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sábado, 30 de janeiro de 2021

Como lidar com a violência


Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Mateus 5:39, 40

O comerciante Alexandre Gouveia Zahur, de 27 anos, foi morto com três tiros, ao reagir a uma tentativa de assalto, no Rio de Janeiro. O coronel do Exército Joel Valente Passos, de 56 anos, levou um tiro na cabeça, quando tentava fugir de assaltantes, e morreu.

Em caso de assalto ou agressão, temos sempre três alternativas: reagir, fugir ou dar a outra face. O comerciante mencionado acima reagiu e foi morto. O coronel tentou fugir, e também foi morto. E esses não são casos isolados. Basta acompanhar o noticiário para perceber que essas ocorrências são frequentes. Qual a melhor opção? Aquela indicada por Cristo: não resistir.

O assaltante exige dinheiro? Dê-lhe o dinheiro e também o relógio. “As pessoas devem aprender de uma vez por todas que não podem reagir a assaltos”, afirmou o comandante Naor Huguenin, do 6º BPM.

O comandante Huguenin não estava ensinando nenhuma novidade. Cristo já havia dito isto 2000 anos atrás. E se Alexandre Zahur e o Coronel Passos tivessem posto em prática esse conselho, ainda poderiam estar vivos.

Nem fugir nem reagir. Quem foge geralmente é perseguido, pois a fraqueza é cúmplice da ferocidade alheia. Por outro lado, quem revida a uma agressão estimula o agressor a ser ainda mais violento, levando-o até a disparar a arma, e então um dos dois poderá perder a vida.

Não resistir, e ainda oferecer a outra face, apesar de parecer absurda, é, de longe, a melhor alternativa. Porque é uma demonstração de coragem moral e domínio próprio, que, por serem raros, geralmente surpreendem o agressor, deixando-o confuso e envergonhado.

O conselho de Cristo é superior à lei do “olho por olho, dente por dente”, porque quebra o ciclo de hostilidades, introduzindo graciosamente o perdão onde se esperava justiça.

Para Jesus, o inimigo não é um alvo a ser eliminado, mas um ser humano a ser redimido. Se não fosse assim, como poderíamos entender Suas palavras na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34)?

Dar a outra face e perdoar são atitudes nobres, que abrem a porta para a paz e a reconciliação. Não é fácil, mas é a melhor alternativa.


Rubem M. Scheffel, 

Resposta à oração da fé


E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; [...] e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. Tiago 5:15, 16

Na Nicarágua, um médico cubano foi ao Hospital Adventista para operar uma pessoa. Antes do início da cirurgia, uma das enfermeiras perguntou ao médico:
– Doutor, o senhor não vai fazer uma oração antes de começar?
– Enfermeira – respondeu o médico – eu já fiz muitas vezes essa cirurgia. Posso fazê-la sozinho, e não preciso de Deus.

A cirurgia foi iniciada. De repente, o anestesista chamou a atenção do médico para a pressão, que começava a cair. Aquele médico se empenhou ao máximo para salvar a vida do paciente. Uma hora depois, nada mais havia a ser feito. O paciente veio a falecer.

O médico tirou as luvas, jogou-as em cima do corpo e disse à enfermeira:
– Enfermeira, se o teu Deus pode fazer alguma coisa, então que Ele comece a trabalhar! – E saiu da sala a fim de dar a notícia para a família.
As duas enfermeiras ficaram ali, junto ao corpo. Então, uma delas disse:
– Não pode ser. Deus não pode ser zombado dessa maneira!
As enfermeiras se ajoelharam, dentro da sala de cirurgia, e oraram dizendo:
– Senhor, agora é a Tua vez. É o momento da Tua intervenção!
Levantaram-se, e mediram a pressão do paciente. Zero. Ajoelharam-se de novo e oraram com mais fervor ainda, suplicando:
– Senhor, é a Tua hora. Mostra o Teu poder!

Levantaram-se e ouviram o aparelho do eletrocardiograma começar a fazer os seus bips. A pressão voltara ao normal. Tudo estava normal, e o paciente, sem anestesia, estava com o campo operatório todo aberto. Uma das enfermeiras saiu correndo para avisar o médico de que o paciente estava vivo. O médico voltou à sala, completou a cirurgia e, uma semana depois, o paciente teve alta.

Aqui está um exemplo eloquente do poder da oração intercessória, feita com fervor. Esta é uma condição essencial: a oração deve ser feita com fé, por alguém que se distingue por sua fé.

Mas, é interessante notar que Deus não atendeu à oração do apóstolo Paulo, para que lhe fosse tirado o “espinho na carne, mensageiro de Satanás” (2Co 12:7-10). O problema não era falta de fé do apóstolo. Deus permitiu que esse problema o afligisse para protegê-lo do orgulho.

Portanto, a afirmação de Tiago não é incondicional como alguns pensam. Ela deve ser entendida assim: “E a oração da fé salvará o enfermo, se Deus achar que isto é o melhor para ele.” A oração da fé sempre deve incluir o seguinte pensamento submisso: “Se isto for da Tua vontade.”

 Rubem M. Scheffel

O que os outros vão dizer? - Rubem M. Scheffel


Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Mateus 27:22

Eu tinha dez anos de idade, e havia concluído o antigo curso primário. A formatura fora marcada para alguns dias depois do término das aulas. No dia marcado, saí de casa malvestido, pensando que iria à escola apenas para buscar meu primeiro diploma. Estava de calças curtas e pés descalços.

Ao chegar à escola, a diretora olhou para mim e perguntou:
– Sua mãe sabe que você veio para a formatura vestido desse jeito?
– Não, ela não me viu sair.

Logo percebi que havia cometido um equívoco, pois todos os demais colegas estavam bem vestidos, e que a entrega do diploma seria uma solenidade pública e não particular, como eu havia imaginado. Passei vergonha quando o meu nome foi chamado, e tive de ir à frente receber o canudo.

Ao chegar em casa, minha mãe ficou horrorizada ao me ver.
– Você foi assim para a escola? – exclamou ela. – O que é que os outros vão dizer? Vão pensar que você não tem mãe!
Minha mãe se preocupava muito com a opinião pública, e ainda me soam aos ouvidos o que ela me disse inúmeras vezes: “O que é que os outros vão dizer?”

Devemos nos preocupar com a opinião alheia ou ignorá-la, vivendo nossa vida como bem nos parecer, indiferentes ao que os outros possam dizer ou pensar?

Não há dúvida de que a opinião pública é, muitas vezes, um tirano que não ousamos desafiar. A ditadura da moda é um exemplo. Muitas pessoas podem até não gostar dela, mas acabam adotando-a por medo de saírem à rua e serem consideradas antiquadas.

A Palavra de Deus descreve alguns personagens que sucumbiram perante a opinião pública e outros que a desafiaram. Pilatos foi um desses homens de caráter fraco que, embora convencido da inocência de Jesus, e até mesmo desejoso de libertá-Lo, acabou condenando-O à morte por exigência da multidão.

No extremo oposto vemos homens como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que não aceitaram curvar-se perante a estátua de ouro erigida pelo rei Nabucodonosor. Permanecendo eretos diante de Deus e de suas convicções, ousaram desafiar não só a opinião pública, mas o próprio decreto do rei.
Não está longe o dia em que cada filho de Deus terá de desafiar abertamente o mundo e suas imposições ecumênicas, para não transigir com a consciência. Que Deus dê a cada um, nessa hora, a coragem de Lutero, para enfrentar os seus opositores e declarar: “Não posso retratar-me. Aqui permaneço. Que Deus me ajude. Amém!”

 Rubem M. Scheffel

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Você é capaz de corrigir sem ofender e orientar sem humilhar?


 

O que é uma pessoa honrada? Aquela que, entre outras coisas, tem a percepção da piedade, aquilo que precisa ser resguardado na convivência. Uma pessoa autêntica tem a autenticidade grudada à piedade. Eu não posso, em nome da minha autenticidade, dizer tudo o que penso. Eu não posso, em nome da minha autenticidade, desqualificar apenas porque quero ser transparente. Ser autêntico não significa ser transparente de maneiro contínua.


Ser transparente para si mesmo? Sem dúvida, mas dizer tudo o que pensa numa convivência é ofensivo. O exemplo do menino de 5,6 anos de idade que traz o presente clássico do Dia dos Pais feito pelas próprias mãos. Chega da escola com aquelas coisas “horrorosas”, feitas com casca de ovo, palito de sorvete, que chegam a cheirar mal. “Pai, ta bonito?” É óbvio que o pai dirá que está maravilhoso naquela circunstância. A ideia do elogio ou do não elogio tem de ser circunstancializada. Uma pessoa autêntica não aquela que é o tempo todo transparente. Se ela não tiver percepção de circunstância, ela se torna inconveniente. “Mas é assim que eu penso”. O fato de pensar assim não exime a pessoa de ser moderada. Isso não a leva a perder a autenticidade, apenas a resguardar a expressão de modo como é. Porque, como eu sou com os outros, tenho de ser de fato o que sou, mas não posso desconsiderar que outros existem. É preciso cautela, em nome da autenticidade, para não ser ofensivo. Nem descambar para o terreno da crueldade. Por exemplo, a criança chega com o presente e o pai diz: “Não está, não. Você devia ter feito uma coisa bonita”. Ora, na condição daquela criança, ela fez algo belíssimo. E é belo porque ela fez no melhor da sua condição. Não é a mesma circunstância de um pai ou de uma mãe que percebem que a criança fez algo com desleixo. Nesse caso, não deve elogiar por elogiar, porque isso deseduca. Se um filho ou uma filha traz um desenho que pode ser precário, mas que, naquela circunstância, naquela idade, naquele modo, é o melhor que a criança poderia fazer, é preciso elogiar em alto estilo. É sinal de afeto imenso. Mas, se o desenho apresentado é resultado de um desleixo, não se deve elogiar. Eu posso dizer a clássica fase de que educa: “Você é capaz de fazer melhor do que isso que está me mostrando”. Isso é educação. O que é crueldade? Dizer: “Isso é péssimo”. Quem educa precisa corrigir sem ofender, orientar sem humilhar. Precisa conviver com essa virtude, que é a piedade. 

Trecho do Livro: Educação, Convivência e Ética: Audácia e Esperança -De Mário Sérgio Cortella.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Conhecedores da época - Rubem M. Scheffel


Da tribo de Issacar havia 200 chefes – todos eles eram homens que conheciam bem os fatos daquele tempo, e sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir. 1 Crônicas 12:32, BV

O texto acima nos diz que os filhos de Issacar eram homens bem informados. E isto em uma época em que não havia rádio nem televisão. As notícias corriam de boca em boca, o que também é uma forma eficaz de comunicação.

E agora vem a segunda parte do texto: “E sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir”. Porque os filhos de Issacar eram bem informados, eles tinham melhores condições do que qualquer outra pessoa, de dizer o que Israel devia fazer, de apontar-lhes o caminho a seguir. E isto é verdade ainda hoje: um líder mal informado não deveria liderar nada, pois não tem condição de apontar aos liderados o caminho a seguir. Uma pessoa que está “por fora” dos acontecimentos não pode dirigir bem um país, uma empresa ou uma igreja.

Entretanto, é bom frisar que não só os líderes devem estar bem informados, mas cada membro da igreja. É inconcebível que nesta era de comunicação instantânea alguém não saiba das coisas.
Os discípulos de Cristo, dois milênios atrás, demonstraram interesse em conhecer os tempos, ao Lhe perguntarem: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século” (Mt 24:3).

Em resposta, Cristo fez uma profecia que salvou milhares de vidas: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (Mt 24:15-18).
A profecia de Daniel havia deixado claro que os exércitos romanos seriam o agente de destruição. Tal e qual Cristo havia predito, 35 anos mais tarde, o exército romano comandado por Céstio cercou Jerusalém. E começaram a lutar junto ao templo. Era o sinal para que os cristãos fugissem. Mas fugir como?

Foi então que se deu o livramento providencial. Sem a menor razão aparente, Céstio retirou-se. E quando os zelotes abriram os portões e se lançaram em perseguição aos romanos, os cristãos, que durante 35 anos haviam conservado na memória a profecia de Cristo e acompanhado os acontecimentos, entenderam que o momento predito havia chegado. E fugiram para os montes próximos.

Nenhum cristão morreu na destruição de Jerusalém. Porque se mantiveram atentos, comparando a palavra profética com o noticiário.

 Rubem M. Scheffel

Contagem Regressiva


 

Como se preparar para os eventos finais

O relógio do mundo está próximo a marcar meia-noite. O tique-taque intenso e progressivo dos sinais evidencia que algo grande e diferente está para ocorrer. O planeta está como uma grávida sentindo as dores do parto. A natureza está clamando, a sociedade gritando e a igreja confirmando: Jesus em breve voltará! Contagem Regressiva é um livro sobre os eventos finais. Esta obra, escrita com leveza e profundidade, trata dos principais assuntos que envolvem o retorno de Cristo. Temas como o triunfo global do espiritismo, a batalha do Armagedom, enganos do tempo do fim, entre outros, recebem destaques no livro e chamam a atenção da igreja para a necessidade de preparação para a volta de Jesus.

Pode Adquirir o livro em:

domingo, 17 de janeiro de 2021

Evolução da condição da mulher na publicidade?


Antigamente, nos anúncios publicitários, a mulher era retratada mais no seu papel de mãe e dona de casa.
Para as mulheres hoje (e feministas) isto é rebaixar a mulher.
A mulher hoje é mais vista como a "mulher Barbie", no sentido que é independente, trabalhadora, sem vínculos familiares determinados e um objecto sexual. Consequentemente, é também assim que passou a ser retratada na publicidade.
Se apresentar uma mulher como dona de casa e mãe é rebaixar o papel da mulher, o que dizer dos anúncios hoje, em que até para promover um colchão a mulher aparece despida e a rebolar.
Foi esta a evolução que houve no papel da mulher na sociedade?

© copyright Blog "uma mãe em casa"



Reflexão sobre a emancipação da Mulher e a sociedade Ocidental



Um destes domingos, no seu costumeiro programa na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa falou do papel da mulher. Segundo Marcelo, a situação da mulher tem melhorado bastante. Hoje as mulheres são mais independentes, têm maior presença no mercado de trabalho, formam-se em maior número do que os homens nas universidades e são melhores alunas, ascendem com mais frequência a lugares de administração, etc., etc.

Tudo isto é verdade e tudo isto é estatístico. Mas este fenómeno só teve aspectos positivos?

Em duas gerações, a família mudou radicalmente.Quando eu era criança, a maior parte dos meus amigos
tinha a mãe em casa. As mães eram domésticas, donas de casa, como se dizia, e asseguravam a gestão familiar.

Quando os meus amigos chegavam da escola, a presença das mães em casa para os receber dava-lhes conforto e segurança.
A minha família era diferente - e, por isso, às vezes eu invejava-os. O meu pai vivia no estrangeiro e a minha
mãe era professora, pelo que eu não tinha em casa a mãe à espera. Mas tínhamos empregada (na altura dizia-se 'criada') que me assegurava a mim e aos meus irmãos a retaguarda. Abria-nos a porta quando voltámos das aulas, fazia-nos as refeições, ia às compras. E isso dava-nos algum equilíbrio. A casa  funcionava o dia todo, nós sabíamos que lá havia sempre gente.

Esse mundo acabou. As casas das famílias da classe média estão hoje vazias durante todo o dia. Os miúdos acabam a escola e não podem ir para casa porque não há lá ninguém.
Têm de ir para actividades extra-escolares, onde os pais  - exaustos e sem paciência - os vão buscar ao fim do dia, esperando que os filhos não exijam muito deles.
É evidente que esta família não interessa a ninguém.O pai não tem pachorra para tratar da casa nem dos filhos - na família tradicional também não tinha -, pelo que a mãe acaba quase sempre por ter de acumular o trabalho no emprego com o trabalho em casa, sentindo-se uma escrava do lar e apetecendo-lhe, por vezes, bater com a porta.

E este modelo de família também não interessa aos filhos, que passam o dia todo fora de casa e, quando vêem os pais à noite, estes já estão sem paciência para os aturar. Partindo do princípio de que fora da família é fácil encontrar o prazer efémero mas muito difícil construir a felicidade, é então necessário procurar no Ocidente um novo equilíbrio da família.

Esta situação que agora se vive não é nada.
Não é bom as mulheres casarem mais tarde. Não é bom as mulheres terem cada vez menos filhos. Não é
bom os bebés serem depositados em armazéns. Nãoé bom as crianças não terem ninguém em casa durante
todo o dia e serem forçadas a andar de actividade em actividade para encher o tempo. Nada disto é bom.

A emancipação da mulher não é, pois, um tema do futuro - é já um tema do passado. A questão que hoje
se coloca é saber como irá a sociedade ocidental resolver os problemas resultantes do 'progresso', de
que a emancipação da mulher foi um dos aspectos marcantes.

in facebook de Cristina Antunes (2012)

Escolhido para aplaudir - Rubem M. Scheffel


A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 1 Coríntios 12:28

Um garoto chamado Jaime Scott se inscreveu para participar da apresentação de uma peça teatral em sua escola. Sua mãe revelou que ele havia colocado o coração nisso, mas ela temia que ele não fosse escolhido.

No dia em que as várias partes foram distribuídas, ela foi buscá-lo na escola. Quando a sineta tocou, no fim das aulas, Jaime saiu porta afora, ao encontro da mãe. Seus olhos brilhavam de orgulho e emoção.

– Adivinhe, mãe! – exclamou ele.
E ante o espanto da mãe, o garoto lhe disse com entusiasmo:
– Fui escolhido para bater palmas!

Que sabedoria tiveram as professoras ao dizer ao pequeno Jaime que ele não havia sido escolhido para representar no palco, mas para fazer a sua parte no auditório! E que humildade, da parte do garoto, em aceitar essa incumbência com alegria! Ele queria participar da peça, não importava como nem onde, e conseguiu. E estava feliz por isso.

A sociedade e a igreja precisam desses dois grupos de pessoas: os que vão à frente, falam e aparecem, e os que atuam na retaguarda, muitas vezes no anonimato, mas nem por isso são menos importantes. Porque realizam um trabalho de apoio, necessário aos que estão na linha de frente.
Imagine se todos atuassem como primeiro violino em uma orquestra! Ou se todos, num coral, cantassem a primeira voz. O fato é que alguém precisa ficar na retaguarda, e tocar contrabaixo, trompa, ou cantar barítono e baixo, para que haja contraste e os sons se completem.

Esta é a razão pela qual Deus concedeu diversidade de dons à igreja. Nem todos podem ser apóstolos. Nem todos são pregadores. Muitos poderão pertencer ao grupo de apoio, que muitas vezes trabalha no anonimato. Mas, sua obra é indispensável.

Que ninguém fique ressentido ou enciumado, pensando que seu trabalho não aparece ou não é reconhecido. Lembre-se do garoto que salvou a vida do apóstolo Paulo, mas o registro sagrado nem ao menos menciona o nome dele. Ele passou à história apenas como “o filho da irmã de Paulo” (At 23:16).

É possível que não apareçamos tanto quanto Pedro, nem brilhemos como Paulo. Mas há uma coisa que sempre podemos fazer: conduzir pessoas a Jesus.

Rubem M. Scheffel, 

A porta estreita


Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Mateus 7:13, 14

Eu ainda era garoto, quando um dia, durante o culto familiar, meu pai leu o texto acima. Ele parou a leitura por uns momentos e comentou o que o texto dizia, isto é, que a salvação é difícil, e é um privilégio de poucos. Por outro lado, é muito fácil se perder, e é o que vai acontecer com a maioria das pessoas. Todos nós concordamos. Afinal, não foi o próprio Cristo que disse isto?

Cresci com essa ideia de que a salvação é difícil e é para poucos. É só para gente muito consagrada, dedicada inteiramente às coisas celestiais. Por outro lado, a perdição é um caminho espaçoso, ensaboado, ladeira abaixo e, uma vez que a pessoa caia nele, é muito difícil conseguir sair.
Hoje, no entanto, devo dizer que penso exatamente o contrário, isto é, que é fácil ser salvo. Difícil é se perder. Uma pessoa que me ajudou a mudar de ideia, foi o Dr. Raoul Dederen, que foi professor de teologia na Universidade Andrews. Ao entrevistá-lo, um dia, ele me disse que o sacrifício de Cristo na cruz foi tão grande, tão poderoso, que poderia ter salvo o Universo inteiro, e que para alguém se perder, precisa declarar que não quer ser salvo. Porque, quem cala, consente. Portanto, se você se cala, já está consentindo em ser salvo.

Então, pensei: “Preciso dizer isso aos meus pais.” Um dia, ao visitá-los, mencionei essa ideia à minha mãe. Ela arregalou os olhos, e como se fosse a maior pecadora deste mundo, exclamou: “Mas, desse jeito, até eu posso ser salva!” E eu confirmei: “É isso mesmo, mãe. Desse jeito, até eu também posso ser salvo!”

Concordemos ou não com as palavras do Dr. Dederen, o fato é que Deus tomou todas as providências, para que aquele que crê, não pereça. Ele não quer “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).

O preço pago pela nossa salvação foi muito alto, e Deus não deseja que apenas umas poucas pessoas se beneficiem do infinito sacrifício feito por Cristo. Portanto, desista da ideia de que é fácil se perder, pois Deus está decidido a salvar cada pessoa.

Mas se é assim, então o que quer dizer o texto de Mateus 7:13 e 14, mencionado no início? É simples: João 10:7 e 9 deixa claro que Jesus é essa porta estreita que poucos encontram. Se já aceitou Jesus como seu Salvador pessoal, você já achou a porta estreita, e está no caminho que conduz para a vida.

 Rubem M. Scheffel

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Inversão de valores


Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam. Mateus 6:19

Por ocasião do naufrágio do Titanic, uma senhora ocupou o seu lugar no bote salva-vidas que estava para ser baixado às águas encapeladas do Atlântico Norte. De repente, ela se lembrou de algo que iria precisar, de modo que pediu permissão para voltar ao seu camarote, antes que partissem. Deram-lhe três minutos. Se não voltasse nesse prazo, partiriam sem ela.

Ela correu pelo convés, que já se inclinava num ângulo perigoso. Atravessou o salão de jogo, com todo o dinheiro que havia rolado para um canto até à altura do tornozelo. Entrou em seu luxuoso camarote e rapidamente empurrou para o lado os anéis de diamante, braceletes e colares que possuía, a fim de pegar, na prateleira acima de seu leito, três pequenas laranjas. E voltou apressadamente para o bote.

Trinta minutos antes ela não teria trocado um engradado de laranjas pelo menor dos seus diamantes. Mas agora a morte estava a bordo do Titanic. E o seu trágico sopro havia transformado todos os valores. Instantaneamente, joias preciosas haviam se tornado sem valor. E coisas sem valor haviam se tornado preciosas. Naquele momento, ela trocaria uma caixa de diamantes por três pequenas laranjas.
Há eventos na vida que têm o poder de transformar a maneira como encaramos o mundo.

Geralmente, quando nos acontecem tragédias inesperadas, como falência, perda de um ente querido, perda da saúde e da liberdade, é que nos damos conta dos verdadeiros valores. Foi com essa intenção que Jesus contou a parábola do Rico Insensato, o qual havia acumulado uma enorme soma de dinheiro que lhe permitiria viver muitos anos sem trabalhar – só comendo, bebendo e se divertindo. Queria desfrutar esta vida como se fosse viver para sempre. Mas Jesus o chamou de volta à realidade dizendo: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc 12:20, 21).

Não é pecado ser rico. Abraão, Jó, Salomão, Nicodemos e outros personagens bíblicos eram muito ricos. E a Bíblia nada fala contra a riqueza desses homens. Na verdade, a Bíblia diz que Deus é quem nos dá forças para adquirirmos riquezas (Dt 8:18).

O grande problema desse fazendeiro era que, além de acumular riqueza só para si, ele não era rico para com Deus. Daí o conselho de Cristo a todos nós: “Mas ajuntai para vós outros tesouros no Céu” (Mt 6:20).

 Rubem M. Scheffel

Depressão - Rubem M. Scheffel


Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Salmo 43:5

Há um hino muito conhecido que diz: “Sempre alegre, sempre alegre é o viver do bom cristão” (Hinário Adventista, nº 219). Entretanto, a maioria dos cristãos que conheço, e entre os quais eu me incluo, não vive o tempo todo alegre, cantarolando e assobiando, como se a vida fosse um eterno mar de rosas.

Todos nós temos nossos momentos de aflição, dor e desânimo. E este fato também se acha expresso na letra de outros hinos que cantamos: “Dias turvos há em que busco em vão o semblante de meu Jesus” (375). “Quando te vêm tristezas, dores ao coração, olha com fé pra cima” (272). “Se amargas tristezas da vida curvarem-te a fronte em dor” (360). O hino 297 do Hinário Adventista fala nas “dores que a mim vêm assolar”.

As estatísticas sobre depressão indicam que este é o mal do século 21. Os psicoterapeutas explicam que a falta de sono, combinada com uma dieta imprópria e falta de exercício, pode contribuir para a depressão. Mas as principais causas são de natureza psicológica, como solidão, estresse, sentimento de culpa, ira ou uma perda dolorosa, como falência, divórcio ou morte de um ente querido.

Nas Escrituras Sagradas encontramos pessoas devotas que sofreram de depressão. Davi, por exemplo, era músico talentoso, corajoso guerreiro e herói, aclamado pelas mulheres de Israel. Uma pessoa ilustre, popular, bem-sucedida como Davi, deveria ser imune à depressão. Mas é interessante notar que todas as causas de depressão mencionadas acima – solidão, estresse, culpa, ira e perda dolorosa – estavam presentes em sua vida.

Recapitulemos alguns fatos: Davi matou o gigante Golias com sua funda, tornando-se um herói popular, o que deixou o rei Saul com inveja. O irado rei procurou matar seu jovem rival. Davi precisou fugir pelos fundos de sua casa e ir para o deserto, perseguido pelo exército de Saul. Para completar sua desgraça, o rei tomou-lhe a bela esposa e a deu a outro homem.

Davi, que era recém-casado, entrou em depressão, o que é compreensível. E em meio às profundezas do desespero, clamou: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” Mas apesar do desânimo, Davi se recusou a abandonar sua fé em Deus. Ele preferiu continuar confiando na providência divina, e no mesmo verso aponta a solução para si mesmo: “Espera em Deus, pois ainda O louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 43:5).

Qualquer que seja a nossa situação, também podemos encontrar refúgio nos braços amorosos de Deus e, mesmo nas horas mais sombrias de nossa vida, louvá-Lo pelo Seu poder para nos salvar.

 Rubem M. Scheffel,

Farol dianteiro


Os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro. Eclesiastes 9:1

Quando o escritor e memorialista Pedro Nava completou 80 anos de idade, foi entrevistado por uma repórter, que lhe perguntou:
– Como é ter 80 anos?
– Não é grande coisa – respondeu Nava. – Melhor é ter vinte, como você.
– E toda essa experiência não é nada? – insistiu a repórter.
– A experiência é um farol na traseira do carro – contestou o escritor. – Só alumia para trás. Mostra onde você errou, onde acertou.
Nava estava querendo dizer que a experiência de toda uma vida não lança luz sobre o futuro. Oitenta anos de erros e acertos continuam inúteis no sentido de evitar futuros tropeções. Oitenta anos tateando nas trevas! Assim é a vida do ser humano, quando não tem um farol dianteiro a lhe guiar os passos.

No início de um novo ano, muitos adivinhadores apontam seus holofotes em direção ao futuro, tentando desvendar o que acontecerá no novo ano. Consultam orixás, bolas de cristal, cartas ou búzios, e saem a público, alardeando suas predições. Algumas delas eventualmente se cumprem, ou por acaso, ou porque Satanás os inspira a pronunciá-las, já que “pela experiência adquirida através dos longos séculos, ele pode raciocinar partindo das causas aos efeitos, e predizer muitas vezes, com certo grau de precisão, alguns dos acontecimentos futuros da vida do homem” (Patriarcas e Profetas, p. 687).

Pela observação do passado e do presente, é possível prevermos tendências e comportamentos, da mesma maneira como as empresas, baseadas nos dados passados e atuais, fazem projeções de vendas para os anos seguintes. E a margem de erro muitas vezes é pequena.

Não há nenhum inconveniente nisto. O que é condenado pela Palavra de Deus é o consultar espíritos familiares, pois a prática do ocultismo é abominação ao Senhor.

Por que repetir isso ao povo de Deus? Porque alguns consultam o seu horóscopo alegando que “geralmente dá certo”. Outros o fazem movidos pela curiosidade. Devemos ser um povo sábio, não nos deixando enganar por aqueles que acreditam na influência dos astros sobre a vida humana.
O que precisamos saber está revelado na Palavra de Deus. Este é o único farol dianteiro que lança luz sobre o futuro.

 Rubem M. Scheffel,

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