A festa do
Pentecostes
Um dia de gratidão
que representa também
a renovação da
relação com Deus
“O poder divino se manifestou sobre todos aqueles que
aceitaram a renovação de sua aliança com Deus”
Reinaldo W Siqueira, PhD em antigo Testamento, pela Andrews University
(EUA), é professor de Línguas e Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no
Seminário Adventista Latino–Americano, em Engenheiro Coelho.
A vida de um israelita nos tempos bíblicos era
profundamente marcada por um ciclo de dias e festivais religiosos instituidos
por Deus. O objetivo era marcar eventos e ensinar verdades fundamentais sobre
o plano de Deus para a redenção da humanidade. Dentre esses “tempos sagrados”
encontra-se a Festa das Semanas, também conhecida como o Dia de
Pentecostes.
Em Exodo 23:16, o
Dia de Pentecostes é designado como a Festa da Sega, pois marcava o
início da colheita dos cereais em Israel. Nesse dia, todo israelita deveria
comparecer perante Deus, no santuário, trazendo como oferta dois pães
levedados, preparados com farinha de trigo recém-colhido.
Esses pães
representavam os primeiros frutos da terra. Assim, no início do trabalho da
colheita, o israelita deveria tomar tempo para louvar e reconhecer a Deus como
Aquele que dá o alimento e faz brotar os frutos da terra. Na Bíblia, essa festa
também é designada como a Festa das Semanas, pois se deveriam contar sete
semanas desde o dia posterior à Páscoa, ou seja 49 dias. No 50o.dia
a festa era celebrada. Por isso, ficou mais popularmente conhecida como o
Dia do Pentecostes.
As prescrições
religiosas encontradas em Deuteronômio 26 indicam que a Festa de
Pentecostes não tinha um caráter simplesmente agrícola, mas que ela era
também o tempo oportuno para a renovação da aliança entre o israelita e Deus,
através da oferta voluntária, da recapitulação de sua história passada e do
ato de compartilhar das bênçãos que ele tinha recebido de Deus com as outras
pessoas.
Pentecostes foi identificado como o dia em que Deus
estabeleceu Sua aliança com Israel no monte Sinai. Depois de sete semanas do
dia da Páscoa, o povo de Israel estava ao pé do monte Sinai e ali trocou
juramento de fidelidade e aliança com Deus tornando-se, assim, o Seu povo.
Os elementos
característicos desse evento foram: (1) Batismo (“imersão”) em água, reconhecido
pelos rabinos na ordem divina em Êxodo 19:10, de que os israelitas deveriam se
lavar (subentendida na frase “lavar suas vestes ); (2) Manifestação divina em
forma de fogo, trovões, sonido de trombeta, terremoto e fumaça como de fornalha
sobre o monte Sinai (Êxo. 19:16-19); (3) Convite
a uma aliança com Deus na aceitação da palavras divinas expressas nas duas
tábuas dos 10 Mandamentos e nas leis subseqüentes (Exo. 20-23); (4) Aspersão
do sangue da aliança sobre o altar ao pé do monte e sobre todo o povo (Êxo.
24:6-8) no momento em que Israel fez juramento solene de aceitação e fidelidade
a Deus (Êxo. 24:3-4);
(5) Manifestação do Espírito Santo
sobre Moisés e os 70 anciãos que subiram ao monte e viram ao Deus de Israel
(Êxo. 24:9-11; Núm. 11:16-17). Esse foi o dia em que Deus estabeleceu o Seu
povo como nação santa, reino de sacerdotes (Êxo.19:5-6), e é conhecido também
como o dia em que Deus constituiu a Sua “Igreja” (“Congregação”).
Essas idéias
correspondem intimamente à apresentação desta festa nos escritos do Novo
Testamento. Precisamente cinqüenta dias após a morte de Cristo, na Páscoa, o
“Dia da Igreja” se repetiu com poder e grandes manifestações divinas sobre
todos aqueles que aceitaram a renovação de sua aliança com o Deus de Israel.
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