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domingo, 17 de janeiro de 2016

TEXTOS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - A PREDESTINAÇÃO BÍBLICA - ESTAMOS JÁ PREDESTINADOS À SALVAÇÃO OU PERDIÇÃO?



A PREDESTINAÇÃO BÍBLlCA

COMO HARMONIZAR A LIBERDADE HUMANA

COM A DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO?

Antes do estudo do tema da Predestinação é necessário e muito útil o conhecimento de algumas idéias calvinistas e da con­testação que Arminio e seus seguidores lhes fizeram.

Vamos transcrevê-las do livro dos adventistas Questíons on Doctrine, pág. 402 e seguintes, também traduzidas no Minis­tério Adventista, janeiro-fevereiro, 1970, págs. 19-21.

Cinco pontos da Predestinação Calvinista.

Em 1537, na obra Instruction in Faith (Paulo T. Fuhrmann, 1949, pág. 36), João Calvino declarou:

“Ora, a semente da Palavra de Deus só se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor, por Sua eleição eterna predestinou para serem filhos e herdeiros do reino celestial. Para todos os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação do mundo) a clara e evidente pregação da ver­dade só pode ser um cheiro de morte para morte”.

Em 1610 foram apresentados aos Estados Gerais da Holanda os famosos cinco pontos essênciais na teologia calvinista, expos­tos da seguinte maneira:

1.  Que Deus (como alguns asseveraram), por um decreto eterno e irrevogável, ordenou alguns dentre os homens (a quem Ele não considerava criados; muito menos caídos) para a vida eter­na: e alguns (que eram por grande diferença a maior parte) para a perdição eterna, sem qualquer consideração a sua obediência ou desobediência, a fim de manifestar tanto a Sua justiça como a Sua misericórdia; de tal modo que as pessoas por Ele destinadas á salvação devem forçosa e inevitavelmente ser salvas, e as demais devem forçosa e inevitavelmente ser condenadas.

2.  - Que Deus (como outros ensinaram) considerou a huma­nidade não só como criada, mas também como caída em Adão, e conseqüentemente, sujeita à maldição; tendo Ele determinado li­vrar alguns dessa queda e destruição e salvá-los como exemplos de Sua misericórdia; e deixar outros, até mesmo filhos do con­certo, sob a maldição, como exemplos de Sua justiça, sem qual­quer consideração a crença ou descrença. Com essa finalidade, Deus usou também certos meios pelos quais os eleitos fossem ne­cessariamente salvos e os réprobos fossem necessariamente con­denados.

3. - Que, por conseguinte Jesus Cristo o Salvador do mundo, não morreu por todos os homens, mas somente pelos que fo­ram eleitos de acordo com a primeira ou a segunda forma.

4.  - Que, portanto, o Espírito de Deus e Cristo atuaram nos eleitos com força irresistível a fim de compelí-los à crença e à sal­vação, mas que aos réprobos não foi dada necessária e suficiente  graça..

5.  - “Que aqueles que uma vez obtiveram verdadeira fé ja­mais poderiam perdê-la por completo ou terminantemente”. A.

W. Harrison, The Beginnings of Arminianism (1926), págs. 149 e 150.

Esse ponto de vista, porém, não se originou com Calvino. Mil anos antes, de acordo com G. F. Wiggers, Agostinho expres­sou a mesma idéia:

“Agostinho  introduziu  no sistema eclesiástico diversas idéias inteiramente novas. . . . Entre elas encontravam-se a gra­ça irresistível, absoluta predestinação e a limitação aos eleitos da redenção por meio de Cristo”. An Historical Presentation of Augustinism and Pelagianism, pág. 368.


Refutação Elaborada Pelo Arminianismo

Em oposição e esses pontos de vista, Armínio e seus colabo­radores elaboraram uma refutação que apresenta cinco argumentos contrários. Mais tarde eles se tornaram a síntese do que se conhe­cia por arminianismo. Eram os seguintes:

1.- Que Deus por meio de um decreto eterno e imutável em Cristo, antes de existir o mundo, determinou eleger para a vida eterna dentre a caída e pecaminosa raça humana os que por intermédio de Sua graça crêem em Jesus Cristo e perseveram na fé e na obediência; e, pelo contrário, resolveu rejeitar os impeni­tentes e descrentes, para condenação eterna (5. João 3: 36).

2. - Que, em conseqüência disto, Cristo, o Salvador do mun­do, morreu por todos os homens, de modo que obteve, pela mor­te na cruz, reconciliação e perdão do pecado para todos os homens; de tal forma, porém, que só os fiéis a desfrutaram em rea­lidade (S. João 3:16; I S. João 2:2).

3. - Que o homem não podia obter fé salvadora por si mes­mo ou em virtude de seu próprio livre arbítrio, mas precisava da

graça de Deus por meio de Cristo para renovar-se em pensamento e vontade (5. João 15:5),

4. Que essa graça constitui a causa do início, do desenvol­vimento e da conclusão da salvação do homem; de maneira que ninguém poderia crer ou perserverar na fé sem essa graça coope­rante, e, conseqüentemente, que todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Todavia, quanto à sua ma­neira de operar, essa graça não é irresistível (Atos 7: 51).

5. - Que os verdadeiros crentes possuíam suficiente poder, mediante a graça divina, para batalhar contra Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e alcançar a vitória sobre eles; mas, para que pela negligência não apostatassem da verdadeira fé. per­dessem a felicidade de uma boa consciência e fossem privados dessa graça, deveriam investigá-la mais cabalmente em conformi­dade com a Escritura Sagrada, antes de começar a ensiná-la”. Harrison, ap. cit., págs. 150 e 151.

Essa controvérsia, que foi ativada por Armínio em 1603, atingiu o ponto culminante no Sínodo de Dort, em 1618 e 1619, e teve amplas conseqüências. Os seus efeitos se fizeram sentir não somente na igreja holandesa, mas as divisões alemã, suíça, escoce­sa, inglesa e francesa, da igreja cristã, também participaram dessa controvérsia ou se dividiram por sua causa. Desde então, o armi­níanismo se tornou o termo usado para exprimir conceitos teoló­gicos contrários ao calvinismo. Entretanto, os seguidores de Armí­nio foram mais além em suas declarações do que o seu próprio mestre. Com efeito, ele ficaria surpreso e até indignado se pude-se ler as interpretações teológicas de alguns que têm sido classifi­cados como arminianos. E o mesmo se pode dizer no tocante aos adeptos de Calvino. Parece até que o calvinismo atual sofreu maio­res modificações que o arminíanísmo. 

A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é calvinista nem totalmente arminiana em sua teologia. Reconhecendo os méritos de ambos esses sistemas, procuramos assimilar o que nos parece ser o claro ensino da Palavra de Deus. Embora creiamos que João Calvi­no foi um dos maiores reformadores protestantes, não adotamos a idéia de que algumas pessoas “são predestinadas para a morte eterna sem qualquer demérito de sua parte, simplesmente por cau­sa da soberana vontade de Deus” (Calvino, Institutes, Livro 3, cap. 23, § 2). Ou que os homens “não são todos criados com o mesmo destino; mas a vida eterna é preordenada para alguns, e, para outros, a condenação eterna” (Idem, Livro 3, cap. 21, § 5).

Pelo contrário, cremos que a salvação é acessível a todo e qualquer membro da raça humana, pois “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (5. João 3: 16). Exultamos com o apóstolo Paulo porque “antes da fundação do mundo” (Efés. 1: 4)  Deus resolveu suprir a necessidade do ho­mem, se ele pecasse. Esse “eterno propósito” abrangia a encarnação de Deus em Cristo, a vida sem pecado e a morte expiatória de Cristo, Sua ressurreição dentre os mortos e o Seu ministério se­cerdotal no Céu, o qual culminará nos grandiosos aspectos do julgamento.

Cremos que nosso ensino a respeito do assunto do julgamen­to está inteiramente de acordo com a Bíblia e é a conclusão ló­gica e inevitável de nosso conceito acerca do livre arbítrio. Temos a convicção de que, como indivíduos, cada um de nós é responsá­vel perante Deus. Declara o apóstolo Paulo: “Todos comparece­remos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por Minha vida, diz o Senhor, diante de Mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”. Rom. 14:10-12.


Livre Arbítrio e Predestinação


Afirma a Bíblia que há livre arbítrio liberdade de escolha e ao mesmo tempo predestinação?

Que a palavra de Deus declara que o homem é livre para es­colher ninguém duvida, mas se ela também fala em predestinação, é necessário saber a que predestinação se refere.

A Bíblia não se contradiz, não pode apresentar doutrinas an­tagônicas, portanto não pode ensinar o livre arbítrio e a predesti­nação calvinista.

Que é livre arbítrio?

Livre arbítrio é um princípio escriturístico que declara que o homem é livre para tomar decisões. para decidir a questão do seu destino.

Que é predestinação?

Predestinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico.

No consenso do povo é crer que Deus traçou um plano para a nossa vida e devemos segui-lo sem o direito da escolha. Em ou­tras palavras somos autômatos desempenhando um papel pre­viamente estabelecido por Deus.

Calvino, ampliando idéias já antes defendidas por Santo Agos­tinho, afirmou que desde a antiguidade Deus estabeleceu dois de­cretos: Um selecionando um grupo para a salvação ou vida eterna e um outro decreto selecionando aqueles que serão destruídos, O próprio Calvino qualificou-o como terrível decreto de Deus.

Estaria este ensino em harmonia com as doutrinas bíblicas? De modo nenhum. Porque a dupla predestinação ensina que se não fomos arbitrariamente escolhidos para a salvação, não há es­perança, mesmo que almejemos ardentemente esta graça. A Bíblia não diz isto.

 Predestinação bíblica, seria o decreto de Deus que possibi­lita a salvação a todos os que aceitarem a Cristo.
Os adventistas não temos pregado e escrito o suficiente so­bre este magno assunto. Creio ser nosso dever compreendê-lo me­lhor e expô-lo com clareza aos outros, embora reconhecendo, que ele é complexo, e em alguns aspectos transcende a nossa limitada compreensão.

Disse Russel Norman Champlin em O Novo Testamento In­terpretado Versículo por Versículo: “As questões relativas á pre­destinação e à eleição não podem ser explicadas por raciocínio humanos”.

Concordamos   —      Elas são explicadas pelo raciocínio divino, isto é, pela Palavra de Deus.

“A doutrina da predestinação de uns para o bem e a felicida­de e de outros para o mal e a infelicidade, parece ter nascido da necessidade de alguns teólogos de conciliarem a misericórdia com a Justiça Divina. Deus é justo com os que predestina ao mal e misericordioso com os que predestina para a salvação.  As passa­gens de Isaías 1: 27 e Rom. 3: 25 negam que a misericórdia e a justiça sejam atributos divinos distintos; Deus não é metade mi­sericórdia e metade justiça, mas inteiramente misericórdia e in­teiramente justica”. -— Hans K. La Hondelle, Apostila Predesti­nação Bíblica.

Em que passagens e fatos bíblicos se baseiam os defensores da predestinação divina para a perdição?

As passagens mais enfáticas para eles são:

Prov. 16:4; Rom. 9:18; 8: 29 e 30; Ef. 1:5, 11.  Leitores apressados da Bíblia, deslocando, às vezes, estas passagens do seu contexto, concluíram, que Deus arbitrariamente predestinou al­gumas pessoas para serem salvas e outras para se perderem.

Dentre os fatos mais citados estes se destacam:
        a)     O endurecimento do coração de Faraó,
        b)     Judas predestinado para trair a Jesus
        c)      A declaração de Rom. 9: 13: Amei a Jacó. porém me aborreci de Esaú.

A palavra predestinação não aparece na Bíblia, mas o verbo predestinar em grego  “proorizo”, é empregado quatro vezes, isto é, em Rom. 8: 29 e 30; Ef. 1: 5 e 11. (Alguns manuscritos o tra­zem também em Atos 4: 28 e 1 Cor. 2: 7). A palavra é formada de II (letra pi em grego) p 6 (pró), antes e o verbo           (horidzo) definir, limitar.  Este verbo é usado em português na palavra horizonte, como cír­culo limitante do campo da nossa observação. Prooridzo pode ser traduzido por demarcar de antemão, ser determinado anterior­mente.


A Hermenêutica e a Presdestinação


Três úteis princípios hermenêuticos ou interpretativos nos ajudarão a compreender o problema da predestinação.

1o.) É a regra áurea da interpretação chamada por Orígenes de “Analogia da Fé”. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e  nunca através de passagens isoladas. Não podemos basear uma doutrina numa só passagem.

2o.)  Para compreender bem uma passagem é preciso consul­tar as passagens paralelas. São aquelas que tratam do mesmo assunto.

3o.) Observar bem o contexto. Ver o que vem antes e de­pois, para saber de que o autor está tratando


Ilustremos com exemplos bíblicos estes princípios, visando elucidar o assunto que estamos apresentando.

1o.) Prov. 16: 4 “O Senhor fez todas as coisas para de­terminados fins, e até o perverso para o dia da calamidade.”

Ecles. 7: 29...  Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.

Deus de modo algum é o originador do mal, mas os que se tornam malvados por sua livre vontade, Deus os destruirá.

2o.) O segundo princípio pode ser ilustrado com Rom. 9: 18 que declara: “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.”

Colocando ao lado as passagens paralelas de Sal. 18: 25 e 26 e Isa. 55: 7 sabemos com quem Deus quer ser misericordioso e com quem age com dureza. Estas passagens nos afiançam que
com os benignos ele é benigno, mas destruirá os perversos e impenitentes.

Êxodo 4: 21 e 7: 3 afirmam que Deus endureceu o coração de Faraó. Estas passagens são citadas pelos defensores da predes­tinação. Temos aqui um idiomatismo hebraico, ou seja o ver­bo usado não para expressar a execução de algo, mas a permissão para fazer isso. Confira Êxo. 5:22 “Ó Senhor, porque afligis­te a este povo?” (isto é, toleraste que fosse afligido).

Ademais as passagens paralelas de Êxodo 7: 13, 22 e 8: 32 nos mostram que foi Faraó que endureceu o seu próprio coração.

3o.)   O contexto das passagens de Romanos e Efésios que fa­lam da predestinação é claro em nos mostrar que todos fomos predestinados para a salvação. Paulo nos diz que Deus através de Cristo nos predestinou para que fôssemos seus filhos por adoção.

Os gentios ficaram admirados por serem atingidos pelo evan­gelho. Eles perguntavam: Por que só agora lhes fora revelado este privilégio? Paulo lhes diz claramente que eles já tinham sido des­tinados ou predestinados para serem participantes do evangelho.

Deus tem um propósito para este mundo e para cada pessoa individualmente — Este propósito é que todos cheguem ao conhe­cimento da verdade e se salvem. “Deus não deseja que alguém se percaII Ped. 3:9.

Alguns afirmam: estava predestinado que Judas trairia a Cris­to, por isso ele não era livre para escolher.

A Bíblia não diz que estava predestinado que Judas o trai­ria. Embora a morte de Cristo fosse pré-ordenada, Pilatos e Ju­das não precisariam ter sido instrumentos dessa morte, eles eram livres para aceitá-lo ou colaborarem na sua condenação.

O Espírito de Profecia declara:

“O Salvador lia o coração de Judas. Sabia as profundezas de iniqüidade a que, se o não livrasse a graça de Deus, havia ele de imergir. Abrisse ele o coração a Cristo, e a graça divina baniria o demônio do egoísmo, e mesmo Judas se poderia tornar um sú­dito do reino de Deus”. DTN, pág. 215.

Outra passagem muito citada pelos calvinistas,  para a dupla predestinação é Rom. 9: 13. Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú. Afirmam: Antes do nascimento, um é predestinado pa­ra a Salvação e outro para a condenação. Esta é uma conclusão simplista e antibíbica.

Devemos atentar para estes dois pontos:

1o.) Esta citação de Paulo foi tirada de Malaquias 1: 2-3, escrita mais ou menos 1.000 anos depois que eles viveram, por­tanto não é uma profecia, mas sim fato histórico.

2o.) Malaquias não está falando de Esaú e Jacó como duas pessoas, mas de dois povos distintos: israelitas e edomitas. Jacó está representando o povo do concerto e Esaú os incrédulos e inimigos de Deus. O aborrecimento de Deus por Esaú —  ou melhor pelos seus descendentes, foi após um milênio de paciência.

Paulo declara que Jacó foi escolhido para representar um papel de destaque na história do povo de Deus. Rom. 9:11-12.

Os versos 34 e 41 de Mat. 25 contradizem frontalmente a dupla predestinação de Calvino.

Verso 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direi­ta: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”

Isto sugere predestinação para a Salvação.

Verso 41 — “. . . Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.”

Se houvesse a dupla predestinação a afirmativa de Cristo se­ria - preparado para vós desde a fundação do mundo. O fogo foi preparado para o diabo e seus anjos, não para o homem.

Outra declaração importante de Paulo, que precisa ser bem compreendida é a de Rom. 9:22 e 23.

O verso 22 fala dos vasos de ira preparados para a perdição, mas que Deus os suportou com muita longanimidade.

No verso 23 há o relato dos vasos da glória preparados pre­viamente. O comentário do Púlpito em inglês chama-nos a atenção para uma palavra muito importante ao interpretar estes ver­sos, isto é, previamente.

A Bíblia nos prova de maneira inequívoca que os vasos da ira não foram feitos por Deus para a destruição. Basta ler as passagens paralelas de Romanos 2: 4 e 5 onde Paulo nos fala que Deus trabalha para a Salvação do homem, mas o próprio homem endurece o seu coração para  o dia da ira.
                 
Em Adão todos são predestinados para a perdição. I Cor.15:22.

Em Cristo todos são predestinados para a salvação. S. João 1:12.


Provas Bíblicas Contra a Predestinação Calvinista


Dentro as múltiplas citações escriturísticas, que contradizem o ensino satânico de Deus haver predestinado pessoas para a per­dição, as 10 seguintes devem ser destacadas, por sua objetividade e clareza ímpar:

1a.) I Tim. 2: 4. “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.”

O relato de Paulo aqui não admite divagações. Sua declara­ção nos leva a afirmar: ninguém foi designado para a perdição.


2a.) II Ped. 3: 9 “. . . não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.”

É impossível, harmonizar —     Deus não deseja que alguém se perca, com a idéia de Ele escolher pessoas para serem des­truídas.

3a.) Apoc. 22:17  “. . . quem quiser receba de graça a água da vida.”

Todos têm a oportunidade, graças a Deus. Aqui entra em ce­na a vontade pessoal. Querer é um verbo que indica vontade, portanto a pessoa escolhe: não aparece a imposição.

Maravilhoso é o livre arbítrio concedido por Deus.

4a.) São João 3:16 “... todo aquele que nele crê...”   Deus decretou que todos os que aceitarem a Cristo se salvem. Não de­cretou que todos devem aceitar a Salvação que Ele oferece. Deus não força a vontade de ninguém.

5a.) Ezeq. 18: 32 —    “Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e vivei.”

Deus tem prazer na salvação, nunca na perdição.

6a.) Mat. 7: 21 —      “Nem todo o que me diz: Senhor. Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.”

Muitos não serão salvos, porque não aceitam as condições


7a.) Jer. 21: 8 —   “. . . Eis que ponho diante de vós o cami­nho da vida e o caminho da morte.”

Para que dois caminhos se a sorte de cada um já está traçada antes?


8a.) Apoc. 2:10 –“. . . Sé fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.”

Vejam que a salvação também depende de nós. Depende da nossa perseverança. Heb. 3:14.

9a.) Atos 17: 30 – “. . . agora, porém notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam.”

O convite a todos para que se arrependam seria um escárnio ao nome de Deus se os homens não se pudessem arrepender. Pau­lo declara em Tito 2: 11 que a graça de Deus se manifestou salva­dora a todos os homens.

10a.)  I Tes. 5: 9 —             “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.”

Esta declaração é muito significativa e seria suficiente para desmoronar o frágil edifício dos calvinistas.

Após a leitura destas passagens a nossa conclusão só pode ser esta: Deus não predestinou que pessoa alguma se perca.


Eleição e Vocação


Intimamente relacionadas com a predestinação se encontram a eleição e a vocação.

Vocação é o chamado.
Eleição é a escolha.

A Bíblia está repleta de exemplos, de que a eleição, tanto de um povo como de indivíduos, é para o serviço, para o desempenho de um papel no plano da salvação, para ser uma bênção aos outros e não simplesmente como um privilégio. Veja Gên. 12:2.

Israel foi eleito como um povo para um especial serviço  Deut. 4:37; 7:6-8.

Exemplos bíblicos de pessoas eleitas para a execução de trabalho especial:

a)     Moisés —   Êxodo 3;

b)     Os Sacerdotes —    Deut. 18:5;

c)     Os reis —    I Sam. 10:24;

d)     Os profetas —     Jer. 1: 5;

e)     Os apóstolos —     São João 6: 70

Três verdades não podem ser olvidadas quanto à eleição:

1o. A eleição de Deus inclui todo o mundo. PP 207, 208;

DTN 615; I Tim. 2:4,6; II Cor. 5:14-15.
Deus não elegeu ou predestinou apenas aqueles que eram dignos de Sua graça. Mas elegeu o indigno. Ele elegeu o iníquo. Ele elegeu os seus inimigos. Rom. 5:6.

2o.)   Deus nos escolhe para o serviço na base do caráter e não em bases pessoais. Nós nos elegemos, quando pelo poder de Cris­to atingimos o padrão que ele estabelece. PP 208; SDABC, Vol. VII, pág. 944.

3o.~) A escolha de uma pessoa, não significa a reieicão de ou­tras. A escolha de Israel não significou a reieicão dos gentios. Ao escolher Israel Deus desejava que por seu intermédio outras nações pudessem ser participantes de sua graça.

Berkouwer, em seu notável livro, Divine Election, escrito com a finalidade principal de combater a dupla predestinação calvinis­ta, nos informa que aprendeu nas Escrituras que o termo bíblico para eleição não implica necessariamente na rejeição de outros.

Há um duplo propósito na eleição:

a) Para a salvação dos eleitos  —      Rom. 11: 7-11; II Tes.


b) Para a glória de Deus —    Ef. 1:6, 12, 14.


Ilustração


A historieta de um velho preto, membro leigo, de parcos co­nhecimentos teológicos, nos informa da nossa parte no problema da salvação:

“Bem,... há uma eleição onde Deus está votando a nosso favor e o diabo votando para a nossa perdição, do lado em que puser­mos o nosso voto, esse ganhará a eleição.”

Comentando esta declaração o famoso evangelista Wilbur Chapman declarou:

“Tenho feito um curso de teologia, sou graduado num semi­nário teológico, mas nunca ouvi uma explicação tão boa como esta”.


Por que Condenamos a Predestinação Calvinista?


Além das provas bíblicas já apresentadas podem ainda ser adicionadas:

a)     A debilidade da doutrina da predestinação consiste em que ela destrói o livre arbítrio, que é uma doutrina funda­mental ensinada na Bíblia.

b)     Atos 10: 34 e 35 —        afirma que Deus não faz acepção de pessoas. Se predestinasse alguns para se salvarem e outros para se perderem, estaria fazendo acepção de pessoas.

c) Se em Cristo há plena possibilidade de salvação para to­dos cai por terra a doutrina gnóstica e calvinista da redenção limitada.

d)     Ellen G. White faz bem claro em Conflito dos Séculos pág. 279 —     Que a doutrina calvinista do duplo decreto divino ha­via conduzido muitos á rejeição virtual da lei de Deus”.

e)     Na conhecida Conferência Geral de Mineápolis, em 1888 este assunto foi discutido e por orientação divina chegou-se à con­clusão seguinte: a predestinação calvinista não é defensável pela Bíblia, deve ser rejeitada, desde que o homem é livre para escolher.

f)      Deus decretou que todos os que aceitarem a Cristo se salvem. Não decretou que todos devem aceitar a salvação que ele oferece.

g) Podemos fazer a escolha segundo a nossa vontade. I Ped. 1: 2.

Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito para a obediência..

h) A salvação é nossa em Cristo. É preciso aceitar a Jesus Cristo para receber a salvação. I João 5:11.

Os que estão com Ele são chamados os escolhidos, os fiéis. Apoc. 17: 14.

Conclusão



Os adventistas cremos:

Que o homem é livre para escolher ou rejeitar o oferecimen­to da salvação por meio de Cristo não cremos que Deus tenha pre­destinado que alguns homens sejam salvos e outros perdidos”. Questions on Doctrine. pág. 23.

Compreendida em seu sentido positivo e bíblico a predesti­nação é algo sublime, é confortadora para cada cristão, mas em seu sentido negativo, antibíblico, calvinista pode levar ao fracas­so na carreira cristã.

Passagens bíblicas que falam de predestinação nos afirmam que fomos predestinados para a Salvação, por meio de Jesus Cris­to. Rendamos sempre louvores a Ele por este sublime privilégio, que nos é oferecido graciosamente.



Nota

Dentre as fontes consultadas a mais valiosa foi a Apostila Herança Teológica Protestante, Predestinação Bíblica do Prof. La Rondelle.

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