A
PREDESTINAÇÃO BÍBLlCA
COMO
HARMONIZAR A LIBERDADE HUMANA
COM A DOUTRINA
DA PREDESTINAÇÃO?
Antes do estudo do tema da Predestinação é necessário e
muito útil o conhecimento de algumas idéias calvinistas e da contestação que
Arminio e seus seguidores lhes fizeram.
Vamos transcrevê-las do livro dos adventistas — Questíons on
Doctrine, pág. 402 e seguintes, também traduzidas
no Ministério Adventista, janeiro-fevereiro, 1970, págs. 19-21.
Cinco pontos da Predestinação Calvinista.
Em 1537, na obra Instruction in Faith
(Paulo T. Fuhrmann, 1949, pág. 36), João Calvino declarou:
“Ora, a semente da Palavra de Deus só
se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor, por Sua eleição
eterna predestinou para serem filhos e herdeiros do reino celestial. Para todos
os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação
do mundo) a clara e evidente pregação da verdade só pode ser um cheiro de
morte para morte”.
Em 1610 foram apresentados
aos Estados Gerais da Holanda os famosos cinco pontos essênciais na teologia
calvinista, expostos da seguinte maneira:
1. Que Deus (como alguns
asseveraram), por um decreto eterno e irrevogável, ordenou alguns dentre os
homens (a quem Ele não considerava criados; muito menos caídos) para a vida
eterna: e alguns (que eram por grande diferença a maior parte) para a perdição
eterna, sem qualquer consideração a sua obediência ou desobediência, a fim de
manifestar tanto a Sua justiça como a Sua misericórdia; de tal modo que as
pessoas por Ele destinadas á salvação devem forçosa e inevitavelmente ser
salvas, e as demais devem forçosa e inevitavelmente ser condenadas.
2. - Que Deus (como outros ensinaram) considerou a humanidade não só como
criada, mas também como caída em Adão, e conseqüentemente, sujeita à maldição;
tendo Ele determinado livrar alguns dessa queda e destruição e salvá-los como
exemplos de Sua misericórdia; e deixar outros, até mesmo filhos do concerto,
sob a maldição, como exemplos de Sua justiça, sem qualquer consideração a crença
ou descrença. Com essa finalidade, Deus usou também certos meios pelos quais os
eleitos fossem necessariamente salvos e os réprobos fossem necessariamente condenados.
3. - Que, por conseguinte Jesus Cristo o Salvador do mundo, não morreu por todos
os homens, mas somente pelos que foram eleitos de acordo com a primeira ou a
segunda forma.
4. - Que, portanto, o Espírito de Deus e Cristo atuaram nos eleitos com força
irresistível a fim de compelí-los à crença e à salvação, mas que aos réprobos
não foi dada necessária e suficiente graça..
5. - “Que aqueles que uma vez obtiveram verdadeira fé jamais poderiam perdê-la
por completo ou terminantemente”. A.
W. Harrison, The Beginnings of
Arminianism (1926), págs. 149 e 150.
Esse ponto de vista, porém, não se originou com Calvino. Mil anos antes, de
acordo com G. F. Wiggers, Agostinho expressou a mesma idéia:
“Agostinho introduziu no sistema eclesiástico diversas idéias
inteiramente novas. . . . Entre elas encontravam-se a graça irresistível, absoluta predestinação e a
limitação aos eleitos da redenção por meio de Cristo”. An
Historical Presentation of Augustinism and Pelagianism, pág. 368.
Refutação Elaborada Pelo Arminianismo
Em oposição e esses pontos
de vista, Armínio e seus colaboradores elaboraram uma refutação que apresenta
cinco argumentos contrários. Mais tarde eles se tornaram a síntese do que se
conhecia por arminianismo. Eram os seguintes:
1.- Que Deus por meio de um decreto eterno e imutável em Cristo, antes de
existir o mundo, determinou eleger para a vida eterna dentre a caída e
pecaminosa raça humana os que por intermédio de Sua graça crêem em Jesus Cristo
e perseveram na fé e na obediência; e, pelo contrário, resolveu rejeitar os
impenitentes e descrentes, para condenação eterna (5. João 3: 36).
2. - Que, em
conseqüência disto, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos os homens,
de modo que obteve, pela morte na cruz, reconciliação e perdão do pecado para
todos os homens; de tal forma, porém, que só os fiéis a desfrutaram em realidade
(S. João 3:16; I S. João 2:2).
3. - Que o homem
não podia obter fé salvadora por si mesmo ou em virtude de seu próprio livre
arbítrio, mas precisava da
graça de Deus
por meio de Cristo para renovar-se em pensamento e vontade (5. João 15:5),
4. Que essa graça constitui a causa do início, do desenvolvimento e da
conclusão da salvação do homem; de maneira que ninguém poderia crer ou
perserverar na fé sem essa graça cooperante, e, conseqüentemente, que todas as
boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Todavia, quanto à
sua maneira de operar, essa graça não é irresistível (Atos 7: 51).
5. - Que os
verdadeiros crentes possuíam suficiente poder, mediante a graça divina, para
batalhar contra Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e alcançar a
vitória sobre eles; mas, para que pela negligência não apostatassem da
verdadeira fé. perdessem a felicidade de uma boa consciência e fossem privados
dessa graça, deveriam investigá-la mais cabalmente em conformidade com a Escritura
Sagrada, antes de começar a ensiná-la”. —Harrison, ap. cit., págs. 150 e
151.
Essa controvérsia, que foi ativada por Armínio em 1603, atingiu o ponto
culminante no Sínodo de Dort, em 1618 e 1619, e teve amplas conseqüências. Os
seus efeitos se fizeram sentir não somente na igreja holandesa, mas as divisões
alemã, suíça, escocesa, inglesa e francesa, da igreja cristã, também
participaram dessa controvérsia ou se dividiram por sua causa. Desde então, o
arminíanismo se tornou o termo usado para exprimir conceitos teológicos
contrários ao calvinismo. Entretanto, os seguidores de Armínio foram mais além
em suas declarações do que o seu próprio mestre. Com efeito, ele ficaria
surpreso e até indignado se pude-se ler as interpretações teológicas de alguns
que têm sido classificados como arminianos. E o mesmo se pode dizer no tocante
aos adeptos de Calvino. Parece até que o calvinismo atual sofreu maiores
modificações que o arminíanísmo.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é calvinista nem totalmente arminiana
em sua teologia. Reconhecendo os méritos de ambos esses sistemas, procuramos
assimilar o que nos parece ser o claro ensino da Palavra de Deus. Embora
creiamos que João Calvino foi um dos maiores reformadores protestantes, não
adotamos a idéia de que algumas pessoas “são predestinadas para a morte eterna
sem qualquer demérito de sua parte, simplesmente por causa da soberana vontade
de Deus” (Calvino, Institutes, Livro
3, cap. 23, § 2). Ou que os homens “não são todos criados com o mesmo destino;
mas a vida eterna é preordenada para alguns, e, para outros, a condenação
eterna” (Idem, Livro 3, cap. 21, §
5).
Pelo contrário, cremos que a salvação é acessível a todo e qualquer membro
da raça humana, pois “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(5. João 3: 16). Exultamos com o apóstolo Paulo porque “antes da fundação do
mundo” (Efés. 1: 4) Deus resolveu suprir
a necessidade do homem, se ele pecasse. Esse “eterno propósito” abrangia a
encarnação de Deus em Cristo, a vida sem pecado e a morte expiatória de Cristo,
Sua ressurreição dentre os mortos e o Seu ministério secerdotal no Céu, o qual
culminará nos grandiosos aspectos do julgamento.
Cremos que nosso ensino a
respeito do assunto do julgamento está inteiramente
de acordo com a Bíblia e é a conclusão lógica e inevitável de nosso conceito
acerca do livre arbítrio. Temos a convicção de que, como indivíduos, cada um de
nós é responsável perante Deus. Declara o apóstolo Paulo: “Todos compareceremos
perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por Minha vida, diz o Senhor,
diante de Mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”. Rom. 14:10-12.
Livre Arbítrio e Predestinação
Afirma a Bíblia que há livre arbítrio liberdade de escolha e ao mesmo tempo
predestinação?
Que a palavra de Deus
declara que o homem é livre para escolher ninguém duvida, mas se ela também
fala em predestinação, é necessário saber a que predestinação se refere.
A Bíblia não se contradiz,
não pode apresentar doutrinas antagônicas, portanto não pode ensinar o livre
arbítrio e a predestinação calvinista.
Que é livre arbítrio?
Livre arbítrio é um
princípio escriturístico que declara que o homem é livre para tomar decisões.
para decidir a questão do seu destino.
Que é predestinação?
Predestinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico.
No consenso do povo é crer que Deus traçou um plano para a nossa vida e
devemos segui-lo sem o direito da escolha. Em outras palavras — somos autômatos desempenhando um papel
previamente estabelecido por Deus.
Calvino, ampliando idéias já antes defendidas por Santo Agostinho, afirmou
que desde a antiguidade Deus estabeleceu dois decretos: Um selecionando um
grupo para a salvação ou vida eterna e um outro decreto selecionando aqueles
que serão destruídos, O próprio Calvino qualificou-o como terrível decreto de
Deus.
Estaria este ensino em
harmonia com as doutrinas bíblicas? De modo nenhum. Porque a dupla
predestinação ensina que se não fomos arbitrariamente escolhidos para a
salvação, não há esperança, mesmo que almejemos ardentemente esta graça. A
Bíblia não diz isto.
Predestinação
bíblica, seria o decreto de Deus que possibilita a salvação a todos os que
aceitarem a Cristo.
Os adventistas não temos pregado e escrito o suficiente sobre este magno
assunto. Creio ser nosso dever compreendê-lo melhor e expô-lo com clareza aos
outros, embora reconhecendo, que ele é complexo, e em alguns aspectos
transcende a nossa limitada compreensão.
Disse Russel Norman Champlin em O
Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo: “As questões
relativas á predestinação e à eleição não podem ser explicadas por raciocínio
humanos”.
Concordamos — Elas
são explicadas pelo raciocínio divino, isto é, pela Palavra de Deus.
“A doutrina da predestinação de uns para o bem e a felicidade e de outros
para o mal e a infelicidade, parece ter nascido da necessidade de alguns
teólogos de conciliarem a misericórdia com a Justiça Divina. Deus é justo com
os que predestina ao mal e misericordioso com os que predestina para a
salvação. As passagens de Isaías 1: 27
e Rom. 3: 25 negam que a misericórdia e a justiça sejam atributos divinos
distintos; Deus não é metade misericórdia e metade justiça, mas inteiramente
misericórdia e inteiramente justica”. -— Hans K. La Hondelle, Apostila
Predestinação Bíblica.
Em que passagens e fatos bíblicos se baseiam os defensores da predestinação
divina para a perdição?
As passagens mais enfáticas
para eles são:
Prov. 16:4; Rom. 9:18; 8: 29 e 30; Ef. 1:5, 11. Leitores apressados
da Bíblia, deslocando, às vezes, estas passagens do seu contexto, concluíram,
que Deus arbitrariamente predestinou algumas pessoas para serem salvas e
outras para se perderem.
Dentre os fatos mais citados estes se destacam:
a) O endurecimento do coração de Faraó,
b) Judas predestinado para trair a Jesus
b) Judas predestinado para trair a Jesus
c)
A declaração de Rom. 9: 13: Amei a Jacó. porém me aborreci de Esaú.
A palavra predestinação não aparece na Bíblia, mas o verbo predestinar em
grego “proorizo”, é empregado quatro
vezes, isto é, em Rom. 8: 29 e 30; Ef. 1: 5 e 11. (Alguns manuscritos o trazem
também em Atos 4: 28 e 1 Cor. 2: 7). A palavra é formada de II (letra pi em grego) p 6 (pró), antes e o verbo
(horidzo) — definir,
limitar. Este verbo é usado em português
na palavra horizonte, como círculo limitante do campo da nossa observação.
Prooridzo pode ser traduzido por demarcar de antemão, ser determinado anteriormente.
A Hermenêutica e a Presdestinação
Três úteis princípios hermenêuticos ou interpretativos nos ajudarão a
compreender o problema da predestinação.
1o.) É a regra áurea da interpretação chamada por Orígenes de
“Analogia da Fé”. O texto deve ser interpretado através do conjunto das
Escrituras e nunca através de passagens
isoladas. Não podemos basear uma doutrina numa só passagem.
2o.) Para compreender bem uma passagem é preciso consultar as passagens
paralelas. São aquelas que tratam do mesmo assunto.
3o.) Observar bem o contexto. Ver o que vem antes e depois,
para saber de que o autor está tratando
Ilustremos com exemplos
bíblicos estes princípios, visando elucidar o assunto que estamos apresentando.
1o.)
Prov. 16: 4 — “O Senhor fez
todas as coisas para determinados fins, e até o perverso para o dia da
calamidade.”
Ecles. 7: 29... Deus fez o
homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.
Deus de modo algum é o
originador do mal, mas os que se tornam malvados por sua livre vontade, Deus os
destruirá.
2o.) O segundo princípio pode ser ilustrado com Rom. 9: 18 que
declara: “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe
apraz.”
Colocando ao lado as passagens paralelas de Sal. 18: 25 e 26 e Isa. 55: 7
sabemos com quem Deus quer ser misericordioso e com quem age com dureza. Estas
passagens nos afiançam que
com os benignos ele é benigno, mas
destruirá os perversos e impenitentes.
Êxodo 4: 21 e 7: 3 afirmam que Deus endureceu o coração de Faraó. Estas
passagens são citadas pelos defensores da predestinação. Temos aqui um
idiomatismo hebraico, ou seja o verbo usado não para expressar a execução de
algo, mas a permissão para fazer isso. Confira Êxo. 5:22 — “Ó Senhor, porque afligiste a este povo?” (isto é, toleraste que fosse
afligido).
Ademais as passagens
paralelas de Êxodo 7: 13, 22 e 8: 32 nos mostram que foi Faraó que endureceu o
seu próprio coração.
3o.) O contexto das
passagens de Romanos e Efésios que falam da predestinação é claro em nos
mostrar que todos fomos predestinados para a salvação. Paulo nos diz que Deus
através de Cristo nos predestinou para que fôssemos seus filhos por adoção.
Os gentios ficaram
admirados por serem atingidos pelo evangelho. Eles perguntavam: Por que só
agora lhes fora revelado este privilégio? Paulo lhes diz claramente que eles já
tinham sido destinados ou predestinados para serem participantes do evangelho.
Deus tem um propósito para este mundo e para cada pessoa
individualmente — Este propósito é que todos cheguem ao conhecimento da verdade e se salvem.
“Deus não deseja que alguém se perca” II Ped. 3:9.
Alguns afirmam: estava predestinado que Judas trairia a Cristo, por isso
ele não era livre para escolher.
A Bíblia não diz que estava predestinado que Judas o trairia. Embora a
morte de Cristo fosse pré-ordenada, Pilatos e Judas não precisariam ter sido
instrumentos dessa morte, eles eram livres para aceitá-lo ou colaborarem na sua
condenação.
O Espírito
de Profecia declara:
“O Salvador lia o coração de Judas. Sabia as profundezas de iniqüidade a
que, se o não livrasse a graça de Deus, havia ele de imergir. Abrisse ele o
coração a Cristo, e a graça divina baniria o demônio do egoísmo, e mesmo Judas
se poderia tornar um súdito do reino de Deus”. DTN, pág. 215.
Outra passagem muito
citada pelos calvinistas, para a dupla
predestinação é Rom. 9: 13. Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú. Afirmam:
Antes do nascimento, um é predestinado para a Salvação e outro para a
condenação. Esta é uma conclusão simplista e antibíbica.
Devemos atentar para estes dois pontos:
1o.) Esta citação de Paulo foi tirada de Malaquias 1: 2-3,
escrita mais ou menos 1.000 anos depois que eles viveram, portanto não é uma
profecia, mas sim fato histórico.
2o.) Malaquias não está
falando de Esaú e Jacó como duas pessoas, mas de dois povos
distintos: israelitas e edomitas. Jacó está representando o povo do concerto e
Esaú os incrédulos e inimigos de Deus. O aborrecimento de Deus por Esaú — ou
melhor pelos seus descendentes, foi após um milênio de paciência.
Paulo declara que Jacó foi escolhido para representar um papel de destaque na história do povo de Deus. Rom. 9:11-12.
Os versos 34 e 41 de Mat. 25 contradizem frontalmente a dupla predestinação
de Calvino.
Verso 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: “Vinde,
benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo.”
Isto sugere predestinação para a Salvação.
Verso 41 — “. . . Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.”
Se houvesse a dupla predestinação a afirmativa de Cristo seria - preparado para vós desde a fundação do mundo. O fogo
foi preparado para o diabo e seus anjos, não para o homem.
Outra declaração importante de Paulo, que precisa ser bem compreendida é a
de Rom. 9:22 e 23.
O verso 22 fala dos vasos de ira preparados para
a perdição, mas que Deus os suportou com
muita longanimidade.
No verso 23 há o relato dos vasos da glória preparados previamente. O comentário do
Púlpito em inglês chama-nos a atenção para uma palavra muito importante ao
interpretar estes versos, isto é, previamente.
A Bíblia nos prova de maneira inequívoca que os vasos da ira não foram
feitos por Deus para a destruição. Basta ler as passagens paralelas de Romanos 2: 4 e
5 onde Paulo nos fala que Deus trabalha para a Salvação do homem, mas o próprio
homem endurece o seu coração para o dia
da ira.
Em Adão todos são predestinados para a perdição. I Cor.15:22.
Em Cristo todos são predestinados para a salvação. S. João 1:12.
Provas Bíblicas Contra a
Predestinação Calvinista
Dentro as múltiplas citações escriturísticas, que contradizem o ensino satânico de Deus haver
predestinado pessoas para a perdição, as 10 seguintes devem ser destacadas,
por sua objetividade e clareza ímpar:
1a.) I Tim. 2: 4. “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade.”
O relato de Paulo aqui não admite divagações. Sua declaração nos leva a afirmar:
ninguém foi designado para a perdição.
2a.) II Ped. 3: 9 “. . . não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.”
É impossível,
harmonizar —
Deus não deseja que alguém se perca, com a idéia de Ele
escolher pessoas para serem destruídas.
3a.)
Apoc. 22:17 “. . . quem quiser receba de graça a água da
vida.”
Todos têm a
oportunidade, graças a Deus. Aqui entra em cena a vontade pessoal. Querer é um
verbo que indica vontade, portanto a pessoa escolhe: não aparece a imposição.
Maravilhoso é
o livre arbítrio concedido por Deus.
4a.)
São João 3:16 “... todo aquele que nele crê...” Deus decretou que todos os que aceitarem a
Cristo se salvem. Não decretou que todos devem aceitar a Salvação que Ele
oferece. Deus não força a vontade de ninguém.
5a.)
Ezeq. 18: 32 —
“Porque não tenho prazer na morte de
ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e vivei.”
Deus tem
prazer na salvação, nunca na perdição.
6a.)
Mat. 7: 21 —
“Nem todo o que me diz: Senhor. Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos
céus.”
Muitos não
serão salvos, porque não aceitam as condições
7a.)
Jer. 21: 8 —
“. . . Eis que ponho diante de vós o caminho
da vida e o caminho da morte.”
Para que dois
caminhos se a sorte de cada um já está traçada antes?
8a.)
Apoc. 2:10 –“. . . Sé fiel
até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.”
Vejam que a
salvação também depende de nós. Depende da nossa perseverança. Heb. 3:14.
9a.)
Atos 17: 30 – “. . . agora,
porém notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam.”
O convite a
todos para que se arrependam seria um escárnio ao nome de Deus se os homens não se pudessem arrepender. Paulo declara em
Tito 2: 11 que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.
10a.) I Tes. 5: 9 — “Porque
Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso
Senhor Jesus Cristo.”
Esta
declaração é muito significativa e seria suficiente para desmoronar o frágil
edifício dos calvinistas.
Após a leitura
destas passagens a nossa conclusão só pode ser esta: Deus não predestinou
que pessoa alguma se perca.
Eleição e Vocação
Intimamente
relacionadas com a predestinação se encontram a eleição e a vocação.
Vocação é o
chamado.
Eleição é a
escolha.
A Bíblia está
repleta de exemplos, de que a eleição, tanto de um povo como de
indivíduos, é para o serviço, para o desempenho de um papel no plano da
salvação, para ser uma bênção aos outros e não simplesmente como um privilégio.
Veja Gên. 12:2.
Israel foi
eleito como um povo para um especial serviço Deut. 4:37; 7:6-8.
Exemplos
bíblicos de pessoas eleitas para a execução de trabalho especial:
a) Moisés — Êxodo 3;
b) Os Sacerdotes — Deut.
18:5;
c) Os reis — I Sam. 10:24;
d) Os profetas — Jer. 1: 5;
e) Os apóstolos — São João 6: 70
Três verdades
não podem ser olvidadas quanto à eleição:
1o.
A eleição de Deus inclui todo o mundo. PP
207, 208;
DTN 615; I Tim.
2:4,6; II Cor. 5:14-15.
Deus não
elegeu ou predestinou apenas aqueles que eram dignos de Sua graça. Mas elegeu o
indigno. Ele elegeu o iníquo. Ele elegeu os seus inimigos. Rom. 5:6.
2o.) Deus nos escolhe para o serviço na base do
caráter e não em bases pessoais. Nós nos elegemos, quando pelo poder de Cristo
atingimos o padrão que ele estabelece. PP 208; SDABC, Vol. VII, pág. 944.
3o.~) A escolha de uma pessoa, não significa a
reieicão de outras. A escolha de Israel não significou a reieicão dos gentios.
Ao escolher Israel Deus desejava que por seu intermédio outras nações pudessem
ser participantes de sua graça.
Berkouwer, em seu notável livro, Divine
Election, escrito com a finalidade principal de combater a dupla
predestinação calvinista, nos informa que aprendeu nas Escrituras que o termo
bíblico para eleição não implica necessariamente na rejeição de outros.
Há um duplo propósito na eleição:
a) Para a salvação dos eleitos
—
Rom. 11: 7-11; II Tes.
b) Para a glória de Deus — Ef. 1:6, 12,
14.
Ilustração
A historieta de um velho preto, membro leigo, de parcos conhecimentos
teológicos, nos informa da nossa parte no problema da salvação:
“Bem,... há uma eleição onde Deus está votando a nosso favor e o
diabo votando para a nossa perdição, do lado em que pusermos o nosso voto,
esse ganhará a eleição.”
Comentando esta declaração
o famoso evangelista Wilbur Chapman declarou:
“Tenho feito um curso de teologia, sou graduado num seminário teológico,
mas nunca ouvi uma explicação tão boa como esta”.
Por que Condenamos a Predestinação Calvinista?
Além das provas bíblicas já apresentadas podem ainda ser adicionadas:
a) A debilidade da doutrina da
predestinação consiste em que ela destrói o livre arbítrio, que é uma
doutrina fundamental ensinada na Bíblia.
b) Atos 10: 34 e 35 — afirma que Deus
não faz acepção de pessoas. Se
predestinasse alguns para se salvarem e outros para se perderem, estaria
fazendo acepção de pessoas.
c) Se em Cristo há plena possibilidade de salvação para todos cai por
terra a doutrina gnóstica e calvinista da redenção limitada.
d) Ellen G. White faz bem claro em
Conflito dos Séculos pág. 279 — Que a
doutrina calvinista do duplo decreto divino havia conduzido muitos á rejeição
virtual da lei de Deus”.
e) Na conhecida Conferência Geral
de Mineápolis, em 1888 este assunto foi discutido e por orientação divina chegou-se à conclusão
seguinte: a predestinação calvinista não é defensável pela Bíblia, deve ser
rejeitada, desde que o homem é livre para escolher.
f) Deus decretou que todos os
que aceitarem a Cristo se salvem. Não decretou que todos devem aceitar a salvação que ele
oferece.
g) Podemos fazer a escolha segundo a nossa vontade. I Ped. 1: 2.
“Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do
Espírito para a obediência..
h) A salvação é nossa em Cristo. É preciso aceitar a Jesus Cristo para
receber a salvação. I João 5:11.
Os que estão com Ele são chamados os escolhidos, os fiéis.
Apoc. 17: 14.
Conclusão
Os adventistas
cremos:
“Que o
homem é livre para escolher ou rejeitar o oferecimento da salvação por meio de
Cristo não cremos que Deus tenha predestinado que alguns homens sejam
salvos e outros perdidos”. Questions on Doctrine. pág. 23.
Compreendida
em seu sentido positivo e bíblico a predestinação é algo sublime, é
confortadora para cada cristão, mas em seu sentido negativo, antibíblico,
calvinista pode levar ao fracasso na carreira cristã.
Passagens
bíblicas que falam de predestinação nos afirmam que fomos predestinados para a
Salvação, por meio de Jesus Cristo. Rendamos sempre louvores a Ele por este
sublime privilégio, que nos é oferecido graciosamente.
Nota
Dentre as
fontes consultadas a mais valiosa foi a Apostila Herança Teológica Protestante, Predestinação Bíblica do Prof. La
Rondelle.
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