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sábado, 4 de janeiro de 2014

ENCONTROS DE JESUS - O PARALÍTICO DE CAFARNAUM



“O HOMEM QUE TINHA AMIGOS”

S. Marcos 2:1 a 12


Ele era um homem que nunca saía de casa. Desde o alvorecer até o anoitecer, todos os dias do ano, ficava deitado numa cama. Estava também preso ao seu passado. Um passado que ele fazia questão de esquecer. Um passado que a cada segundo de sua existência o acusava como sendo o próprio causador de sua desgraça. Um passado que ele queria apagar. “Mas como” — dizia ele — “como esquecer meu passado, sendo que por causa dele estou aqui? Sou uma vergonha para meus antepassados. Deus está irado comigo. Eu estou perdido!!! Se eu pudesse começar tudo de novo, seria tão diferente....”
Abandonado quase por todos seus amigos, desprezado pelos líderes religiosos e atormentado pelo sentimento de culpa, este homem afundava-se cada vez mais no desespero. A esperança quase desfalecia em seu coração. Muitas vezes pedira o auxílio dos médicos, mas sua doença era inexplicável, misteriosa; um caso médico muito raro. “Sinto muito” — disse certa vez um médico amigo — “Não posso fazer nada.”
O paralítico perdera a esperança de restabelecimento. Num último intento, havia apelado para os intelectuais de sua época, os fariseus e doutores da lei. Quem sabe eles, conhecedores dos mistérios de Deus, homens que estavam em constante contato com as Sagradas Escrituras, poderiam fazer alguma coisa para ajudá-lo. Mas os doutores da lei não tinham nenhum remédio mágico para o coitado. Eles próprios estavam com enfermidade crônica. Não tinham a mínima condição de ajudá-lo.
Profundamente deprimido, o paralítico esperava seu fim. Rodeado por quatro paredes, tentava fazer alguma coisa que lhe tirasse da mente a lembrança de seu passado pecaminoso. Passou a interessar-se por tudo o que se passava ao seu redor. Conversava com alguns amigos que vinham visitá-lo. Ouvia a vizinha, o vizinho, os meninos na rua. Perguntava por um e por outro. Sabia dos acontecidos e do que ia acontecer.
Foi então que ouviu falar das maravilhosas obras de Jesus. Disseram-lhe que outros, igualmente pecadores e desamparados como ele, haviam sido curados. Até mesmo leprosos tinham sido purificados. Ele estava sendo persuadido a procurar Jesus quando a maldita lembrança de sua vida passada o fez recuar.
Por que nós, hoje, temos que passar nossos dias, muitas e muitas vezes lembrando quão pecadores e maus fomos no passado? Será que não acreditamos o suficiente no coração perdoador do Pai? Deixemos que Deus cuide de nosso passado, e vivamos o presente com toda intensidade! Não vivamos remoendo o passado!
Finalmente, o paralítico tomou a decisão mais importante de sua vida: “Vou me encontrar com Jesus e pedir-lhe ajuda”. Mesmo assim, ele temia que, por causa de sua vida de pecado, Jesus não o receberia. Achava que Jesus era tão puro que não o toleraria em sua presença. Ele não conhecia o caráter amoroso do Pai!!!
Pastor, será que Deus continua gostando de mim, a pesar de eu tê-Lo magoado tanto? Eu acho que não mereço Seu amor! Estas palavras foram ditas a mim por uma adolescente de apenas 12 anos. Mas sei que é a realidade de muitos. Prezado irmão e visitante: Não tenha dúvida: Deus o ama a despeito do seu passado. Ele não está interessado no que você foi ou fez. Ele está interessado no que você pode ser e fazer ao lado dEle. Acredite no perdão! Alguma coisa o prende ao passado? Esqueça isso. Está na hora de começar uma nova vida!
Um dia, a melhor das novidades chegou a Cafarnaum. Parece que nenhuma cidade da Palestina gozou por mais tempo da presença de Jesus do que Cafarnaum. Foi o lugar onde Ele morou após Sua saída de Nazaré (Mat. 3:13). Aí Ele fez muitos milagres e pronunciou muitos discursos. Nada, porém, do que Jesus fez e disse, parece ter produzido efeito no coração de seus habitantes. Todos se admirava e surpreendiam ao contemplar Suas obras portentosas, mas não se convertiam. Viviam sob os raios refulgentes do Sol da Justiça, e apesar disto os seus corações permaneciam endurecidos. E foi por isso que o Senhor pronunciou contra Cafarnaum a condenação mais terrível que jamais proferiu contra qualquer lugar, exceto Jerusalém: “E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? Até o inferno descerás; porque se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operam, teria ela permanecido até hoje. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti” (Mat. 11:23, 24).
Infelizmente, grande é o poder da incredulidade. Os habitantes de Cafarnaum escutaram a pregação mais perfeita que jamais alguém escutou. Mas não acreditaram. O mesmo Evangelho que é cheiro de vida para uns, é cheiro de morte para outros; o mesmo fogo que derrete a cera, endurece o barro. De fato, nada há que endureça mais o coração do homem do que ouvir regularmente a pregação do Evangelho e preferir, conscientemente, continuar no pecado e no mundo.
Tomara que a nossa condição espiritual não seja a mesma de Cafarnaum. Que ao ouvirmos as advertências do Evangelho, nosso coração possa se abrir às influências do Espírito Santo. Que nossa oração seja: “Da dureza de coração livra-nos, Bom Deus”.
O paralítico logo ouviu a notícia que esperara com ansiedade, mas não soube o que fazer. Porém, ele tinha amigos. Poucos, mas bons amigos. Feliz aquele que tem amigos. Mandou chamá-los e lhes disse:
Pessoal, tenho uma notícia boa e um problema que quero contar pra vocês. Primeiro vou contar a novidade, depois conto o problema.
Os amigos ficaram curiosos. Novidade? Problema? O que será?
A novidade é a seguinte: Jesus chegou à nossa cidade. Lembram dEle? Jesus, o amigo de todos! Ele está aqui e vai passar a tarde no bairro. Ele vai visitar a sogra de Pedro, que mora à rua do lado da praça.
É verdade? Mas que tremenda novidade! Todos nós já ouvimos falar de Jesus e Seus discípulos. Eles vivem no meio do povo. Cuidam dos pobres e dos doentes. São amigos das crianças, das mulheres, dos malucos e dos estrangeiros. Contam belíssimas histórias e anunciam o Reino de Deus. Essa é uma boa  notícia. Mas, qual é o problema então? Nós não vemos nenhum problema nisso.
— Bom, o problema é que eu quero ver Jesus. Quero conversar com Ele. Quero perguntar se esta doença é mesmo um castigo de Deus, como um doutor da lei me falou. Não quero tanto saber se posso ser curado fisicamente. Quero sim ter certeza se Deus pode perdoar os meus pecados, pois esse fardo está acabando comigo. Quero ver Jesus para receber perdão e estar em paz. Somente assim viverei e morrerei em paz. Entendem? Eu quero ver Jesus, mas não sei como. Deste jeito não posso andar um metro. Vejam como meu corpo está começando a apodrecer. Preciso que me ajudem!
Isso não era problema para que alguém que tinha amigos. Num clima de camaradagem, discutiram detalhes, planejaram e, finalmente, chegaram a uma conclusão: precisavam arrumar uma cama fácil de carregar. A seguir, eles mesmos, os quatro, levariam o amigo até Jesus.
O Mestre havia tido um dia muito corrido. Sua vida era cheia de atividades. Ele havia curado um leproso, e lhe ordenara apresentar-se ao sacerdote para ser declarado são. Pedira-lhe que ficasse em silêncio. Mas o homem não conseguira obedecer, e isso trouxe problemas para Jesus Cristo. Com tremendo esforço voltara a Cafarnaum com Seus amigos, muito em segredo, bem cedinho, antes de que a cidade começara a movimentar-se.
Logo pela manhã, viajantes vindos de Jerusalém bateram à casa de Pedro, onde Jesus costumava alojar-se em Cafarnaum. Eram alguns fariseus e escribas. Estes podiam arruinar a vida de qualquer pessoa. Por isso o aparecimento deles no pátio da casa de Pedro fez a família tremer e ficar nervosa. Pedro os levou  à câmara de hóspedes na parte superior da casa, e foi avisar Jesus, que descansava tranqüilo em Seu quarto.
Minutos depois, Jesus conversava com Seus temíveis visitantes. Os vizinhos logo ficaram sabendo que o Mestre ali estava e a casa foi enchendo. Num determinado momento, Jesus pediu licença aos fariseus e escribas dizendo-lhes que deveria pregar. Com voz mansa e suave, e com timbre cálido, começou a falar à multidão.
Jesus havia pregado à sombra durante quase meia hora quando um repentino raio de sol tocou-lhe o rosto. Mais uns segundos e a claridade aumentou. De repente, poeira começou a cair ao chão, junto com pedaços de madeira e telha. Todos olharam para cima e viram, espantados, que as telhas eram retiradas uma por uma até que um enorme espaço se abriu. Alguém lá de cima disse:
Ei, vocês aí embaixo! Desculpem esta invasão. Mestre, desculpe o mau jeito, mas não teve outro jeito mesmo. Nosso amigo queria vê-Lo e a casa está tão cheia que a única maneira foi fazê-lo descer pelo telhado.
Jesus também estava olhando para cima. Agora, a multidão estava fascinada pela ousadia dos autores desse episódio. O que estava acontecendo? Quatro pescadores musculosos estiveram trabalhando sem ser percebidos, enquanto o Mestre pregava. O buraco que abriram era tão grande, que logo começaram a descer um leito, preso com cordas nos quatro cantos. Todas as pessoas estavam impressionadas: Uma cama descendo pelo teto?! Que coisa mais esquisita! O que vai acontecer agora?
Suavemente, o corpo desceu até os pés de Jesus. Era um homem. Não era velho, mas suas pernas estavam paralisadas e seus braços inertes. Ele erguia os olhos súplices para Jesus, numa expressão de súplica e medo. Cristo olhou para o homem e para os quatro pescadores lá em cima. Os quatro estavam radiantes, com um sorriso triunfante nos lábios ao verem o amigo ao lado do Mestre.
Logo, muitos começaram a pensar: Isso é jeito de fazer as coisas? Estávamos conversando e vieram atrapalhar!
Jesus não pensava assim. Ele estava mesmo admirado com o paralítico e seus amigos por causa de tudo o que tinham inventado. Olhando para o paralítico, disse-lhe as imortais palavras registradas em S. Marcos 2:5: “Filho, perdoados são os teus pecados”.
“Filho”. Esta palavra tem muito significado. Chamando o paralítico de filho, Jesus deu a entender que reconhecera nele os sinais de parentesco espiritual, as evidências de uma fé verdadeira e as evidências do verdadeiro arrependimento. Chamando-o de filho, Jesus deu a entender que o paralítico tinha à sua disposição todo o poder e as bênçãos do Pai. Afinal, qual pai não faria até o impossível pelo filho? Chamando de filho, Jesus deu a entender ao paralítico que de fato existia entre ele e Deus a relação carinhosa que ele tanto almejava. Esta relação  familiar que o pecado e a doença haviam destruído, estava sendo restabelecida nesse exato momento do encontro.
É este o tipo de relacionamento que Deus quer estabelecer conosco: Um relacionamento de Pai para filho; um relacionamento de dependência.
Você já desenvolveu suficiente intimidade com Deus a ponto considerá-lo seu Pai? Você se sente um filho querido de Deus? Ou você é um estranho para Deus? Um desconhecido? É verdade que todos podem chamar a Deus de Pai; mas nem todos são filhos dEle. Muita gente se diz cristã. Mas jamais sentiram a alegria e responsabilidade de viver como filho de Deus. O verdadeiro filho de Deus deve viver uma vida de submissão e obediência incondicional.
“Filho, estão perdoados os teus pecados”. Aos olhos perscrutadores do Salvador, havia ali muito mais do que um simples caso de paralisia. Estava diante dEle um pecador oprimido com o sentimento de culpa, esmagado pelo peso de seus pecados. Estava diante dEle um homem desejoso de ser perdoado. Um homem que, antes de mais nada, queria receber o perdão.
Deus tem poder para fazer qualquer milagre, mas o primeiro milagre que Ele faz em nossa vida é aquele que realmente nós precisamos. Muitas são as necessidades dos seres humanos, mas Deus começa Sua obra transformadora justamente pelo lado que nós precisamos. Temos que aprender a deixar por conta de Deus aquilo que precisa ser feito. O paralítico precisava desesperadamente ser perdoado, e foi isso que Jesus fez: Perdoou os seus pecados. A cura foi uma conseqüência desse perdão.
O Mestre não escondeu sua admiração pela fé deste homem humilde. Por isso disse-lhe: Você tem uma fé muito grande e ótimos amigos. Deus está feliz contigo e não quer que você fique doente.
E a conversa continuou: Jesus, o homem que tinha amigos e o povo. Falaram de Deus e da vida. Da importância de ter bons amigos e da importância de ter fé. E os quatro amigos, lá de cima, tinham que se segurar. Era tanta a felicidade que, se não tivessem cuidado, os quatro poderiam despencar!

CONCLUSÃO E APELO
Na cura do homem paralítico, o Senhor Jesus procura ensinar a grande verdade de que Ele tem poder para perdoar pecados. O paralítico havia perdido toda a esperança de restabelecimento. Sua doença era o resultado de uma vida pecaminosa, uma vida desregrada, de total desobediência às leis naturais, às leis da saúde. Ele estava simplesmente colhendo o fruto que semeara.
Entretanto, o Espírito Santo havia trabalhado no seu coração e o havia convencido de que ele precisava desesperadamente da cura espiritual. Estava arrependido de seus pecados. Eueria ter uma nova chance, ou pelo menos queria ter a certeza de que o grande fardo de sua consciência seria completamente aliviado. O que o estava afundando no desespero não era tanto a doença física, mas sim sua vida carregada de remorso. Cristo leu seus mais íntimos anseios e interpretou seu mudo desejo. E em palavras que soaram como a mais bela melodia universal, lhe disse: Teus pecados te são perdoados.
No mesmo instante o sofrimento físico desapareceu. Todo seu ser foi instantaneamente transformado. Estava perdoado! Levantou-se com a agilidade e vigor da juventude. O sangue agora circulava perfeitamente em seus membros atrofiados. Cada órgão voltara a funcionar. As cores da saúde substituíram a palidez da morte. Ele havia sido transformado!!!
Quão grande é o amor de Deus! Quão misericordioso é o nosso Pai! E ainda hoje Ele está desejoso de inclinar-se diante de nosso fraco corpo a fim de nos restaurar a saúde.
Deus não promete curar todas nossas enfermidades e deficiências físicas. Mas Ele quer curar a pior doença que este mundo já viu: o pecado. Ele quer tirar de nossa existência toda mágoa, remorso e sentimento de culpa. E a despeito de possíveis doenças que venham a nos atingir, Ele quer que tenhamos paz, sono tranqüilo, consciência tranqüila. E que, mesmo em meio ao sofrimento, sejamos capazes de desfrutar felicidade.
Precisamos desesperadamente do perdão de Deus. Assim como o filho pródigo, precisamos voltar ao Pai em busca de perdão. Quantos casais se separaram, porque um dos dois, ou os dois não souberam perdoar. Quantos namorados já brigaram porque nenhum dos dois quis perdoar. Quantos bons amigos  tornaram-se inimigos, porque faltou o perdão... Quantos anos juntos na mesma Igreja, mas não conseguimos engolir e suportar “aquele” irmão. Precisamos perdoar para poder receber perdão...
Hoje eu quero que você e eu voltemos ao Pai em busca de perdão. Precisamos ser perdoados. Olhe para a intimidade de sua vida: Há coisas que precisam ser perdoadas e esquecidas, não há? Sempre há. Hoje é o momento oportuno para pedir perdão e para perdoar. Não se esqueça: Você pode ter tudo na vida, mas só terá paz quando for perdoado e quando souber perdoar.
Não é fácil pedir perdão e perdoar. Mas Deus hoje quer nos perdoar. Você somente precisa aceitar. Aceitar e assumir o compromisso de também perdoar àqueles que ofenderam você. Porque quando nós perdoamos ao nosso próximo ou ao nosso inimigo, tornamo-nos parecidos com Deus, pois somente Deus é capaz de perdoar!!!
E se você duvida do perdão divino. Se você duvida, mas sente que precisa desesperadamente ser perdoado, pra você e pra mim, Deus olha com amor e nos diz: “Eu conheço as vossas lágrimas; Eu também chorei. Aqueles pesares demasiado profundos para serem desafogados em algum ouvido humano, Eu os conheço. Não penseis que estais perdidos e abandonados. Ainda que a vossa dor não encontre eco em nenhum coração da Terra: Olhai para Mim e vivei!”
Amém!



FONTE:  Pr. Adolfo S. Suárez

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