Youtube

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A FESTA DOS TABERNÁCULOS



Festa em Jerusalém

Celebração judaica identificava Jesus como Messias


 “A festa dos Tabernáculos era um dos momentos mais felizes do ano litúrgico judaico”


O ano agrícola judaico se encerrava com a grande Festa dos Tabernácu­los. Nos meses de setembro e outu­bro, logo após o verão, os israelitas se dirigiam a Jerusalém para as
grandes festas do outono (a Festa das Trombetas, o Dia das Expiações e a Festa dos Tabernáculos). Essas festas se seguiam, uma após a outra, durante o sétimo mês do calendário judaico. Veja, por exemplo, Êxodo 23:14-17.
A Festa dos Tabernáculos se tornou um dos momentos mais felizes do ano litúrgico judai­co. Flávio Josefo (em Antiguidades) e o Talmude descrevem a celebração dessa festa na época do segundo templo em Jerusalém. Mul­tidões de peregrinos de todas as partes de is­rael e do mundo chegavam a Jerusalém em ca­ravanas coloridas e festivas. Lá, eles prepara­vam tendas de ramos ao longo das ruas, no pátio do templo, sobre os telhados das casas, nos montes e vales ao redor da cidade. Jerusa­lém ficava  toda decorada com ramos de olivei­ra, palmas, salgueiros, frutas frescas e flores.
A cerimônia mais marcante da festa era intitu­lada “O Regozijo no Local da Retirada da Água”. Durante a festa, além da oferta (ou “libação”) anual de vinho, era derramada sobre o altar uma oferta de água. A cada manhã, os sacerdotes fa­ziam soar as trombetas, de modo longo e pene­trante, aos primeiros raios do sol. Assim, o povo era despertado para mais um dia de exclamações de alegria. Os sacerdotes desciam então à piscina de Siloé, levando consigo um frasco de ouro para enchê-lo de água, e retomavam ao templo de for­ma cadenciada e pausada, ao som das trombetas. Após o sacrifício e de ter entoado o Halel (Salmos 113-118), os sacerdotes, segu­rando os ramos e frutos da terra pres­critos em Levítico 23, rodeavam o al­tar de bronze, o qual estava adorna­do com ramos frescos de salguei­ro, e recitavam as palavras do Salmo 118:25: “Oh! Salva-nos, Senhor, nós Te pedimos!” O sacerdote responsável pelo serviço subia a rampa do al­tar de bronze e derramava a água do frasco de ouro sobre uma bacia de prata, e vinho sobre uma segun­da bacia. Na seqüência, de
forma simultânea, o conteúdo de ambas as bacias era derramado sobre o altar. Todos os presentes exclamavam: “O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico. [...] Vós com alegria tirareis água das fontes da salvação” (lsa. 12:2 e 3). Na tradi­ção judaica, esta cerimônia comemorava a “Ro­cha” da qual brotou “água viva” e que acompa­nhou os israelitas durante a sua peregrinação no deserto, sendo símbolo de Deus e do Messias.
A segunda cerimônia mais marcante da fes­ta ocorria de noite. Quatro grandes candela­bros de sete braços, contendo no topo de cada braço vários litros de óleo e pavios feitos de vestes sacerdotais desgastadas, iluminavam toda a área do templo e a cidade de Jerusalém. Uma orquestra tocando flautas, harpas, címba­los e tambores acompanhava uma procissão de tochas, na qual havia danças e grande regozijo entre os peregrinos. Enquanto isso, o coral de levitas, posicionado nas escadarias internas do templo, entoava os “Salmos de Ascensão” (Sal­mos 120-134). Essa cerimônia noturna marca­va profundamente o espírito da festa.
A descrição da Festa dos Tabernáculos no Antigo Testamento e nos escritos judaicos nos ajuda a compreender varias passagens do Novo Testamento relacionadas com essa festa. Os capítulos 7-10 do evangelho de João são um exemplo. João 7:37 e 38 diz que, no últi­mo dia da Festa dos Tabernáculos, Jesus Se apresentou como a verdadeira fonte da água viva, numa referência direta à cerimônia matu­tina do “Regozijo no Local da Retirada da Água”. No mesmo dia, também declarou ser a luz do mundo (João 8:12), numa referência á cerimônia noturna.  Em João 9, Jesus cura um cego de nascença, para indicar que é a luz do mundo, aplica-lhe lama aos olhos e depois ordena-lhe que os lave no tanque de Siloé, local de onde era retirada a “água viva” a cada manhã da festa. Assim, João 9 une os dois temas (“luz” e “água”) apresentados nos capítulos anteriores. Em João 10, Jesus Se apresenta como o Bom Pastor e a Por­ta da salvação, numa alu­são direta ao Salmo 118:20, o principal salmo entoado ao longo da festa.

Reinaldo W. Siqueira, Ph.D. em Antigo Testamento pela Andrews University (EUA), é professor de Línguas e Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no Seminário Latino-Americano de Teologia, em Engenheiro Coelho, SP.

Sinais dos Tempos

Janeiro- Fevereiro/2002

Sem comentários:

Enviar um comentário

VEJA TAMBÉM ESTES:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...