YOM KIPUR
O Yom Kipur é chamado em inglês Day of
Atonement (Dia da Expiação) e, em português, dia do perdão. Ambas as
denominações estão corretas, embora as palavras "expiação" e
"perdão" não signifiquem a mesma coisa. A palavra "kipur"
contém ambos os sentidos: expiação, que significa a remissão dos pecados por
parte do pecador, e perdão, que representa o perdão do pecado por D`us.
A origem e o significado desse dia
encontra-se na Torá, em
Vayikrá (Levíticos) 16:30-31: "Porque neste dia far-se-á
expiação por vós, para purificar-vos, e de todos os vossos pecados sereis
purificados perante o Eterno. É um shabat solene para vós, e afligireis as
vossas almas; isto é estatuto perpétuo."
O significado literal de “far-se-á
expiação por vós", no contexto da Torá, é que, enquanto o Templo existiu,
o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), fazia expiação por Israel inteiro nesse dia,
como representante do povo de Israel, como símbolo do Mashiach. As palavras
"é estatuto perpétuo" mostram-nos claramente que, ainda que não exista
mais templo, nem Sumo Sacerdote, a expiação continua a ser feita por nós.
As palavras "é um sábado solene para
vós, e afligireis as vossas almas" mostra-nos que todas as leis que se
aplicam ao Shabat, com referência ao trabalho etc., aplicam-se também ao Yom
Kipur, e que devemos afligir nossas almas pelo jejum. É necessário que isso
seja bem enuciado porque comumente é proibido jejuar no Shabat. Isto explica
porque o jejum de Yom Kipur é mantido mesmo quando o dia santo coincide com um
Shabat, enquanto todos os outros dias de jejum, quando coincidem com o Shabat,
são adiados para o dia seguinte, domingo.
YOM KIPPUR NO TEMPLO SAGRADO
Sete dias antes do Dia da Expiação, o Sumo
Sacerdote era levado de sua casa e colocado na Câmara dos Conselheiros, e outro
sacerdote ficava de sobreaviso para assumir seu lugar, no caso de acontecer-lhe
algo que o tornasse impróprio para o Serviço.
Era deixado aos cuidados dos anciãos do
Bet Din, Tribunal Rabínico, que liam perante ele a ordem do dia (para torná-lo
bem versado no Serviço). Diziam-lhe eles: "Meu Senhor Sumo Sacerdote,
recite com sua própria boca, para que não seja esquecido, ou se nunca o
aprendeu."
Na véspera do Dia de Expiação pela manhã,
eles o faziam ficar de pé no Portão Ocidental, e passavam por ele bois,
carneiros e ovelhas, para que adquirisse conhecimento e se tornasse versado no
Serviço.
Durante todos os sete dias não lhe eram
negados água e alimento; mas na véspera do Dia de Expiação, quando anoitece,
não lhe permitiam comer bastante, pois a comida induz ao sono. Os anciãos da
Corte o entregavam aos anciãos do Sacerdócio, e estes o levavam à Casa de
Abtinas (no pavimento superior do Bet Hamicdash, Templo Sagrado, no lado sul da
"Corte dos Sacerdotes").
Faziam-no jurar de que realizaria o
Serviço de acordo com a tradição, e antes de deixá-lo, diziam sobre ele:
"Meu Senhor Sumo Sacerdote, somos representantes da Corte, e o senhor é
nosso representante. Nós lhe suplicamos por Ele, que fez Seu nome habitar nesta
Casa, para que não altere nada daquilo que lhe dissemos." Ele voltava-se
de lado e chorava, e eles voltavam-se de lado e choravam (pois uma suspeita
fora lançada sobre ele).
Se ele fosse um Sábio, costumava explicar
as Escrituras, e caso não fosse, os Sábios costumavam explicá-la perante ele.
Se era versado na leitura das Escrituras, lia, e se não o fosse, eles liam
perante ele (para distrair-lhe a mente e impedi-lo de dormir). E que parte liam
perante ele? Iyov, Ezra e Divrê-Hayamim.
Zecharia ben Kebutal disse: "Muitas
vezes eu li perante ele, do livro de Daniel." Se ele estivesse com
aparência sonolenta, jovens membros do sacerdócio ergueriam o dedo médio
perante ele e lhe diziam: "Meu Senhor Sumo Sacerdote, levante-se e afaste
o sono de uma vez caminhando sobre o chão frio." E costumavam distraí-lo
até que a hora do sacrifício se aproximasse. Fazia-se um sorteio para dividir
os serviços sagrados entre os sacerdotes.
O oficial encarregado dizia-lhe: "Vá
e veja se chegou a hora do sacrifício. Se tivesse chegado, aquele que a vira
proclamava: "Barkai!" (O dia amanheceu!).
O Sumo Sacerdote era levado ao local de
imersão. Neste dia o Sumo Sacerdote imergia cinco vezes, e dez vezes ele
purificava suas mãos e pés. Eles esticavam um lençol de linho entre ele e o
povo. Ele despia as roupas, descia e mergulhava, saía e secava-se. Traziam-lhe
vestes de ouro e ele as vestia, e santificava suas mãos e pés. Traziam a ele o
Tamid, Oferenda Diária Completa. Ele fazia a incisão e outro completava a
oferenda em seu nome. Ele ia para o interior para queimar o incenso matinal e
para cuidar das lamparinas.
Traziam-no à câmara dentro da Corte do
Templo Sagrado. Esticavam um lençol de linho entre ele e o povo. Ele
santificava suas mãos e pés e despia as roupas. Descia e mergulhava, saía e
secava-se. Traziam-lhe vestes brancas; ele as envergava e santificava suas mãos
e pés. Pela manhã, era vestido em linho, e na parte da tarde em linho indiano.
Isto era pago com fundos públicos, e se ele desejasse gastar mais, podia
fazê-lo às suas próprias custas.
Aproximava-se de seu novilho, que estava
de pé entre o Salão e o Altar, a cabeça para o lado sul e a face voltada para
oeste. E o Sumo Sacerdote ficava a leste com a face voltada para oeste; e
colocava as mãos sobre ele e fazia uma confissão. Ele costumava dizer: "Ó
D'us, cometi iniqüidade, transgredi e pequei perante Ti, eu e minha casa. Ó D'us,
perdoa as iniqüidades e transgressões e pecados que cometi e transgredi perante
Ti, eu e minha casa, como está escrito na Torá de Teu servo Moshê: 'Pois neste
dia a expiação deve ser feita para te purificar; de todos teus pecados perante
D'us deves ser limpo'".
Todos os sacerdotes e o povo que ficava de
pé na Corte, ao ouvirem o Nome glorioso, inefável e inspirador pronunciado pelo
Sumo Sacerdote com santidade e pureza, ajoelhavam-se e prostravam-se sobre suas
faces, dizendo: "Bendito seja o Nome de Sua gloriosa Majestade para todo o
sempre."
Após terminar o serviço do dia,
traziam-lhe suas próprias roupas e o acompanhavam até sua casa. Ele então
reunia todos seus amigos para celebrar sua saída do Santuário sem nenhum
problema.
O Machzor, livro de rezas de Rosh Hashaná
e Yom Kipur, descreve:
"Como era glorioso o Sumo Sacerdote,
quando deixa a salvo o Santuário...
Semelhante à abóbada expandida do céu, era o semblante do Sacerdote...
Como a aparência do arco-íris no meio de uma nuvem...
Como a rosa em meio a um maravilhoso jardim...
Como a ternura que paira sobre a face de um noivo...
Como os sinos de ouro nas franjas do manto...
Como o aspecto do sol nascente sobre a terra...
Feliz o olho que viu todas estas coisas."
Semelhante à abóbada expandida do céu, era o semblante do Sacerdote...
Como a aparência do arco-íris no meio de uma nuvem...
Como a rosa em meio a um maravilhoso jardim...
Como a ternura que paira sobre a face de um noivo...
Como os sinos de ouro nas franjas do manto...
Como o aspecto do sol nascente sobre a terra...
Feliz o olho que viu todas estas coisas."
HAT MAA TOVÁ !
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