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domingo, 5 de maio de 2013

10 RAZÕES PARA O CRISTÃO NÃO COMER DE TUDO



1 - Porque a divisão de animais limpos e imundos procede de ANTES da legislação mosaica, desde o tempo do dilúvio, quando Deus determinou a Noé: “De todos os animais limpos levarás contigo sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea” (Gên. 7:2). Assim, fica claro que não era regra exclusivamente voltada ao povo de Israel, limitada à legislação mosaica.

2 - Porque os objetivos da proibição divina visam à melhor saúde do povo escolhido: “Se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, sobre ti não enviarei nenhuma das enfermidades que enviei sobre os egípcios; porque eu sou o Senhor que te sara” (Êxo. 15:26). Em Deuteronômio Deus liga a santidade de vida com as restrições alimentares impostas ao Seu povo: “Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra. Nenhuma coisa abominável comereis” (Deu. 14:2, 3) .

Os animais imundos, como porcos, cobras, lagartos, urubus, ratos, cumprem sua função ecológica, mas são portadores de enfermidades e apresentam outras problemas que os tornam insalubres para alimentação humana, como autoridades médicas têm constatado.

3 - Porque o profeta Isaías, num texto escatológico (referente ao fim de todas as coisas), fala de condenação da parte de Deus aos consumidores de carne de porco e rato, que associa com cultos pagãos, chamando a tudo isso de ABOMINAÇÃO: “Os que se santificam, e se purificam para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão consumidos, diz o Senhor” (Isa. 66:17). A Ezequiel Deus também condenou tal tipo de alimento e o profeta expressou sua repulsa pelos mesmos (ver Eze. 4:13, 14).

4 - Porque temos o exemplo bíblico de um herói da fé que preferiu a morte a consumir carne de porco, como citado em 2 Macabeus 6:18-31: Eleazar preferiu morrer a consumir carnes proibidas, “deixando, por sua morte, não somente aos jovens, mas à grande maioria da nação, um exemplo de nobre coragem e um memorial de virtude” (vs. 31--Traduction Oecumenique de la Bible). Embora isto seja de um livro apócrifo, é importante fonte de informações históricas e lança muita luz sobre os usos e costumes judaicos ao longo de séculos e milênios de apego às ordens divinas, pelos fiéis.

5 - Porque as leis de higiene e saúde não tinham caráter prefigurativo. Não eram leis “cerimoniais” e não apontavam à expiação de Cristo na cruz. Os debates de Cristo quanto a questão “do que entra pela boca”, muitas vezes mal compreendidos, diziam respeito a regras de impureza cerimonial, e não de discussões sobre liberdade para alimentar-se de comidas imundas, nem de recomendação de “comer sem lavar as mãos”, o que não seria medida recomendável, do ponto de vista médico.

6 - Porque na visão do lençol, de Atos 10, Pedro declarou que de modo algum consumiria animais imundos, como lhe apareceram num simbolismo dos gentios, os quais eram desprezados como “comuns ou imundos”, pelos judeus (ver Atos 10:10-16, 28 e 34). Portanto, ele demonstra que não aprendeu com Jesus ou seus companheiros apostólicos a alimentar-se daqueles animais.

7 - Porque entre as quatro regras determinadas pelo Concílio de Jerusalém (Atos 15) de questões de que os cristãos gentios deviam ABSTER-SE, embora sejam citados o consumo de sangue e carne sufocada, não se estabelece regra sobre coisas de que não havia necessidade de esclarecimento. Todos já sabiam que as carnes proibidas não eram alimentos válidos para o consumo dos cristãos. Paulo não tratou dessa questão ao discutir o problema das “carnes sacrificadas a ídolos” (1 Cor. 8’). Caso ele quisesse indicar o fim das leis de restrições alimentares, valer-se-ia da ocasião para tratar disso, e jamais o fez. O que ele dizia era que não haveria preocupação com esse tipo de carnes por terem sido sacrificadas a ídolos pois “o ídolo em si nada é”. Os sacerdotes pagãos vendiam parte das carnes de seus sacrifícios para consumo público. Mesmo que também sacrificassem coisas tais como porcos, ratos, cobras, os cristãos saberiam selecionar o que se considerava real “alimento”, a ser recebido “com ações de graça” (ver 1 Tim. 4:3), excluindo aquilo que a palavra de Deus proibia.

8 - Porque, sendo o corpo do cristão o “santuário do Espírito Santo” (1 Cor. 3:16, 17; 1 Cor. 9:18’), não deve contaminá-lo com aquilo que lhe seja prejudicial, já que devemos apresentar nossos corpos em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, que é o nosso “culto racional” (Rom. 12:1). Paulo também recomendou aos cristãos: “glorificai pois a Deus no vosso corpo” (1 Cor. 6:20).

9 - Porque Cristo e Pedro apresentaram comparações e ilustrações envolvendo porcos, num sentido de desprezo e depreciação de tal animal, tanto na linguagem de Cristo sobre “lançar pérolas aos porcos”, como ao mencionar porcos como um dos elementos da mais baixa degradação a que chegou o filho pródigo, e ao expulsar os demônios fazendo-os incorporarem numa manada de porcos; Pedro fala da porca que, lavada, volta ao lamaçal (ver Mat. 7.6; 8:30-32; Luc. 15:15, 16; 2 Ped. 2:22).

10 - Porque dados científicos confirmam o caráter malsão dos animais enumerados em Levítico 11 e Deuteronômio 14, como os chamados “frutos do mar”, porcos, peixes sem escamas, indicando a superioridade da legislação mosaica: Rudolph Virchow, conhecido como “o pai da patologia moderna”, disse:

“Moisés foi o maior higienista que o mundo já viu”. Dependendo de conhecimento revelado, e destituído de equipamento científico, Moisés ensinou, em seus pontos essenciais, quase todos os princípios de higiene praticados hoje. Entre eles encontramos a prevenção de doenças, desifecção pelo fogo e pela água, controle epidêmico mediante denúncia e isolamento dos portadores de doenças contagiosas, seguida de completa desinfecção de todos os objetos possivelmente contaminados. O asseio pessoal era imposto e obrigatório o sistema de esgoto, de maneira que o arraial dos judeus era asseado como o são as cidades modernas. Conquanto se provesse exercício físico, impunham-se freqüentes períodos de descanso e relax para evitar o excesso de trabalho’“. -- Dr. Owen S. Parrett, Diseases of Food Animals, p. 7 (Southern Publishing Assn. Nashville, Ten., 1939). 

FIM

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PODE O CRISTÃO COMER DE TUDO?





Textos Bíblicos Mal Compreendidos Sobre o Tema da Alimentação

Cristo declarou em Marcos 7:18-20: “Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E assim considerou ele puros todos os alimentos. E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura: Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”.
Coerência das Escrituras


Que questões estão aqui envolvidas? O Novo Testamento deixa bem claro: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (I Cor. 6:19, 20). E também: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Cor. 3:17); “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor. 10:31).

As Escrituras são coerentes. Elas não iriam ensinar-nos a cuidar bem com o que comemos e bebemos num lugar para noutro ensinar que não importa o que comemos ou bebemos. O problema com o texto de Marcos 7 é que muitos não percebem a natureza do debate que Cristo está levando a cabo. O mesmo ocorre com a atitude de Cristo quanto à lei divina e, particularmente, o sábado, tão mal compreendida por certos intérpretes bíblicos.
A Lei e o Sábado, Como Entender Tais Debates?


Quanto à lei, basta ler todo o seu Sermão da Montanha, em Mateus caps. 5 a 7, para perceber que Jesus não fala nada em alguma nova lei que veio implantar para substituir a antiga lei divina. De modo algum, tanto que afirma no início que não veio aboli-la, e sim cumpri-la, incentivando os discípulos a uma obediência a essa lei de modo a “exceder em muito a [justiça] dos escribas e fariseus” (Mat. 5:20).

Na seqüência, a ênfase de Cristo é exaltar os princípios mais profundos e espirituais da lei, perdidos de vista pela liderança religiosa judaica (“ouvistes o que foi dito aos antigos . . . Eu, porém, vos digo”). Ele não faz tais comentários no sentido de substituição de lei nenhuma, mas de interpretação do correto sentido e valor da lei divina que permanece como norma de vida, firmada que é no duplo princípio de “amor a Deus sobre todas as coisas” e “amor ao próximo como a si mesmo” (ver Mateus 19:17-19 e 22:36-40, cf. Levítico 19:18 e Deuteronômio 6:5). Afinal, já o patriarca Jó, no seu antiquíssimo livro (muitos entendem ter sido o primeiro livro da Bíblia escrito), declara: “Fiz concerto com os meus olhos para não olhar com lascívia para uma donzela” (Jó 31:1, NIV). Portanto, olhar para uma mulher com intenções impuras não é um princípio que passou a valer a partir das palavras de Cristo, bem como odiar um semelhante sempre foi errado.

Sobre o sábado, quanta interpretação equivocada não ocorre, com tantos perdendo de vista o verdadeiro caráter e sentido dos debates de Cristo por curar nesse dia. Há os que apresentam uma visão até chocante, colocando a Cristo como um estranho Ser, que estabelece o sábado “por causa do homem”, como Ele mesmo assegurou, mas daí, por alguma inexplicável razão, põe-Se a empreender uma campanha contra a instituição, como se tivesse chegado à conclusão de não ter sido uma boa idéia estabelecer esse princípio.

Contudo, em lugar de insinuar menosprezo pelo mandamento ou intenção de indicar sua abolição, Cristo Se defende das acusações que lhe lançam por curar no sábado esclarecendo que fazia o que era “lícito” (Mat. 12:12), o que significa “em harmonia com a lei”. Se Ele é o “Senhor do sábado” (Mat. 12:8') que foi “feito por causa do homem” (Mar. 2:27) e ao qual observava regularmente (Luc. 4:16) como iria passar a combater uma instituição por Ele mesmo estabelecida como Criador (Heb. 1:2)? Na verdade, o sentido de Seus debates não era indicar o fim do sábado, e sim restaurar o mandamento a sua correta aplicação, livrando-o dos acréscimos aplicados ao mandamento pelas tradições dos fariseus. O teor de Seus debates a respeito não era quanto a SE deviam guardar o sábado, QUANDO deviam guardar o sábado, e sim COMO observar o “dia do Senhor” no seu devido espírito.
O Debate Sobre O Que Entra no Homem e Dele Sai


Em Marcos 7 encontramos a Cristo uma vez mais empenhado em debater questões legais com líderes religiosos dos judeus e novamente há muita incompreensão do verdadeiro sentido desses debates. Os fariseus mantinham leis bastante estritas concernentes à pureza ritual. Eles criam que tocar num gentio (não-judeu) no mercado seria contaminante. Todos os utensílios de cozinha, como potes e panelas, copos e pratos, deviam ser lavados completamente no caso de algum gentio tê-los tocado, desse modo os contaminando (ver Mar. 7:1-5).

O objeto das discussões em Marcos 7 não eram as leis higiênicas dadas a Israel (Levítico 11) por um Deus amoroso que visava a proteger a saúde de Seus filhos, mas as tradições, os acréscimos ilegítimos a essa lei criados pelos fariseus, ou seja, a “tradição dos anciãos” (Marcos 7:5). Estes criam que comer com mãos sem lavar acarretaria contaminação procedente dos gentios. O ponto em discussão não era o que comer, mas como comer. Não se tratava do repúdio das leis de saúde concedidas pelo próprio Senhor, mas uma rejeição das idéias sobre contaminação cerimonial por contatos com gentios.

Nesse contexto é que “o que de fora entra no homem não o pode contaminar” no sentido espiritual. O que poderia proceder da mente de um homem é que seria realmente contaminante, quando isso representasse os piores pecados que Cristo enumera nos vs. 21 e 22. Nenhum alimento é cerimonialmente impuro pois o alimento em si não traz consigo pecado algum.

Cristo está acentuando as questões internas, enquanto os líderes judaicos preocupavam-se com exterioridades. O Salvador de modo algum está liberando todo tipo de comida para Seus discípulos e sim mostrando que a contaminação que mais conta é a do espírito, não a do corpo, especialmente por rituais criados por homens. Tanto isso é verdade que mais tarde, na visão do lençol em Atos 10, Pedro demonstra que não aprendeu tal lição com Cristo pois expressou veemente recusa em matar e comer os quadrúpedes, répteis e aves imundas que lhe surgiram na visão. Mais tarde ele entendeu que aquilo se referia aos gentios, aos quais os judeus consideravam “imundos” (ver Atos 10:28, 34, 35).
As Incompreendidas Palavras Paulinas


Os escritos de Paulo são outra fonte de incompreensão de muitos intérpretes da Bíblia. Isso pode ser perigoso à luz do que Pedro declarou em 2 Pedro 3:15-17. Quando ele trata da questão de certos alimentos a serem ou não consumidos, novamente se revela a incompreensão do que está dizendo, pois pessoas lêem os seus escritos com pressupostos que não correspondem à realidade histórica, cultural e contextual das questões.

Em 1 Coríntios 8:1 o Apóstolo, por exemplo, trata dos alimentos sacrificados a ídolos, o que é realçado no vs. 4. Em 1 Coríntios 10:25 ele chega a recomendar que se coma “tudo que se vende no mercado”, mas o problema deve ser identificado. Porções das carnes que eram sacrificadas em cultos de ídolos pagãos em Corinto eram vendidas nos mercados locais. Isso levou alguns judeus muito estritos a adotarem um regime vegetariano (Romanos 14:2-4). A questão aqui é saber se seria moralmente errado comer carne oferecida a ídolos. A resposta de Paulo é que os ídolos nada são (1 Cor. 8:4) mas que não se deve causar escândalo para um irmão que tivesse escrúpulos mais sensíveis quanto ao tema. Em respeito a esses seria melhor não empregar tal alimento (1 Cor. 8:11-13).

Destarte, uma vez mais o tema em discussão não eram os alimentos proibidos pela legislação levítica. Cristo não veio para purificar porcos, ratos e urubus para que sirvam de alimento para Seus filhos. Ademais, essas leis higiênicas não tinham caráter prefigurativo, em nada apontavam à cruz e ao sacrifício expiatório de Cristo. Não tinham por que, pois, serem abolidas pois não tinham as mesmas características das “leis cerimoniais”.

Na referência a 1 Timóteo 4:3 (os que “proíbem casamento, exigem abstinência de alimentos, que Deus criou para serem recebidos com ações de graça”) Paulo se refere a certos sectários de seu tempo (a expressão “últimos dias” tem o sentido de “tempo desde a presença do Messias”). Tratam-se de sectários de tendências ascéticas, como certos grupos gnósticos. Os heréticos colossenses, sobre os quais infelizmente não há muita informação, demonstravam tais tendências (ver Colossenses 2: 8, 16, 21).

O próprio fato de ressaltar que tais alimentos deviam ser “recebidos com ações de graça” indica que Paulo trata daquilo que mereceu aprovação divina, não dos alimentos proibidos por Deus que, logicamente, não se enquadrariam nesse qualificativo.Também é bom lembrar que a palavra “alimento” de modo algum limita-se a carnes.

O Apóstolo está se expressando contra o fanatismo dos que declaram que todo prazer físico é mau. Isso, em parte, deriva da noção dualística originária da filosofia grega, que atribuía ao corpo a maldade, enquanto a “alma” seria o elemento puro a ser refinado.
Proibições Bem Antigas


Quando Noé entrou na arca recebeu instrução de levar sete pares de animais limpos e só dois dos animais imundos (ver Gênesis 7: 2 e 3), pois após o dilúvio não haveria de imediato plantações e esses animais certamente seriam a fonte de alimento dos sobreviventes do dilúvio. Isso é significativo, pois mostra que a distinção entre animais limpos e imundos antecede a legislação sinaítica e, portanto, não é coisa só para os judeus. Noé sacrificou apenas animais limpos (Gên. 8:20).

Em Gên. 9:3 e 4 há realmente uma permissão para que Noé se alimente de “tudo o que se move, e vive”, com exclusão do sangue. Na verdade, porém, além da exceção do sangue, a lei mais tarde estipulava que não se podia utilizar carcaças de animais mortos por outras feras (Êxo. 22: 31; Lev. 17:15). Daí a permissão referir-se a “tudo o que se move, e vive”. Alguns pensam que com isso estão autorizados os demais animais, como porco, rato, cobras e lagartos. Contudo, sendo que ficou pouco antes bem claro que havia separação e definição de animais limpos e imundos, por coerência essa recomendação dizia respeito aos animais limpos somente. Moisés não julgou necessário detalhar o que antes já havia indicado.

Em Isaías 65:2-5 e 66:16-18 se descreve os que se rebelaram contra Deus e são consumidores de carne de porco e rato, além de adorarem ídolos. O profeta declara que esses serão destruídos por comerem porco e carnes abomináveis! Em Êxodo 15:26 lemos a promessa divina ao povo de Israel, de que se obedecessem plenamente os mandamentos que Deus lhes estabeleceu “nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor que te sara”.

Voltando a tratar dos escritos paulinos, vemos que a admoestação do Apóstolo à comunidade de crentes em Cristo é de que “o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e que “apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (1 Tess. 5:23; Rom. 12:1). O apóstolo João faz uma saudação a um nobre amigo cristão ressaltando os seus “votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3 João 2).

FIM 

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MÚSICA NA IGREJA





Instrumentos de Percussão na Música Sacra
Ozeas C. Moura


Como sabemos, a música é, hoje, assunto complexo, e facilmente se cai num ou noutro extremo. Essa complexidade se deve grandemente ao fato de a música fazer parte da cultura dos povos, sendo usada tanto em ocasiões festivas seculares quanto no âmbito religioso. Mas nos cumpre perguntar: O que vale para um ambiente secular seria também apropriado para uma ocasião de culto? A Bíblia tem parâmetros que podem responder a essa pergunta e nortear a escolha da música a ser usada no momento do culto, quando Deus é adorado.

Devido ao emprego cada vez maior de instrumentos de percussão nos cultos evangélicos e católicos, poderíamos perguntar: Quão apropriados são esses instrumentos na música sacra? Seria apenas questão de gosto ou uma questão bíblico-teológica?

Na música secular

Analisemos, primeiramente, a música fora do ambiente do templo, ou seja, música secular, de entretenimento ou de celebração por algum evento. Nesse tipo de música, praticamente todo tipo de instrumentos era usado, inclusive a dança. Um exemplo é o de Davi, em sua primeira tentativa de trazer a arca para Jerusalém. Em I Crônicas 13:8, é mencionado que esse rei conduziu o cortejo “com todo o seu empenho; em cânticos, com harpas, com alaúdes, com tamboris, com címbalos e com trombetas”. E II Samuel 6:14 informa que “Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor”. Essa dança nada tinha que ver com a dança moderna, nem era sensual, mas consistia em pulos de alegria (tipo da dança que ocorreu quando o filho pródigo voltou (cf. Lucas 15:25), e na ocasião em que os guerreiros egípcios se afogaram no mar Vermelho e Miriã conduziu um grupo de mulheres com “danças e tamborins” (ver Êxodo 15:20).

Na música secular ou de entretenimento, usavam-se instrumentos de percussão, como o tamborim, às vezes traduzido por “adufe” (no hebraico, toph - pequeno tambor de mão, ou pandeiro), usado para acompanhar, ritmadamente, a música e a dança, nas festividades e cortejos
[1] (Gênesis 3:27; Êxodo 15:20; Juízes 11:34; I Samuel 10:5; 18:6; II Samuel 6:5; Salmos 149:3; 150:4, etc.).

Na música sacra

Em se tratando de música sacra, apresentada no culto em louvor a Deus, vê-se que tambores e tamborins (o mesmo que adufes) ficaram de fora da música sacra, apresentada no templo, uma vez que estavam associados ao culto pagão e por fazerem parte da música secular, de comemoração ou entretenimento
[2]. Eles foram proibidos no templo, mas admitidos fora dele em festividades e encontros sociais. Isso indica que não eram maus em si mesmos, mas não eram tocados no templo justamente por sua associação com o entretenimento secular.

A ausência de instrumentos de percussão é vista na música sacra instituída pelo rei Davi, a qual era composta de música vocal (cantores) (I Crônicas 15:16, 19-22), instrumentos de cordas, como alaúdes e harpas (15:16, 20, 21) e instrumentos de sopro, como trombetas (15:24). A exceção fica por conta dos “címbalos” (metsiltayim) (15:16, 19) - dois pequenos pratos, usados pelo líder da música para marcar o fim de uma estrofe, e não para ritmar a música. O vocábulo Selah (pausa?), que aparece em muitos Salmos, pode indicar o momento em que eram tocados os címbalos
[3].

A mesma preocupação em se deixar de fora tambores e tamborins pode ser vista no restabelecimento do culto a Deus, empreendido pelo rei Ezequias: “Também estabeleceu os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por intermédio de Seus profetas” (II Crônicas 29:25, itálicos acrescentados). Esse texto nos mostra que a proibição de instrumentos de percussão, como tambores e tamborins, na música sacra, não surgiu da cabeça de nenhum músico humano, mas do próprio Deus. O mesmo procedimento foi adotado no tempo de Esdras e Neemias (ver Esdras 3:10 e Neemias 12:27,36).

Versos bíblicos e uso de tamborins

Os defensores do uso de bateria na igreja geralmente citam a Bíblia em apoio as suas idéias. Mas será que tais versos apoiam o emprego de instrumentos de percussão na igreja? Vejamos os principais:

1. Miriã e outras mulheres dançando com tamborins (Êxodo 15:20).

Como já foi mencionado, tamborins eram permitidos na música secular israelita, usados em ocasiões de alegria e entretenimento. Miriã e as demais mulheres não estavam fazendo um culto, mas cantando e dançando de alegria pela morte dos guerreiros egípcios, afogados no mar Vermelho.

2. Uso de tamborins por um grupo de profetas em Gibeá-Eloim (I Samuel 10:5)

Esse texto indica que tamborins eram usados na música sacra antes das diretrizes instituídas pelo rei Davi (ver outro exemplo no Salmo 68:24,25). A partir dessas directrizes, tamborins não são mais permitidos nem mencionados na música sacra israelita, por causa de sua associação com ritos pagãos.

3. A menção aos tamborins na primeira tentativa de Davi em levar a arca para Jerusalém (I Crônicas 13:8).

Nessa ocasião, não se tratava de um culto a Deus, mas se celebrava o transporte da arca para Jerusalém. Era uma ocasião de alegria, celebrada com danças (pulos de contentamento) e músicas de uma banda instrumental, que incluía tamborins.
4. Teria Deus preparado tamborins e pífaros para Lúcifer? (Ezequiel 28:13).

“A obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado, foram preparados” (Ezequiel 28:13, na versão Almeida Revista e Corrigida).

Ezequiel 28:13, na versão bíblica Almeida Revista e Atualizada, diz que Deus preparou os “engastes” e “ornamentos” para Lúcifer. A palavra “engaste”, no hebraico é “toph” e tanto pode se referir a “tambor de mão”, “pandeiro”, quanto a “garra ou guarnição de metal que segura uma pedra preciosa”. Já “ornamentos” é tradução da palavra hebraica “néqeb”, que também tem dois significados: “pífaro/flauta”, mas também “cavidade”, na qual se fixa uma pedra preciosa.

Gramaticalmente, as duas palavras acima podem se referir tanto a instrumentos musicais quanto a obra de joalharia. Com duas possibilidades de tradução, seria melhor traduzi-las à luz do contexto, que não é o de instrumentos musicais, mas de enfeites com ouro e pedras preciosas (conforme os versos 13, 14, 16 indicam). A versão Almeida Revista e Atualizada fez bem em traduzi-las como “engastes” e “ornamentos”.

5. Menção a “adufes” (tamborins) nos Salmos 149 (v.3) e 150 (v.4).

É verdade que tamborins (ou adufes) são mencionados nesses Salmos. Mas, seria sua menção um indicativo de que devam ser usados na música sacra no culto divino? Deve-se notar que esses dois Salmos não constituem um manual indicador dos tipos de instrumentos que devem ou não fazer parte da música sacra. A finalidade deles pode ser sintetizada com o ultimo verso do salmo 150: “Todo ser que respira louve ao Senhor.” Ou seja, tudo e todos devem louvar o Criador. Se os encararmos como um manual, então a música sacra deveria ser apresentada nos “leitos” (149:5), com os músicos portando “espadas de dois gumes” (v. 6) e louvando ao Senhor “no firmamento” (150:1), lugar ao qual só os anjos têm acesso e de onde podem louvar o Criador.

Conclusão

Algumas lições podem ser tiradas do que foi exposto acima:

1. A partir das orientações divinas, dadas ao rei Davi, instrumentos de percussão (com exceção para os címbalos) foram proibidos na música sacra do templo, devido à associação deles com o culto pagão.

2. A música sacra era precipuamente vocal, sendo acompanhada por instrumentos de cordas e de sopro (por exemplo, trombetas). Os instrumentos deveriam apenas acompanhar a música cantada e não encobri-la.

3. A ausência de instrumentos de percussão e danças na música do templo indica uma distinção entre a música secular e a empregada no serviço da casa de Deus. Não havia música ritmada, pois o templo não era um clube ou um lugar de entretenimento social, mas um lugar de culto
[4].

4. A música na igreja deve ser diferente da música secular, porque a igreja, como o antigo templo, é a casa de Deus e não um lugar de entretenimento. Instrumentos de percussão estimulam fisicamente e são inapropriados para a música na igreja hoje, como o foram para a música do templo no antigo Israel
[5].

A propósito, a Sra. Ellen White teve uma visão sobre a condição do povo de Deus nos dias finais, e seria benéfico à nossa vida espiritual levar em consideração essa advertência da mensageira do Senhor:

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal confusão e ruído. Isso é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificadora verdade para este tempo. Teria sido melhor não misturar a adoração ao Senhor com música do que usar instrumentos musicais para fazer a obra que seria introduzida em nossas reuniões campais, como me foi apresentada em Janeiro último. A verdade para este tempo não necessita disso para conseguir a conversão de pessoas.

Uma balbúrdia de barulho fere os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma benção. As forças dos agentes satânicos misturam-se com o alarido e barulho, para provocar um carnaval, e isso é chamado de acção do Espírito Santo. [...]

“Nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto. A mesma espécie de influência se introduziu depois da passagem do tempo em 1844. Fizeram-se as mesmas espécies de representações. Os homens ficaram exaltados, e eram movidos por um poder que pensavam ser o poder de Deus. [...]

“Não entrarei em toda a triste história; e demasiado. Mas em janeiro ultimo o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos erróneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demónios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável as pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que tem sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venham a perder sua força e influência.

“A mensagem do terceiro anjo deve ser dada em linhas direitas. Importa que seja conservada isenta de todo traço das vulgares, infelizes invenções das teorias humanas, preparadas pelo pai da mentira, e disfarçadas, como a serpente brilhante empregada por Satanás como meio de enganar a nossos primeiros pais. Assim busca Satanás por seu selo sobre a obra que Deus quer que se destaque em pureza.

O Espírito Santo nada tem que ver com tal confusão de ruído e multidão de sons como me foram apresentadas em Janeiro último. Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente.

“Essas coisas que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro.Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida. Deus convida Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói largamente a influência dos que seriam uma força para o bem, caso mantivessem firme o princípio de sua confiança na verdade que o Senhor lhes dera.” (Mensagens Escolhidas, v.2, p. 36-38, itálicos acrescentados).

Referências

1. Champlin, R. N.O Novo Testamento Interpretado, v. 7. São Paulo: Candeia, 2000, p. 4835.
(voltar)
2. Bacchiocchi, Samuele, ed.
The Christian & Rock Music, Berrien Springs: Biblical Perspectives, 2000, p. 207. (Nota dos editores do Música Sacra e Adoração: Este livro foi traduzido com a autorização expressa do autor pode ser encontrado em português clicando no nome acima.) (voltar)
3. lbid. (
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4. Idem, p. 208. (
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5. Idem, p.208, 2009. (
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 FIM
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Fonte:  Revista Adventista de Dezembro 2009.

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