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domingo, 28 de janeiro de 2018

FESTA DOS TABERNÁCULOS



Festa em Jerusalém

Celebração judaica identificava Jesus como Messias


 “A festa dos Tabernáculos era um dos momentos mais felizes do ano litúrgico judaico”


ano agrícola judaico se encerrava com a grande Festa dos Tabernácu­los. Nos meses de setembro e outu­bro, logo após o verão, os israelitas se dirigiam a Jerusalém para as
grandes festas do outono (a Festa das Trombetas, o Dia das Expiações e a Festa dos Tabernáculos). Essas festas se seguiam, uma após a outra, durante o sétimo mês do calendário judaico. Veja, por exemplo, Êxodo 23:14-17.
A Festa dos Tabernáculos se tornou um dos momentos mais felizes do ano litúrgico judai­co. Flávio Josefo (em Antiguidades) e o Talmude descrevem a celebração dessa festa na época do segundo templo em Jerusalém. Mul­tidões de peregrinos de todas as partes de is­rael e do mundo chegavam a Jerusalém em ca­ravanas coloridas e festivas. Lá, eles prepara­vam tendas de ramos ao longo das ruas, no pátio do templo, sobre os telhados das casas, nos montes e vales ao redor da cidade. Jerusa­lém ficava  toda decorada com ramos de olivei­ra, palmas, salgueiros, frutas frescas e flores.
A cerimônia mais marcante da festa era intitu­lada “O Regozijo no Local da Retirada da Água”. Durante a festa, além da oferta (ou “libação”) anual de vinho, era derramada sobre o altar uma oferta de água. A cada manhã, os sacerdotes fa­ziam soar as trombetas, de modo longo e pene­trante, aos primeiros raios do sol. Assim, o povo era despertado para mais um dia de exclamações de alegria. Os sacerdotes desciam então à piscina de Siloé, levando consigo um frasco de ouro para enchê-lo de água, e retomavam ao templo de for­ma cadenciada e pausada, ao som das trombetas. Após o sacrifício e de ter entoado o Halel (Salmos 113-118), os sacerdotes, segu­rando os ramos e frutos da terra pres­critos em Levítico 23, rodeavam o al­tar de bronze, o qual estava adorna­do com ramos frescos de salguei­ro, e recitavam as palavras do Salmo 118:25: “Oh! Salva-nos, Senhor, nós Te pedimos!” O sacerdote responsável pelo serviço subia a rampa do al­tar de bronze e derramava a água do frasco de ouro sobre uma bacia de prata, e vinho sobre uma segun­da bacia. Na seqüência, de
forma simultânea, o conteúdo de ambas as bacias era derramado sobre o altar. Todos os presentes exclamavam: “O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico. [...] Vós com alegria tirareis água das fontes da salvação” (lsa. 12:2 e 3). Na tradi­ção judaica, esta cerimônia comemorava a “Ro­cha” da qual brotou “água viva” e que acompa­nhou os israelitas durante a sua peregrinação no deserto, sendo símbolo de Deus e do Messias.
A segunda cerimônia mais marcante da fes­ta ocorria de noite. Quatro grandes candela­bros de sete braços, contendo no topo de cada braço vários litros de óleo e pavios feitos de vestes sacerdotais desgastadas, iluminavam toda a área do templo e a cidade de Jerusalém. Uma orquestra tocando flautas, harpas, címba­los e tambores acompanhava uma procissão de tochas, na qual havia danças e grande regozijo entre os peregrinos. Enquanto isso, o coral de levitas, posicionado nas escadarias internas do templo, entoava os “Salmos de Ascensão” (Sal­mos 120-134). Essa cerimônia noturna marca­va profundamente o espírito da festa.
A descrição da Festa dos Tabernáculos no Antigo Testamento e nos escritos judaicos nos ajuda a compreender varias passagens do Novo Testamento relacionadas com essa festa. Os capítulos 7-10 do evangelho de João são um exemplo. João 7:37 e 38 diz que, no últi­mo dia da Festa dos Tabernáculos, Jesus Se apresentou como a verdadeira fonte da água viva, numa referência direta à cerimônia matu­tina do “Regozijo no Local da Retirada da Água”. No mesmo dia, também declarou ser a luz do mundo (João 8:12), numa referência á cerimônia noturna.  Em João 9, Jesus cura um cego de nascença, para indicar que é a luz do mundo, aplica-lhe lama aos olhos e depois ordena-lhe que os lave no tanque de Siloé, local de onde era retirada a “água viva” a cada manhã da festa. Assim, João 9 une os dois temas (“luz” e “água”) apresentados nos capítulos anteriores. Em João 10, Jesus Se apresenta como o Bom Pastor e a Por­ta da salvação, numa alu­são direta ao Salmo 118:20, o principal salmo entoado ao longo da festa.

Reinaldo W. Siqueira, Ph.D. em Antigo Testamento pela Andrews University (EUA), é professor de Línguas e Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no Seminário Latino-Americano de Teologia, em Engenheiro Coelho, SP.

Sinais dos Tempos

Janeiro- Fevereiro/2002

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