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quarta-feira, 8 de junho de 2016

OS LIMITES NA DISCIPLINA



Limites
A disciplina deve respeitar o ritmo e o tipo de personalidade da criança

“Disciplinar é comunicar o que é importante e estabelecer limites saudáveis para o comportamento”

Augusto César Maia é psicólogo clinico em Campinas, SP.

OS psicólogos costumam ouvir de­poimentos de mães que se quei­xam da ingratidão dos filhos. Elas afirmam que criaram todos da mesma maneira e no mesmo ambiente social, mas o filho problemático é o único que dá tra­balho. E fazem a fatídica pergunta: por que os outros filhos não tiveram problema?
A falta de conhecimento sobre a formação do caráter dos filhos gera situações assim. Al­gumas mães não sabem e não conseguem per­ceber que cada filho é único e deve ser trata­do de maneira única, Os pais querem amar to­dos os filhos igualmente e chegam a falar com orgulho que tratam a todos da mesma forma. Os filhos, todavia, não acreditam nisso e sen­tem a diferença, pelo simples fato de que, se cada filho é diferente, alguém não está sendo tratado como deve e merece.
Há enormes diferenças individuais entre uma personalidade e outra. Isso faz com que cada um sinta de maneira pessoal e única a in­fluência do meio familiar. A disciplina neces­sária para um filho pode esmagar o outro. Portanto, os pais precisam ajustar suas exi­gências ao ritmo natural de crescimento e de­senvolvimento dos filhos.
As crianças não nascem com a consciência do que podem ou não fazer. Cabe aos pais ensi­nar-lhes as regras do jogo. Toda família ou gru­po social tem padrões morais para o comporta­mento de seus membros, e esses padrões são transmitidos às crianças. A maneira pela qual os pais passam esses padrões (ou seja, disciplinam seus filhos) determinará a formação do seu ca­ráter. Vejamos quatro tipos de disciplina nor­malmente aplicados pelos pais:
1.  Autoritária. As ex­plicações para a disci­plina são: “Vai ter que fazer como eu quero, quem manda aqui sou eu!”, “Vai ter que fazer e pron­to!” Nesse tipo de disciplina, não exis­te respeito pela crian­ça. O medo é a base da
relação. Isso costuma ocorrer onde há desres­peito para com o próximo e a individualida­de de cada um. A criança, ao ficar submetida a um ambiente em que não existe apreço pela sua personalidade, desenvolve rim caráter cujo traço marcante é o medo de se entregar à vida, ao amor, ao semelhante.
2. Chantagista. Neste caso, os pais não se valem de punição física e nem são autoritá­rios, mas expressam sua desaprovação através de chantagens do tipo: “Você vai fazer isso, fi­lho? Ah, a mãe não vai mais gostar de você!” A mãe não só ameaça retirar o amor, como na verdade demonstra rejeição à criança, ao dar-lhe as costas ou ameaçá-la de abandono, O uso dessa disciplina está associado a um forte sentimento de culpa.
3. Permissiva. O problema deste tipo de dis­ciplina é exatamente a falta de disciplina. Não existe norma ou regra a ser seguida. Tudo é permitido, desde que a criança queira. Ela se torna o rei ou a rainha da casa. Isso transforma os filhos em verdadeiros tiranos, e os pais vi­ram simples súditos ou mesmo escravos, Os pais arcam com todas as conseqüências desas­trosas da liberdade excessiva, acobertando os erros dos filhos, suportando seus insultos, sa­tisfazendo suas inúmeras solicitações e, por fim, perdendo toda a influência.
4. Democrática. Os pais que adotam este tipo de disciplina têm o cuidado de conversar com os filhos. Num clima de liberdade, falam e dão explicações sobre as conseqüências posi­tivas e negativas das ações. A liberdade faz par­te da democracia. Os pais democráticos não podem perder de vista que a Liberdade exige respeito pela liberdade do outro. Para que to­dos possam ter liberdade, é preciso que haja
uma certa ordem, e toda ordem traz restrições e obrigações. A liber­dade implica responsabilidade.
Disciplinar é comunicar o que é importante e estabe­lecer limites saudáveis para o comportamento, vi­sando ao bem-estar, à segu­rança e ao crescimento do disciplinado.

Sinais dos Tempos       Julho-Agosto/2003



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