O estado do
homem na morte
As Escrituras
afirmam claramente
sobre o que
ocorre após a morte.
por Vanderlei Dorneles
A catalepsia é uma doença rara e de causas obscuras. Em geral, ela se
manifesta da seguinte maneira: a pessoa acorda e procura se movimentar, mas não
consegue.Tem a impressão de que uma força invisível a prende. Desesperada
tenta gritar, mas não sai nada. No passado, vitimas dessa doença foram
sepultadas vivas, uma vez que pareciam mortas. Algumas foram desenterradas em
estado desfigurado. Ao recobrar os movimentos e tomar consciência de que
estavam sepultadas, entraram em pânico e se cortaram com as unhas.
Estado
semelhante de agonia seria vivido por todo ser humano se, depois de morto e em
estado de degeneração física na sepultura, descobrisse que continua vivo “em
espírito”, tendo consciência de tudo que ocorre na Terra, com seus filhos,
cônjuge, etc.
Essa situação parece inaceitável. Mas seria o resultado lógico da crença
popular de que o espírito continua vivo e consciente após a morte do corpo.
Essa idéia que atribui ao espírito (ou alma) uma categoria divina e imortal é
admitida pela maioria dos ocidentais, desde Platão, filósofo grego que viveu
séculos antes de Cristo. Com a difusão do helenismo no Império Romano, a noção
da imortalidade ficou bastante fortalecida, a ponto de ser aceita pelo
cristianismo.Tendo conquistado campo na cultura cristã, essa crença prevaleceu
através da História. Hoje, poucos cristãos defendem o contrário.
Para os cristãos, a crença na imortalidade da alma cria sérias confusões.
Se admitirmos que o espírito é uma entidade independente, como conceituado na
cultura grega, e que ele deixa o corpo por ocasião da morte em estado de
consciência, teríamos de admitir também que antes de nascermos nosso espírito já era consciente. Isso cria a noção da
preexistência da alma, o que os cristãos não aceitam.Abre precedente também
para a doutrina da reencarnação.
A Bíblia afirma que, na morte, o espírito
volta para Deus que o deu (Eclesíastes 12:7). Se o espírito que volta para Deus
é vida consciente, todos os homens bons e maus teriam o mesmo destino. Dizer que os bons vão para Deus a fim de receber vida eterna e os maus, para receber o
juízo contraria a doutrina da ressurreição e do juízo final claramente bíblica.
Na criação,
Deus assoprou nas narinas do homem o fôlego de vida (Gênesis
2:7). Se Ele assoprou mero fôlego, sai apenas fôlego. Afirmar que Deus assoprou
fôlego e recolhe espírito consciente é contraditório. O que Deus dá na
vida recolhe na morte a respiração (ver Jó 33:4; 27:3; 34:14).
SONO PROFUNDO
Qual é então o verdadeiro estado do ser humano na
morte?
Tanto na
cultura hebraica quanto na igreja crista primitiva esse assunto era bem claro.A
Bíblia afirma com naturalidade que o homem morre uma só vez e depois disso vem o juízo (Hebreus 9:27). Declara ainda que,
devido ao pecado, a morte passou de Adão a todos os homens e mulheres (Romanos
5:12). Quanto ao que se poderia fazer enquanto morto, o salmista é claro: “Sai-lhes o
espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus
desígnios” (Salmo 146:4). Ninguém vai para o Céu ao morrer, pois “os modos não
louvam o Senhor” (Salmo 6:5 e 115:17).
Quanto à
possibilidade de os mortos saberem do que ocorre na Terra com os vivos, o sábio
Salomão diz : “Os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa
nenhuma... sua memória jaz no esquecimento.
Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja pereceram; e já não têm parte
em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol” (Eclesiastes 9:5 e 6).
O Antigo e o Novo Testamento comparam o estado de inconsciência na morte,
com o do sono (ver Daniel 12:2, João 11:11-14 e 1a. Corintios
15:51-55). No sono da morte, porém, não há sonho! Evidências de total
inatividade na morte são encontradas na ressurreição de Jesus e de Lázaro.
Nenhum deles relata qualquer coisa feita nos dias em que estiveram no túmulo.
Ressurreto, Jesus afirma a Maria que não tinha ido ao Pai (João 20:17).
Sobre a ressurreição o apóstolo Paulo diz que, por ocasião da segunda vinda
de Cristo, os vivos não subirão ao Céu antes dos mortos. Estes, ele diz,
“ressuscitarão primeiro’, depois os vivos serão arrebatados junto com eles
pai-a encontrar o Senhor nas nuvens (1a. Tessalonicenses 4:15-17).
PROMESSA AO LADRÃO
Algumas pessoas encontram na promessa de Cristo ao ladrão na cruz uma
dificuldade para entender a morte. Jesus pro-
meteu ao
malfeitor um lugar no paraíso. A maioria das traduções traz o verso assim: “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lucas 23:43). Três fatos
devem ser considerados para a correta compreensão da promessa: Primeiro, o ladrão
sabia que a recompensa só seria recebida no futuro, por isso pediu: “Lembra-Te
de mim quando vieres no Teu reino” (Lucas
23:42). Segundo, o ladrão não morreu no mesmo dia. Os soldados foram ao
Gólgota ao entardecer (daquela sexta-feira) e quebraram as pernas dos dois
ladrões. Isso era feito para evitar que os crucificados fugissem, à noite. As
de Jesus não foram quebradas uma vez que já estava morto (João 19:32 e 33). Terceiro, Jesus mesmo não subiu ao Céu
naquele dia. Ao ressuscitar, três dias depois, disse que não subira ao Pai.
Portanto, o verso em questão (Lucas 23:43) deve ser analisado de forma
mais criteriosa, pois não se ajusta ao seu contexto imediato.A tradução
literal, a partir do original grego, seria: “Em verdade te digo hoje estarás
comigo no paraíso.” Sem pontuação porque por ocasião da escrita original ela
não era usada; foi acrescentada ao texto bíblico séculos depois. Nesse caso o
verso sofreu um erro de tradução, influenciado pela crença na imortalidade da
alma. O tradutor entendeu que deveria acrescentar a conjunção “que” antes do
advérbio de tempo “hoje” para clarear a sentença. Considerada a
impossibilidade de Jesus estar naquele dia com o ladrão no paraíso, a tradução
e pontuação correta seria: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no
paraíso.”
Esse ladrão, salvo como prometido por Cristo, ressuscitará por ocasião da
volta de Cristo com os demais mortos fiéis, e então estará no paraíso.
Perguntas sobre o homem após a morte
- O
que tornou o homem um ser vivente?
“Então, formou
o Senhor Deus o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida,
e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7)
- O
que acontece ao ser humano quando deixa de rer o fôlego de vida?
“E o pó volte
á terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7)
- Quantos
dos seres humanos estão sujeitos à morte?
“Portanto, assim como por
um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12)
- Uma
vez morta, como fica a comunicação da pessoa com os vivos?
“Sai-lhe o espírito, e eles
tornam ao pó; neste mesmo dia, perecem todos os seus desígnios” (Salmo 146:4).
- A
comunicação do morto com Deus continua a existir?
“Pois, na morte, não há
recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor? (Salmo 6:5)
“Os mortos não louvam o
Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (115:17)
- Qual
a participação dos mortos, nos projetos e planos dos vivos?
“Porque os vivos sabem que
vão morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles
recompensa, porque a sua memória jaz no
esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm
eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes 9:5 e 6).
- Qual
é, em resumo, o estado dos mortos?
“Isto dizia e depois lhes
acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou despertá-lo” (João 11:11).
- Qual
promessa deixada por Deus para todos que morrem com sua fé em Cristo?
“Visto que a
morte veio por um homem, também por um
homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos
morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Coríntios 15:21 e
22).
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