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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Os Dez Mandamentos explicados



A lei não fora proferida naquela ocasião exclusivamente para o benefício dos hebreus. Deus os honrou, fazendo deles os guardas e conservadores de Sua lei, mas esta deveria ser considerada como um depósito sagrado para todo o mundo. Os preceitos do Decálogo são adaptados a toda a humanidade, e foram dados para a instrução e governo de todos. Dez preceitos breves, compreensivos, e dotados de autoridade, abrangem os deveres do homem para com Deus e seus semelhantes; e todos baseados no grande  princípio fundamental do amor. "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo". Lucas 10:27; Deuteronômio 6:4, 5; Levítico 19:18. Nos Dez Mandamentos estes princípios são apresentados pormenorizadamente, e aplicáveis às condições e circunstâncias do homem.

"Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3) — Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos. Proíbe-se ao homem conferir a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço. O que quer que acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus.

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás." — O segundo mandamento proíbe o culto ao verdadeiro Deus por meio de imagens ou semelhanças. Muitas nações gentílicas pretendiam que suas imagens eram meras figuras ou símbolos pelos quais adoravam a Divindade; mas Deus declarou que tal culto é pecado. A tentativa de representar o Eterno por meio de objetos materiais, rebaixaria a concepção do homem acerca de Deus. A mente, desviada da perfeição infinita de Jeová, seria atraída para a criatura em vez de o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas concepções acerca de Deus, semelhantemente degradar-se-ia o homem.

"Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso." A íntima e sagrada relação de Deus para com Seu povo é representada sob a figura do casamento. Sendo a idolatria o adultério espiritual, é o desprazer de Deus contra a mesma apropriadamente chamado ciúme.

"Visito a maldade dos pais nos filhos, até a terceira e a quarta geração daqueles que Me aborrecem." É inevitável que os filhos sofram as conseqüências das más ações dos pais, mas não são castigados pela culpa deles, a não ser que participem de seus pecados. Dá-se, entretanto, em geral o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus pais. Por herança e exemplo os filhos se tornam participantes do pecado do pai. Más tendências, apetites pervertidos e moral vil, assim como enfermidades físicas e degeneração, são transmitidos como um legado de pai a filho, até a terceira e quarta geração. Esta terrível verdade deveria ter uma força solene para restringir os homens de seguirem uma conduta de pecado.

"Faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos." Proibindo o culto aos falsos deuses, o segundo mandamento envolve a ordem de adorar o verdadeiro Deus. E aos que são fiéis em Seu serviço, promete-se a misericórdia, não meramente à terceira e quarta geração, como é ameaçada a ira contra os que O aborrecem, mas a  milhares  de gerações.

"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão" (Êxodo 20:7) — Este mandamento não somente proíbe os falsos juramentos e juras comuns mas veda-nos o uso do nome de Deus de maneira leviana ou descuidada, sem atentar para a sua terrível significação. Pela precipitada menção de Deus na conversação comum, pelos apelos a Ele feitos em assuntos triviais, e pela freqüente e impensada repetição de Seu nome, nós O desonramos. "Santo e tremendo é o Seu nome". Salmos 111:9. Todos devem meditar em Sua majestade, pureza e santidade, para que o coração possa impressionar-se com uma intuição de Seu exaltado caráter; e Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade.

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou, portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou" (Êxodo 20:8-11) — O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, é o sábado o sinal de submissão a Deus por parte do homem, enquanto houver alguém na Terra para O servir. O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Assim contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma.

Deus deu aos homens seis dias nos quais trabalhar, e exige que seus trabalhos sejam feitos nos seis dias destinados a isso. Atos necessários e misericordiosos são permitidos no sábado; os doentes e sofredores em todo o tempo devem ser tratados; mas o trabalho desnecessário deve ser estritamente evitado. "Se desviares o teu pé do sábado, e de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade..." Isaías 58:13. Tampouco fica nisto a proibição. "Nem falar as tuas próprias palavras", diz o profeta. Aqueles que no sábado discutem assuntos de negócios ou fazem planos, são considerados por Deus como se estivessem empenhados na própria transação de negócio. Para santificar o sábado não devemos mesmo permitir que nosso espírito se ocupe com coisas de caráter mundano. E o mandamento inclui todos dentro de nossas portas. Os que convivem  na casa devem durante as horas sagradas pôr de parte suas ocupações mundanas. Todos devem unir-se a honrar a Deus por meio de um culto voluntário em Seu santo dia.

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na Terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20:12) — Os pais têm direito ao amor e respeito em certo grau que a nenhuma outra pessoa é devido. O próprio Deus, que pôs sobre eles a responsabilidade pelas almas confiadas aos seus cuidados, ordenou que durante os primeiros anos da vida estejam os pais em lugar de Deus em relação aos seus filhos. E aquele que rejeita a lícita autoridade de seus pais, rejeita a autoridade de Deus. O quinto mandamento exige que os filhos não somente tributem respeito, submissão e obediência a seus pais, mas também lhes proporcionem amor e ternura, aliviem os seus cuidados, zelem de seu nome, e os socorram e consolem na velhice. Ordena também o respeito aos ministros e governantes, e a todos os outros a quem Deus delegou autoridade.

Este, diz o apóstolo, "é o primeiro mandamento com promessa". Efésios 6:2. Para Israel, esperando em breve entrar em Canaã, era um penhor, ao obediente, de uma vida longa naquela boa terra; mas tem ele uma significação mais ampla, incluindo todo o Israel de Deus e prometendo vida eterna sobre a Terra, quando esta estiver livre da maldição do pecado.

"Não matarás" (Êxodo 20:13) — Todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida; o espírito de ódio e vingança, ou a condescendência de qualquer paixão que leve a atos ofensivos a outrem, ou nos faça mesmo desejar-lhe mal (pois "qualquer que aborrece seu irmão é homicida"); uma negligência egoísta de cuidar dos necessitados e sofredores; toda a condescendência própria ou desnecessária privação, ou trabalho excessivo com a tendência de prejudicar a saúde — todas estas coisas são, em maior ou menor grau, violação do sexto mandamento.

"Não adulterarás" (Êxodo 20:14) — Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.

"Não furtarás" (Êxodo 20:15) — Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu.

"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxodo 20:16) — Aqui se inclui todo falar que seja falso a respeito de qualquer assunto, toda tentativa ou intuito de enganar nosso próximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo exagero intencional, toda sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode resultar o agravo a outrem, é uma violação do nono mandamento.

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êxodo 20:17) — O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados, proibindo o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele que em obediência à lei de Deus se abstém de condescender mesmo com um desejo pecaminoso daquilo que pertence a outrem, não será culpado de um ato mau para com seus semelhantes.

Tais foram os sagrados preceitos do Decálogo, proferidos entre trovões e chamas, e com maravilhosa manifestação de poder e majestade do grande Legislador. Deus acompanhou a proclamação de Sua lei com mostras de Seu poder e glória, para que Seu povo nunca se esquecesse daquela cena, e tivesse a impressão de uma profunda veneração pelo Autor da lei, o Criador do Céu e da Terra. Desejava mostrar também a todos os homens a santidade, a importância e a permanência de Sua lei.


E.G.White - Patriarcas e Profetas

domingo, 12 de dezembro de 2021

Devemos simpatizar com o pecador no seu pecado?

 


Precisamos despertar da indiferença que se demonstrará nossa destruição se não lhe resistirmos. Satanás tem uma influência poderosa e controladora sobre as mentes. Pregadores e povo estão em perigo de serem achados ao lado das forças das trevas. Não há agora posição neutra. Somos todos decididamente pelo correto ou decididamente pelo erro. Disse Cristo: "Quem não é comigo é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha." Mateus 12:30.

Sempre haverá pessoas que se simpatizam com aqueles que estão em falta. Satanás teve simpatizantes no Céu e levou com ele um grande número de anjos. Deus, Cristo e os anjos celestes estavam de um lado, e Satanás do outro. Não obstante o poder e a majestade infinitos de Deus e de Cristo, anjos se rebelaram. As insinuações de Satanás surtiram efeito, e eles realmente chegaram a crer que o Pai e o Filho eram seus inimigos e que Satanás era seu benfeitor. Satanás tem o mesmo poder e o mesmo controle sobre as mentes agora, somente que esse poder aumentou cem vezes pelo exercício e a experiência. Homens e mulheres hoje são enganados, cegados por suas insinuações e artimanhas, e não o sabem. Dando lugar a dúvidas e descrença com relação à obra de Deus, e acariciando sentimentos de desconfiança e cruel inveja, estão se preparando para uma decepção total. Levantam-se com sentimentos amargos contra aqueles que ousam falar de seus erros e reprovar-lhes os pecados.

Aqueles que no temor de Deus se aventuraram a fielmente enfrentar o erro e o pecado, chamando o pecado pelo seu nome exato, têm-se desempenhado de um dever desagradável com muito sofrimento para si mesmos; eles recebem a aprovação de bem poucos e sofrem o desprezo de muitos. Os que simpatizam com o erro executam os propósitos de Satanás para derrotar o desígnio de Deus.

Censuras sempre feriram a natureza humana. Muitos são os que têm sido destruídos pela imprudente simpatia de seus irmãos; pois, como os irmãos se simpatizaram com eles, pensaram que de fato tinham sido maltratados e que o reprovador estava totalmente errado e tinha um mau espírito. A única esperança para pecadores em Sião é plenamente ver e confessar seus erros, e abandoná-los. Aqueles que se intrometem para embotar o gume afiado da censura que Deus envia, dizendo que o reprovador estava em parte errado e que a reprovação não era justa, agradam ao inimigo. Tudo que Satanás pode inventar para tornar as censuras sem efeito cumprirá seu desígnio. Alguns culparão aquele a quem Deus enviou com uma mensagem de advertência, dizendo: "Ele é severo demais." Assim fazendo, tornam-se responsáveis pelo pecador a quem Deus desejava salvar, e a quem, porque o amava, Ele enviou correção, para que pudesse humilhar seu espírito diante de Deus e abandonar seus pecados. Estes falsos simpatizantes, por sua obra de morte, logo terão uma conta a acertar com o Mestre. 


E.G.White "Testemunhos para a Igreja" vol.3 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Porque Deus mandou matar pessoas inocentes? (2 Samuel 21) - Leandro Quadros

Porque Deus mandou matar pessoas inocentes? (2 Samuel 21) - Leandro Quadros

 

Realmente, na Bíblia, há textos mais difíceis de serem entendidos em sua plenitude. Isso não significa que a mensagem central não possa ser compreendida, mas apenas demonstra a nossa limitação humana para penetrarmos nos segredos de Deus. Também devemos considerar o fato de que o pensamento hebraico e sua forma de se expressar é diferente -  o que contribui para que certos textos pareçam obscuros.

No caso de 2 Samuel 21, podemos entender algo sobre o capítulo se analisarmos o mandamento de Deus em Deuteronômio 24:16, onde Ele diz: "Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais; cada um morrerá pelo seu próprio pecado." Perceba que o próprio Deus hava ordenado que, ao executar um criminoso, o povo jamais castigasse os descendentes dele. 

Então, porque o Senhor autorizou que sete descendentes de Saúl fosse mortos por causa da atitude criminosa dele para com os gibeonitas?

Na verdade, quando lemos o verso 3, percebemos que, dessa vez, Davi não consultou o Senhor como havia feito antes (v.1) mas sim os habitantes de Gibeão. Motivados pela ira e, quem sabe, baseados no fato registado em Números 25:4, eles tenham entendido que a ira de Deus seria aplacada se os descendentes de Saul fossem mortos e pendurados. 

Quando o verso 14 afirma que "Depois disto Deus respondeu as orações em favor da terra de Israel", ele expressa a visão de mundo do profeta. O escritor de 2 Samuel percebeu que depois de tal evento a maldição cessou - em que isso signifique que Deus tenha apoiado o ato de Davi e dos gibeonitas.

Nosso Criador teria outra forma de vingar os habitantes de Gibeão que haviam sido mortos injustamente pelo rei Saul. Mas, como o povo agiu dessa vez sem consultar Aquele que nunca erra, Ele permitiu que tal ação pecaminosa e injusta seguisse seu curso normal, pois faz parte de Sua soberania dar o livre-arbítrio a cada um, por mais que a pessoa erre. Ele permite que coisas más aconteçam porque, no conflito entre o bem e o mal, Ele utiliza tais circunstâncias (que Ele não gosta) para mostrar ao Universo a gravidade do pecado.

Podemos ver que Deus não apresentou a Davi essa solução para o problema. Quem fez isso foi o povo que queria vingança. O Senhor não poderia ir contra o que Ele mesmo havia ensinado em Deuteronômio 24_16-

Todos os motivos para Deus permitir tal ato (mesmo Ele não consentindo) não nos serão apresentados apenas quando estivermos com Cristo em Sua segunda vinda. Enquanto aguardamos esse momento maravilhoso, podemos viver confiantes de que o "justo juiz" (Gn 18:25) esclarecerá esta e outras questões da vida que nos incomodam (1Co 13:12; Hb 8:11)

 

Leadro Quando - "Na Mira da Verdade" vol.2



domingo, 28 de novembro de 2021

Porque Deus enviou um "espírito imundo" para atormentar Saúl?- Leandro Quadros

 


  


  O ser humano quase sempre está descontente com o que tem e, na maioria das vezes, acredita que "a grama do vizinho é mais verde". Isso aconteceu com o povo de Israel quando viu uma aparente prosperidade entre as nações pagãs que, diferente deles, eram governadas por um rei humano como o cabeça da nação e apelaram ao profeta Samuel para que "convencesse" a Deus de que sabiam o que era melhor para a vida de todos eles (1Sm 8).
  O povo não parou para pensar que Deus é o melhor de todos os reis (Ap 19:16) e que o sistema de governo Teocrático (centralizado em Theós, ou seja, em Deus) era o mais seguro para todos os que não quisessem correr riscos de serem injustiçados por causa das falhas de algum governante humano.
  Com certeza, o Rei Eterno sentiu-se rejeitado por aqueles a quem tanto amou. Embora tendo libertado o povo da escravidão egípcia por meio de milagres e provas incontestáveis de que Ele estava no controle da vida deles, para que fossem felizes e prósperos de verdade, como um grande Cavalheiro, Ele respeitou o desejo dos Seus filhos descontentes sem, todavia, deixá-los entregues ao azar.
  1Samuel 9 e 10 contam detalhes de como o Senhor escolheu Saúl e encheu-o do Espírito Santo (1Sm 10:6,9,10) para que ele, mesmo tendo os seus defeitos de caráter, aproximasse o povo de Deus através de um reinado justo e de pura dependência da graça divina para obtenção do êxito e vitórias diante das nações pagãs que sempre os ameaçavam de todos os lados.
  Porém, nem sempre o Espírito Santo pôde habitar em Saúl. A Bíblia diz que, depois de ele se ter rebelado abertamente contra Deus, sem buscar um arrependimento sincero, a Terceira Pessoa da Divindade abandonou-o (1Sm 16:14), por ele ter ido tão longe no pecado que não mais poderia ouvir a voz de Deus a falar-lhe na consciência.
  O que chama a atenção (e que motiva essa resposta) é a declaração bíblica de que após o Espírito Santo ter abandonado o perverso rei Saúl, "um espírito imundo maligno, vindo da parte do SENHOR, atormentava-o" (1Sm 16:14). Como pode a mesma Bíblia dizer que o Criador "envia" espíritos maus para atormentar pessoas rebeldes, sendo que, ao mesmo tempo, em Tiago 1:13 e 17, a Palavra de Deus declara que "Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta" e que "Toda boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes(...)"?
  Encontramos a resposta no próprio contexto da declaração e em outros textos bíblicos paralelos onde o Senhor é apresentado não como o originador do mal- mas sim o Diabo.
  Em 1Samuel 16:15, vemos que foram os oficiais de Saúl e não a Bíblia quem afirmou que o "espírito maligno" (ou "imundo"): "Os oficiais de Saul disseram-lhe: 'Há um espírito maligno, mandado por Deus, atormentando-te'."
  Perceba que esta era uma crença dos oficiais de Saúl e não dos autores bíblicos inspirados. Samuel está simplesmente a registar uma opinião corrente naqueles dias, de que Deus era o responsável por tudo o que acontecia no mundo.  A Bíblia apresenta uma imagem de Deus bem diferente da que foi pintada pelos amigos de Saúl. Os textos a seguir serão suficientes para o ajudar a entender que Deus não envia espíritos maus para atormentar as pessoas que o rejeitaram, mesmo, claro, que ao sair da presença do criador, a pessoa fique mais vulnerável a isso:

  • O responsável pelo mal é um anjo caído e não Deus: "Tu eras inculpável nos teus caminhos desde o dia em que foste criado até que se achou maldade em ti" (Ez 28:15).
  • O mal não habita com Deus e , por isso, demónios não podem sair da presença de Deus para atormentar as pessoas: "Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar" (Sl 5:4)

Leando Quadros - " Na mira da Verdade" vol.2

Deus foi ou não foi visto pelo ser humano?- Leandro Quadros




 Realmente, a princípio parece haver uma contradição entre Êxodo 33:11, 20 e João 1:18 (entre outros textos que tratam do mesmo assunto):

  • Êxodo 33:11: "O Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com o seu amigo. Depois Moisés voltava ao acampamento; mas Josué, filho de Num, que lhe servia como auxiliar, não se afastava da tenda."
  • Êxodo 33:20: "E acrescentou: 'Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo.'"
  • João 1:18: " Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto ao Pai, tornou-o conhecido."

Todavia, seguindo o princípio de que a Bíblia se deve interpretar a si mesma, aprendemos em Êxodo 33:9 que os textos se completam: "Depois que ele (Moisés) entrava, uma coluna de nuvem descia e parava na porta da Tenda; e da nuvem o SENHOR falava com Moisés."

Perceba que Deus falava com Moisés frente a frente, porém, coberto com uma nuvem. Isto é, do mesmo modo que poderíamos falar face a face com alguém sem ver o seu rosto caso estivesse coberto com um véu, por exemplo.
Deste modo, os textos citados acima estão em perfeita harmonia um com o outro, e não contradizem outros versículos que citam essa mesma questão. Entre eles estão: 1Timóteo 6:16 e Êxodo 33:20-23.

Leando Quadros - " Na mira da Verdade" vol.2

Porque Deus quis matar Moisés?- Leandro Quadros

 



Quando lemos esse versículo na Bíblia, ficamos desconfortáveis porque não conseguimos encontrar um motivo para que Deus se manifestasse diante de Moisés de maneira tão ameaçadora. Porém, veja o que diz Ellen White sobre o evento de Êxodo 4:24, no seu livro Patriarcas e Profetas:

"Em caminho, quando vinha de Midiã, Moisés recebeu uma advertência assustadora    e terrível, a respeito do desagrado do Senhor. Um anjo apareceu-lhe de maneira ameaçadora, como se o fosse imediatamente destruir. Explicação alguma se dera; Moisés, porém, lembrou-se de que tinha desatendido um dos mandos de Deus; cedendo à persuasão de sua esposa, negligenciara efetuar o rito da circuncisão no seu filho mais novo. Deixara de satisfazer a condição pela qual o filho poderia ter direito às bênçãos do concerto de Deus com Israel; e tal negligência por parte do dirigente escolhido de Israel não poderia senão diminuir a força dos preceitos divinos sobre o povo. Zípora, temendo que o seu marido fosse morto, efetuou ela mesmo o rito, e o anjo então permitiu a Moisés que prosseguisse com a jornada. Na sua missão junto ao Faraó, devia Moisés ser colocado numa posição de grande perigo; a sua vida unicamente podia preservar-se pela proteção de santos anjos. Enquanto vivesse, porém, na negligência de um dever conhecido, não estaria livre de perigo; pois que não poderia estar  protegido pelos anjos de Deus."


Essa história ensina-nos o quanto um líder é responsável diante dos seus liderados, em representar bem o caráter de Deus, cumprindo com toda a vontade dEle. E mostra-nos o quanto devemos dar valor até mesmo às pequenas coisas (essa é apenas uma maneira de dizer) que Deus nos pede (Mt 7:21-23; Jo 15:14), pois elas têm influência significativa na vida de outros e na construção do nosso caráter.

Leando Quadros - " Na mira da Verdade" vol.2

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Quem foi a esposa de Caim? - Leandro Quadros


 

Essa é uma das perguntas mais frequentes que recebo, e não menos importante que as demais. Diz Génesis 4:17: "Caim teve relações com sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Enoque. Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Enoque."

A Bíblia ensina que os primeiros seres humanos criados na Terra foram Adão e Eva: "Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente (...)" (1 Co 5:45. Vêr também 1 Co 15:47)

Naturalmente, isto suscita-nos uma pergunta: houve relações sexuais entre os filhos de Adão e Eva? Cremos que sim, pois a Palavra de Deus, em nenhum momento, afirma que Deus criou seres humanos que não tivessem parentesco com Adão, mas sim que todos descendem dele.

Além disso, a única explicação plausível em relação à identidade da esposa de Caim encontra-se em Génesis 5:4, que afirma que Adão teve, além de Caim, Abel e Sete, " outros filhos e filhas ". Portanto, Caim casou-se com uma irmã ou até mesmo uma sobrinha. 

Seria isso incesto? Não, pois, naquela época tais uniões não eram consideradas incesto. Deus ainda não havia instituído a lei que proibia a união marital entre parentes (o fez posteriormente - Levítico 18:6-17). Se tal lei não existia, isso significa que não existia o incesto.


Leando Quadros - " Na mira da Verdade" vol.2

domingo, 31 de outubro de 2021

Sabe que Livros, Desenhos, Séries, Filmes os seus filhos assistem? - Neila de Oliveira

"Guardai-vos das Coisas Condenadas" - Milu Cordeiro

Prisão e Morte de João Batista

 

Prisão e Morte de João Batista


Este capítulo é baseado em Mateus 11:1-11; 14:1-11; Marcos 6:17-28; Lucas 7:19-28.

João Batista fora o primeiro a anunciar o reino de Cristo, e foi também o primeiro a sofrer. As paredes de uma cela na prisão separavam-no agora da liberdade do deserto e das vastas multidões suspensas de suas palavras. Estava prisioneiro na fortaleza de Herodes Antipas. Grande parte do ministério de João Batista tivera lugar no território leste do Jordão, o qual se achava sob o domínio de Antipas. O próprio Herodes escutara as pregações de João. O dissoluto rei tremera ante o chamado ao arrependimento. "Herodes temia a João, sabendo que era varão justo; ... e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boamente o ouvia". Marcos 6:20. João portou-se fielmente para com ele, acusando-o por sua iníqua aliança com Herodias, mulher de seu irmão. Por algum tempo Herodes procurou fracamente quebrar a cadeia de concupiscência que o ligava; mas Herodias prendeu-o mais firmemente em suas redes, e vingou-se de Batista, induzindo Herodes a lançá-lo na prisão.

A vida de João fora de ativo labor, e as sombras e a inatividade da prisão pesavam fortemente sobre ele. Ao passar semana após semana, sem trazer nenhuma mudança, o acabrunhamento e a dúvida se foram sutilmente apoderando dele. Seus discípulos não o abandonaram. Era-lhes permitida entrada na prisão; levaram-lhe notícias das obras de Jesus, e disseram-lhe como o povo se estava aglomerando em torno dEle. Mas indagavam por que, se esse novo mestre era o Messias, nada fazia para que João fosse solto? Como podia Ele permitir que Seu fiel precursor fosse privado da liberdade e talvez da vida?

Essas perguntas não deixaram de produzir efeito. Dúvidas que, do contrário, nunca teriam sido suscitadas, foram então sugeridas a João. Satanás regozijou-se em ouvir as palavras desses discípulos, e ver como elas quebrantaram o coração do mensageiro do Senhor. Oh! quantas vezes os que se julgam amigos de um homem bom, e anseiam mostrar sua fidelidade para com ele, se demonstram os mais perigosos inimigos! Quantas vezes, em lugar de lhe fortalecer a fé, suas palavras deprimem e desanimam!

Como os discípulos do Salvador, João Batista não compreendia a natureza do reino de Cristo. Esperava que Jesus tomasse o trono de Davi;  e, ao passar o tempo, e o Salvador não reclamar nenhuma autoridade real, João ficou perplexo e turbado. Declarara ao povo que, a fim de o caminho ser preparado diante do Senhor, a profecia de Isaías devia ser cumprida, os montes e os outeiros se deviam abaixar, endireitar os caminhos tortuosos, e os lugares ásperos ser aplainados. Esperava que as elevações do orgulho e do poder humanos fossem derribadas. Apresentara o Messias como Aquele cuja pá estava em Sua mão, e que limparia inteiramente Sua eira, ajuntaria o trigo no celeiro, e queimaria a palha com fogo que não se apagaria. Como o profeta Elias, em cujo espírito e poder ele próprio viera a Israel, esperava que o Senhor Se revelasse como um Deus que responde por fogo.

O Batista fora, em sua missão, um destemido reprovador da iniqüidade, tanto nos lugares elevados como nos humildes. Ousara enfrentar o rei Herodes com a positiva repreensão do pecado. Não tivera a vida por preciosa, contanto que cumprisse a missão que lhe fora designada. E agora, de sua prisão, aguardava que o Leão da tribo de Judá abatesse o orgulho do opressor, e libertasse o pobre e o que clamava. Mas Jesus parecia contentar-Se com reunir discípulos em volta de Si, curar e ensinar o povo. Comia à mesa dos publicanos, ao passo que dia a dia mais pesado se tornava o jugo romano sobre Israel, o rei Herodes e a vil amante faziam sua vontade, e o clamor do pobre e sofredor subia ao Céu.

Ao profeta do deserto tudo isso se afigurava um mistério além de sua penetração. Havia horas em que os cochichos dos demônios lhe torturavam o espírito, e a sombra de um terrível temor, dele se apoderava. Poder-se-ia dar que o longamente esperado Libertador ainda não houvesse aparecido? Então, que significaria a mensagem que ele próprio fora compelido a anunciar? João sentira-se cruelmente decepcionado com o resultado de sua missão. Esperara que a mensagem de Deus tivesse o mesmo efeito que produzira a leitura da lei nos dias de Josias (2 Crônicas 34) e de Esdras (Neemias 8, 9); que se seguiria uma profunda obra de arrependimento e volta ao Senhor. Ao êxito dessa obra, toda a sua existência fora sacrificada. Havia isso sido em vão?

João sentiu-se perturbado por ver que, pelo amor que lhe tinham, seus discípulos estavam nutrindo incredulidade a respeito de Jesus. Teria acaso sido infrutífero seu trabalho em favor deles? Teria sido infiel em sua missão, para ser agora excluído do labor? Se o Libertador tinha aparecido, e João se provara fiel a sua vocação, não havia Jesus de derribar agora o poder do opressor e libertar Seu arauto?

Mas o Batista não abandonou sua fé em Cristo. A lembrança da voz do Céu e da pomba que descera, da imaculada pureza de Jesus, do poder do Espírito Santo que sobre ele próprio repousara ao encontrar-se em presença do Salvador, e do testemunho das escrituras proféticas — tudo testificava de que Jesus de Nazaré era o Prometido.

João não queria discutir suas dúvidas e ansiedades com os companheiros. Decidiu enviar mensageiros a indagar de Jesus. Isso confiou a dois de seus discípulos, esperando que uma entrevista com o Salvador lhes confirmaria a fé, e traria certeza a seus irmãos. João ansiava uma palavra de Cristo, proferida diretamente a ele.

Os discípulos foram ter com Jesus, levando sua mensagem: "És Tu Aquele que havia de vir, ou esperamos outro?" Mateus 11:3.

Quão pouco o espaço decorrido desde que o Batista apontara a Jesus, e proclamara: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", "Este era Aquele de quem eu dizia: O que vem depois de mim é antes de mim!" João 1:29, 27. E agora, pergunta: "És Tu Aquele que havia de vir?" Isso era profundamente cruel e decepcionante para a natureza humana. Se João, o fiel precursor, deixava de discernir a missão de Cristo, que se poderia esperar da interesseira multidão?

O Salvador não respondeu imediatamente à pergunta dos discípulos. Enquanto eles ficavam por ali, admirados de Seu silêncio, os enfermos e aflitos iam ter com Ele para ser curados. Os cegos iam às apalpadelas, abrindo caminho entre a multidão; doentes de todas as classes, alguns buscando conseguir por si mesmos passagem, outros conduzidos pelos amigos, comprimiam-se, todos ansiosos de chegar à presença de Jesus. A voz do poderoso Médico penetrava o ouvido surdo. Uma palavra, um toque de Sua mão, abria os olhos cegos à contemplação da luz do dia, das cenas da natureza, do rosto dos amigos e do semblante do Libertador. Jesus repreendia a moléstia e expulsava a febre. Sua voz chegava aos ouvidos dos moribundos e erguiam-se com saúde e vigor. Paralisados possessos obedeciam-Lhe a voz, desaparecia-lhes a loucura, e O adoravam. Ao mesmo tempo que lhes curava as doenças, ensinava o povo. Os pobres camponeses e trabalhadores evitados pelos rabis como imundos, rodeavam-nO de perto, e Ele lhes dizia as palavras de vida eterna.

Assim se passou o dia, os discípulos de João vendo e ouvindo tudo. Por fim Jesus os chamou a Si, pediu-lhes que fossem, e dissessem a João o que haviam testemunhado, acrescentando: "Bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em Mim." A prova de Sua divindade mostrava-se na adaptação da mesma às necessidades da humanidade sofredora. Sua glória revelava-se na complacência que tinha para com nossa baixa condição.

Os discípulos levaram a mensagem, e foi o suficiente. João recordou a predição concernente ao Messias: "O Senhor Me ungiu, para pregar boas-novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor". Isaías 61:1, 2. As obras de Cristo não somente manifestavam que Ele era o Messias, mas mostravam a maneira por que Seu reino havia de ser estabelecido. A João revelara-se a mesma  verdade que se desvendara a Elias no deserto: "um grande e forte vento ... fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; e depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo" (1 Reis 19:11, 12); e depois do fogo o Senhor falou ao profeta por uma voz mansa e delicada. Assim Jesus devia fazer Sua obra, não com o choque das armas, nem a subversão de tronos e reinos, mas falando ao coração dos homens por uma vida de misericórdia e sacrifício.

O princípio da própria vida do Batista, a abnegação, era o princípio do reino do Messias. João bem sabia quão estranho era tudo isso aos princípios e esperanças dos guias de Israel. Aquilo que para ele era convincente testemunho da divindade de Cristo, não seria prova nenhuma para eles. Estavam aguardando um Messias que não fora prometido. João viu que a missão do Salvador só podia receber deles ódio e condenação. Ele, o precursor, não estava senão bebendo do cálice que o próprio Cristo havia de esgotar até às fezes.

As palavras do Salvador: "Bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em Mim", eram uma branda repreensão a João. Não foi em vão para ele. Compreendendo mais claramente agora a natureza da missão de Cristo, entregou-se a Deus para a vida e para a morte, segundo melhor conviesse aos interesses da causa que amava.

Depois da partida dos mensageiros, Jesus falou ao povo a respeito de João. O coração do Salvador dilatou-se em simpatia para com a fiel testemunha agora sepultada na prisão de Herodes. Não deixaria que o povo concluísse que Deus havia abandonado João, ou que sua fé falecera no dia da prova. "Que fostes ver no deserto?" disse, "uma cana agitada pelo vento?" Mateus 11:7.

As altas canas que cresciam ao lado do Jordão, agitando-se a cada brisa, eram apropriadas representações dos rabis que se haviam constituído críticos e juízes da missão do Batista. Eles pendiam nesta e naquela direção, segundo os ventos da opinião popular. Não se queriam humilhar para receber a penetrante mensagem do Batista, todavia por temor do povo não tinham ousado opor-se abertamente a sua obra. O mensageiro de Deus, porém, não era de espírito assim covarde. As multidões reunidas em torno de Cristo tinham testemunhado a obra de João. Haviam-lhe escutado a destemida repreensão do pecado. Aos fariseus cheios de justiça própria, aos sacerdotes saduceus, ao rei Herodes e sua corte, príncipes e soldados, publicanos e camponeses, a todos falara João com igual franqueza. Não era uma cana trêmula, agitada pelos ventos do louvor ou preconceitos humanos. Na prisão, foi, em sua lealdade para com o Senhor e seu zelo pela justiça, o mesmo que ao pregar a mensagem de Deus no deserto. Em sua fidelidade aos princípios, era firme como a rocha.

Jesus continuou: "Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão na casa dos reis". Mateus 11:8. João fora chamado a reprovar os pecados e excessos de seu tempo, e seu singelo vestuário e vida abnegada estavam em harmonia com seu caráter e missão. Ricos trajes e os luxos da vida não constituem a porção dos servos de Deus, mas dos que residem "nas casas dos reis", os dominadores deste mundo, aos quais pertencem seu poder e riquezas. Jesus desejava chamar a atenção para o contraste existente entre o vestuário de João, e o que era usado pelos sacerdotes e líderes. Esses oficiais paramentavam-se com ricas vestimentas e dispendiosos ornamentos. Amavam a ostentação, e esperavam deslumbrar o povo, impondo assim mais consideração. Estavam mais ansiosos de conquistar a admiração dos homens, do que de obter a pureza íntima, que tem a aprovação de Deus. Mostravam assim que sua lealdade não era para com Deus, mas com o reino deste mundo.

"Mas então que fostes ver?" disse Jesus; "um profeta? sim, vos digo Eu, e muito mais do que profeta; porque é este de quem está escrito: "Eis que diante da Tua face envio o Meu anjo, que preparará diante de Ti o Teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista". Mateus 11:9-11. No anúncio feito a Zacarias, antes do nascimento de João, o anjo declarara: "Será grande diante do Senhor". Lucas 1:15. Que, em face da maneira de avaliar do Céu, constitui a grandeza? Não o que o mundo considera como tal; não riqueza, nem posição, nem nobreza de linhagem, nem dons intelectuais considerados em si mesmos. Se grandeza intelectual, à parte de qualquer consideração mais elevada, é digna de honra, então Satanás merece nossa homenagem, que suas faculdades intelectuais nenhum homem já igualou. Mas, quando pervertido para o serviço do próprio eu, quanto maior o dom, tanto maior maldição se torna. Valor moral, eis o que é estimado por Deus. Amor e pureza são os atributos que mais aprecia. João era grande aos olhos do Senhor quando, em presença dos emissários do Sinédrio, diante do povo e perante seus próprios discípulos, se absteve de buscar honra para si, mas encaminhou todos para Jesus como o Prometido. Sua desinteressada alegria no ministério de Cristo, apresenta o mais elevado tipo de nobreza já revelado em homem.

O testemunho dado a seu respeito, depois de morto, pelos que o ouviram testificar de Jesus, foi: "João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse dEste era verdade". João 10:41. Não foi concedido ao Batista fazer cair fogo do Céu, ou ressuscitar um morto, como fizera Elias, ou empunhar a vara do poder de Moisés em nome de Deus. Foi enviado para anunciar o advento do Salvador, e chamar o povo a preparar-se para Sua vinda. Tão fielmente cumpriu ele sua missão, que, ao recordar o povo o que lhes ensinara a respeito de Jesus, podiam dizer: "Tudo quanto  João disse dEste era verdade." Um testemunho assim todo discípulo de Cristo é chamado a dar de seu Mestre.

Como precursor do Messias, João era "muito mais do que profeta". Pois ao passo que os profetas haviam visto de longe o advento de Cristo, a João foi dado contemplá-Lo, ouvir do Céu o testemunho de Sua messianidade, e apresentá-Lo a Israel como o Enviado de Deus. Todavia, Jesus disse: "Aquele que é o menor no reino dos Céus é maior do que ele". Mateus 11:11.

O profeta João foi o elo que ligou as duas dispensações. Como representante de Deus, apresentou-se para mostrar a relação da lei e dos profetas para com a dispensação cristã. Era a luz menor, que havia de ser seguida por outra maior. A mente de João era iluminada pelo Espírito Santo, a fim de que projetasse luz sobre seu povo; nenhuma outra luz, porém, nunca brilhou nem jamais brilhará tão claramente sobre os caídos homens, como a que emanou dos ensinos e exemplos de Jesus. Cristo e Sua missão, segundo eram tipificados nos sacrifícios simbólicos, não foram compreendidos senão muito vagamente. O próprio João não entendera plenamente a vida futura e imortal mediante o Salvador.

Exceto a alegria que João encontrara em sua missão, sua existência foi de dores. Raras vezes fora sua voz ouvida a não ser no deserto. O isolamento foi a sorte que lhe coube. E não lhe foi dado ver os frutos de seus labores. Não teve o privilégio de estar com Cristo, e testemunhar a manifestação de poder divino que acompanhava a maior luz. Não lhe foi concedido ver o cego utilizando a visão, o enfermo restabelecido e o morto ressuscitado. Não contemplou a luz que irradiava de cada palavra de Cristo, derramando glória sobre as promessas da profecia. O menor discípulo que viu as poderosas obras de Cristo, e Lhe ouviu as palavras, foi, nesse sentido, mais altamente privilegiado que João Batista e, portanto, diz-se ter sido maior do que ele.

Através das vastas multidões que haviam escutado as pregações de João, sua fama espalhara-se pela terra. Profundo era o interesse sentido quanto ao resultado de sua prisão. Mas sua vida irrepreensível, e o forte sentimento público em seu favor levavam a crer que nenhuma medida violenta seria tomada contra ele.

Herodes acreditava que João era profeta de Deus, e tinha toda a intenção de o pôr em liberdade. Adiava, porém, seu desígnio, por temor de Herodias.

Herodias sabia que, por meios diretos, nunca poderia obter o consentimento de Herodes para a morte de João, e resolveu realizar seu intento por meio de estratagema. No dia do aniversário do rei, devia ser oferecida uma festa aos funcionários do Estado e aos nobres da corte. Haveria banquete e bebedice. Herodes ficaria assim sem o natural controle, podendo ser então influenciado segundo a vontade dela.

Ao chegar o grande dia, e estar o rei se banqueteando e bebendo com seus grandes, Herodias mandou sua filha à sala do banquete para dançar a fim de entreter os convivas. Salomé estava no viço da juventude, e sua voluptuosa beleza cativou os sentidos dos nobres comensais. Não era costume que as senhoras da corte aparecessem nessas festividades, e foi prestada a Herodes lisonjeira homenagem, quando essa filha de sacerdotes e príncipes de Israel dançou para entretenimento de seus convidados.

O rei estava perturbado pelo vinho. A razão foi destronada e a paixão tomou o comando. Viu unicamente a sala de prazer, com os divertidos hóspedes, a mesa do banquete, o vinho cintilante, o brilho das luzes e a jovem que dançava diante dele. No impulso do momento, desejou fazer qualquer exibição que o exaltasse diante dos grandes do reino. Com juramento, prometeu dar à filha de Herodias fosse o que fosse que ela pedisse, até mesmo a metade do reino.

Salomé correu para a mãe, a fim de saber o que devia pedir. A resposta estava pronta — a cabeça de João Batista. Salomé desconhecia a sede de vingança que havia no coração da mãe, e recuou ante a idéia de apresentar esse pedido; a decisão de Herodias prevaleceu, porém. A menina voltou com a terrível petição: "Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista". Mateus 14:8.

Herodes ficou atônito e confundido. Cessou a ruidosa festa, e um sinistro silêncio baixou sobre a cena de orgia. O rei sentiu-se tomado de horror ante a idéia de tirar a vida de João. No entanto, sua palavra estava empenhada, e não queria parecer inconstante ou precipitado. O juramento fora feito em honra dos hóspedes, e se um deles houvesse proferido uma palavra contra o cumprimento da promessa, de boa vontade teria poupado o profeta. Deu-lhes oportunidade de falar em favor do preso. Eles haviam caminhado longas distâncias para ouvir a pregação de João, e sabiam ser ele homem isento de crime, e servo de Deus. Mas, conquanto chocados com o pedido da jovem, estavam demasiado embrutecidos para fazer qualquer objeção. Voz alguma se ergueu para salvar a vida do mensageiro do Céu. Estes homens ocupavam altas posições de confiança na nação, e sobre eles pesavam sérias responsabilidades; tinham-se, no entanto, entregue a comer e a beber até que os sentidos lhes ficaram embotados. Transtornou-se-lhes o cérebro com a estonteante cena de música e dança, e a consciência jazia adormecida. Com seu silêncio, proferiram a sentença de morte contra o profeta de Deus, para satisfazer a vingança de uma mulher depravada.

Herodes em vão esperou para ser libertado do juramento; então, relutantemente, ordenou a execução do profeta. Em breve a cabeça do Batista foi levada perante o rei e os hóspedes. Selados estavam para sempre aqueles lábios que fielmente advertiram Herodes para se desviar da vida de pecado. Nunca mais se ouviria aquela voz, chamando os homens  ao arrependimento. A orgia de uma noite custaria a vida de um dos maiores profetas.

Oh! quantas vezes tem a vida de um inocente sido sacrificada em razão da intemperança dos que deviam ter sido os guardas da justiça! Aquele que leva aos lábios a taça intoxicante, torna-se responsável por toda injustiça que possa cometer sob sua embrutecedora influência. Entorpecendo os sentidos, torna a si mesmo impossível julgar serenamente ou ter clara percepção do direito e do erro. Abre a Satanás o caminho para operar por meio dele em oprimir e destruir o inocente. "O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio". Provérbios 20:1. É por isso que "o juízo se tornou atrás, ... e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado". Isaías 59:14, 15. Aqueles que têm jurisdição sobre a vida de seus semelhantes, deveriam ser considerados culpados de um crime quando se entregam à intemperança. Todos quantos executam as leis, devem ser observadores das mesmas. Cumpre-lhes ser homens de domínio próprio. Precisam ter inteiro controle sobre suas faculdades físicas, mentais e morais, a fim de possuírem vigor intelectual e elevado senso de justiça.

A cabeça de João Batista foi levada a Herodias, que a recebeu com infernal satisfação. Exultou em sua vingança, e lisonjeou-se de que não mais a consciência de Herodes seria perturbada. Nenhuma felicidade, porém, lhe adveio de seu pecado. Seu nome tornou-se notório e aborrecido, ao passo que Herodes foi mais atormentado pelo remorso do que o havia sido pelas advertências do profeta. A influência dos ensinos de João não emudeceu; ela se devia estender a cada geração até ao fim dos séculos.

O pecado de Herodes estava sempre diante dele. Buscava constantemente alívio às acusações da consciência culpada. Sua confiança em João ficou inabalável. Ao recordar-lhe a vida de abnegação, seus solenes e fervorosos apelos, seu são juízo no conselho, e lembrar então de como morrera, Herodes não podia encontrar sossego. Empenhado nos negócios do Estado, recebendo honras dos homens, apresentava rosto sorridente e aspecto de dignidade, ao passo que ocultava o coração ansioso, sempre oprimido pelo temor de que pesava sobre ele uma maldição.

Herodes ficara profundamente impressionado pelas palavras de João, de que não se pode ocultar coisa alguma a Deus. Estava convencido de que Ele Se acha presente em todo lugar, que testemunhara a orgia na sala do banquete, ouvira a ordem de degolar a João, e vira Herodias exultante, e os insultos que proferira para a decapitada cabeça de seu reprovador. E muitas coisas que Herodes ouvira dos lábios do profeta falavam-lhe agora à consciência mais distintamente do que fizera a pregação no deserto.

Quando Herodes ouviu falar das obras de Cristo, sentiu-se imensamente perturbado. Pensou que Deus ressuscitara a João, e o enviara ainda com mais poder para condenar o pecado. Vivia em constante temor de  que João vingasse sua morte condenando-o, a ele e a sua casa. Herodes estava ceifando aquilo que Deus declarara ser o resultado do pecado — "coração tremente, e desfalecimento dos olhos, e desmaio da alma. E a tua vida como suspensa estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida. Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos". Deuteronômio 28:65-67. Os próprios pensamentos do pecador são seus acusadores; e não pode haver mais penetrante tortura que os aguilhões da consciência culpada, que não lhe dá repouso nem de dia nem de noite.

Para muitos espíritos, um profundo mistério envolve a sorte de João Batista. Indagam porque teria sido deixado a definhar-se e perecer na prisão. O mistério dessa escura providência, nossa visão humana não pode penetrar; não poderá, no entanto, nunca abalar nossa confiança em Deus, quando nos lembramos de que João nada mais foi do que um participante dos sofrimentos de Cristo. Todos quantos O seguem hão de cingir a coroa do sacrifício. Serão indubitavelmente malcompreendidos pelos egoístas, e se tornarão alvo dos ferozes assaltos de Satanás. Esse princípio de abnegação é que seu reino se propôs destruir, e guerreá-lo-á onde quer que se manifeste.

A infância, juventude e idade adulta de João caracterizam-se pela firmeza e poder moral. Quando sua voz se fizera ouvir no deserto, dizendo: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as Suas veredas" (Mateus 3:3), Satanás temeu pela segurança de seu reino. A culpabilidade do pecado era revelada de tal maneira, que os homens tremiam. Foi despedaçado o poder de Satanás sobre muitos que lhe haviam estado sob o controle. Ele fora incansável em procurar afastar o Batista de uma vida de incondicional submissão a Deus; fracassara, porém. E fracassara igualmente quanto a Jesus. Na tentação do deserto, Satanás fora derrotado, e grande havia sido seu furor. Decidira agora causar dor a Cristo, ferindo a João. Àquele a quem não conseguia instigar ao pecado, havia de causar sofrimento.

Jesus não Se interpôs para livrar Seu servo. Sabia que João havia de suportar a prova. De boa vontade teria o Salvador ido ter com João, para, com Sua presença, aclarar-lhe as sombras do cárcere. Mas não Se devia colocar nas mãos dos inimigos e pôr em perigo Sua própria missão. Com prazer teria libertado Seu fiel servo. Mas por amor de milhares que haveriam em anos posteriores, de passar da prisão para a morte, João devia beber o cálice do martírio. Ao haverem os seguidores de Jesus de definhar em solitárias celas, ou perecer pela espada, e pela tortura, ou na fogueira, aparentemente abandonados de Deus e do homem, que esteio não lhes seria ao coração o pensamento de que João Batista, de cuja fidelidade o próprio Cristo dera testemunho, passara por idêntica experiência!

Foi permitido a Satanás abreviar a vida terrena do mensageiro de Deus; mas aquela vida que "está escondida com Cristo em Deus" (Colossences 3:3), o destruidor não podia atingir. Exultou por haver ocasionado aflição a Jesus, mas fracassara em vencer a João. A morte em si mesma apenas o colocara para sempre além do poder da tentação. Nessa contenda Satanás estava revelando o próprio caráter. Manifestou, em presença do expectante Universo, sua inimizade para com Deus e o homem.

Conquanto nenhum miraculoso livramento fosse proporcionado a João, ele não fora abandonado. Tivera sempre a companhia dos anjos celestiais, que lhe abriram as profecias concernentes a Cristo, e as preciosas promessas da Escritura. Estas foram seu sustentáculo, como haviam de ser do povo de Deus nos séculos por vir. A João Batista, como aos que vieram depois dele, foi dada a segurança: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos". Mateus 28:20.

Deus nunca dirige Seus filhos de maneira diversa daquela por que eles próprios haveriam de preferir ser guiados, se pudessem ver o fim desde o princípio, e perscrutar a glória do desígnio que estão realizando como colaboradores Seus. Nem Enoque, que foi trasladado ao Céu, nem Elias, que ascendeu num carro de fogo, foi maior ou mais honrado do que João Batista, que pereceu sozinho na prisão. "A vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle, como também padecer por Ele". Filipenses 1:29. E de todos os dons que o Céu pode conceder aos homens, a participação com Cristo em Seus sofrimentos é o mais importante depósito e a mais elevada honra. 

E.G.White - "O Desejado de Todas as Nações"

terça-feira, 26 de outubro de 2021

HALLOWEEN: Um Doce Engano


Enquanto estava trabalhando com o livro Os Ungidos, a versão de Profetas e Reis, de Ellen White, com linguagem preparada para adolescentes, encontrei um texto que chamou muito a minha atenção. Ao se referir à triste condição do antigo povo de Israel, que havia se afastado tanto de Deus a ponto de seus líderes buscarem conselho e até mesmo cura entre os representantes do príncipe das trevas, a autora diz o seguinte: “Hoje em dia, as pessoas talvez não se ajoelhem diante de deuses pagãos; porém, milhares estão adorando no altar de Satanás assim como o rei de Israel. […] A fé na segura palavra da profecia está em decadência e, em seu lugar, superstições e magia cativam a mente de muitos. Os mistérios do culto pagão são substituídos pelo ocultismo e fenômenos dos médiuns espíritas. As revelações desses médiuns são recebidas com interesse por milhares que se recusam a aceitar a luz por meio da Palavra de Deus. Há muitos que nem podem se imaginar consultando médiuns espíritas, mas são atraídos por formas mais agradáveis do espiritismo” (Itálico acrescentado, página 93).

Sempre me surpreende a atualidade das palavras dessa mulher que gostava de ser chamada mensageira do Senhor. Você também não teve a impressão de que o texto se refere exatamente ao que tem acontecido hoje?

Permita-me citar apenas um exemplo, aproveitando que estamos no mês em que uma festa aparentemente inocente tem se tornado cada vez mais popular, sendo comemorada até mesmo no meio cristão. Estou me referindo ao Halloween, ou Dia das Bruxas, como ficou conhecido no Brasil.

Diferente do que alguns pensam, o Halloween não nasceu nos Estados Unidos. Ele teve origem com os celtas, um povo bastante antigo que habitou a Europa na Idade Média, e estava relacionado a um festival pagão chamado Samhain, ou a Festa dos Mortos. Os descendentes dos celtas que moravam na Irlanda no século 19 acabaram levando esse costume para a América do Norte quando a colheita de batatas falhou e eles precisaram se mudar para um lugar em que pudessem se manter.

De acordo com informações da bruxaria moderna (Wicca), os celtas acreditavam que quando uma pessoa morria, ela ia morar com o povo das fadas. Para muitos deles, as fadas eram consideradas hostis e perigosas, porque teriam ficado ressentidas quando os homens tomaram seu lugar sobre a Terra. Depois da chegada dos cristãos, os celtas passaram a acreditar que “as fadas eram os anjos que não haviam se aliado nem com Deus nem com Lúcifer em sua disputa, e assim foram condenados a andar na Terra, até o dia do julgamento” (Citado no blog Gato Místico, sobre as origens do Halloween).

Como o Samhaim equivalia ao ano novo para os celtas, esse era o tempo em que, para eles, o véu entre os mundos se tornava mais fino, e os vivos podiam se comunicar com os mortos.

Era comum as famílias deixarem do lado de fora das casas uma oferenda de alimentos, como uma forma de ficar em paz com os mortos. Acreditava-se que, além das fadas, muitos seres humanos saíam às ruas, passando-se por fadas para enganar as pessoas. Aqueles que não deixavam suas oferendas, eram amaldiçoados. Com a mistura dos rituais pagãos e católicos, foi acrescentado o costume de levar nabos esculpidos, com velas dentro para simbolizar uma alma presa no purgatório. Com o tempo, os nabos foram substituídos pelas lanternas de abóbora, que eram mais fáceis de encontrar e de esculpir.

Bem, é daí que se originaram as comemorações atuais envolvendo o Dia das Bruxas. As fantasias de fantasmas, vampiros, lobisomens, bruxas e zumbis são usadas como uma tentativa de confundir os espíritos dos mortos. E a frase típica “doces ou travessuras”, dita pelas crianças ao baterem à porta dos vizinhos, faz referência à oferenda pedida em troca de uma oração pelos mortos.

A palavra Halloween vem da expressão All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos) e está ligada ao dia 31 de outubro porque essa era a data que antecedia o Dia de Todos os Santos, comemorado pela Igreja Católica em 1º de novembro. Até hoje se comemora, na sequência, o Dia de Finados, em 2 de novembro.

Tendo conhecimento da origem dessa festa, podemos considerá-la apenas uma simples brincadeira inocente? Não seria essa comemoração também uma das “formas mais agradáveis do espiritismo”, logo que sua base está na crença na imortalidade da alma?

Não podemos nos deixar iludir se nosso interesse é estar em harmonia com a referência bíblica. “O culto aos mortos é, na verdade, o culto aos demônios” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, página 686). E a Bíblia faz sérias advertências quanto aos enganos que Satanás usaria para desviar os filhos de Deus (1 Coríntios 10:20; Efésios 6:12; 1 Tessolonicenses 2:10; 1 Timóteo 4:1; 2 Pedro 2:1-4).

Fica aqui uma sugestão: aproveite a ocasião para ensinar, especialmente às crianças, por que os cristãos não devem participar de tal comemoração e as incentive para que sejam um raio de luz em meio às trevas (Isaías 60:1).


NEILA DE OLIVEIRA - CPB

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

DEZ menos UM = ZERO (Pr.Bullón)

DEZ menos UM = ZERO (Pr.Bullón)



Tu ordenaste os Teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Sal. 119:4.

Imagine isto: Eu lhe dou a receita de um bolo de chocolate. Escrevo tudo num papel: ingredientes, medidas e tempo de trinta minutos no forno, a trezentos graus. Você segue passo a passo as prescrições. Só muda um detalhe, ao invés de deixar o bolo no forno por trinta minutos, decide deixá-lo por cinco horas. Você teria um pedaço de carvão.

Imagine outro quadro. Você está com pneumonia e vai ao médico. Ele lhe dá a prescrição. Você segue tudo ao pé da letra, só que em vez de tomar o antibiótico de oito em oito horas, você decide tomar todo o frasco de uma só vez. Você estaria morto.

Há pessoas que acham que as recomendações divinas não funcionam. Mas se você observar, essas pessoas não seguem as prescrições divinas “à risca”, como é o conselho do salmista no verso de hoje.

Os eruditos não sabem definir quem foi o autor do Salmo 119, mas quem quer que tenha sido, escreveu-o por inspiração divina. Com clareza e contundência.

Os ensinamentos divinos não foram dados ao ser humano para que os discutisse ou os adaptasse, mas para serem cumpridos “à risca”. Qualquer outra atitude por parte do homem é temerária, perigosa e fatal.

Escrevo esta meditação no avião que me conduz de São Paulo a Buenos Aires. São exatamente 23:05. A aeromoça acaba de anunciar que o avião começa o procedimento de descida. Estamos já finalizando o vôo de três horas e me pergunto: O que seria dos passageiros se o piloto decidisse não seguir um “pequeno detalhe” como soltar o trem de aterrissagem?

Vale a pena rever nossos “procedimentos” todos os dias. Estou seguindo “à risca” as recomendações divinas? Observar tudo e deixar de lado apenas um assunto, por insignificante que pareça, pode ser fatal.

O que não está funcionando na sua vida? O casamento? Os negócios? O relacionamento com os filhos? Olhe para os conselhos divinos e peça forças a Deus para seguir esses conselhos “à risca” e verá como muita coisa vai mudar. Clame ao Senhor hoje e diga: “Tu ordenaste os Teus mandamentos para que os cumpramos à risca.” 

(Pr. Alejandro Bullón)

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Luta Cristã: É uma luta de absoluta necessidade

 


Não pense que nesta guerra você pode permanecer neutro e ficar parado. Tal linha de ação pode ser possível na luta das nações, mas é totalmente impossível nesse conflito que diz respeito à alma. A política vangloriosa de não-interferência, a "inatividade magistral" que agrada a tantos estadistas, o plano de manter calma e deixar as coisas rolarem sozinhas—tudo isso nunca vai ajudar na guerra Cristã. Aqui de qualquer forma ninguém pode escapar sob o argumento de que ele é "um homem de paz".  Estar em paz com o mundo, a carne e o diabo é estar em inimizade com Deus, no caminho largo que conduz à destruição. Não temos escolha ou opção. Devemos lutar ou se perder.

J.C.RYLE 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Com quem deve o soldado cristão lutar?

 



Não com os outros cristãos. Miserável realmente é a ideia do homem sobre a religião que imagina que a mesma consiste em controvérsia perpétua. Aquele que nunca está satisfeito a menos que esteja envolvido em algum conflito entre igreja e igreja, capela e capela, seita e seita, partido e partido, ainda não conhece nada como deveria conhecer. Nunca a causa do pecado é tão fortalecida quando os cristãos desperdiçam suas forças em brigas uns com os outros, e passam o tempo em disputas mesquinhas. Não! A luta principal do cristão é com o mundo, a carne e o diabo. Estes são os seus inimigos que nunca morrem. Estes são os três principais inimigos contra os quais ele deve travar a guerra. A menos que ele receba a vitória sobre estes três, todas as outras vitórias são inúteis e vãs. Se ele tivesse uma natureza como de um anjo, e não fosse uma criatura caída, a guerra não seria tão essencial. Mas com um coração corrupto, um diabo ocupado, e um mundo ludibriador, ele deve ou "lutar" ou ficar perdido. 

Ele deve lutar contra a carne. Mesmo após a conversão o cristão carrega dentro de si uma natureza propensa ao mal, e um coração fraco e instável como a água. Para manter esse coração de se desviar, há a necessidade de uma luta diária e uma briga diária em oração. “Antes subjugo o meu corpo”, clama Paulo, “o reduzo à servidão”. “Mas vejo a lei nos meus membros batalhando contra a lei da minha mente, e me levando ao cativeiro”. “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? .... Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra” (1 Coríntios. 9: 27; Romanos. 6: 23, 24; Gálatas 5: 24; Cl 3:5). 

Ele deve lutar contra o mundo. A sutil influência daquele poderoso inimigo deve ser diariamente resistida, e sem uma batalha diária nunca pode ser vencido. O amor das coisas boas do mundo, o medo do riso ou culpa do mundo, o desejo secreto de continuar com o mundo, o desejo secreto de fazer como os outros no mundo fazem, e não se envolver em extremos — tudo isso são inimigos espirituais que assolam o cristão continuamente em seu caminho para o céu, e deve ser conquistado. “A amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. “O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”. “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. “Não sede conformados com este mundo”. (Tiago 4:4; 1 João 2:15; Gálatas 6:14; 1 João 5:4; Romanos12:2). 

Ele deve lutar contra o diabo. Esse velho inimigo da humanidade não está morto. Desde a queda de Adão e Eva, ele tem ido para lá e para cá na terra, e andando para cima e para baixo da mesma, e esforçando-se para alcançar um grande fim — a ruína da alma do homem. Nunca adormecido e nunca dormindo, ele sempre anda como um leão buscando a quem possa tragar. Um inimigo invisível, ele está sempre perto de nós, perto de nosso caminho e perto de nossa cama, a espiar todos os nossos caminhos. Um assassino e um mentiroso desde o princípio, ele trabalha dia e noite para lançar-nos para o inferno. Às vezes levando em superstição, às vezes por sugerir infidelidade, às vezes por um tipo de tática e às vezes por outro, ele está sempre fazendo uma campanha contra as nossas almas. “Satanás tem desejado tê-lo, para que ele possa vos cirandar como trigo”. Esse adversário poderoso deve ser diariamente resistido se nós quisermos ser salvos. Mas “essa casta não sai” senão pelo jejum e oração, e por usar toda a armadura de Deus. O homem forte armado nunca será mantido de fora de nossos corações sem uma batalha diária.  (Jó 1:7; 1 Pedro 5:8; João 8:44; Lucas 12:31; Efésios 6:11).


J.C.RYLE 

O verdadeiro Cristianismo é uma luta.



 "O verdadeiro Cristianismo" — observe a palavra "verdadeiro". Que não haja engano sobre o meu significado. Há uma vasta quantidade de religião atual no mundo que não é verdadeira, não é o Cristianismo genuíno. A mesma é satisfatória; a mesma satisfaz as consciências adormecidas; mas é como dinheiro falso. Não é a coisa real que foi chamada de Cristianismo 1800 anos atrás. Existem milhares de homens e mulheres que vão às Igrejas e Capelas todos os domingos (ou sábados), e chamam-se Cristãos. Seus nomes estão nos registros de batismo. Eles são reconhecidos como cristãos enquanto vivem. Eles são casados ​com um serviço de casamento cristão. Eles são enterrados como cristãos quando morrem. Mas você nunca vê qualquer "luta" sobre a religião deles! 

De luta espiritual, esforço, conflito, autonegação, vigilância e guerrear eles literalmente não sabem nada. Tal cristianismo pode satisfazer o homem, e aqueles que dizem qualquer coisa contra isso pode ser considerado muito duro e sem caridade; mas isso certamente não é o Cristianismo da Bíblia. Não é a religião que o Senhor Jesus fundou, e Seus Apóstolos pregavam. O verdadeiro Cristianismo é "uma luta". O verdadeiro cristão é chamado para ser um soldado, e deve comportar-se como tal a partir do dia de sua conversão até o dia de sua morte, e ele não foi feito para viver uma vida de comodidade religiosa, indolência, e segurança. Ele nunca deve imaginar por um momento que ele possa dormir e cochilar ao longo do caminho para o céu, como um viajante em uma carruagem tranquila. Se ele tomar seu padrão de Cristianismo das crianças deste mundo ele poderá estar contente com tais noções, mas ele não encontrará semblante para eles na Palavra de Deus. Se a Bíblia é a regra de sua fé e prática, ele encontrará suas linhas estabelecidas muito claramente nesta matéria. Ele deverá "lutar".


J.C.Ryle - "Você está lutando?"

domingo, 19 de setembro de 2021

A expulsão dos anjos rebeldes!!

  



  Cristo ocupara-Se nas cortes celestiais em convencer a Satanás de seu terrível erro, até que finalmente o maligno e os seus simpatizantes se encontraram em rebelião aberta contra o próprio Deus. Cristo, como Comandante do Céu, foi indicado para acabar com a rebelião. 

  Houve então batalha no Céu. O Filho de Deus, o Príncipe dos Céus, junto com Seus anjos leais, empenhou-se em conflito com o arqui-rebelde e os que a este se uniram. O Filho de Deus e os anjos sinceros e leais prevaleceram, ao passo que Satanás e seus simpatizantes foram expulsos do Céu. 

  Anjos empenharam- se em batalha; Satanás desejava derrotar o Filho de Deus e os que estavam submissos a Sua vontade. Mas os anjos bons e leais prevaleceram, e Satanás, com seus seguidores, foi expulso do Céu.


in "A Verdade sobre os Anjos"- Ellen White

Deus enfrenta o desafio de Satanás

 



  Nos concílios celestiais decidiu-se que, com base nos princípios pelos quais se atuaria, o poder de Satanás não fosse imediatamente destruído. O propósito de Deus era colocar todas as coisas sobre uma base de eterna segurança. Dever-se-ia conceder tempo para que Satanás desenvolvesse os princípios que constituiriam o fundamento de seu governo. O universo celestial deveria contemplar o resultado dos postulados que Satanás declarara serem superiores aos princípios de Deus. O sistema de Deus deveria ser contrastado com o sistema satânico. Os princípios corruptores do governo de Satanás deveriam ser revelados. Dever-se-ia demonstrar que os princípios de justiça expressos na lei de Deus são imutáveis, perfeitos e eternos. 

  Os anjos leais apressaram-se em ir até o Filho de Deus e em informá-Lo do que estava ocorrendo entre os anjos. Encontraram o Pai em consulta com Seu amado Filho, determinando os meios pelos quais, em benefício dos anjos fiéis, a autoridade assumida por Satanás seria anulada para sempre. 

  O grande Deus poderia haver expulsado imediatamente do Céu a este arquienganador; tal não era, porém, o Seu propósito. Daria ao rebelde uma chance justa de medir forças com Seu próprio Filho e os anjos leais. Nessa batalha cada anjo escolheria por si mesmo de que lado ficar, e manifestaria sua posição diante de todos os demais.


in "A Verdade sobre os Anjos"- Ellen White

Antes de surgir o mal...

  



  Entre os anjos existia paz e alegria, em perfeita submissão à vontade do Céu. O amor a Deus era supremo, e imparcial o amor de uns pelos outros. Tal era a condição que existira por séculos, antes da entrada do pecado.

  [Lúcifer] possuía um conhecimento de inestimável valor acerca das riquezas eternas, o que o homem não possui. Ele experimentara o puro contentamento, a paz, a exaltada felicidade e as inenarráveis alegrias das moradas celestes. Havia sentido, antes da rebelião, o prazer da plena aprovação de Deus. Obtivera completa apreciação da glória que circundava o Pai, e sabia que o Seu poder não conhecia limites. 

  Houve um tempo em que... era a alegria [de Satanás] executar as ordens divinas. Seu coração estava cheio de amor e regozijo por poder servir ao Criador. Satanás era um anjo formoso e exaltado, e assim teria permanecido se não houvesse rompido sua aliança com Deus.


in "A Verdade sobre os Anjos"- Ellen White

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Deus estabeleceu um plano antes do surgimento do pecado!!

  



  Deus e Cristo sabiam, desde o princípio, da apostasia de Satanás e da queda de Adão mediante o poder enganador do apóstata. 

  O plano da salvação foi elaborado para remir a raça caída, para dar-lhe outra oportunidade. Cristo foi designado para o cargo de Mediador da criação de Deus, destinado desde a eternidade a ser nosso substituto e penhor. Conhecidas são diante de Deus todas as Suas obras, e desde eras eternas o concerto da graça (favor imerecido) existiu na mente de Deus. É conhecido como o concerto eterno, pois o plano da salvação não foi concebido após a queda do homem, antes foi ele “guardado em silêncio nos tempos eternos, e... agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações”. Romanos 16:25, 26. O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério que desde tempos eternos esteve oculto”. Romanos 16:25. 

  Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do trono de Deus. ... Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência.


  in "A Verdade sobre os Anjos"- Ellen White

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