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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

JESUS — FILHO DE DEUS E FILHO DO HOMEM



JESUS  —     FILHO DE DEUS E
FILHO DO HOMEM


A Bíblia pode ser lida com várias finalidades.

Alguns a lêem com o objetivo de descobrir contradições, para assim refutar suas verdades.

Outros a lêem como sendo a palavra de Deus, a revelaç5o da vontade divina, aceitando que se Seu autor é infinitamente sábio e imutável tudo o que ela nos revela está certo e visa a nossa salvação.

Deus, em Seu infinito amor á humanidade, ensinou as mes­mas verdades de maneiras diferentes, para que nós, limitados, pudéssemos entendê-las adequadamente.

Vários vocábulos bíblicos, que identificam a Jesus nos seus diversos aspectos como um Ser divino e em Sua relação para com o homem, têm sido usados por pessoas não orienta­das pelo Espírito Santo, como prova de que Ele é dependen­te de Deus, subordinado a Ele, como se fosse possível separar estes dois seres como distintos e tendo objetivos diferentes.

Quando a Bíblia chama a Jesus “o primogênito da criação de Deus” e “o princípio da criação de Deus”, querem consi­derá-lo como a primeira coisa criada por Deus. Quando a Bí­blia O chama “o Unigênito Filho de Deus”, vêem nestas pala­vras defesa para a sua idéia de que Cristo é o único gerado pa­ra ser Seu Filho.

Outros vocábulos empregados na Bíblia têm sido usados com a finalidade de apoucar a pessoa de Cristo colocando-O abaixo de Deus.

A palavra Filho, estudada nesta pesquisa, é também uma das muitas que são mal interpretadas. Se Jesus era Filho de Deus, então não há dúvida que Ele é inferior ao Pai, Ele pro­cede do Pai, portanto não é igual a Deus.

Para a boa compreensão do assunto que estamos estudan­do é necessário primeiro analisar o verdadeiro sentido da pa­lavra “Filho” na Bíblia.

No Velho Testamento a palavra Filho é o mais comum ter­mo de relação; ali ela aparece cerca de 4.850 vezes. A palavra hebraica para filho (ben) é também usada como um termo de associação, como para jovens, estudantes ou ouvintes, para quem aquele que fala permanece como pai, ou expressa o fato de que aquele que fala para um subordinado o considera como filho.

Em geral entre os hebreus, o termo “filho” indicava se­melhança a seu pai ou o direito de participação naquilo de que alguém é considerado filho.

Mat. 8: 12 “Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.”

Ainda mais, é bom saber que faz parte do gênio da língua hebraica, substituir o adjetivo por um substantivo e que os autores do Novo Testamento conservaram esta particularidade de estilo. Assim compreenderemos bem que as expressões “filhos da paz, filhos da desobediência, filhos da luz”, corresponderiam a pessoas pacificas, desobedientes e iluminadas, sendo uso dos hebreus chamar filho de um vício ou de uma virtude a quem tivesse aquele vício ou esta virtude. Em Efésios 2: 3 a expres­são “filhos da ira” significa aqueles que pela sua maldade estão expostos à ira divina contra o pecado.

O   livro The Christology of The New Testamunt de Oscar Cullmann, pág. 138, declara o seguinte:

“O aramaico bar (filho) é muito freqüentemente usado em um sentido figurado. Para ‘mentiroso’ o idiomatismo he­braico é ‘filho da mentira’; pecadores são ‘filhos do pecado’; um homem rico é ‘filho da riqueza’.”

A palavra hebraica para filho (ben; aramaico bar) tem sentido muito mais amplo do que nas línguas modernas como nos diz o Dicionário Enciclopédico da Bíblia -  Editora Vozes Ltda., pág. 577.

As pesquisas feitas nos revelam ser um termo de múlti­plos significados no Velho Testamento, sendo os mais comuns:

1o.)   Um neto —    II Reis 9: 20. Jeú era filho de Josafá e neto de Ninsi.

2o.)   Uma bondosa maneira de um senhor idoso dirigir-se a um jovem amigo, estudante ou companheiro. I Sam. 26: 17,21 e 25.

3o.)   Possuidor de uma qualidade, como filho da paz. Luc. 10: 6.

4o.)   Seguidor da fé, como em filhos de Deus. Gên. 6: 2.

5o.)   Seres celestiais, criados por Deus, evidentemente an­jos. Jó 1: 6.

6o.)   Produto do nascimento espiritual, ou adoção; cristãos tornam-se filhos e filhas de Deus através da fé. Rom. 8:14, 15 e 23.

7o.)   Um descendente. Por isso Jesus é chamado Filho de Davi.

8o.)   Pertencente a determinada classe —   os filhos dos pro­fetas. I Reis 20: 35; Amós 7: 14.

Uma vez que o termo apresenta tão amplos significados na Bíblia, é preciso atentar bem para o contexto e para os prin­cípios hermenêuticos, ao ser ele usado com referência a Cristo, para não o considerarmos literalmente, podendo chegar a in­terpretações errôneas. Por esta amplitude de significados para os hebreus, não podemos limitar o seu significado à relação de genitor como é comum na língua portuguesa.

Que significam as expressões  —    Filho de Deus e Filho do homem em relação a Jesus Cristo?

Filho de Deus


A única passagem do Velho Testamento onde o termo é encontrado é em Dan. 3: 25, quando o rei Nabucodonosor viu um semelhante ao Filho de Deus (como está na Septuagin­ta) na fornalha ardente. Outras vezes é encontrado o termo filho, mas aplicado aos homens como filhos de Deus, o que acon­teceu com Davi.

Nos Evangelhos Sinóticos Jesus nunca chama a si mesmo “Filho de Deus”, mas em João isso acontece seis vezes.

 (1) uso da expressão Filho de Deus” aparece 11 vezes em Mateus; 7 vezes em Marcos; 9 vezes em Lucas; 2 vezes em Atos; 17 vezes rios escritos de João e 18 vezes nos de Paulo. Um total de 64 vezes em o NT.

“Sem dúvida alguma, a comunidade primitiva ao desig­nar a Jesus como Filho de Deus queria com ela expressar sua crença na efetiva divindade de Jesus”. —      Enciclopedia de la Bíblia.

Há evidências bíblicas de que expressavam tal crença em uma fórmula de profissão de fé, como em Rom. 1:3 e 4.

Jesus foi chamado por Deus como Seu Filho, o que ocor­reu por ocasião do Seu batismo e no Monte da Transfiguração. Filho de Deus nestas passagens sugere não somente o Messias, mas também o Senhor de II Coríntios 3: 7 a 4: 6 em cujas fa­ces a glória de Deus brilhou, não temporariamente, como na face de Moisés, mas peramanentemente. João 17: 5 “e agora, glorifica-me, o Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”.

Marcos usa o título Filho de Deus como sua designação favorita para Jesus, o que pode ser notado logo no seu primei­ro verso. Marcos 1: 1 “Princípio do evangelho de Jesus Cris­to, Filho de Deus.”

Em contraste com Marcos (1: 10—11), que pode ser en­tendido como ensinando que Jesus se tornou Filho de Deus por ocasião de Seu batismo, Lucas diz que Ele é o Filho de Deus logo no Seu Nascimento, mesmo considerando que sua investi­dura com a dignidade messiânica possa ocorrer mais tarde.

A doutrina das Escrituras, universalmente aceita pela igre­ja cristã, inclui os seguintes aspectos:

1o.)   Cristo é o Filho eterno como o Pai é o Pai Eterno. Tanto Cristo como os apóstolos falam de seu esta­do preexistente.

2o.)   O Filho é no mais completo sentido participante da mesma natureza que o Pai. Possui os mesmos atri­butos, realiza as mesmas obras e reclama honra igual ao Pai.

Aplicado a Jesus Cristo é um título que realça Sua divin­dade; enquanto o título “Filho do Homem” realça a Sua hu­manidade.

Como “Filho de Deus” Cristo está ligado ao Céu e parti­cipa desde a eternidade na natureza divina, como “Filho do homem” está ligado â humanidade, participando da natureza humana.

A prova máxima de que o titulo “Filho de Deus” indica­va a natureza divina de Cristo nós a temos nos relatos seguintes:

Jesus ao declarar-se “Filho de Deus” gerou ódio nos judeus, que protestaram por Ele ter-se feito igual a Deus (João 5: 18) e além disso ainda disse ser Ele o próprio Deus (João 10: 33) o que era considerado uma blasfêmia para os judeus, pois con­sideravam a Jesus apenas como homem comum.

Quando Jesus estava perante o Sinédrio, o Sumo Sacerdo­te disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo o Filho de Deus. Respondeu-lhes Jesus: Eu o sou. Este seu testemunho em se declarar o Filho de Deus levou os judeus a condená-lo e crucificá-Lo. Mat. 26: 63-66; Luc. 22: 67-7 1.

Em Luc. 1: 35 o anjo declara a verdadeira divindade de Jesus, todavia ele une aquela divindade à verdadeira humani­dade. “O ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus.” Desta declaração se deduz que o anjo não deu o nome Filho de Deus para a natureza divina de Jesus, mas para a pes­soa santa, que estava para nascer da virgem, pelo poder do Es­pírito Santo. A natureza divina não tem começo. Era Deus manifestado em carne —    I Tim. 3: 16; era o “Logos” que es­tando desde a eternidade com Deus, fez-se carne e habitou en­tre nós —      São João 1: 14. Eternidade é aquilo que não teve começo, nem permanece em nenhuma referência a tempo.

O apóstolo Paulo nos afiança que o próprio Deus se ma­nifestou em Cristo —    Col. 2: 9; sendo esta a mesma ênfase do quarto evangelho.

O evangelho de Marcos apresenta uma dupla  —     Cristolo­gia  —    Jesus Cristo é ao mesmo tempo o Filho de Deus e Filho do homem. A expressão “Filho de Deus” apresenta-O como participante da divina essência; ao passo que “Filho do homem” mostra a sua identificação com o homem, o verdadeiro repre­sentante do homem, identificando-se com o homem em todos os seus problemas, menos quanto ao pecado.

Pelo ensino do Novo Testamento concluímos o seguinte:  para que Cristo conduzisse os homens a uma verdadeira e ple­na comunhão com Deus foi necessário que Ele fosse ao mesmo tempo verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

Pelo exposto até aqui, conclui-se que esta expressão desig­na a natureza divina e exaltada do Salvador dos homens.

Filho do Homem


Esta expressão é usada 94 vezes no Novo Testamento, sen­do empregada por Mateus, 32 vezes; Marcos, 14; Lucas, 26; João 12; Atos, 7; Heb., 1; e Apocalipse, 2; sempre pelo próprio Cristo, exceto em São João 12: 34. Atos 7: 56, Heb. 2: 6 e Apoc.1:13; 14:14.

Outras fontes mencionam 83 vezes referindo-se a Cristo. Qual o seu exato significado?
Em parte já foi explicado ao tratarmos da expressão “Fi­lho de Deus”.

“Um termo para homem, ser humano; uma figura apoca­líptica, no Novo Testamento, um título para Jesus”. —     The lnterpreter’s   Dictionary of the Bible.

É uma expressão hebraica que significa uma posição hu­milde ou ausência de privilégios especiais.

“O contexto em que o termo filho é usado em João 1: 51 (depois de 1: 45); 3:13 (depois das objeções de Nicodemos) e 6: 27, 33 (em relação com a recusa dos judeus de crerem em Jesus (parece indicar que para João, exatamente como os sino­ticos, Jesus quis com esse termo acentuar propositadamente a sua natureza humana. Isso é confirmado por João 5: 27, onde o motivo por que Jesus é constituído Juiz do mundo é que ele é Filho ( uioz anQrwpou) sem artigo, indicando-se portanto a natureza humana em geral, o que chama mais a atenção por­que no contexto imediato trata-se de Jesus como Filho de Deus: o juízo foi confiado ao Filho de Deus humanado, a fim de que os homens fossem julgados por alguém que pode compreender a sua fraqueza (confira Heb. 4: 15)”. Dicionário Enciclopé­dico da Bíblia —   Editora Vozes Ltda. Petrópolis, 1971, pág. 588.

Nos evangelhos sinóticos esta expressão com referência a Jesus divide-se em três classes:

1o.)   Aparece num grupo de passagens com referência à vida de Jesus aqui na terra. Marc. 2: 10 e 28; Luc.
19:10.

2o.)   Neste grupo se refere aos sofrimentos e morte de Je­sus. Marc. 8:31; 9:31; 14:21.

3o.)   Nesta classe a frase tem referência à segunda vinda de Cristo. Mat. 24: 30; 25:31.

Pelo cotejo dos três grupos de passagens, vemos que a ex­pressão é usada por Cristo em conexão com Sua missão, Sua morte e Sua ressurreição e ainda com Seu segundo advento.


Qual a Idéia de Jesus Quando Empregava

a Frase em Questão?

Cremos que para Jesus o título era messiânico, indican­do aquele de quem os profetas tanto falaram e por quem o po­vo tanto esperava. Esta expressão era usada por Jesus para pre­parar o povo para a revelação clara de que Ele era o Messias.

“Ele não usava o título Messias para evitar complicações políticas, já que os israelitas esperavam um Messias político e dominador.” —    The Interpreter’s Dictionary of  the Bible, val. 4, pág. 413.

O título designa-O como o Cristo encarnado e leva-nos para os milagres pelos quais a criatura e o Criador estavam uni­dos na pessoa divina humano, divindade sendo identificada com a humanidade, a fim de que a humanidade pudesse se trans­ferir de novo na imagem divina.

Quando usada por Nosso Senhor, era sem dúvida reminis­cência de Daniel 7: 13-14, onde o Filho do homem recebe o seu domínio eterno.

O título Filho do homem assegura-nos que o Filho de Deus, na verdade, veio viver na Terra corno um homem entre os ho­mens a fim de que Ele pudesse morrer por nós. “Porque o Fi­lho do homem também não veio para ser servido, mas para ser­vir e dar Sua vida em resgate de muitos” Marc. 10:45.

Conclusão


Para a nossa mente ocidental os termos “Pai” e “Filho” sugerem por um lado a idéia de origem e superioridade, e por outro lado, a idéia de dependência e subordinação. Numa lin­guagem teológica, porém, eles são usados no sentido oriental ou semítico de igualdade com respeito à natureza (mesma natu­reza). Quando as Escrituras chamam a Jesus Crista como o Filho de Deus, elas querem afirmar a verdadeira divindade de Crista. Quando O denominam Filho do homem querem real­çar a Sua humanidade.

Esta idéia é bastante clara nos conceitos emitidos pelos teólogos adventistas, como nos comprovam estas duas desta­cadas obras.

1o.)   “O título acentua a realidade de Sua natureza humana, assim como o titulo semelhante, ‘Filho de Deus’ con­firma sua divindade.” —  Seventh Day ,Adventist Bi­ble Dictionary, by Siegfried H. Horne.

2~)   “O termo ‘Filho de Deus’ dá ênfase à identidade de Crista com Deus, Sua natureza divina, e Sua intima e pessoal relação com o Pai. O termo ‘Filho do Ho­mem’ dá ênfase a Sua identidade com o homem, Sua natureza humana, e Sua intima e pessoal relacão com a humanidade.” —    Problems in Bible Translation, pu­blicação da Review and Herald, pág. 243.

Apesar destas declarações tão evidentes, antes de concluir é preciso acrescentara seguinte:

“Tradicionalmente a título, Filho do homem, tem sido empregado para designar a humildade de Crista para distinguir de Sua natureza divina. Certamente esta significação está en­volvida, mas uma muito mais profunda significação emerge de um mais atento exame de seu uso.” “Com esta expressão Cris­ta reivindica sua natureza divina.” The Zondervan —  Pictorial Encyclopedia of the Bible.. vol. V, pág. 485.

A obra The Christology of  the New Testament de Oscar Cullman na página 162, nos informa:

“A Teologia clássica sempre contrastou Filho do Homem e Filho de Deus. Do ponto de vista do dogma posterior “ver­dadeiro Deus —    verdadeiro homem”, entendeu-se a designação Filha do Homem” apenas como uma expressão da “natureza humana” de Jesus em contraste com sua “natureza divina”. Nes­sa época os teólogos não estavam familiarizados com as especu­lações judaicas sobre a figura do Filho do Homem, e não leva­ram em consideração o fato de que por meio desse próprio ter­mo Jesus falou de seu divino caráter celestial.”

Com efeito há passagens na Bíblia onde a expressão “Fi­lho do Homem” é usada, que mais parecem indicar a sua divin­dade do que a humanidade.

Os exemplos mais frisantes parecem ser estes:

a)     Mateus 24: 30. “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória.”

b)     Mateus 25: 31. “Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assen­tará no trono de sua glória.”

c)     São João 3: 13. “Ora ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem.”

d)     Lucas 5: 24. “Mas, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados disse ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para casa.

O Espírito de Profecia parece confirmar que o titulo “Fi­lho do homem” designava também a divindade de Cristo.

“Deus adotou a natureza humana na pessoa de Seu Filho, levando a mesma ao mais alto céu. É o ‘Filho do homem que partilha do trono do Universo. É o ‘Filho do homem’, cujo nome será “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eter­nidade, Príncipe da Paz’.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 17.

As idéias seguintes extraídas do comentário de E.G.White sobre São João 1: 1, no SDABC, vai. 5, págs. 1126-1130 são oportunas sobre este assunto:

1.     Natureza divina —  humana.

“Ele era Deus enquanto estava na Terra, mas despojou-se da forma de Deus, e em seu lugar tomou a forma e o estilo de um homem.”

“Ele velou a Sua divindade com as vestes da humanidade, mas não se apartou da Sua divindade. Um Salvador divino-hu­mano, Ele veio para estar na testa da raça caída, para partilhar da sua experiência desde a mininice até a varonilidade.”

 “As duas expressões ‘humano’ e ‘divino’ estavam em Cris­ta, intimamente e inseparavelmente unidas e no entanto elas tinham uma individualidade distinta.”

“Cristo não nos deu a impressão que tomou a natureza humana; em verdade Ele a tomou”.

II.     Cuidado ao tratar com a natureza humana de Cristo.

“Seja cuidadoso, excessivamente cuidadoso ao demorar-se sobre a natureza humana de Crista. Não O apresente diante do povo como um homem com propensão para o pecado. Ele é o segundo Adão. O primeiro Adão foi criado um ser puro e sem pecado, sem uma nódoa de pecado sobre si, ele era a ima­gem de Deus. Ele podia cair, e ele caiu pela transgressão. Por causa do pecado sua posteridade nasceu com propensões ine­rentes da desobediência. Mas Jesus Crista foi o Unigênito Fi­lho de Deus. Ele tomou sobre si a natureza humana, e foi ten­tado em todos os pontos como a natureza humana é tentada. Ele podia ter pecado, podia ter caído, mas em nenhum momen­to houve n’Ele uma propensão má.”

“Quando Cristo foi crucificado, foi Sua natureza humana que morreu. A divindade não morreu, isso teria sido impos­sível.” SDABC,vol.v.pág. 1113.

Nota


Este capítulo recebeu orientação especialmente das seguin­tes fontes:

e      El Nuevo Testamento Comentado —    William Barclay.
e      Bible Commentary —     Beacon Commentary and Critical Notes de Adam Clarke.
e      Enciclopedia de la Biblia.
e      O Novo Dicionário da Bíblia.
e      Seventh-Day Adventist Bible Commentary e Dictionary.
e      The lnterpreter’s Bible.
e      The lnterpreter’s Dictionary of the Bible.
e      Teologia Bíblica de A. B. Langston.
e      The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible.
e      Dicionário Encilopédico da Bíblia.


COMO HARMONIZAR AS 36 HORAS, MAIS OU MENOS, QUE CRISTO ESTEVE NA SEPULTURA, COM SUA DECLARAÇÃO EM MAT. 12:40?



COMO HARMONIZAR AS 36 HORAS, MAIS OU MENOS,

QUE CRISTO ESTEVE NA SEPULTURA,

COM SUA DECLARAÇÃO EM MAT. 12:40?

São Mateus 12: 40 tem sido, muitas vezes, citado como prova de contradição, no texto sagrado, por pessoas interessa­das em desprestigiar a veracidade da Bíblia.

Baseados ainda nesta passagem há outro grupo defenden­do a tese de que Jesus teria morrido na quarta-feira.

Para que haja uma explicação cabal do problema é preci­so estudar a passagem relacionando-a com passagens paralelas e compreender bem o que estas palavras signiticavam para os ouvintes contemporâneos.

Tomando as palavras de Mat. 12: 40 ao pé da letra, pode­rá alguém afirmar que Cristo esteve na sepultura 72 horas, mas relacionando-as com outras declarações bíblicas, ver-se-á que esta não é a realidade. Lucas, claramente, demonstra que Je­sus foi sepultado no final do dia da preparação e ressuscitou no primeiro dia da semana, ainda de madrugada.

Jesus esteve na sepultura, como nos relatam os evange­lhos, no seguinte período de tempo:
         a)     parte da sexta-feira.
        b)     todo o dia de sábado
         e)     parte do domingo.

Não apenas a índole das línguas hebraica, grega e latina podia usar uma parte para expressar a totalidade, porque esta peculiaridade existe também em nossa língua. Qualquer estu­dante de português sabe muito bem, que no capítulo da lingua­gem figurada, ele encontra a sinédoque, figura que toma o sin­gular pelo plural, o plural pelo singular, a parte pelo todo, etc. Observe nossas expressões:

Ele tem duas mil cabeças de gado.

O rapaz pediu, a mão da moça (hoje pouco usada).

Será interessante a colocação do versículo no seu contexto.

Os escribas e fariseus pediram-lhe um sinal. Mat. 12: 38. Era costume deles assim proceder com os que se proclamavam mensageiros de Deus. 1 Cor. 1: 22. Queriam um sinal, porque n5o aceitaram os milagres relatados anteriormente, como rea­lizados pelo poder divino.

Pelo comportamento empedernido e apóstata, demons­trado, não tinham o direito de pedir sinal e se Cristo lho des­se, não aceitariam. Nenhum outro sinal lhes seria dado a não ser o sinal do profeta Jonas.

Qual o significado do sinal do profeta Jonas?

O Comentário Adventista ao explicar este verso defende que o sinal prefigurava tanto a pregação como a ressurreição de Jesus. Assim como Jonas escapara da morte para pregar aos ninivitas a mensagem de arrependimento e salvação, do mes­mo modo Cristo através de Sua ressurreição levaria a todos que o aceitassem a salvação.

Barclay defende que o sinal de Jonas simbolizava apenas a pregação de Jesus. Ver William Barclay EI Nuevo Testa­mento, Vol. II, páginas 56-58.

O  Desejado de Todas as Nações, págs. 421-422 declara:

“As próprias palavras de Cristo, proferidas com o poder do Espírito Santo, que os convencia do pecado, eram o sinal dado por Deus para salvação deles. E sinais vindos diretamen­te do Céu, foram concedidos para atestar a missão de Cristo... Como Jonas estivera três dias e três noites no ventre da baleia, havia Cristo de estar o mesmo tempo no seio da terra. E co­mo a pregação de Jonas fora o sinal para os ninivitas, assim era o de Cristo para Sua geração”.

Os versos seguintes de Mat. 12: 40 parecem comprovar que Jesus se referia tanto à Sua pregação quanto à ressurreição.

Três Dias e Três Noites


Em seu anseio de harmonizar declarações bíblicas, aparen­temente conflitantes, comentaristas têm aventurado as mais variadas soluções. Por exemplo, The Interpreter’s Bible, VII Val. pág. 403, defende que o verso 40 não foi pronunciado por Jesus, mas acrescentado por Mateus para explicar melhor o si­nal do verso 39. Conclui assim citando a passagem paralela de Luc. 11:29-32.

Outros, como W. G. Seroggie, no livro Guide to The  Gos­pel, apresentam a estapafúrdia solução de que Cristo foi crucificado na quarta-feira. O texto bíblico está repleto de cla­ras alusões confirmativas de que este evento ocorreu na sexta-feira (Marcos 15:42-43; Luc. 23: 46,54; João 19:14, 42).

A solução se encontra no seguinte:

Se todos hoje, compreendessem bem o método da conta­gem do tempo dos dias de Jesus este problema nunca teria sur­gido. A expressão “três dias e três noites” tinha para os judeus, que viviam no Oriente, uma conotação diferente, do que tem para nós hoje, que vivemos no mundo ocidental.

A maneira de contar o tempo, chamada “contagem inclu­siva” incluía o dia (ou ano) inicial, bem como o dia (ou ano) final, sem considerar quão pequena fosse a fração do dia ini­ciante ou finiciante.

Há exemplos deste processo nos escritos sagrados e pro­fanos:

1.      Sagrados.

          1o.) I Samuel 30: 12 e 13, declara pois havia três dias e três noites que não comia pão nem bebia água”. Então lhe perguntou Davi: “De quem és tu, e de onde vens?” Respondeu o moço egípcio: “Sou servo de um amalequita e meu senhor me deixou aqui há três dias.” Note bem as expressões diferen­tes para o mesmo período de tempo.

2o.)   Outro exemplo concludente se encontra em Ester 4:16 e 5:1 “... e jejuai por mim e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia. - . Ao terceiro dia Ester se aprontou.”   É claro que o período de três dias não havia chegado ao fim quando ela se apresentou perante o rei, se fos­se diferente, estaria: no quarto dia.

3o.)   As crianças em Israel eram circuncidadas ao terem 8 dias (Gên. 17: 12), porém, a circuncisão ocorreria no oitavo dia devido a contagem inclusiva (Lev. 12: 3; Luc. 1:59).

Os exemplos bíblicos poderiam ser multiplicados, mas estes são suficientes para nos elucidarem sobre Mateus 12: 40.


II. Profanos.

A Enciclopédia Judaica Universal no item  “dia”, assim se expressa:

“Nas práticas religiosas, a parte de um dia é freqüentemen­te contada como um dia completo. Tal é o caso dos sete dias de luto, se o funeral ocorre à tarde: a curta porção restante do dia é contada como um dia completo. Na contagem da data da circuncisão no oitavo dia após o nascimento, mesmo, uns poucos minutos do dia restante após o nascimento são conside­rados como um dia completo.

Era comum no Egito, Grécia e Roma a “contagem inclu­siva” como nos atestam seus documentos. Por exemplo, os gregos chamavam a Olimpíada, que se realizava de quatro em quatro anos de pentaeteris (período de cinco anos) por conta­rem o ano inicial e o final.

O SDABC, Vol. II, pág. 136 confirma as declarações an­teriores:

A maneira de contar o tempo empregada na Bíblia é a chamada contagem inclusiva, que considera tanto a primeira como a última unidade de tempo incluídas dentro do período. Este sistema era também usado por outras nações como se po­de ver através de documentos. Uma inscrição egípcia que regis­tra a morte de uma sacerdotisa no quarto dia do 129 mês, relata que o sucessor dela chegou no 159 dia, quando se passaram 12 dias. É evidente que, pela nossa maneira de contar diría­mos que os doze dias, passados a partir do 4o. dia, chegariam à data de 16”.


Broadus e outros pesquisadores citam uma frase do Talmu­de de Jerusalém que nos é útil: “um dia e uma noite juntos for­mam um onah e qualquer parte deste período é contada como um todo. O termo hebraico onah, corresponde ao grego nicthme­ron, que significa, noite e dia, como está empregado em II Cor. 11: 25. Não foi este o vocábulo empregado por Mateus, talvez em virtude de estar fazendo uma citação do Velho Testamento (Jonas 1:17).

Seria de bom alvitre frisar que “três dias e três noites” só aparece em Mat. 12: 40, porque nas passagens paralelas são usadas estas outras expressões equivalentes: três dias, depois de três dias, ao terceiro dia. Cristo o fez por estar citando o Velho Testamento (Jonas 1: 17), mas deve ficar bem claro, que está usando em hebraísmo, ou a contagem inclusiva.

Textos que mencionam este mesmo período de tempo.
        Em três dias                Depois de três dias                 Ao 3o. dia
Mat.26:61;27:40                   Mat. 27:63               Mat.16:21;17: 23; 27: 64.
Marc
Marc 14:58                           Marc. 8: 31                                                     

João 2: 19                                                                 Luc.9: 22;24:    21, 46.

Para uma compreensão mais ampla do problema seria útil consultar o Comentário Adventista, Vol. I, pág. 82, e Vol. II, págs. 135-137.

Conclusão


A passagem de Mat. 12: 40 não deve ser citada por nenhum incrédulo como prova de contradição nas Santas Escrituras.

Nenhuma dificuldade existe para harmonizá-la com o pe­ríodo em que Crista esteve na sepultura, se for considerada a cultura hebraica e o contexto histórico da época.

Se o problema, aparentemente existe, este é dirimido quando se considera a contagem diferente dos orientais.

Vale ainda ressaltar, mais importante do que o tempo da estada de Crista na tumba, foi a sua morte vicária, que nos pro­picia a salvação.

Demos sempre graças a Deus pelo sublime sacrifício de Crista por nós.


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