a todas as nações, terras e tempos, pois to­das as leis morais são de aplicação universal, não se restrin­gem a um povo e não sofrem mudança por nenhumas cir­cunstáncias. Por isso, é moral.

d) Deveres morais são os que emanam dos atributos de Deus. D poder criador é um atributo divino, um atributo distinto e exclusivo do Deus vivo, e o sábado emana diretamen­te deste atributo na Criação do mundo. Ë, pois, um preceito nitidamente moral. Pode-se acrescentar que o dever de o homem amar e obedecer a Deus repousa principalmente no fato de que o Senhor criou todas as coisas, e o sábado memoraliza este fato, trazendo sempre a consciência deste fato. Outro dia não poderia fazê-lo, pois não teria este carac­terístico, este sentido e esta finalidade, O sábado é total e ínequivocamente moral.

e)  A natureza do homem  —    física e mental  —   requer precisamente tal dia de repouso como o preceito do sábado exige, em consonância com o bem-estar moral e espiritual da criatura. Esta necessidade humana foi prevista e provida por Deus mesmo, associada ao culto, á reverência e à adoração. Por isso, o sábado é um dever do homem para com Deus, como os demais preceitos que constam da primeira tábua do decálogo. Porém a moralidade do sábado reside precipuamente na relação do mandamento com o ato criati­vo de Deus e isto não pode ser preenchido por qualquer outro dia. A bênção colocada no dia do sábado jamais foi dele removida. Ë um mandamento moral.

f)  O casamento é uma instituição moral, defendida pelo sétimo mandamento. A instituição do sábado, tendo sido feita ao mesmo tempo, pela mesma Autoridade, para as mesmas pessoas e da mesma maneira, é logícamente moral, pelas mesmas razões.

g) O próprio fato de Deus ter posto o mandamento do sábado no coração do decálogo conhecido como o sumário de toda a lei moral mostra irretorquivelmente o caráter moral do preceito. Fosse ele cerimonial, no todo ou em par­te. não seria insculpido nas tábuas de pedra, mas sim escrito no livro de Moisés que continha todo o preceituário ceri­monial judaico.

h) Cristo mesmo diferenciou o sábado, de qualquer pre­ceito cerimonial quando declarou: “Se o homem recebe a circuncisão (rito cerimonial) no sábado (mandamento moral) para que a lei de Moisés (cerimonial) não seja quebrantada, indignais-vos contra Mim porque no sábado (mandamento moral) curei de todo um homem?” S. João 7:23. (Parêntesis e grifos nossos, para esclarecimento). Não tivesse o sábado o seu caráter exclusivamente moral, inconfundível, Cristo não teria o cuidado de dissociá-lo de práticas cerimoniais co­mo a circuncisão, no caso em foco. Paulo também distingue preceito cerimonial, da lei moral quando diz: “A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus.” I Cor. 7:19. Embora aludindo aos judeus e aos não judeus, ou aos que queriam impor o rito aos neoconversos na igreja nascente. Paulo distingue os manda­mentos de Deus, de qualquer prática judaica.

í)  O sábado não pertence ao sistema expiatório, portanto não é cerimonial.

É uma temeridade afirmar que o sábado tenha uma par­te cerimonial e que esta era o “sétimo dia”. E temeridade maior é supor que a parte moral consistia simplesmente na guarda de um dia em sete. Arengam os opositores: “Para se conseguir isto qualquer dia daria o mesmo resultado.”... “Pode-se mudar este dia por um outro....”

Parece incrível que ensinadores religiosos sustentem a tese da anarquia divina que coloca sob o critério do homem
a escolha de seu dia em sete. Ë ser mais realista do que o Rei. E inverter a ordem das coisas, para justificar o pecado. A Escritura não confere tais poderes ao homem.

Desmantelemos agora o sofisma antíbíblico, demons­trando claramente que “o sétimo dia” significa um dia espe­cífico e não simplesmente “um dia em sete”, o que seria ge­nérico.

a)  Afirmar que o sábado significa “um dia em sete” é estabelecer a anarquia divina, como se Deus subordinasse ao critério de Suas criaturas frágeis e pecadoras, indignas e mortais, guardarem o seu dia, o dia que melhor atendesse ás suas conveniências. Ora, isto é monstruoso, sem sentido, sem objetivo. Qual seria o sentido de um filho de Deus guardar uma terça-feira por exemplo? A teoria beócia da guarda de um dia em sete só tem um objetivo: justificar a guarda do “dia do Sol” dos pagãos, que a cristandade recebeu do paganismo que se infiltrava na igreja, nos primeiros séculos da nossa era.
    
    b) Se o que vale é “um dia em sete”, porque os oponentes se agarram à observância do primeiro dia da semana e irritam-se com os adventistas do sétimo dia?

c)   A semana originou-se na criação. Pois bem, naquela primeira semana do mundo, o sábado era apenas um dia em sete ou era o específico sétimo dia? Era o sétimo dia, a partir do primeiro, na ordem natural dos eventos da criação. Por que razão ele se tornaria menos específico e deixaria de ser o sétimo, na exata ordem, na sucessão das semanas, dos anos e dos séculos? Por que não o seria hoje?

d)  O quarto mandamento remete o leitor à semana da Criação (Exo. 20:11), na qual o descanso foi no sétimo dia. Deus não repousou simplesmente num dia em sete, mas no sétimo dia.

e)   O tríplice milagre da queda do maná, no deserto ilus­tra bem o caráter ordinal e não cardinal do sábado. Quando os israelitas foram colhê-lo no sétimo dia da semana, foram repreendidos, porque não se tratava de um dia em sete. Quando um homem transgrediu o mandamento, e foi colher lenha no sétimo dia, foi apedrejado e morto. Núm. 15:32-36. Sê-lo-ia se o fizesse em qualquer dia em sete? Não, por­que o mandamento é específico, e não genérico. Quando alguns ex-cativos de Babilônia profanavam o sábado, trazendo cargas para dentro de Jerusalém, foram denunciados e amaldiçoados e repreendidos energicamente por Neemias (Neem. 13.) Sê-lo-iam, se tivessem transgredido um dia em sete? Por certo que não. Haveria toda a tolerância, pois o espírito” do preceito teria sido aceito com a guarda de um dia em sete. Era o glorioso “sétimo dia” que estava em vigor e movia o zelo dos profetas. Estes somente podiam apon­tar o quarto mandamento para basear as suas ardentes e ríspidas advertências para ser santificado o sétimo dia da semana. Sim, estes homens inspirados por Deus entende­ram o “sétimo dia” do mandamento como sendo específico, ordinal, certo, inconfundível. Os pretensos teólogos dos nossos dias desejam discrepar dos profetas em interpretar com exatidão a significação dos mandamentos de Deus. Ora, não é parte do santo trabalho dos profetas esclarecer as nossas mentes sobre o sentido dos preceitos divinos? Acatemo-los, então.
f)   Todos crêem —   inclusive os nossos amigos batistas
—           que nosso Senhor passou no sepulcro o sétimo dia da se­mana. E como o evangelista Lucas descreve esse dia mais de
afirmação inspirada é suficiente por si para liqüidar a questão sobre o que quer dizer o mandamento, aliás o quarto, quando estabelece: ‘o sétimo dia é o sábado’. Quer dizer que é o sétimo mesmo, especifico. ordinal. sem dubiedades. Nada de “um dia em sete”.

g)  Reconhecem os adversários que, os que viveram antes de Cristo, por força do quarto mandamento, guardavam o sétimo dia da semana. Damos um doce a quem nos provar que. até àquele tempo, alguém supunha que o mandamen­to permitisse a guarda de um dia em sete. O sábado era claro, exato, inquestionável quanto ao dia. Então seria racional admitir que, quando Cristo veio, aquele claro e inquestioná­vel sentido do mandamento, se tornou de repente, vago, impreciso, não específico, duvidoso, genérico, passando a significar meramente “um dia em sete’?

h)  A própria frase “o sétimo” é clara e ordinal. O artigo definido “o” não deixa margem a dúvidas. Se dissermos a um amigo que moramos na sétima casa do quarteirão, que diríamos se ele nos procurasse na primeira casa? Se uma pes­soa der sete passos, porventura começará do segundo? Se o que vale é um dia em sete, então os muçulmanos estão cer­tos observando a sexta-feira. E se se procura justificar a guarda do primeiro dia, julgando ser a ressurreição de Cris­to um grande evento, outros, com bem fundadas razões po­deriam julgar a crucificação o maior evento do cristianismo, pois pelo Seu sangue ali derramado fomos salvos, e assim passariam a guardar a sexta-feira. Que diríamos do Natal, como evento de importância? Sem ele, não haveria o Cristo nem a Redenção! Posta nestes termos a questão do dia de guarda, ficaria na dependência de se comemorar eventos importantes segundo o arbítrio dos homens. Felizmente, o dia de guarda é coisa determinada por Deus. E, para finali­zar, uma importante revelação. Esta esdrúxula interpretação de “um dia em sete”, a par com a não menos esdrúxula denominação de “sábado cristão” aplicada ao domingo, sur­giu em 1595 AD. quando a questão do dia de guarda agita­va a Inglaterra, provocando acesos debates entre os teólo­gos protestantes. E, segundo lemos em The Creeds of Chris­tendom. de Philip Schaff, cap. 21. vol. 1, pág. 762. foi Nicho­Ias Bownd que, naquele ano, pela primeira vez, estabeleceu a tese de “um dia em sete”, Ora, isto é importante. Quer dizer que ninguém ao tempo de Cristo ou por quase 1.500 anos depois pensou em fazer tão esquisita interpretação do mandamento divino!!!

No tocante à tese de ser o sábado da Criação posto em pé de igualdade com as festas judaicas capituladas em Lev. 23, nada mais precisamos acrescentar ao que ficou dito em capitulo anterior, quando esclarecemos os sábados cerimo­niais. Ali ficou pulverizada a tese em apreço.

1 Clark s Commentary. vol. 1. (on Exo. 20).
2. John  A. Broadus. Comentário ao Evangelho de S. Mateus. vol 1. pág. 344.
3. A. H. Strong, Systhematic Theology. pág. 408.


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