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sábado, 14 de maio de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - A PALAVRA NOVO EM GREGO E NOVO EM PORTUGUËS



NOVO EM GREGO E NOVO EM PORTUGUËS


Para o nosso vocábulo “novo” o grego nos apresenta dois vocábulos com nuances de significação, ou sejam “neoz—     néos e “kainoz —      kainós.

Os dicionários nos apresentam a seguinte distinção entre as duas palavras:

Néos seria traduzida em português por novo, jovem, recen­te, jovial, novo no sentido de tempo, recém-formado, etc.

Kainós é o novo na espécie, no caráter, no modelo, reno­vado, melhorado, de maior excelência, não novo tio temoo, mas novo na forma ou qualidade, melhor que o velho.

A distinção pode ser notada com mais propriedade com a resposta à seguinte pergunta. Qual seria a diferença entre ad­quirir um livro novo —   néos e outro novo —    kainós ? A resposta seria: para o ato de adquirir um livro recém impresso, o grego usa néos, e para o fato de adquirir um livro conservado, kainós. O exemplo poderia ser ampliado para um carro néos e o carro kainós, um terrno néos e outro kainós.

Para a nossa língua com suas limitações vocabulares, em relação ao grego, isto é quase inexplicável.

A Internacional Standard Bible Enciclopedia, vol. 4, pág. 2.140, falando sobre a diferença entre néos e kainós, explica que kainós, denota novo com respeito à qualidade; e néos com respeito ao tempo, aquele que tem recentemente vindo à exis­tência. A nova tumba kainón nemeon (Mat. 27: 60), na qual Jesus foi colocado, não tinha sido feita recentemente, mas uma na qual nenhum morto tinha sido colocado.

A nítida distinção entre estes dois adjetivos em grego nos é útil no campo da exegese para melhor compreensão dos se­guintes temas:

1.      Novo Mandamento

As passagens de São João 13: 34; 1 João 2: 7 e 8 e II João 5, têm sido mal interpretadas pelos protestantes e por outros opositores dos 10 mandamentos, por afirmarem que Cristo dan­do um novo mandamento automaticamente estava anulando a lei que foi dada no Monte Sinai. A língua grega não autoriza tal interpretação, desde que nestes versos o adjetivo kainós não significa novo no tempo, recente, mas novo na forma ou qualidade.

O SDA Bible Commentary, vol. 5, págs. 1031, 1032, te­cendo considerações sobre João 13: 34 nos notifica:

“O mandamento do amor não era em si mesmo novo. Ele pertencia às instruções dadas pelo Senhor, através de Moisés, Lev. 19: 18. O mandamento era novo no sentido de que uma demonstração tinha sido dada do amor e que os discípulos ago­ra eram convidados a imitar. Pela sua revelação do caráter do Pai, Jesus abriu ao homem um novo conceito do amor de Deus.  O novo mandamento aos homens, era para que perseverassem no mesmo relacionamento, de uns para com os outros, que Je­sus tinha cultivado com eles e a humanidade em geral. Onde o velho mandamento ordenou aos homens que amassem seus vizinhos como a eles mesmos, o novo estimula a amar como Jesus tinha amado. O novo era de fato mais difícil que o ve­lho, mas a graça para o seu cumprimento seria abundantemen­te provida.”

II.     Novas Línguas


A diferença entre estes dois adjetivos nos é muito útil na problemática questão do dom de línguas.

Nas discutidas declarações de Marcos 16, questionadas pe­la crítica textual, é predito que os crentes falariam novas lín­guas (glossais lalessousin kainais, 16: 17). O emprego do vo­cábulo kainós e não o sinônimo néos é esclarecedor neste assun­to. Conforme explicado anteriormente, kainós se refere ao novo primariamente em referência à qualidade, ao novo não usado, enquando néos se refere ao recente.

Roberto Cromacki, em Movimento Moderno de Línguas, pág. 72, afirma:

É admitido por todos que o fenômeno de falar línguas não ocorreu no Velho Testamento, nem no período dos evan­gelhos acontecendo somente pela primeira vez no dia de Pente­costes. Portanto, se o falar línguas tivesse envolvido línguas desconhecidas, nunca antes faladas, então Cristo teria usado néos (novo em referência ao tempo). Mas, visto que ele empre­gou kainós, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém, que já existiam antes.”

Estas novas línguas de Marcos 16: 17 são as mesmas encon­tradas em Atos 2: 4, com a denominação de outras línguas. O pronome empregado para outras é   eterai  —   heterai, isto é, di­ferentes das que eles estavam acostumados a falar.

III.   A Nova Terra


Em Apoc. 21:1 lemos:   “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.”
É confortador saber —   que a nova terra (kainé) vista por João é esta nossa terra, renovada pelo poder de Deus. Sabemos também que o pecado obliterou o plano divino para esta terra, mas graças ao plano da salvação esta abençoada terra, que nos viu nascer, depois de purificada pelas chamas destruidoras será o lar edênico dos salvos.

Assim como esta terra será renovada (kainé), a nossa vida também precisa ser renovada pelo poder de Deus. Devemos submeter-nos á justiça de Cristo, para que esta renovação seja completa. “E assim, se alguém está em Cristo, é nova Criatura:  as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” II Cor.5:17.

Quando o revelador descreveu o novo céu e a nova Terra nesta passagem ele usou a palavra grega “kainós” que quer di­zer nova em qualidade, contrastando com néos que significa nova em tempo.

O Comentário Adventista, vol. 7, pág. 889, consigna:

“João estava, provavelmente, ressaltando o fato de que os novos céus e a nova Terra serão criados dos elementos pu­rificados dos velhos, e assim serão novos em qualidade, e serão diferentes. Os novos céus e a nova Terra serão então uma recria­ção, uma nova feitura dos elementos existentes.”


IV.   Novo Concerto


A expressão Novo Concerto, em grego “diateke kaine” usada em Heb. 8: 8 significa restaurar ou renovar. É um no­vo renovado, melhorado, de maior excelência.

Nem sempre a diferença entre kainós e néos é bem níti­da, como na referência a novo homem, que aparece na Biblia:  kainós ântropos e néos ântropos. E. W. Bullinger no precioso A Critica/ Lexicon and Cocordance, pág. 523, estabelece para este caso a seguinte distinção: “Quando as duas palavras são usadas para a mesma coisa, há sempre esta diferença: assim o kainós ântropos, o novo homem, é aquele que difere do ante­rior; o néos é aquele que é renovado segundo a imagem daque­le que o criou.”

Em Efésios 2: 15 “aboliu na sua carne a lei dos manda­mentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz”; encontra-se o kai­nós ântropos. Em Colossenses 3: 10 “e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segun­do a imagem daquele que o criou”, aparece néos ântropos.

Conclusão



Creio que o estudo destas duas palavras é proveitoso para a explicação de passagens bíblicas, a fim de que os torcedores da verdade, não empreguem declarações como “novo manda­mento” e “novas línguas” para apoiarem ensinamentos não defensáveis pelas Sagradas Escrituras.

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