Tenho visto muitos que chegam ao êxtase ao contemplarem uma pintura de pôr-do-sol, quando poderiam valer-se do privilégio de ver um real e glorioso pôr-do-sol quase todas as tardes do ano. Podem ver os belos matizes com que o invisível Artista-Mestre pintou com divina habilidade as gloriosas cenas na tela viva dos céus. Ainda assim, voltam-se descuidosamente das cenas delineadas nos céus para as pinturas artísticas, traçadas por dedos imperfeitos, e quase se curvam para adorá-las. Qual a razão disso? É porque o inimigo busca com freqüência desviar-lhes a mente de Deus. Quando apresentamos a Deus e a religião de Cristo, eles os recebem? Na verdade, não! Não podem aceitar a Jesus. Quê! fariam eles o sacrifício que fosse necessário para recebê-Lo? De modo algum!
Mas o que é requerido? Simplesmente as melhores e mais santas afeições do coração para Ele, que deixou a glória do Pai e desceu para morrer por uma raça de rebeldes. Abriu mão de Suas riquezas, majestade e alto comando, e tomou sobre Si nossa natureza para prover um meio de escape. E para quê? Para humilhá-lo? Para degradá-lo? Não! Para prover-lhe um meio de escape da irremediável miséria, para elevá-lo, afinal, à Sua mão direita no Seu reino. Por isso é que o grandioso, imenso sacrifício foi feito. Quem pode compreendê-lo? Quem pode apreciá-lo? Ninguém senão aqueles que compreendem o mistério da piedade, que provaram os poderes do mundo por vir, que beberam da taça de salvação que nos foi apresentada. Essa taça de salvação o Senhor nos oferece, enquanto Seus próprios lábios beberam, em nosso lugar, a taça de amargura que nossos pecados Lhe prepararam. Entretanto, falamos como se Cristo, que fez tal sacrifício e manifestou tal amor por nós, quisesse nos privar de tudo o que é útil desfrutar.
De que bem Ele nos privaria? Ele nos privaria do privilégio de ceder às paixões naturais do coração carnal. Não podemos ficar zangados exatamente quando queremos, e ao mesmo tempo manter uma consciência limpa e a aprovação de Deus. Mas não estaríamos dispostos a renunciar a isso? A condescendência com as paixões corruptas nos faria mais felizes? É porque ela não o fará, que nos são impostas restrições nesse sentido. Ficar zangados e cultivar um temperamento perverso, nada acrescentará ao nosso contentamento. Não é para nossa felicidade seguirmos as inclinações do coração natural. E nos tornaremos melhores por condescender com elas? Não; elas lançarão uma sombra sobre nossa família e uma mortalha sobre nossa felicidade. Ceder aos apetites naturais tão-somente prejudicará a constituição e desintegrará o organismo. Por isso Deus quer que restrinjamos o apetite, controlemos as paixões e mantenhamos em sujeição o ser inteiro. E Ele prometeu dar-nos força se nos empenharmos em Sua obra.
Ellen White - Testemunhos para a igreja vol.2, cp.72
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