A elite do templo
Os saduceus faziam parte da classe dominante que decidiu matar Jesus
“Os Saduceus eram os homens de confiança na manutenção da ordem
e dos interesses romanos na Judéia; em troca, o poderio romano mantinha seu
status social, econômico, político e religioso”
Reinaldo W. De Seiqueira, Ph.D., em
Antigo Testamento pela Andrews University (E.U.A)e professor de Línguas e
Exegese Bíblicas e de AT no Seminário Latino –Americano de Teologia em
Engenheiro Coelho, SP.
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o lermos o Novo Testamento, somos
confrontados com diferentes grupos políticos e religiosos da sociedade judaica
daqueles tempos. Entre estes grupos, encontramos os “saduceus”. Conhece-los e
saber no que acreditavam é importante para a compreensão da história do Novo
Testamento.
Algumas informações básicas são encontradas no próprio Novo Testamento:
(1) o Sinédrio, a suprema corte político-religiosa de 71 membros que dirigia a
nação judaica, na época, era composto em boa parte pelos saduceus (o outro
grupo majoritário do Sinédrio era o dos fariseus); (2) os saduceus estavam
diretamente ligados ao templo de Jerusalém; (3) a mais destacada
característica dos saduceus era a descrença na ressurreição dos mortos e na
existência dos anjos e Outros seres espirituais (Atos 23:8); (4) os Evangelhos
e o livro de Atos nos apresentam os saduceus como os mais acérrimos inimigos
de Jesus e dos Seus discípulos.
O último ponto é interessante.
Nenhuma referência “positiva” é encontrada em relação aos saduceus. Antes, sob
a liderança do sumo sacerdote e de seus associados, os vemos em conflito com
Jesus e Seus discípulos, e na liderança dos planos e das ações
para tirar-Lhe a vida. Já em relação aos fariseus encontramos referências a
alguns simpatizantcs dos cristãos e de sua mensagem (como Gamaliel), e a
fariseus que aceitaram o evangelho e se tornaram membros da comunidade cristã
primitiva (como
Nicodemos, Paulo e outros).
A origem do
nome “saduceu” é muito
discutida entre os especialistas, sem se chegar a um consenso. A idéia mais
aceita, no entanto, é que seria urna referência direta ao sacerdote Sadoque, que ministrava nos dias do
rei Davi (2o. Sarn. 8:17) e cuja linhagem assumiu o sumo sacerdócio
desde o tempo de Salomão.
As poucas
informações históricas que ternos dos saducetms indicam que a maioria deles
pertencia à alta classe da aristocracia judaica. Estavam ligados ao sumo
sacerdote e à sua família, por vínculos matrimoniais ou por associação
religiosa e política. Eles formavam a maioria dos membros do Sinédrio, sendo o
sumo sacerdote o presidente. Estavam na direção do templo de Jerusalém e também
ocupavam os altos cargos políticos na época.
A posição e os interesses políticos dos saduceus esclarecem várias de suas
atitudes e situações peculiares descritas no Novo Testamento. Pode-se
compreender, por exemplo, a razão das referências a Anãs e Caifás como sendo ambos sumo sacerdotes
(Luc. 3:2) — algo
impossível pela lei bíblica e judaica. O sumo sacerdócio era um posto
vitalício. Só após a morte do titular poderia o novo sumo sacerdote assumir. Na
época, o posto do sumo sacerdócio era diretamente controlado pelos romanos,
que depunham e instituíam a quem quisessem e quando quisessem. Flávio Josefo,
o antigo historiador judeu, enumerou 28 sumo sacerdotes para o penodo de 100
anos desde o reinado de Herodes até a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
Os saduceus eram geralmente os homens de confiança na manutenção da ordem e
dos interesses romanos na Judéia. Em troca, o poderio romano mantinha seu status social, econômico, político e religioso. Assim, eles estavam entre os
primeiros e mais tenazes combatentes de qualquer ameaça, real ou insinuada, à
soberania romana na região. E sob esta luz que João apresenta os planos do
Sinédrio de eliminar Jesus. “Se O deixarmos assim”, disseram, “todos crerão
nEle; depois virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria
nação” (João 11:48). No julgamento de Jesus, foram os principais promotores e
se apressaram a entregá-Lo a Pilatos.
Com a destruição de Jerusalém e do templo
pelos romanos, no ano 70 dc., e a subseqüente dispersão dos judeus que viviam
na Judéia, o partido dos saduceus acabou.
Sinais dos Tempos Novembro-
Dezembro/2001
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