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sábado, 30 de janeiro de 2021

O que os outros vão dizer? - Rubem M. Scheffel


Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Mateus 27:22

Eu tinha dez anos de idade, e havia concluído o antigo curso primário. A formatura fora marcada para alguns dias depois do término das aulas. No dia marcado, saí de casa malvestido, pensando que iria à escola apenas para buscar meu primeiro diploma. Estava de calças curtas e pés descalços.

Ao chegar à escola, a diretora olhou para mim e perguntou:
– Sua mãe sabe que você veio para a formatura vestido desse jeito?
– Não, ela não me viu sair.

Logo percebi que havia cometido um equívoco, pois todos os demais colegas estavam bem vestidos, e que a entrega do diploma seria uma solenidade pública e não particular, como eu havia imaginado. Passei vergonha quando o meu nome foi chamado, e tive de ir à frente receber o canudo.

Ao chegar em casa, minha mãe ficou horrorizada ao me ver.
– Você foi assim para a escola? – exclamou ela. – O que é que os outros vão dizer? Vão pensar que você não tem mãe!
Minha mãe se preocupava muito com a opinião pública, e ainda me soam aos ouvidos o que ela me disse inúmeras vezes: “O que é que os outros vão dizer?”

Devemos nos preocupar com a opinião alheia ou ignorá-la, vivendo nossa vida como bem nos parecer, indiferentes ao que os outros possam dizer ou pensar?

Não há dúvida de que a opinião pública é, muitas vezes, um tirano que não ousamos desafiar. A ditadura da moda é um exemplo. Muitas pessoas podem até não gostar dela, mas acabam adotando-a por medo de saírem à rua e serem consideradas antiquadas.

A Palavra de Deus descreve alguns personagens que sucumbiram perante a opinião pública e outros que a desafiaram. Pilatos foi um desses homens de caráter fraco que, embora convencido da inocência de Jesus, e até mesmo desejoso de libertá-Lo, acabou condenando-O à morte por exigência da multidão.

No extremo oposto vemos homens como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que não aceitaram curvar-se perante a estátua de ouro erigida pelo rei Nabucodonosor. Permanecendo eretos diante de Deus e de suas convicções, ousaram desafiar não só a opinião pública, mas o próprio decreto do rei.
Não está longe o dia em que cada filho de Deus terá de desafiar abertamente o mundo e suas imposições ecumênicas, para não transigir com a consciência. Que Deus dê a cada um, nessa hora, a coragem de Lutero, para enfrentar os seus opositores e declarar: “Não posso retratar-me. Aqui permaneço. Que Deus me ajude. Amém!”

 Rubem M. Scheffel

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