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sábado, 14 de maio de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - OSCULO SANTO



OSCULO SANTO


Fihma agioz (Filema Háguios)


Inúmeras vezes a Casa Publicadora Brasileira recebe car­tas, consultando por que os adventistas não praticamos o ós­culo santo, como recomendado por Paulo e Pedro em suas epís­tolas.

Definição:     Osculo é o termo erudito, derivado do latim osculum correspondente a nossa forma popular beijo.

É do conhecimento de todos, que o beijo era no passado e ainda continua sendo no presente, em alguns países do Ori­ente, a maneira mais afetiva de cumprimentar. Presidentes e demais autoridades que visitam países, como a Rússia, são sau­dados desta maneira, como nos mostram os meios de comuni­cação.

Vejamos o uso do beijo em várias circunstâncias no anti­go Testamento:

a) Indicativo de profunda afeição. Gên. 27: 26-27; 31:28;50:1; I Sam.20:41.

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b)     Sinal de reconciliação. Gên. 45:15.

c)     Manifestação de despedida. I Reis 19:20; Rute 1:9, 14.

d) Símbolo de homenagem. I Sam. 10:1;

e)     Um ato de adoração religiosa. Os. 13:2.

f)     Símbolo de traição. II Sam. 20:9.

Neste sentido, um dos mais famosos beijos mencionados na Bíblia, foi o de Judas, dado em Jesus. Mat. 26: 48; Marc. 14:44; Luc. 22:47.

As passagens citadas nos indicam que o beijo era usado como símbolo de afetividade, amor, rito religioso, aproxima­ção e traição entre os homens.

Em o Novo Testamento de modo idêntico o beijo era indi­cativo de amizade ou afeição, como nos indicam os seguintes passos:

a) A mulher adúltera beijando os pés de Cristo. Luc.7: 38.

b)     O pai do filho pródigo beijando-o pelo seu regresso ao lar. Luc. 15:20.

c) A despedida de Paulo da Igreja de Éfeso. Atos 20: 37.

O problema com este assunto surge com o denominado “ósculo santo”, uma expressão de afeto comunitário e mencio­nado cinco vezes em o Novo Testamento, nas seguintes passa­gens: Rom. 16: 16; I Cor. 16: 20; II Cor. 13: 12; I Tes. 5: 16 e I Ped. 5: 14. Nesta última passagem é chamado ósculo de amor. Este beijo era uma expressão de amor cristão e de acor­do com os comentaristas provavelmente se restringia a pessoas do mesmo sexo, O vocábulo santo é muito elucidativo para nós, porque mostra que esta saudação devia ser considerada em seu verdadeiro caráter puro e elevado.

Desta recomendação dos apóstolos não se deve inferir, co­mo alguns têm feito, que o ósculo fosse obrigatório por ocasião da Ceia do Senhor.

A Descrição feita sobre este terna por Russel Norman Cham­plin, em O Novo Testamento Interpretado, vol. III, pág. 880 é muito esclarecedora, por essa razão pedimos vênia para trans­crever os seguintes parágrafos:

“Seria mesmo de esperar que esse costume fosse preserva­do na igreja cristã, como expressão de amizade e de afeto mú­tuo. Nos primeiros tempos do cristianismo, o ósculo santo era simplesmente uma parte das saudações, quando os crentes se reuniam em seus cultos públicos. Porém, não demorou muito para que fosse transferido para a própria liturgia, primeiramen­te como um sinal de despedida, após a oração final, que encer­rava cada reunião, mas, finalmente, como parte do rito da Ceia do Senhor. Justino Mártir CM. Apol. 1., op. 65), relata-nos como o          Ósculo santo era usado nas despedidas e quando da celebra­ção da Ceia do Senhor, e como o ósculo santo fazia parte dos cultos religiosos dos cristãos. Justino Mártir viveu mais ou me­nos em torno de 150 d.C., o que nos permite observar que essa prática do ‘ósculo santo’, pelo menos em alguns segmentos da igreja cristã, havia perdurado por século e tanto. A prática do ósculo santo, como parte integrante da liturgia cristã, é men­cionada nas Constituições Apostólicas (Séc. III d.C), o que significa que houve lugares onde essa prática sobreviveu por nada menos de três séculos. Na Igreja Ortodoxa Grega, que representa uma boa parcela da cristandade atual, essa prática tem sido preservada até hoje, sendo praticada quando das fes­tividades religiosas.

 “Vários autores defendem, com boas razões, a tese de que o ósculo santo, entre os crentes primitivos, não se limitava, a ser praticado entre ‘mulheres com mulheres’ e ‘homens com homens’. Os costumes orientais, entretanto, indicam que o ósculo santo era aplicado ou na testa ou na mão, na palma ou nas costas da mão, e nunca nos lábios. Tertuliano (150 d.C.), também o denominava de ‘ósculo da paz’, e Clemente de Ale­xandria denominava-o de ‘ósculo místico’ (século III d.C.).

“Além do seu emprego durante as festividades religiosas, conforme se verifica entre a Igreja Ortodoxa Grega até hoje, vários grupos cristãos menores têm preservado essa prática de uma maneira ou de outra, tal como sucede entre os chamados dunkers (irmãos Batistas Alemães). Alguns eruditos bíblicos insistem que essa prática é obrigatória, como uma ordem e uma prática apostólica. Outros insistem que se tratava meramente de uma prática própria dos tempos apostólicos, que expressa­va amizade e afeição mútua, crendo que essa afeição mútua, por haver sido preservada na igreja cristã, tornou desnecessária a continuação do símbolo antigo, pois, em nossas culturas mo­dernas, o aperto de mãos e o abraço teriam o mesmo simbo­lismo que tinham o ósculo, no oriente.”

“Em algumas culturas, como nos Estados Unidos da Amé­rica do Norte, seria reputado como algo inteiramente impró­prio um homem óscular a outro homem, quanto mais uma mu­lher que não fosse a sua esposa ou sua irmã carnal, dentro da comunidade evangélica ou da sociedade em geral. Na Índia, os homens costumam andar de mãos dadas, como também suce­de entre as mulheres, sem dar qualquer idéia de homossexuali­dade. Na América do Norte e também no Brasil, por exem­plo, um homem andar de mãos dadas com outro seria conside­rado como algo fora do lugar, dando a entender alguma inten­ção sexual pervertida. Da mesma maneira o ósculo é conside­rado como uma aberração, sobretudo quando praticado entre homens. Por essa razão é que alguns grupos evangélicos têm achado ser melhor, em algumas culturas, evitar essa forma de demonstração de afeto, reduzindo o ósculo ao mero aperto de mãos.” (Grifos meus).

O que se segue é uma parte da resposta dada a um consu­lente da Revista Adventista sobre o assunto que está sendo ven­tilado:

“A Reforma protestante (do Século XVI) não conside­rou o ósculo santo como ordenança evangélica, tendo-o como mero costume oriental.” Comentadores como Clarke dizem que, na igreja primitiva, os cristãos não se beijavam apenas nas reu­niões públicas, mas também em seus encontros ocasionais nas ruas e nos lares. Diz ainda este último comentarista que, “cres­cendo o número de adeptos, a prática se foi tornando mais e mais difícil, a ponto de ser afrouxada e quase abandonada.”

“A Igreja Adventista do Sétimo Dia oficialmente não exi­ge que, no ritualismo da Ceia, se pratique o ósculo santo, como o fazem alguns ramos pentecostalistas. Apenas mantêm o sen­tido da cordialidade cristã. Após o lava-pés os adventistas se abraçam mutuamente, e mutuamente apertam-se as mãos, co­mo ocorre também nos lares, nos limites do santo sábado. Cum­primentos, abraços e palavras cordiais repassadas de animação cristã conservam o sentido do antigo ósculo santo.”

“Há, no entanto, alguns irmãos que fazem questão de os­cular, e crêem que o ósculo é uma ordenança que ainda deve ser observada, e citam em abono de sua atitude, os seguintes trechos do Espírito de Profecia:”

“Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo”. Vida e Ensinos, pág. 58.

“ ‘A santa saudação mencionada no evangelho de Jesus Cristo pelo apóstolo Paulo deve ser considerada no seu verda­deiro caráter. Trata-se de um ósculo santo. Deve ser considera­da como um sinal de amizade para cristãos amigos quando par­tem, e quando se encontram de novo após semanas ou meses de separação. Em I Tes. 5: 26, Paulo diz: ‘Saudai a todos os irmãos com ósculo santo’. No mesmo capítulo ele diz: ‘Abs­tende-vos de toda a aparência de mal’. Pode não haver aparên­cia de mal quando o ósculo santo é dado no tempo e em lugar próprio’.” Primeiros Escritos, pág. 127.

Nada se deve opor a um adventista sincero que plenamen­te convicto em matéria do ósculo, o pratique crendo que assim cumpre melhor o sentido da amizade e cordialidade cristãs. Na­da pode marear a limpidez e a pureza da intenção. Argumentam alguns que hoje, dada a maré montante de homossexualidade que avassala nosso mundo agonizante, tal prática não deve ser incrementada. Não aceitamos isto. A Bíblia diz que ‘tudo é puro para os que são puros’, e num ambiente de pessoas de co­ração afinado com o céu, cremos mesmo que esta prática é al­tamente salutar, embora, como dissemos, oficialmente nossa igreja não considera o assunto.” Revista Adventista, dezembro de 1975, págs. 30 e 31.



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