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sábado, 14 de maio de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - GLOSSOLALIA OU DOM DE LÍNGUAS



GLOSSOLALIA OU DOM DE LÍNGUAS


Introdução



O presente trabalho tem como objetivo estudar o abar­cante e controvertido tema do dom de línguas; tendo como finalidade principal traçar uma linha divisória entre o verdadei­ro e o falso, porque sabemos muito bem que para todo movi­mento genuíno e inspirado por Deus, Satanás apresenta uma contrafação.

A Bíblia nos fornece a orientação segura para distinguir o veraz do ilusório, portanto só ela determinará a distinção en­tre a verdadeira glossolalia teopnéustica e a glossolalia inspira­da pelo inimigo da Palavra de Deus.

Sendo que através da história da Igreja nenhum dom es­piritual tem ocasionado tanta controvérsia como o dom de lín­guas, ele precisa ser bem conhecido por nós.

Em nossos dias o moderno movimento de línguas tem des­pertado grande interesse no mundo religioso. Basta citar que apenas nos Estados Unidos, as estatísticas nos cientificam de que 2.000 pastores das igrejas filiadas ao Conselho Nacional das Igrejas falam em línguas. De outro lado, calculam os estudio­sos, que também nos Estados Unidos, o número de católicos que falam línguas atinge 100.000.
O escritor Robert G. Gromacki, autor do livro Movimento Moderno de Línguas fez a seguinte declaração:

“Os dons carismáticos estão se agigantando não somente entre professos pentecostais, mas também entre religiões tidas como ortodoxas e muito mais rígidas quanto a maneira de pen­sar. Hoje em dia, protestantes, católicos e espíritas estão em comum acordo, que para solucionar os grandes problemas exis­tentes nas igrejas concernentes ao relacionamento de irmão para irmão, a solução é uma só: apoderar-se de dons extraordiná­rios como cura, profecia, e falar em línguas. Isto vai ser o ci­mento que vai unir mais e mais os crentes em geral.”

Espero que este estudo ajude a iluminar a senda da verda­de, clareando um pouco mais o caminho dos que procuram pal­milhá-lo com segurança.


Definições e Explicações


A palavra glossolalia, de acordo com seus elementos cons­titutivos, significa:

Glossa = língua —    lalia = o ato de falar (do verbo laléo), significando assim  —    falar línguas.

João F. Soren, assim define:

“O dom de línguas é um milagre divino em que, no exer­cício da vontade e sabedoria divinas, o Espírito Santo concede a alguns crentes o poder de falarem em idiomas que não apren­deram pelos processos naturais, e isto para o fim de testemu­nharem eles de Jesus Cristo perante os que não crêem.”

Elemer Hasse o define com bastante precisão:

“Dom de línguas é a divina capacitação de se poder expri­mir numa língua estrangeira.”

Em outras palavras: Dom de línguas é a possibilidade que o Espírito Santo concede ao crente para falar um idioma total­mente desconhecido para ele.

Os comentaristas de um modo geral afirmam:

Esse dom consistia de poderes milagrosos conferidos aos apóstolos para pregar o Evangelho a todas as nações nas suas respectivas línguas.

Ë bom saber que este dom não é necessário para a salvação da pessoa, mas uma concessão dada por Deus para levar a salva­ção a outros.

O   Interpreter’s Díctionary of the Bible, vol. 4, pág. 671 declara que a glossolalia foi um notável fenômeno do cristia­nismo primitivo, mas logo a seguir acrescenta que este fenôme­no não estava circunscrito ao cristianismo, desde que era encon­trado em muitas das religiões do mundo antigo.

No livro A Doutrina do Espírito Santo, pág. 51, João E. Soren afirma: “O fenômeno glossolálico é universal no sentido que aparece nas mais variadas circunstâncias, tempos e lugares. Encontramo-lo em o Velho Testamento. Descobrimo-lo nas religiões pagãs e étnicas. Desponta em seitas neopagãs e em di­versos ramos e grupos do cristianismo primitivo, medieval e hodierno. Constatamo-lo ainda em manifestações psicopáti­cas e psiconeuróticas, sem qualquer influência religiosa.”

Se os dons são concedidos por Deus para edificação da igreja (I Cor. 14: 12, 26), ele pode conceder o privilégio de fa­lar línguas para testíficar a seu favor, desde que isto se torne necessário.


Comentários Gerais


O Batismo com o Espírito Santo e o Falar Línguas


Indica a Bíblia que toda a pessoa batizada com o Espírito Santo falaria línguas?

Os pentecostais declaram de maneira enfática que os cris­tãos que recebem o Espírito Santo precisam falar línguas.

Eis suas declarações:

“Um cristão que não foi batizado com o Espírito Santo, tendo como prova disso o falar em línguas, é um fracalhão espi­ritual, comparado com aquilo que poderia ser caso fosse bati­zado com o Espírito Santo, de acordo com Atos 2:4.”

É dogma entre as igrejas pentecostais, que o batismo no Espírito Santo sempre vem acompanhado das línguas.

A Constituição das Assembléias de Deus afirma:

“O batismo no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial do falar em outras línguas, segundo o Espírito de Deus lhes concede.”

Esta afirmação seria defensável pela Bíblia?

De modo nenhum, pois uma pesquisa bíblica nos informa que de dezoito notáveis relatos do batismo com o Espírito San­
to, catorze não apresentam nenhuma referência a línguas.

Na Igreja Apostólica há muitas evidências da manifesta­ção do Espírito Santo na vida e na obra dos crentes sem o apa­recimento do dom de línguas.

Os seguintes exemplos são concludentes:

1o.) Os sete diáconos foram homens cheios do Espírito Santo, mas não há nenhuma menção de que tivessem falado línguas.

2o.) Os samaritanos ao crerem na Palavra de Deus recebe­ram o Espírito Santo, porém, não foram agraciados com o dom de línguas.

O pastor luterano Larry Christenson estudando os relatos sobre o batismo, no livro de Atos, pergunta:

“Significará isso que todo aquele que recebe o Espírito Santo fala em línguas  —     e que se alguém não falou em línguas não recebeu realmente o Espírito Santo?”

Sua resposta é: “Não creio que se possa tirar essa conclu­são fixa das Escrituras.” Revista Trinity, vol. III. n. 1).


Que Significa ser Batizado com o Espírito Santo?


O Espírito Santo é descrito como vindo aos crentes antes do batismo (Atos 10: 44-48), seguindo-se ao batismo (Atos 19:5, 6) e algum tempo indeterminado após o batismo (Atos 8: 12-17).

Se a palavra batismo significa “imergir”, o batismo pelo Espírito Santo indica que somos imersos pelo Espírito Santo em Cristo. Esta idéia é confirmada pela descrição paulina de Tito 3: 5-7. Ela é mais evidente na linguagem do Novo Testa­mento Vivo. “Então Ele nos salvou  —     não porque fôssemos suficientemente bons para sermos salvos, mas por causa da Sua bondade e compaixão  —      quando lavou os nossos pecados e nos deu a nova alegria de sermos a morada do Espírito Santo. Que Ele derramou sobre nós com maravilhosa abundância  —         e tudo por causa daquilo que Jesus Cristo nosso Salvador fez, a fim de que Ele nos pudesse declarar justos aos olhos de Deus.”


Requisitos para Receber o Espírito Santo


A Bíblia nos apresenta quatro requisitos essenciais para o recebimento do Espírito Santo:

1o.) Fé.

“E todos nós, como cristãos, podemos ter o Espírito San­to prometido por meio desta fé” Gálatas 3:14.

2o.) Arrependimento.

“Cada um de vocês deve abandonar o pecado, voltar-se para Deus e ser batizado no nome de Jesus Cristo para o per­dão dos seus pecados: então vocês também receberão o Espí­rito Santo, que será dado a vocês” Atos 2:38.

3o.) Obediência.

“Nós somos testemunhas destas coisas, e assim é também o Espírito Santo, que Deus concede a todos os que lhe obede­cem” Atos 5: 32.

Se obedecer a Deus é guardar os seus mandamentos, con­clui-se que quem vive em consciente violação de qualquer um dos Dez Mandamentos não poderá esperar receber o Espírito Santo.

4o.) Oração.

“E se gente pecadora como vocês dá aos filhos o que eles precisam, não percebem que o Pai celeste fará pelo menos tanto assim, e dará o Espírito Santo àqueles que O pedirem?” Luc.11: 13.


O Dom de Línguas no Novo Testamento


Há cinco passagens do Novo Testamento mencionado o dom de línguas. Uma em Marcos, três em Atos e uma em 1 Coríntios.

Ei-las em ordem cronológica:


1. Marcos 16:17.

“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas.”

Este dom é mencionado por Cristo em forma de uma pro­messa, que lhes possibilitava pregar o evangelho na linguagem daqueles que iam ouvir as boas novas de salvação.

O adjetivo “novas” não quer dizer línguas inexistentes, como defendem alguns, mas línguas estrangeiras que eles fa­lariam sem as terem aprendido.

E interessante saber que há em grego duas palavras para novo —   néos e kainós. Néos é novo no sentido de tempo, re­cente e kainós é novo na forma ou qualidade. Cristo aqui usou kainós porque se referia ao novo não usado.

Roberto Gromacki no livro já anteriormente citado, pági­na 72 afirma: “se o falar línguas tivesse envolvido línguas des­conhecidas nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empregou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes”.

Eram idiomas novos para aqueles que os falariam. A deno­minação de novas indicava o contraste com as línguas por eles faladas.


É Autêntica a Terminação de Marcos

A Crítica Textual muito tem discutido sobre a autentici­dade da conclusão do evangelho de Marcos (16: 9-20). Os dois melhores e mais antigos manuscritos completos da Bíblia, o Sinaítico e o Vaticano, não a contêm. Nenhum manuscrito grego do quinto século tem os versos 9 a 20 do cap. 16. Embo­ra os manuscritos posteriores tragam estes versos, temos que concordar com as declarações do Dr. A. T. Robertson, grande erudito grego e autor de uma das melhores gramáticas para o Novo Testamento: “assim, os fatos são mui complicados, po­rém eles argumentam fortemente contra a genuinidade dos vv. 9 a 20 de Marcos 16.” World Pictures in the New Testament pág. 402.

Nota: Veja nesta Apostila o ponto: A Discutível Termi­nação do Evangelho de Marcos.

O Desejado de Todas as Nações, pág. 611 declara o seguin­te:

“Um novo dom foi então prometido. Deviam pregar en­tre outras nações e recebiam poder de falar em outras línguas. Os apóstolos e seus cooperadores eram homens iletrados, to­davia mediante o derramamento do Espírito, no dia de Pente­costes, sua linguagem, fosse no próprio idioma, ou rio estran­geiro, tornou-se pura, simples e correta, tanto nas palavras como no acento.”

II. Atos 2:1-13


Este relato circunstanciado do dia de Pentecostes (transli­teração da palavra grega pentekostes cinqüenta, quinquagé­simo dia após a ressurreição de Cristo) é o mais significativo de toda a Bíblia, onde nos informa que os apóstolos foram mi­lagrosamente capacitados para falarem em várias línguas a fim de que os presentes os ouvissem falar em seus respectivos idi­omas.

O falar línguas de Atos 2 era um sinal de que o dom do Espírito Santo tinha sido dado aos apóstolos por Cristo, con­forme sua promessa.

De maneira nenhuma pode-se defender que estas línguas eram celestiais, extáticas, desconhecidas, ininteligíveis, espiri­tuais. Por que? Porque esta idéia não está contida na Bíblia. O relato divino é este: Não são, porventura, galileus todos es­ses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Lucas apresenta a seguir a relação de dezesseis regiões linguísticas, cujos habitantes ou­viam os apóstolos falarem nas línguas de sua procedência.

O milagre de Pentecostes consistiu no seguinte: Deus con­cedeu aos discípulos a faculdade de falarem nas línguas mater­nas representadas pelas diversas nacionalidades mencionadas em Atos 2: 9-10. Este milagre era uma evidência de que o Es­pírito Santo viera, e um sinal para os judeus de que Jesus era verdadeiramente o Messias e ainda de que a mensagem apos­tólica era verdadeira.

O livro Atos dos Apóstolos págs. 39 e 40 confirma as afír­mações feitas:

“O Espírito Santo, assumindo a forma de línguas de fogo, repousou sobre a assembléia. Isto era um emblema do dom en­tão outorgado aos discípulos, o qual os capacitava a falar com fluência línguas com as quais não tinham nunca entrado em contato. . . . Esta diversidade de línguas teria sido um grande embaraço á proclamação do evangelho; Deus, portanto, de ma­neira miraculosa, supriu a deficiência dos apóstolos. O Espí­rito Santo fez por eles o que não teriam podido fazer por si mesmos em toda uma existência. Agora podiam proclamar as verdades do evangelho em toda a parte, falando com perfei­cão a língua daqueles por quem trabalhavam. Este miraculo­so dom era para o mundo uma forte evidência de que o traba­lho deles levava o sinete do céu.”

Quase todos os comentaristas, através dos séculos concor­dam que os discípulos, nesta ocasião, falaram as línguas das nações representadas em Jerusalém. Alguns estudiosos decla­ram firmemente, que este milagre de pregar numa língua, que a pessoa antes não conhecia, nunca mais se repetiu na Histó­ria da Igreja. Gromacki faz isto claro em Movímento Moder­no de Línguas, primeiro capitulo.

III.   Atos 10:46.

“Pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus.”

Temos aqui o relato do episódio acontecido, em Cesaréia, na casa de Cornélio. Do relato de Lucas, se conclui que as lín­guas aqui mencionadas não eram ininteligíveis, pois Pedro e os companheiros “os ouviam engrandecendo a Deus”.

A diferença entre este relato e o de Atos 2 parece ser a seguinte: No Pentecostes o falar em línguas foi o meio usado por Deus para anunciar o evangelho aos judeus que vieram a Jerusalém. Na casa de Cornélio o falar línguas foi um “sinal” para que os circunstantes cressem que Deus não faz acepcão de pessoas. Atos 10: 34-35; 11:17.

IV.   Atos l9:1-6


Alguns varões de Éfeso, sobre os quais Paulo impusera as mãos “falavam línguas e profetizavam”.

Pelo fato da discrição não entrar em pormenores, faltam-nos elementos para conclusões mais definidas.

E. G. White nos informa que estes homens “receberam também o batismo do Espírito Santo, que os capacitou a falar as línguas de outras nações e a profetizar.” Atos dos Apósto­los, pág. 283.

V.     1 Coríntios 12 a 14.

Nestes capítulos não há o relato descritivo do dom de lín­guas. O pastor batista João F. Soren, no artigo “O Dom de Lín­guas à Luz do Novo Testamento” declara enfaticamente: “Não há evidência segura de que tenha havido em Corinto, à luz da exposição do Apóstolo Paulo em I Cor. 12, 14, a manifestação do dom carismático de línguas, ou seja a capacitação concedida pelo Espírito Santo para que os crentes ali falassem idiomas que nunca estudaram ou aprenderam normalmente, à maneira do que se verificou no dia de Pentecostes.” .

“Os coríntios competiam em torneios poliglóticos na igre­ja, falando publicamente em idiomas estrangeiros ou então tar­tamudeando em êxtase nervossa, para impressionar os ouvin­tes. Não tinham eles o dom carismático de línguas. Isso era algo muito diferente do que ocorrera no Pentecostes. Ao in­vês de darem um sinal convincente do poder do evangelho para a salvação de todo aquele que crê, o sinal que davam eles para os incrédulos era outro. A confusão, a balbúrdia era tal que, para os incrédulos, a casa de Deus mais dava a impressão de ser uma casa de dementes. I Cor. 14: 23.”

J. Reis Pereira, em artigo colocado no livro A Doutrina do Espírito Santo, pág. 77 nos esclarece:

“As línguas de I Coríntios eram sons ininteligíveis. Da­vam a aparência de uma língua, mas ninguém poderia compre­endê-la. Para interpretá-la seria necessário um outro dom, o dom de interpretação. Tais são as línguas faladas em assem­bléias pentecostais de nossos dias, o dom que prova o batismo no Espírito Santo, segundo os pentecostais. Tais são as línguas faladas em igrejas de outras denominações, até mesmo batis­tas, em nossos dias, ao que nos informam.”

“Línguas ininteligíveis, extra-humanas, sons incompreen­síveis, necessitando de um intérprete tais seriam as línguas da Igreja de Corinto, segundo a interpretação que estamos consi­derando.”

Estudiosos competentes das Escrituras têm chegado à se­guinte conclusão:

O falar línguas na Igreja de Corinto era um afastamento ou abuso do dom recebido pelos 120 cristãos no Pentecostes.

Pelo relato de Paulo sabemos que algumas poucas pala­vras compreensivas, tinham muito mais valor do que centenas em uma língua desconhecida. “Dou graças ao meu Deus, por­que falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes que­ro falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.” (I Cor. 14: 18 e 19). Em outros escri­tos paulinos, referentes aos dons do Espírito, não há nenhuma referência ao tão decantado dom de 1ínguas. Veja Romanos 12 e Efésios 4.

Em Nota Adicional sobre I Cor. 14 o SDA Bible Com­mentary declara entre outras coisas o seguinte:

“Que a língua falada sob a influência do dom em Atos 2 era uma língua estrangeira, que poderia ser facilmente compreendida por um estrangeiro daquela língua.

“A manifestação de I Coríntios era diferente daquela do dia de Pentecostes, porque a língua não era uma língua falada por homens, e por este motivo nenhum homem poderia enten­dê-la, a menos que estivesse presente um intérprete, que pos­suisse o dom do Espírito para compreender a língua.” (I Cor.12:10).

“Após enumerar uma lista de características que devem ser notadas na descrição paulina de I Cor. 14, acrescenta:

“Esta lista de características do dom torna claro que o apóstolo não está tratando de um dom falsificado. Ele enume­rou “línguas” entre os genuínos dons do Espírito (cap. 12:8-10), e em nenhuma parte sugere que a manifestação descri­ta no cap. 14 não é de Deus. Pelo contrário, louva-a (cap. 14:4, 17), alega que ele falava em línguas mais do que os Corín­tios (v. 18), desejava que todos possuíssem o dom, e recomen­da os crentes a não proibirem o seu exercício (v. 39). Seu ob­jetivo através da discussão é mostrar o seu devido lugar e fun­ção e advertir contra o seu abuso.”


Diferenças Entre o Dom de Atos 2 e o Falar Línguas
dos Pentecostais Modernos

Já vimos que as línguas de Atos 2 foram de natureza so­brenatural, isto é, os apóstolos pelo poder do Espírito Santo falaram línguas estrangeiras que não haviam aprendido antes.

Se o movimento pentecostal ou neopentecostal é uma vol­ta ao padrão bíblico, então o movimento carismático hodier­no deve ser idêntico ao dos apóstolos. Se as línguas de Atos 2 eram línguas conhecidas, as de hoje também o devem ser.

Vejamos se os fatos confirmam esta realidade.

Uma análise imparcial e conscienciosa nos indica que as “línguas” destes movimentos modernos não se assemelham a nenhuma língua conhecida.

Tal declaração se baseia nos seguintes itens:

1o.)   A ausência de qualquer estrutura linguística.

2o.)   O uso excessivo de uma ou duas vogais apenas.

3o.)   Os sons e os vocábulos são totalmente desconhecidos.

William J. Samarin, professor de antropologia e línguas da Universidade de Toronto, em seu livro Tongues of Men and Angels, pág. 227, afirma:

“Na construção, bem como na função, as línguas são fun­damentalmente diferentes das línguas existentes.”

Esta sua afirmação foi feita, depois de pesquisas baseadas no estudo de línguas diferentes, faladas nas reuniões pentecos­tais na Europa e América do Norte.

Outra declaração bastante conclusiva pertence ao Dr. Wil­liam Welmers, professor de línguas africanas da Universidade da Califórnia.

 “Eu devo declarar sem reservas que as gravações que exami­nei não se assemelham estruturalmente a uma língua. Não há mais do que sons de vogais contrastantes, e poucos sons pecu­liares de consoantes; estes combinam para formar bem poucos conjuntos de sílabas que se repetem muitas vezes em ordem variada.” Letter to the Editor Christianity Today, 8 de no­vembro de 1963.


Explicações para o Moderno Movimento de Línguas


Dentre as múltiplas explicações existentes estas se destacam por sua preeminência:

1o. Ação diabólica.

Sabemos que antes do verdadeiro derramamento do es­pírito, Satanás irá introduzir uma contratação.

“Naquelas igrejas que ele pode dirigir sob seu poder enga­nador, ele irá fazer parecer que a bênção especial de Deus está sendo derramada; haverá a manifestação do que é imaginado ser o grande interesse religioso. Multidões exultarão que Deus está operando maravilhas por eles, quando a obra é de outro espírito.” The Great Controversy, pág. 464.

2o.) Fraude.

Os estudiosos destes movimentos afirmam ser comuns o engano, a simulação na prática deste dom, bem como com os dons de curar, profetizar e outros.

Há muitos que fingem estar falando uma língua estra­nha quando na realidade existe apenas exibicionismo.

3o.) Hipnose.

Esta é a explicação mais comum, do ponto de vista psi­quiátrico e psicológico, para a maioria dos casos de pessoas que falam “línguas”.

4o.) Catarse psíquica.

Ira Jay Martim explica o fenômeno das línguas como uma catarse psíquica.

Para esta classe, quando a pessoa aceita a Cristo, ela tem paz, confiança em Deus, fica livre do pecado, enfim seria uma purificação ou catarse. Este estado produz em muitos grande prazer, expressando estes sentimentos por cânticos, testemu­nhos e falar línguas.

5o.) Orgulho espiritual.

Considerado como o clímax da experiência espiritual o fenômeno de línguas, quando obtido facilmente, produz a exal­tação própria. Este falar línguas leva a pessoa a se orgulhar.

Gromacki, na obra já citada, no capítulo “A Natureza do Movimento Moderno de Glossolalia”, estudando as fontes que podem determinar a experiência glossolálica moderna, cita es­tas: divina, satânica, psicológica e artificial.

“Eu tenho sido instruída que quando alguém pretende exibir estas manifestações peculiares (falar em línguas, dançar, gritar, pular, etc), isto é uma evidência decisiva que não é obra de Deus.” Manuscrito 115, 1908.


Conclusão


Através do estudo feito concluímos que nenhum dom espi­ritual tem ocasionado tanta controvérsia na Igreja como o dom de línguas.

A história nos confirma que o fenômeno glossolálico não pertence exclusivamente à Bíblia, desde que foi achado mesmo entre religiões pagãs.

Na realidade aprendemos, que a verdadeira natureza da glos­soláaia bíblica consistia de línguas estrangeiras faladas por cren­tes, que nunca as haviam aprendido e que este dom era contro­lado pelo Espírito Santo.

A glossolalia moderna em sons desconhecidos não tem nenhuma base nas Escrituras Sagradas.

Os estudiosos da moderna glossolalia crêem que estes fe­nômenos muitas vezes são explicados pela psicologia e como o resultado da contrafação diabólica do verdadeiro dom escritu­rístico.

Uma análise das passagens bíblicas onde houve tais mani­festações nos fornece a orientação segura para a glossolalia.

Esta pode ser assim sintetizada:

1a. O objetivo deste dom nos dias apostólicos era evange­lístico e não para servir de sinal ou confirmação dos crentes.

2a. Pelo estudo feito o dom relatado em Atos 2 referia-se a uma língua existente, que a pessoa passava a falar com fluên­cia pelo poder do Espírito Santo.

3a. Não há nenhum indício de que fosse uma língua inteligível e extática.

4a.) A finalidade principal deste dom era a edificação dos crentes e o desenvolvimento da causa de Deus.

Objetivávamos com o presente trabalho clarificar um pou­co mais este tema, ajudando a sanar dúvidas em asssunto tão controvertido. Esperamos que se este objetivo não foi totalmen­te atingido, ao menos ele o tenha sido em parte.


Nota


Na elaboração deste tema valemo-nos de Dicionários, Co­mentários, artigos de revistas, estudos esparsos e de alguns li­vros, destacando.se entre estes por nos fornecerem os melhores subsídios os três seguintes:

1)     Movimento Moderno de Línguas de Robert G. Gromacki;

2)     Luz Sobre o Fenômeno Pentecostal de Elemer Hasse;

3)     A Doutrina do Espírito Santo do Parecer da Comissão dos Treze.

Quem se interessar por uma visão mais ampla do assunto, deveria lê-los.



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