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segunda-feira, 11 de abril de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - QUAL O SIGNIFICADO DE HILASTERION EM ROMANOS 3: 25?




QUAL O SIGNIFICADO DE HILASTERION

EM ROM. 3: 25?


A palavra hilastérion é muito importante por ser a cha­ve para a compreensâo da obra expiatória de Cristo.

Além de Romanos 3: 25 é usada em apenas mais um tex­to do Novo Testamento, isto é, Heb. 9: 5, onde é empregada para denominar o propiciatário do santuário hebraico. Neste passo o termo está empregado com propriedade, desde que hi­lastérion é usada na Septuaginta como tradução do hebraico kapporeth  —   propiciatório. De acordo com Êxodo 25:17-22, devia ser posto sobre a arca do concerto um kapporeth —  lâ­mina de ouro puro. De cima deste kapporeth Deus falaria com Moisés (v. 22). Sobre esta peça de ouro era espargido no Dia da Expiação ou kippurim, o sangue dos sacrifícios.

Lutero traduziu kapporeth por “gnadenstuhl”, correspon­dente ao inglês “mercy seat”, que seria para nós “lugar de mi­sericórdia”, Tyndale traduziu hilastérion como lugar de expia­ção.

Para os Setenta, hilastérion não era apenas uma cobertu­ra para a arca, mas indicava mais o meio e o lugar de expiação.

O propiciatório era o local da expiação, pois ali Deus se encontrava com os homens para remissão do pecado. De mo­do idêntico, por meio de Cristo  —  o grande mediador entre Deus e os homens  —    há uma mediação com Deus. Paulo nos afiança que é através dele que temos acesso a Deus (Efés. 2:18).

Os dois problemas fundamentais com o termo hilastérion de Rom. 3: 25 seriam estes:

1º.) O que significa exatamente esta palavra em grego?

2º.) Que termo em nossa língua o traduziria com mais propriedade?

É um adjetivo neutro substantivado, usado por Paulo como meio expiatório.

Os dicionários são omissos na apresentação do significado etimológico da palavra, apenas definindo-a como: aquilo que expia ou propicia, um meio de expiação, dádiva para conseguir expiação. Etimologicamente expiar é tirar, enquanto propi­ciar é cobrir, por isso as duas palavras podem ser empregadas adequadamente para o sacrifício de Cristo em favor do homem.

Não há em nossa língua nenhuma palavra que transmita toda a significação original. Tem sido traduzido por: propi­ciatório, propiciação, expiação, sacrifício propiciador, sacri­fício expiatório. Seja qual for o seu significado, o certo é que a palavra indica algo que expia pecados. Ela nos revela a “apo­lítrosis”, ou a redenção do pecador e com isso a revelação da justiça divina.

O comentário seguinte do Professor assistente na Andrews, Edward W. H. Wick, no livro —   Let Me Assure You, pág. 23, satisfaz as nossas dúvidas quanto a um aspecto da melhor tra­dução.

“A idéia de propiciação (assim traduzida na K.J. V.) é uma idéia pagã. Ela expressa a idéia de que Deus está irado e por­tanto deve ser aplacado. Isto é propiciação e eis porque a pa­lavra não é realmente cristã. Deus iniciou o plano da salvação, a expiação. Ele não necessita ser persuadido a perdoar o peca­do do homem através de qualquer sacrifício que este possa ofe­recer. Deus mesmo agiu em Jesus Cristo, de sorte que não é Deus que precisa ser apaziguado com referência ao pecado por um sacrifício, de modo semelhante àquele oferecido às divin­dades pagãs. Deus não precisa ser aplacado”.

Os parágrafos seguintes da publicação The Bible Transla­tor, outubro de 1953, págs. 160-161 nos são úteis para melhor compreensão de hilastérion:

“É particularmente importante compreender as palavras do Novo Testamento para expiação, sacrifício, perdão, propi­ciação e reconciliação, não em seu sentido grego pagão, mas no sentido em que foram usadas na Septuaginta para traduzir as correspondentes palavras hebraicas. Tomemos por exem­plo o verbo hilaskomai (propiciar) e palavras cognatas. No uso grego pagão hilaskomai denota o apaziguamento da ira de um caprichoso poder, oferecendo-lhe um dom ou aturando-lhe a vingança ou a adoção de qualquer outro expediente. Mas na Septuaginta ele é usado como o equivalente do notável termo hebraico kipper, a palavra usada no Velho Testamento para designar o cancelamento do pecado, por um gracioso e justo Deus do concerto, quando o penitente adorador reconhecia o seu delito. Outras palavras derivadas da mesma raiz no Ve­lho Testamento hebraico, que pertencem ao mesmo contexto são kapporeth = propiciatório, o lugar onde o pecado é apa­gado; kippurim = expiação (como em yom kippurim, o dia da expiação) e kopher resgate. Na Septuaginta kipper é tra­duzida por hilaskomai ou sua forma intensiva exilaskomai (tra­duzida por purgar, purificar, reconciliar, fazer expiação); kappo­reth por hilastérion; kippurim por hilasmos ou o intensivo exi­lasmos. Deste modo estas palavras gregas tomam o significado de suas equivalentes hebraicas ao invés do significado que ti­nham no paganismo grego; e transmitem o sentido de realizar um ato por meio do qual é removida a culpa ou contaminação”.

Todas estas palavras se relacionam com a palavra hebrai­ca básica “kaphar”, que significa cobrir ou ocultar, sendo uma cobertura para o pecado. Em outras palavras, seria a elimina­ção do pecado que está impedindo a comunicação entre o ho­mem e Deus. Muitos eruditos não concordam com a idéia de cobrir ou ocultar o pecado, porém, deve-se ter em mente que a palavra está empregada no sentido figurado de perdoar, es­quecer, expiar, purificar.

Talvez ninguém, com mais propriedade do que Vincent, captou as idéias Vétero e Neotestamentárias do verdadeiro sig­nificado da expiação. Atente bem para suas judiciosas palavras do comentar. Rom. 3:25:

“Assim como a superfície de ouro cobria as tábuas da lei, assim também Jesus Cristo está por sobre a lei, vindicando-a como santa, justa e boa, e assim, igualmente, vindicando as rei­vindicaç5es divinas que nos exigem obediência e santidade. E assim como o sangue era anualmente aspergido sobre a tampa de ouro, pelo sumo sacerdote, assim também Cristo é exigido em seu sangue não vertido para aplacar a ira de Deus, para satisfazer a justiça de Deus ou para compensar pela desobedi­ência humana, mas sim, como a mais elevada expressão do amor divino pelo homem, tendo participado, junto com a humani­dade, até a morte a fim de que pudesse haver reconciliação do homem com Deus, mediante a fé e a rendição a Deus”.

“No Velho Testamento a idéia de sacrifício como uma propiciação retrocede ante o caráter pessoal que está por trás do sacrifício, e que unicamente dá-lhe virtude. Veja I Sam. 15: 22; Sal. 40: 6-10; 50: 8-14; 51: 16-17; Isa. 1: 11-18; Jer.7: 21-23; Amós 5: 21-24; Miq. 6: 6-8.   O Novo Testamento enfatiza o retrocesso, colocando a ênfase sobre o efeito puri­ficador e vitalizante do sacrifício de Cristo. Veja João 1: 29; Col. 1: 20-22; Heb. 9:14; 10: 19-21; I Pedro 2: 24; I João 1: 7; 4: 10-13”.

“O verdadeiro significado do oferecimento de Cristo con­centra-se, portanto, não sobre a justiça divina, mas sobre o ca­ráter humano; não sobre a remissão da penalidade através de uma transformação moral; não sobre a satisfação da justiça divina, mas sobre o ato de trazer o homem alienado em harmo­nia com Deus”. Word Studies ir, the New Testament, Vol. III, págs. 43-45.

Em seguida são encontradas as declarações dos estudio­sos adventistas sobre esta importante palavra:

“Esta é a interpretação aceita e defendida pela maioria dos eruditos da Bíblia.”

Em Rom. 3: 25, hilastérion é usada em conexão com Cristo. A tradução dos versos 24 e 25 é: Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para hilastérion pela fé no seu sangue. Co­mo deve ser isto traduzido? A forma da palavra requer lugar. Uma pessoa, Jesus Cristo, deve ser incluída. Está envolvido um sacrifício, como demonstrado pela referência ao sangue de Cristo. Sua morte é significativa. Se o sacrifício deve ser enfa­tizado, alguém pode dizer: oferta de propiciação. Se a Pessoa é enfatizada então Propiciador é uma melhor sugestão. Se o ato da Pessoa como um sacrifício é básico, então propiciação é o termo adequado. Se o lugar é mais importante, propíciatório é mais conveniente”.

“Tão certo como a tampa da arca do concerto era o lugar, e, típica e espiritualmente, o meio de expiação dos pecados humanos por Deus, assim Cristo é simultaneamente a Pessoa, o Meio e o Lugar da expiação. Isto é expresso no hilastérion de Rom. 3: 25. A tradução de Revised Standard Version “como uma expiação” é aceita como válida pelos estudiosos”. —    The Problems in Bible Translation, págs. 215 e 216.

Alguns estudiosos afirmam que Cristo não pode ser apre­sentado como propiciatório, alegando razões que não são con­clusivas.

Outros crêem que Cristo é um símbolo do propiciatório pelo seguinte:

1o.) O termo está em conformidade com a tipologia do Velho Testamento, onde Cristo aparece como a nossa páscoa.

2o.) Paulo faz uso da palavra hilastérion no sentido mais geral de sacrifício em propiciação oferecido a Deus para anular os pecados e os seus daninhos efeitos.

3o.) Nesta interpretação frisa-se uma excelente idéia con­trastante; o propiciatório jazía oculto entre cortinas; em con­traste Deus propôs “protithemi” (expor publicamente pa­ra que todos vejam) a Cristo, em seu caráter, como o verda­deiro propiciatório que faz intercessão entre nós e Deus.

Como o propiciatório era o lugar onde o perdão, a expia­ção era efetuada, assim o lugar cristão de expiação é a cruz. Je­sus significa para o mundo o que o propiciatório significava para o povo de Israel. Em Cristo a expiação foi realizada no Calvário, justamente como no Dia da Expiação, a expiação era efetuada no lugar santíssimo. Na cruz Deus demonstra Sua misericórdia, e isto torna o lugar de expiação o lugar onde os pecados são perdoados.

Na Septuaginta a palavra é empregada como “meio de expia­ção”, sendo este meio Cristo, aparecendo o homem como o necessitante e Deus como o agente.

Hilastérion tem o significado básico de propiciar. G. H. Dodd diz que hilastérion é expiação.


As citações que se seguem do Espírito de Profecia são rele­vantes, oportunas e esclarecedoras deste tema tão sublime —    a obra expiatória de Cristo.

“Visto que a lei divina é tão sagrada como o próprio Deus, unicamente um ser igual a Deus poderia fazer expiação por sua transgressão. Ninguém a não ser Cristo, poderia redimir da maldição da lei o homem decaído, e levá-lo novamente à harmo­nia com o Céu. Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado pecado tão ofensivo para um Deus santo que de­veria separar entre Si o Pai e o Filho. Cristo atingiria as profun­didades da miséria para libertar a raça que fora arruinada”. —   Patriarcas e Profetas, pág. 57, 3º edição.


“Cristo se deu a Si mesmo como sacrifício expiatório, para a salvação de um mundo perdido”. Testemonies, Vol. 8, pág. 208.

“Cristo plantou a Cruz entre o Céu e a Terra, e quando o Pai contemplou o Sacrifício de Seu Filho, curvou-Se ante ele em reconhecimento de sua perfeição. ‘É o suficiente disse Ele, a expiação está completa’”   ~ —             Review and Hera!d, 24 de se­tembro de 1901.


Conclusão


Quero terminar e sumariar com o que declarou Edward W. H. Wick no livro já citado, pág. 24.

“A fim de descobrir o que Paulo quer dizer em Romanos ao afirmar que Jesus é a propiciatório, devemos ir a outro lugar no Novo Testamento onde a palavra é empregada, e este é em Hebreus. na descrição do santuário. Ali a palavra é usada para a tampa da arca, o lugar entre os querubins. Ali o sangue era aspergido no Dia da Expiação. Em outras palavras, havia o lu­gar onde a expiação era feita em prol dos israelitas. Assim, de acordo com Romanos, se Jesus é nosso hilastérion, Ele é o lu­gar onde, ou o meio pelo qual nossa expiação é feita.”

Expiação significa o perdão dos pecados, o cancelamento dos mesmos. Assim Jesus é o meio da expiação, a maneira pe­la qual os pecados são cobertos. Propiciação significa o des­vio da ira, a expiação significa o apagamento do pecado. O sa­crifício é o meio pelo qual a expiação é feita. O sacrifício de Jesus é a maneira pela qual os pecados são perdoados”.


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