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sábado, 14 de maio de 2016

TEMAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - O AMOR — A MAIOR DAS VIRTUDES QUATRO VERBOS PARA AMAR EM GREGO




O AMOR  —       A MAIOR DAS VIRTUDES

QUATRO VERBOS PARA AMAR EM GREGO


O  grego, sendo uma das mais ricas línguas do mundo, tem o poder inigualável de expressar sutis diferenças de significado por palavras distintas. Freqüentemente o grego apresenta várias palavras para expressar mudanças de significados, enquanto nós o fazemos mediante um só vocábulo. Em português todas as cambiantes do rico sentimento do amor são expressas por uma palavra, enquanto o grego o faz através de quatro formas distintas.

São elas:

1o.)   O verbo agapaw  —          agapao  e o substantivo  agaph  —           agape.

2o.)   O verbo filew  —         fileo e o substantivo  filia  —             filia
3o.)   O verbo stergw  -  stergo e o substantivo storgh – storge.
4o.)   O verbo eraw  —      erao e o substantivo eroz  —         eros.

Distinção Entre Estas Quatro Formas


Agapao é considerar com reverência, admirar por algum bem, amar de modo mais elevado. No grego clássico signi­ficava saudar afetuosamente. Sua grande diferença com fi­leo é a seguinte: agapao não tem nada do calor e da afeti­vidade que caracteriza o fileo.

2)     Fileo é olhar para alguém com afetuosa consideração, ter afeição, amizade, gostar de; podendo até ser traduzido por acariciar, beijar. Pode ser usado para o amor entre o marido e a esposa. No Novo Testamento fileo é usado para expressar o amor de pai e mãe e de filho e de filha (Mat. 10: 37). É usado para o amor de Jesus por Lázaro (João 11: 3, 36) e uma vez é usado para o amor de Jesus pelo discípulo amado (São João 20: 2).

3)     Stergo é um verbo que está mais relacionado com afeição familiar. Seria traduzido com propriedade para o portu­guês por amar com ternura, suportar.

Pode ser usado para o amor de um povo por seu governo, mas o seu uso mais normal é descrever o amor entre cónjuges, e entre pais e filhos. Platão escreveu “Um filho ama (stergein) e é amado por aqueles que o geraram”.

Este verbo não aparece no Novo Testamento, mas apenas em um adjetivo cognato —   Filostorgoz filóstorgos Rom. 12: 10, traduzido na Almeida Revista e Atualizada no Brasil por “amor fraternal”. Paulo o usa como indicação de que a co­munidade cristã não é uma sociedade, mas uma família.

4)     Erao  —    usado principalmente para o amor entre os sexos. Tanto em grego como os derivados em português (erotis­mo, erótico) nos evidenciam que este verbo adquiriu uma conotação pejorativa. A nossa palavra amante expressa esta idéia decadente do vocábulo.

Também não é usado no Novo Testamento, porém, apare­ce duas vezes na Septuaginta em Ester 2:17 e Prov. 4:6.

Sendo que erao expressava o lado negativo do amor, isto é, a palavra desprezível, e que stergo estava ligado mais com afeição familiar, elas tinham que ser colocadas de lado, por não expressarem os vastíssimos conceitos do amor cristão.

Das afirmações anteriores, concluímos que as duas que se sobressaem e merecem nosso especial interesse são: agapao e fileo, sendo João o escritor bíblico que mais constantemen­te usa estas duas palavras.


Agapao


O verbo agapaw —      agapao e o substantivo agaph   —     agape são as duas palavras mais comuns no Novo Testamento. Agapao e fíleo corresponderia ás palavras latinas diligo e amo usadas na Vulgata.

As seguintes declarações de William Barclay, em New Tes­tament Words págs. 20-23 ao comentar agape são importan­tes:

“A grande razão por que o pensamento cristão se fixou em agape é que esta palavra exige o exercício do homem todo. O amor cristão não deve apenas se estender aos nossos mais próximos e mais queridos, nossa parentela, nossos amigos e aque­les que nos amam; o amor cristão deve estender-se à comuni­dade cristã, ao próximo, ao inimigo, a todo o mundo”.

“Agape tem a ver com a mente: não é simplesmente uma emoção que surge espontaneamente em nosso coração; é um princípio pelo qual vivemos deliberadamente. Agape tem a ver supremamente com a vontade. É uma conquista, uma vitória, uma realização. Ninguém jamais amou naturalmente os seus ini­migos. Amar os inimigos é uma conquista de todas as nossas inclinações naturais e emoções”.

“Este agape, este amor cristão, não é meramente uma ex­periência emocional que nos vem espontaneamente e não pro­curada, é um principio mental deliberado, é uma deliberada conquista e aquisição da vontade. É de fato o Poder para amar o não amável, amar as pessoas de quem não gostamos. O cris­tianismo não nos pede que amemos nossos inimigos e os ho­mens em geral da mesma maneira como amamos nossos mais próximos e mais queridos e aqueles que estão intimamente li­gados a nós; isto seria ao mesmo tempo impossível e errado. Mas requer que tenhamos sempre certa atitude mental a to­dos os homens, não importa quem sejam.”

“Qual é então o significado deste agape?”

“A passagem principal para a interpretação do significa­do de agape é Mat. 5: 43-48. Ali estamos sob a obrigação de amar os nossos inimigos. Por quê? A fim de que sejamos se­melhantes a Deus. E qual é a ação típica de Deus que é cita­da? Deus envia sua chuva sobre os justos e injustos e sobre os maus e os bons, o que equivale a dizer   —     não importa a que um homem é semelhante, Deus nada procura senão seu mais elevado bem”.

“Quer o homem seja um santo, quer seja um pecador, o único desejo de Deus é o maior bem daquele homem. Ora, isto é o que significa agape. Agape é o espírito que diz: ‘Não impor­ta o que qualquer homem faz a mim, eu nunca procurarei o seu mal; eu nunca procurarei vingança; eu sempre procurarei apenas o seu mais elevado bem”.


 “O agape cristão é impossível para qualquer um, exceto para um homem cristão”.

“O grande presidente dos Estados Unidos, Abraão Lincon, soube muito bem praticar este agape cristão. Ele foi acusado de tratar seus oponentes com demasiada cortesia e amabilida­de, quando era seu dever destrui-los. Sua resposta foi interro­gativa:

Não destruo meus inimigos quando faço deles meus ami­gos?”


Fileo

Este verbo é usado 25 vezes no Novo Testamento, 22 das quais significando amar e 3 com o significado de beijar.

Há um fascinante calor nesta palavra. Ela significa olhar para alguém com afetuosa consideração. Esta palavra tem em si todo o calor da verdadeira afeição e do verdadeiro amor.

Umas poucas vezes fileo é usado para expressar o amor do Pai pelo Filho —  João 5: 20; para o amor de Deus pelo ho­mem (João 16: 27); para a devoção que o homem deve prestar a Jesus (I Cor. 16: 22); mas as ocorrências de fileo no Novo Testamento são comparativamente poucas, quando compara­das a agapao que é usado quase seis vezes mais.

Kenneth S. Wuest, no livro Jóias do Novo Testamento Grego, da Imprensa Batista Regular, páginas 57 e 60 tentou mostrar as diferenças entre as formas agapao e fileo.

Destacam-se de suas afirmações:

“Agapao é termo grego que significa um amor despertado pelo senso de valor do objeto amado, e que leva o indivíduo a prezar tal objetivo. Origina-se na percepção da preciosidade do objeto”.

“A qualidade desse amor é determinada pelo caráter da­quele que ama, mas também pelo caráter do objeto amado”.

“Fileo é o amor que consiste ao ardor aceso no coração pela percepção de algo que no objeto amado lhe confere prazer, a reação do espírito humano àquilo que o atrai por ser-lhe agradável”.

“Quando usados no bom sentido, ambos são legítimos, mas o primeiro representa o amor mais nobre”.

Apesar destas afirmações e de outras anteriores há estu­diosos que tentam provar que não há nehuma diferença entre estes dois vocábulos, aludindo muitas provas em que aparecem como sinônimos; porém esta afirmação não deve ser levada mui­to a sério desde que os fatos comprovam que na maioria dos casos elas são empregadas para expressar sentimentos distintos.

O SDABC, apresenta os textos de João 14: 23 e 16: 27 pa­ra mostrar que as duas expressões podem ser usadas como sinô­nimos perfeitos. Apesar desta declaração há muitas fontes que mostram distinção de significado entre as duas palavras, bas­tando citar:

a)     E. W. Bullinger   —      A Critical  Lexicon and Concordance, págs. 467- 470.

b)      Vincent —     New Testament Words, em muitos passos, como este:

“Deve notar-se a diferença entre agapaw -  agapao e filew     fileo no grego clássico ou profano e no grego bíblico. No grego clássico agapao é uma palavra mais fria do que fileo e menos íntima. No Novo Testamento está livre de qualquer frieza e é mais profunda em seu significado que fileo, apesar desta últi­ma ter uma conotação mais humana”.

Multon afirma: “Se é que devem ser diferenciadas, uma se refere ao amor reverencial e a outra ao amor de companhei­rismo.


Que é Amor?

Já falamos muito sobre o amor, mas ainda não o definimos.

Todas as definições conseguidas são limitadas e ineficazes para expressar este atributo divino.

Os seguintes pensamentos (eu chamaria de tentativas para defini-lo) são úteis para ampliarem nossa compreensão deste profundo sentimento.

“O amor é o caminho mais curto de recondução a Deus”.

“Amor é uma gota celeste colocada no cálice da vida para lhe corrigir o amargor”.

No dizer de Leibnitz: “O amor é aquela qualidade que en­contra sua felicidade no bem alheio”.

Para Guerra Junqueira “o amor é uma escada sublime que prende o ser humano ao doce olhar de Jesus”.

De acordo com Ellen G. White “o amor é uma planta de origem divina que deve ser cultivada entre nós”.

Goethe assim se expressou:

 “O amor consegue em um momento o que o trabalho difi­cilmente pode conseguir em uma era”

O          escritor Patrício Ramiz Galvão numa síntese significativa declarou:

“Nada no mundo vive e prospera senão à sombra do amor”.

Diante destas afirmações fácil é concluir que o amor inega­velmente é a maior de todas as virtudes, é a virtude caracterís­tica da fé cristã. Aliás, nem há necessidade de concluirmos, por­que isto Paulo já nos declarou enfaticamente em I Coríntios 13.

O          amor é superior á fé e à esperança, pois como bem salien­tou o estudioso de palavras gregas De Wett “O amor é a maior dessas virtudes, porque contém em si mesmo a raiz das duas ou­tras virtudes: cremos em alguém a quem amamos, e esperamos somente naquilo que amamos”.

O          amor deveria governar as ações de toda a família de Deus. (Ver João 13:35 e 14:21).

“Deus é amor (I João 4: 16) e o amor é a imagem de Deus estampada na alma; onde o amor se encontra, a alma está bem moldada, e o coração está preparado para toda a boa obra”. Mathew Henry.

O amor é virtude e força, pois:

a)     Aperfeiçoa a pessoa diante de Deus. Mat. 5:48.

b)     O amor impele as pessoas a fazerem as obras do Se­nhor. II Cor. 5: 14   —    Porque o amor de Cristo nos constrange.
c)     Faz com que o indivíduo mantenha um bom relacio­namento com o próximo  —      São João 13:35.

   d)     Afasta a contenda e dissensões entre os crentes. Mat.24:12.

Pense bem nestas 10 significativas frases:

1o.)    A palavra mais elevada é Deus.

2o.)    A mais veloz é tempo.

3o.)    A mais doce é lar.

4o.)    A mais forte é retidão

5o.)    A mais rastejada é hipocrisia.

6o.)    A mais comprida 4 eternidade.

7o.)    A palavra mais querida é mãe.

8o.)    A mais triste é nunca.

9o.)    A mais negra é pecado.

10o.) A mais significativa e mais terna é amor.

Embora João seja conhecido como o discípulo do amor Paulo foi o apóstolo que melhor nos apresentou as característi­cas do amor cristão.

Dentre muitas outras destaquemos estas dez:

1o.)      O amor é generoso. II Cor. 8:24.

2o.)      O amor é longânimo. Efés. 4:2.

3o.)      O amor é prático, resultando em ação. Heb. 6:10.

   4o.)      O amor resulta em perdão e restauração. II Cor. 2:8.

   5o.)      O amor é sincero —  Rom. 12:9; II Cor. 6:6;8:8.

   6o.)      O amor é inocente, não prejudica a ninguém Rom. 13:10.

   7o.)      O amor é salvador e santificador —   II Tes. 2:13.

   8o.)      O amor controla e ama a verdade —   II Tes. 2:10.

   9o.)      O amor é o poder motivante da fé. Gál. 5:6.

   10o.) O amor é o aperfeiçoamento da vida cristã —   Col. 3: 14.

Em todas estas citações bíblicas a palavra usada no origi­nal é agape.

Evidentemente a vida cristã deve ser edificada sobre o só­lido pilar do amor.


O Diálogo do Amor Entre Cristo e Pedro

Relatado em 5. João 21:15-17


O mestre pergunta ao discípulo acerca do relacionamento entre ambos. Por três vezes Cristo perguntou a Pedro se ele o amava, recebendo sempre a mesma resposta.

Nas primeiras duas perguntas Cristo usou o verbo agapao, porém Pedro respondeu com o verbo fileo. Na terceira interpe­lação Cristo mudou para fileo e a resposta do discípulo conti­nuou sendo idêntica às duas primeiras.

A que conclusões chegaremos pelo uso dos verbos agapao e fileo em João 21:15-17?


 “Apesar das duas palavras também serem usadas quanto ao amor de Deus aos homens (João 14: 21, agapao) (João 20: 2, fileo), a distinção entre as duas permanece e elas nunca são usa­das indiscriminadamente na mesma passagem”.

As idéias dos comentaristas podem ser apresentadas nes­tas três proposições:

1ª)    Pedro teria considerado o termo agapao no seu contexto secular muito frio para definir a verdadeira paixão pessoal que nutria pelo seu compreensivo Mestre ressuscitado.

2ª)    Pedro usa a palavra menos exaltada como que para indi­car a consciência de sua própria fraqueza. Ainda assim ele confirma seu grande afeto pelo Mestre, desta vez sem qualquer comparação com seus condiscípulos (Alford, Vincent).

3ª)    Nosso Senhor usa a mais nobre palavra da linguagem gre­ga e depois muda o vocábulo preferido por Pedro; porém, assegura-lhe que o futuro martírio deste demonstrar-lhe-ia que o amor ao Mestre não é baseado apenas no deleite, mas na apreensão mais ampla da preciosidade das coisas eternas.

Como comprovação de que os autores divergem, quanto às palavras serem sinônimas ou diferentes no significado, vamos concluir com a resposta dada por Bruce, a um de seus consu­lentes, sobre o texto de São João 21:15-17.

Pergunta:

O uso das palavras para “amor” em João 21: 15-17 é ge­ralmente explicado afirmando-se que fileo denota afeição na­tural e agapao um amor mais elevado. Freench, entretanto, parece apresentar uma interpretação diferente, explicando fileo como um amor pessoal e desarrazoado, e agapao como o amor de um raciocínio mais conexo. Como o senhor comentaria isto?

Resposta:

“Se algum comentarista á base de qualquer uma dessas di­ferenciações no uso joanino dos dois verbos para amor puder mostrar satisfatoriamente qual é a diferença entre os dois em João 3: 35 e 5: 20, estarei preparado para considerar se há uma diferença entre os dois em 5. João 21: 15-17. Ambas as pas­sagens, João 3: 35 e 5: 20, afirmam que “o Pai ama o Filho”; mas o verbo na passagem anterior é agapao e nesta última é fi­leo. É o amor do Pai pelo Filho em uma passagem afeição na­tural e na outra um amor mais elevado? Ou é ele em um lugar um amor pessoal e desarrazoado e na outra um amor de racio­cínio mais conexo? Penso que não. Outra vez, nas referências ao discípulo “a quem Jesus amava”, agapao é usado de modo permutável no grego helenístico. Na Septuaginta, em Gên. 37:3, agapao é usado na afirmação de que “Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos”, porém no verso seguinte, onde nos é dito que “seus irmãos vendo que seu pai o amava mais do que a todos os seus irmãos”, o verbo empregado é fi­leo. Entretanto um e o mesmo verbo é usado em ambas as pas­sagens no texto hebraico. Conseqüentemente, eu não estou convencido por aquelas interpretações que vêem mais signifi­cado na mudança de verbo em  João 21: 15—17.” Answers to Questions, de F. F. Bruce, pág. 73.




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